Revista Portuguesa de Clínica Geral
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Published By Associacao Portuguesa De Medicina Geral E Familiar

2182-5173

2021 ◽  
Vol 37 (6) ◽  
pp. 550-563
Author(s):  
Vitor Oliveira ◽  
Rafael Deminice

Introdução: A sarcopenia é definida como uma desordem muscular esquelética progressiva e generalizada que está associada a maior probabilidade de complicações de saúde, incluindo quedas, fraturas, incapacidade física e mortalidade. Esta desordem, anteriormente entendida como uma condição inerente à idade, apresenta causas diferentes e afeta muitos indivíduos independentemente da idade. A sarcopenia é atualmente reconhecida como uma condição patológica e foi incluída na Classificação Internacional de Doenças (CID-10-CM – M62.84). Objetivo: Apresentar uma revisão literária sobre as causas da sarcopenia, epidemiologia e forma e métodos de diagnóstico atualmente utilizados. Fontes de dados: MEDLINE/PubMed, Embase e SciELO (pesquisa inicial) e referências bibliográficas dos artigos selecionados da pesquisa primária (pesquisa em cascata). Métodos de revisão: Utilizou-se uma combinação dos seguintes termos: sarcopenia, diagnóstico, definição operacional, prevalência, consequências. Foram considerados artigos originais, artigos de revisão, diretrizes clínicas e consensos em inglês e português publicados desde 1989 (ano da proposta do termo sarcopenia) até maio de 2020. Resultados: As principais referências selecionadas foram os artigos que tratavam da definição de sarcopenia. Foram também selecionados os artigos relacionados com testes e avaliações utilizados para o diagnóstico da sarcopenia e artigos que descrevem a prevalência da sarcopenia em diferentes populações. Conclusões: Considerando a evolução histórica do diagnóstico da doença, é notório tentar aproximar o conhecimento científico da prática clínica com a sugestão de métodos e pontos de corte que facilitam a identificação imediata da sarcopenia. No entanto, há um elevado número de diferentes posições e definições operacionais de sarcopenia, o que dificulta a determinação da prevalência real. Apesar dos recentes desenvolvimentos na compreensão da sarcopenia, uma definição operacional definitiva e a melhor forma de diagnosticar a sarcopenia ainda são motivo de debate. Assim, acredita-se que a atual definição operacional não é definitiva e pode sofrer alterações consideráveis à medida que o conhecimento sobre a sarcopenia se desenvolve.


2021 ◽  
Vol 37 (6) ◽  
pp. 495-496
Author(s):  
Nuno Jacinto ◽  
Keyword(s):  

O ano de 2021, como já tinha acontecido em 2020, foi vivido num clima de grande incerteza devido à pandemia COVID. Os médicos de família (MF) foram sujeitos a inúmeras e exigentes solicitações, mostrando mais uma vez a sua centralidade no sistema de saúde português, embora sem nunca serem alvo de um justo reconhecimento e merecida valorização. Foi neste contexto particularmente difícil que, no início do ano, tomaram posse os novos órgãos sociais da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF). Com uma nova Direção Nacional, iniciou-se a concretização de um projeto que nasceu da necessidade sentida de mudança, reinvenção e readaptação.


2021 ◽  
Vol 37 (6) ◽  
pp. 598-601
Author(s):  
Carolina Araújo Soares ◽  
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Andreia Figueira Pinto ◽  
Raquel Andrade ◽  
Ricardo C. Rodrigues ◽  
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A crescente utilização de smartwatches passou a fazer parte do quotidiano dos seus utilizadores, com especial foco na atividade física, ao permitir monitorizar o exercício realizado em termos de intensidade, duração, gasto energético e, mais recentemente, monitorização da frequência cardíaca. A potencial utilização destes dispositivos eletrónicos no campo da medicina é um marco importante, permitindo, através da monitorização do ritmo cardíaco, a possível deteção de períodos de arritmia, como a fibrilação auricular, com extensão à monitorização de arritmias ventriculares potencialmente fatais, como o prolongamento do intervalo QT, este último com particular utilidade na monitorização à distância durante o período da pandemia COVID-19. Os principais estudos apresentados apresentam várias limitações; no entanto, elucidam os leitores para a importância da crescente evolução tecnológica e para o seu potencial impacto prognóstico nos utilizadores destes dispositivos.


