scholarly journals Mesmo que Capitu tenha traído Dom Casmurro: Uma análise comparativa entre o roteiro de Paulo Emílio Sales Gomes e Lygia Fagundes Telles e o romance de Machado de Assis

2017 ◽  
pp. 25
Author(s):  
Danielle Rasmussen Betemps

Este artigo é o resultado de uma análise comparativa entre o roteiro cinematográfico Capitu (1967), de Paulo Emílio Sales Gomes e Lygia Fagundes Telles, e o romance Dom Casmurro (1900), de Machado de Assis. Considerando o roteiro como uma primeira adaptação, a referida análise visou contestar a ideia de fidelidade e a consequente desvalorização das adaptações cinematográficas. Para tanto, partiu-se da secular relação entre cinema e literatura, mais estritamente das diferenças e semelhanças entre os textos literário e cinematográfico, enfocando as características de dois elementos ficcionais – narrador e personagem – e as estratégias utilizadas por ambos os sistemas no processo de configuração desses elementos. Ilustraram-se acréscimos feitos no roteiro, discutiu-se a função do narrador-protagonista do romance e as estratégias utilizadas no roteiro para sua representação e refletiu-se acerca das escolhas feitas pelos roteiristas para a elaboração de Capitu. Concluiu-se que os roteiristas adicionaram elementos que inexistem no texto literário com a finalidade de adaptar o romance aos limites do texto cinematográfico, mas sem deixar de apontar para o texto machadiano. Quanto à narração, foi constatado que a focalização recai no protagonista Bentinho, o qual é perseguido pelo roteiro – que mostra o que ele vê e como vê. Essas alterações configuram escolhas dos roteiristas, as quais foram feitas durante o processo de escrita do roteiro para melhor moldar o texto literário de Machado de Assis a outro texto: o cinematográficoPalavras-chave: Literatura; cinema; adaptação; roteiro

2008 ◽  
Vol 4 (1) ◽  
Author(s):  
João Manuel Dos Santos Cunha

O ensaio investiga a tradução fílmica Capitu (Paulo Cezar Saraceni, 1968) para o romance Dom Casmurro (Machado de Assis, 1899), intermediando a análise com o roteiro cinematográfico Capitu (Paulo Emilio Salles Gomes, Lygia Fagundes Telles, [1967] 1993), com o intuito de problematizar o alcance e a eficácia da operação transtextual intentada pelos tradutores quanto ao estatuto do narrador em textos de ficção literária e cinematográfica. Palavras-chave: Literatura Comparada; literatura e cinema; narrador.


2008 ◽  
Vol 16 ◽  
pp. 129-150
Author(s):  
João Manuel dos Santos Cunha

O ensaio investiga a tradução fílmica Capitu (Paulo Cezar Saraceni,1968) para o romance Dom Casmurro (Machado de Assis, 1899),intermediando a análise com o roteiro cinematográfico Capitu (Paulo EmilioSalles Gomes, Lygia Fagundes Telles, [1967] 1993), com o intuito de problematizaro alcance e a eficácia da operação transtextual intentada pelos tradutoresquanto ao estatuto do narrador em textos de ficção literária e cinematográfica.


2014 ◽  
Vol 22 (85) ◽  
pp. 1115-1130
Author(s):  
Arnaldo Niskier

Temos raízes latinas muito sólidas, o que não foi suficiente para que o Acordo Ortográfico de Unificação da Língua Portuguesa, assinado em 1990, alcançasse a unanimidade desejável. Em Lisboa há um movimento sincronizado para colocar em dúvida as razões lexicográficas das pequenas mudanças propostas. A escritora Lygia Fagundes Telles, falando na Academia Brasileira de Letras, pediu que liderássemos uma cruzada favorável à língua portuguesa. Devemos melhorar o atual índice de leitura (2,4 livros por habitante) e ampliar significativamente o número de bibliotecas públicas em todo o País. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, é muito sóbria em relação aos cuidados com a nossa língua. De nada adianta ensinar a ler e a escrever sem a garantia da permanência dos alunos nas escolas, lugar de "leitura crítica" e interpretativa do que lhe chega por intermédio da imagem e do som. Temos um dado positivo que é a publicação, em alguns dos maiores jornais brasileiros, de colunas de valorização da língua portuguesa. Este é um movimento extremamente saudável. Devemos prestar atenção à introjeção de termos ligados ao nosso desenvolvimento científico e tecnológico. É um crescimento expressivo. A Academia Brasileira de Letras, a Casa de Machado de Assis, cumpre o que está no artigo 1º do seu Estatuto: zelar pela integridade da língua portuguesa. Para isso conta com o seu Vocabulário Ortográfico (600 mil verbetes) e o Dicionário da Língua Portuguesa, na versão escolar, ambos trabalho da sua ativa Comissão Lexicográfica, que tem à frente a figura respeitável do filólogo e gramático Evanildo Bechara. Cuida-se para que a invasão de estrangeirismos não se torne excessiva e se evite o que o crítico Wilson Martins chamou muito apropriadamente de "desnacionalização linguística".