2021 ◽  
Vol 37 (6) ◽  
pp. 535-548
Author(s):  
Tiago Costa ◽  
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Diana Catarina Coelho Leitão ◽  

Objetivos: Identificar situações sugestivas de hipertensão secundária (HS). Rever a fisiopatologia, manifestações clínicas e/ou laboratoriais, diagnóstico e tratamento das principais formas de HS, bem como estabelecer o papel do médico de família na sua abordagem à luz da evidência mais recente. Fontes de dados: MEDLINE/PubMed, The Cochrane Library, UpToDate, U.S. Preventive Services Task Force e normas de orientação clínica da Direção-Geral da Saúde. Métodos: Foi realizada a pesquisa de artigos científicos em plataformas online de medicina baseada em evidência utilizando as palavras-chave Secondary Hypertension e Primary Health Care. A pesquisa foi realizada em julho de 2019, sendo a seleção dos artigos feita com base no título, conteúdo do resumo e data de publicação. Foram também consultadas normas de orientação clínica e guidelines. Resultados: A HS deve ser suspeita em contexto de hipertensão resistente, início de hipertensão antes dos 30 anos num utente sem fatores de risco, elevação súbita ou instabilidade da pressão arterial basal, hipertensão maligna ou acelerada, início de hipertensão diastólica em idosos, hipertensão associada a distúrbios hidro-eletrolíticos ou hipertensão associada a clínica sugestiva de determinada etiologia específica. Em crianças e adolescentes, as principais causas de HS são as doenças do parênquima renal, ao passo que nos adultos as etiologias mais comuns incluem a síndroma da apneia obstrutiva do sono, doenças do parênquima renal, estenose da artéria renal, hiperaldosteronismo primário e feocromocitoma. O reconhecimento de manifestações clínicas e/ou laboratoriais sugestivas da etiologia da HS deve orientar a realização dos testes de rastreio para posterior tratamento ou referenciação. Conclusão: Avaliar em todos os utentes hipertensos a existência de causas secundárias não é custo-efetivo, pelo que apenas devem ser estudados os utentes com características sugestivas de HS. A realização e interpretação dos testes de rastreio de forma adequada é fundamental para a referenciação e tratamento dos utentes com HS.


2021 ◽  
Vol 37 (6) ◽  
pp. 498-505
Author(s):  
Marta Marques Santana ◽  
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Ana Margarida Gonçalves ◽  
Daniela Henriques ◽  
Denise Velho ◽  
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Keyword(s):  

Objetivos: Passaram alguns meses desde que foi confirmado o primeiro caso da doença COVID-19 em Portugal. A rápida progressão desta pandemia levou a diversas alterações no quotidiano dos utentes da Unidade de Saúde Familiar (USF) Santiago de Leiria, provavelmente com impacto na sua saúde mental. O objetivo deste trabalho é determinar os graus de ansiedade e depressão dos utentes da USF Santiago de Leiria durante o estado de emergência nacional. Tipo de estudo: Estudo transversal descritivo com componente analítica. Local: USF Santiago de Leiria. População: Utentes inscritos na USF Santiago de Leiria. Métodos: Estudo realizado através de um questionário online constituído por um inquérito sociodemográfico, a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão e uma questão relativa ao apoio social, enviado a 1.000 utentes da USF em 9 de abril de 2020 e válido para submissão de respostas até 1 de maio de 2020. Resultados: Dos 285 indivíduos que participaram, 47% apresentavam sintomas de ansiedade e 32% sintomas depressivos. Indivíduos do género feminino apresentaram níveis mais elevados quer de sintomatologia ansiosa quer de sintomatologia depressiva. Indivíduos com níveis mais baixos de escolaridade, desempregados e trabalhadores em lay-off apresentaram uma maior prevalência de ansiedade. Entre os inquiridos, 89,1% referiu ter o apoio social necessário. Conclusão: Este trabalho demonstra uma elevada prevalência dos sintomas de ansiedade e depressão, com maior expressão no sexo feminino. Desta premissa, novas estratégias de melhoria da saúde mental dos utentes poderão surgir e evitar ainda mais danos provocados pela COVID-19.


2021 ◽  
Vol 37 (6) ◽  
pp. 593-596
Author(s):  
Joana Rita Mendes ◽  
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Ana Filipa Miranda ◽  
Maria Pieri Moreira ◽  
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Introdução: As fístulas arteriovenosas durais espinhais (FAVDE) são raras e a sua apresentação clínica é inespecífica e insidiosa. A etiologia é desconhecida e tem incidência superior em homens de meia-idade. Descrição do Caso: Mulher de 50 anos, com antecedentes de depressão reativa, que se dirigiu ao médico de família por queixas álgicas após queda da própria altura com impacto na anca direita e joelhos. O exame objetivo e as imagens radiográficas não revelaram alterações importantes; contudo, as queixas persistiram apesar do tratamento conservador. O quadro inicial de coxalgia direita com predomínio noturno acresceu-se de disestesias dos membros inferiores e incontinência urinária e fecal. A utente foi referenciada para consulta externa de neurocirurgia, tendo sido detetada uma FAVDE. Comentário: O objetivo deste relato é evidenciar as dificuldades encontradas na avaliação da doente e aumentar a consciencialização para este problema raro, realçando a importância do diagnóstico e tratamento atempados.


2021 ◽  
Vol 37 (6) ◽  
pp. 567-576
Author(s):  
Maria João Coelho ◽  
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Daniela Pereira ◽  
Filipa Paraíso ◽  
Tiago Costa ◽  
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Objetivo: Determinar a evidência do efeito do exercício aeróbico no controlo das crises de enxaqueca. Fontes de dados: PubMed, National Institute of Health and Care Excellence (NICE), The Cochrane Library, British Medical Journal (BMJ), Canadian Medical Association Infobase e Centre for Reviews and Dissemination. Métodos: Foram pesquisados artigos de revisão sistemática (RS)‌, ‌meta-análise‌s (MA) e normas de orientação clínica (NOC), ‌em‌ ‌português‌‌, inglês e espanhol,‌ ‌sem‌ ‌limite‌ ‌de‌ ‌data‌ ‌de‌ ‌publicação,‌ ‌utilizando‌ ‌os termos MeSH ‌migraine disorders e exercise.‌ ‌Foram‌ ‌também‌ ‌pesquisados‌ ‌estudos originais (EO) ‌publicados‌ ‌nos‌ ‌últimos‌ ‌cinco‌ ‌anos.‌ ‌Incluíram-se‌ ‌os‌ ‌artigos‌ ‌que‌ ‌avaliavam‌ o efeito do exercício aeróbico na frequência, duração e intensidade das crises de enxaqueca. A‌ ‌atribuição‌ ‌do‌ ‌nível‌ ‌de‌ ‌evidência‌ ‌(NE)‌ ‌e‌ ‌força‌ ‌de‌ ‌recomendação‌ ‌(FR)‌ ‌foi‌ ‌realizada‌ ‌com‌ ‌base‌ ‌na‌ ‌escala‌ ‌Strength of Recommendation‌ ‌Taxonomy‌ ‌(SORT),‌ ‌da‌ ‌American‌ ‌Academy of Family‌ ‌Physicians.‌ Resultados: Da pesquisa efetuada obtiveram-se 69 artigos, tendo sido selecionados seis que cumpriam os critérios de inclusão: três RS com MA, uma RS e dois EO. Todos os artigos apresentaram NE 2. A maioria dos estudos incluídos favorece a prática de exercício físico como medida profilática das crises de enxaqueca; contudo, apresentam amostras pequenas, curtos períodos de intervenção e de follow-up e intervenções heterogéneas. Conclusão: Apesar de se considerar necessária a realização de mais ensaios clínicos para definir concretamente os efeitos a curto e longo prazo do exercício aeróbico na enxaqueca conclui-se que é possível recomendar a sua inclusão na abordagem profilática destes doentes (FR B).