2016 ◽  
Author(s):  
Diego do Nascimento Rodrigues Flores
Keyword(s):  

2011 ◽  
Vol 9 ◽  
Author(s):  
Lúcia Osana Zolin

Nos últimos anos, tem se tornado recorrente, no campo da literatura, a prática da reescrita de textos literários canônicos a partir de múltiplas perspectivas, como as que se empenham em salientar as diferenças de gênero, de raça e de classe social. No contexto dos estudos sobre literatura de autoria feminina, trata-se de uma tendência, de fato, importante, já que se caracteriza pela produção de um texto novo e autônomo que denuncia a alteridade do/a oprimido/a, no caso, a mulher, e promove o desnudamento de sua identidade. Ana Maria Machado, em A audácia dessa mulher (1999), num interessante diálogo com Dom Casmurro, de Machado de Assis, reescreve a trajetória de Capitu. Do mesmo modo, Nélida Piñon, em Vozes do deserto (2003), reescreve a história de Scherezade, personagem de As mil e uma noites, coleção de contos da literatura árabe, de origem persa e indiana. Se, nos textos originais, essas personagens não têm voz, nas referidas reescritas, elas são construídas imbuídas do direito de falar. É dessa questão que nos ocupamos neste artigo, amparados por teorias críticas feministas.


Author(s):  
Dau Bastos
Keyword(s):  

Hans Ulrich Gumbrecht frequenta nosso país há quase quatro décadas, fala fluentemente português, tem Machado de Assis como seu autor preferido e, na Universidade de Stanford, vive acolhendo estudantes e professores brasileiros para diferentes períodos de estada. Essa familiaridade com o que somos lhe possibilita chamar a atenção para aspectos tão variados quanto o fortalecimento de nosso sistema universitário e a resistência de muitos estrangeiros em acreditar que podemos produzir literatura digna de atenção.Na condição de um dos nomes mais importantes da Estética da Recepção, Sepp (como Gumbrecht é mais conhecido) faz um consistente balanço dessa corrente dos estudos literários, da qual disseca as condições de emergência, sintetiza a trajetória e faz importantes comentários sobre os bastidores. Ao afirmar que em breve haverá mais autores de romance que leitores, parece indicar que o fortalecimento do receptor de literatura pode, ao menos nesse sentido, ser visto como sonho cuja concretização superou as expectativas.


2003 ◽  
Vol 60 ◽  
Author(s):  
Fabio Muruci Dos Santos

Este artigo trata da representação da paisagem urbana do Rio de Janeiro no romance Quincas Borba, de Machado de Assis. Procuro argumentar que a presença da paisagem é muito efetiva neste romance, estando, porém, velada porque só pode ser vista através do subjetivismo e esquizofrenia das personagens principais, especialmente Rubião e Sofia. Sustento que Machado incorporou sua visão da sociedade na própria linguagem e representação ficcional desse romance, onde a paisagem urbana funciona como elemento oculto, que se expressa através dos efeitos que exerce sobre o comportamento ético e psicológico das personagens. Abstract This article is about the representation of the Rio de Janeiro’s urban landscape in the Machado de Assis’ novel Quincas Borba. I intend to argue that the landscape is very effective in Machado’s novel, but it is veiled because we can only see it through the subjective and schizophrenic perceptions of the main characters, specially Rubião and Sofia. I defend that Machado incorporated his own social view in the novel’s language and fictional representation. Throughout the novel, the urban landscape works as a hidden element that expresses itself through the effects on the character’s ethical and psychological behavior.


2008 ◽  
Vol 14 (4) ◽  
pp. 193-196
Author(s):  
Ivone Daré Rabello

INTRODUÇÃO: O texto que se segue é resultado da palestra proferida no dia 9 de setembro de 2008, no Evento "Dia Latino-Americano da Epilepsia", organizado pela Associação Brasileira de Epilepsia, sob a presidência da Doutora Laura Guilhoto, e realizado no Anfiteatro Franco Monto, na Assembléia Legislativa de São Paulo. MÉTODOS: Ao apresentar Machado de Assis a partir de alguns aspectos de sua vida, pretende-se compreender a configuração da sociedade brasileira do século XIX, bem como a força de revelação crítica de sua obra. RESULTADOS: A biografia do escritor nos permite entrever um modelo de homem e artista, alguém que superou barreiras a ele impostas numa dada circunstância histórica, social e pessoal, incluída nesta as questões relativas à saúde. O esforço e a luta do homem Machado de Assis são muito significativos, se lembrarmos que até hoje não é "natural" vencer preconceitos, migrar de classe ou obter igualdade de oportunidades. CONCLUSÃO: A glória obtida por Machado de Assis ainda em vida é exemplar, jamais se entregando ele ao "descanso dos consagrados" que, comodamente instalados na fama, voltam as costas aos problemas da gente comum, rendendo-se ao conformismo.


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