2021 ◽  
Vol 37 (6) ◽  
pp. 507-513
Author(s):  
Gisela Costa Neves ◽  
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Andreia Silva Sousa ◽  
Afonso Brás Sousa ◽  
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Objectivos: Melhorar e adequar a prescrição de contraceptivos orais combinados (COC) às adolescentes da Unidade de Saúde Familiar (USF) do Castelo Tipo de estudo: Pré-experimental, pré e pós intervenção, sem grupo controlo Local: ACES Arrábida - USF Castelo População: Adolescentes com idades compreendidas entre os 10 e os 18 anos inscritas na USF Castelo e utilizadoras de COC Métodos: O estudo decorreu através da análise de dados relativamente à dose de estrogénio do COC utilizado e presença ou ausência de contraindicações absolutas entre Fevereiro de 2019 e Fevereiro de 2020, o que permitiu classificar as adolescentes em “bem” ou “mal” medicadas. Procedeu-se a uma primeira avaliação em Fevereiro de 2019. De seguida, foi realizada uma intervenção que consistiu em duas fases. A primeira, uma sessão clínica na USF dirigida aos médicos e enfermeiros onde foram divulgados os dados pré-intervenção e feita uma breve apresentação teórica acerca da utilização adequada de COC na adolescência. A segunda fase consistiu no fornecimento de material auxiliar de memória em formato de bolso e afixação de cartazes nos gabinetes onde decorrem as consultas de Planeamento Familiar. Os outcomes definidos foram: uma taxa de melhoria da prescrição de COC, seis meses depois da intervenção, de 20%; o aumento ou a manutenção da taxa de melhoria inicial, um ano após a intervenção. Foi utilizado o teste exacto de Fisher para comparar as taxas de prescrição adequada pré e pós intervenção. Resultados: Atingiu-se a melhoria da prescrição de COC nas adolescentes seis meses após a intervenção (21,6%), apesar de não ter sido estatisticamente significativa (p=0,331). Contudo, posteriomente, verificou-se duplicação da taxa de prescrições adequadas prévia, com uma taxa de melhoria de 45,6%, estatisticamente significativa (p<0.001). Conclusão: Os profissionais da USF conseguiram implementar as estratégias e melhorar a taxa de prescrições adequadas de COC nas adolescentes. O envolvimento de toda a equipa que realiza aconselhamento contraceptivo poderá ter aumentado a eficácia da intervenção. A aplicação das estratégias em apenas uma unidade limita a generalização dos resultados. Contudo, estratégias simples parecem aumentar a taxa de prescrições adequadas de COC nesta faixa etária.


2021 ◽  
Vol 37 (6) ◽  
pp. 602-603
Author(s):  
Tiago Maricoto

Agradecimento a Revisores 2021


2021 ◽  
Vol 37 (6) ◽  
pp. 578-584
Author(s):  
Jaime Oliveira ◽  
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Fabiana Peixoto ◽  
Joana Silva Monteiro ◽  
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...  

Introdução: A cefaleia é uma queixa frequente, não sendo raros os casos de automedicação. Este artigo relata a abordagem da cefaleia por uso excessivo de medicamentos (CUEM) numa doente automedicada com analgésicos, cuja intervenção foi dificultada pela má adesão ao acompanhamento médico. Descrição do Caso: Mulher de 41 anos, empregada de limpeza. Antecedentes de enxaqueca desde a adolescência, agravada depois do segundo parto, com episódios semanais, sem alívio após tentativa de vários fármacos. Em 2015, após referenciação para consulta de neurologia, iniciou profilaxia com amitriptilina, tendo suspendido precocemente e abandonado o seguimento. Nos três anos seguintes teve consultas motivadas por doença aguda na unidade de saúde familiar, sem acompanhamento regular. Por persistência da enxaqueca recorreu ao serviço de urgência em jan/2018, onde foi referenciada novamente à consulta de neurologia, constatando-se automedicação com paracetamol + codeína, vinte supositórios em cada episódio de enxaqueca (com duração de três dias). Iniciou profilaxia com topiramato e agendou-se nova consulta. Suspendeu topiramato por emagrecimento e faltou à consulta. Recorreu à consulta da médica de família (MF) em jan/2019, referindo tristeza, insónia, obstipação e emagrecimento. Mantinha os episódios semanais de enxaqueca e o uso de supositórios. Após despiste de causa orgânica diagnosticou-se perturbação depressiva e CUEM. Explicou-se que o abuso medicamentoso poderia causar cefaleia e que o tratamento passaria pela cessação do fármaco. Foi medicada com antidepressivos e, nas consultas de reavaliação, constatou-se recuperação ponderal, melhoria do humor, cefaleia menos frequente e redução do uso de supositórios até à abstinência. Comentário: A CUEM desenvolve-se pelo uso excessivo de medicação para a cefaleia, sendo a suspensão da medicação o único tratamento eficaz. A doente manteve uma situação de abuso medicamentoso durante oito meses, tendo como consequência uma CUEM e correndo risco de toxicidade hepática. O MF é fulcral na deteção e abordagem precoce do abuso medicamentoso.


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