scholarly journals A AÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE E O TRABALHO VIVO EM ATO

2015 ◽  
Vol 13 (2) ◽  
pp. 361-379
Author(s):  
Carlos Augusto Piccinini ◽  
Rosane Azevedo Neves da Silva

Este artigo analisa a singularidade da ação dos agentes comunitários de saúde em sua circulação pelo território, no município de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Considerou-se que os encontros entre agentes e território extrapolam as prescrições e expectativas das políticas de saúde. Problematizou-se a produção de uma imagem idealizada dos agentes, no qual são vistos como a 'mola propulsora' das transformações esperadas da Atenção Básica. Ao se analisar a complexidade das demandas presentes em seu cotidiano de trabalho, destacou-se a multiplicidade de estratégias de cuidado produzidas pelos agentes comunitários. A singularidade de cada território, das equipes de saúde e da gestão, entre outras numerosas variabilidades, pressiona os agentes e os demais trabalhadores das equipes da Estratégia Saúde da Família a encarar uma realidade bastante distinta do que se supõe. Destacou-se, portanto, a importância de se produzir uma posição crítica e reflexiva, colocando em questão os limites e possibilidades dessa prática, a fim de potencializar as estratégias de cuidado ali existentes.

2004 ◽  
Vol 30 (2) ◽  
Author(s):  
Cláudio Pereira Elmir

O texto compreende uma discussão sobre o processo de modernização na cidade de Porto Alegre em vários momentos de sua história, articulando as transformações e modificações havidas no espaço urbano com uma paralela segregação social operada e/ou desejada na cidade. São recolhidos vários exemplos para demonstrar a vontade de se construir uma “cidade una”, na qual não se admite o convívio com os indesejados sociais. A combinação modernização/exclusão social, tantas vezes já abordada em diversos estudos da historiografia brasileira, encontra neste artigo mais um exercício de aproximação, a partir do qual pode-se vislumbrar momentos distintos – sem traçar uma linha de continuidade – desta operação específica da modernidade. Abstract The text discusses the process of modernization in the city of Porto Alegre during various moments of its history, debating both transformations and modifications in the city’s urban space along with a social segregation that was either going on or being wished for at that time. Many exemples are given so as to demonstrate the desire to build a “united city” in which those who were socially unwished were not allowed. The combination of modernization with social exclusion, so often discussed in many other studies of Brazilian history, is shown in this article as another approach to the issue of modernization with its distinct moments. Palavras-chave: Rio Grande do Sul. Séculos XIX e XX. Identidade. Key words: Rio Grande do Sul. XIX & XX centuries. Identity.


2017 ◽  
Vol 23 (4) ◽  
pp. 289-293
Author(s):  
Jéssica de Oliveira Saudades ◽  
Vanessa Ramos Kirsten ◽  
Viviani Ruffo de Oliveira

RESUMO Introdução: A proteína do soro do leite é uma das proteínas de maior valor biológico, por seu alto teor de aminoácidos. Em vista disso, a população tem consumo elevado do suplemento alimentar Whey Protein e esse uso exacerbado torna-se preocupante. Objetivo: Avaliar o perfil do consumo de Whey Protein (WP) bem como verificar como é utilizado, quais os tipos consumidos e se esse consumo está associado à prática de atividade física, além de se há alguma recomendação profissional. Métodos: A população analisada foi de alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, matriculados nos cursos de graduação das áreas Biológicas, Naturais e Agrárias. As áreas contempladas foram selecionadas mediante sorteio e no total foram 11 cursos pertencentes a essas áreas que aceitaram participar do estudo. O instrumento de pesquisa utilizado para o objetivo proposto foi um questionário composto de 15 questões, sendo quatro questões de múltipla escolha. Resultados: Participaram do estudo 133 indivíduos com idade entre 18 e 28 anos (58,6% homens e 41,3% mulheres). Com relação à renda, 71,4% dos participantes ganham em média até três salários mínimos. O principal motivo do consumo de proteína do soro do leite foi a hipertrofia muscular (83,5%). O uso do suplemento Whey Protein foi indicado, em 62,4% dos casos, por amigos, vendedores ou por iniciativa própria. Conclusão: Fica evidente neste estudo, que a busca de melhor desempenho físico associado a padrões estéticos parece estar impulsionando o uso de Whey Protein, contudo, é preciso também conhecer o risco do uso exacerbado, principalmente quando não há acompanhamento de profissional qualificado nem há recomendações sobre quantidade, tipo e fracionamento do suplemento.


Author(s):  
Juliana Maia ◽  
Giandra Anceski Bataglion ◽  
Janice Zarpellon Mazo

O objetivo deste estudo é apresentar a percepção de docentes de Educação Física de Porto Alegre e Região Metropolitana, no Rio Grande do Sul, acerca da inclusão de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na escola regular. Nesse contexto, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com oito professores de Educação Física que possuem alunos com TEA. A interpretação das informações ocorreu por meio da análise temática de conteúdo. A partir dos relatos dos professores, identificaram-se aspectos da participação dos alunos com TEA nas aulas de Educação Física escolar: tendência em seguir rotinas, incluindo atividades, materiais e pessoas; melhor engajamento em atividades exploratórias e de manipulação de objetos no Ensino Infantil; maior participação em atividades com etapas previamente definidas no Ensino Fundamental. As estratégias docentes incluem atentar para as particularidades das crianças com TEA, traçando-se objetivos e métodos condizentes com as necessidades e potencialidades individuais. Atividades e objetos próprios da rotina de cada aluno foram citadas como forma de se estabelecer o engajamento inicial nas aulas, seguidas pelo uso de distintas estratégias, a fim de se promover a inclusão nas aulas em igualdade aos pares sem deficiência. A mediação por pares foi mencionada, suscitando benefícios à turma de alunos. Ademais, o trabalho interdisciplinar foi referido como indispensável à efetiva Educação Inclusiva. Conclui-se que as características apresentadas pelos alunos com TEA nas aulas de Educação Física, levam os professores a buscarem estratégias que lhes permitam favorecer o ensino e a aprendizagem destes, sendo as habilidades sociais amplamente evidenciadas nesse processo. Recebido em: 20/01/2020 Reformulado em: 12/03/2020 Aceito em: 12/03/2020


2015 ◽  
Vol 15 (1) ◽  
pp. 83
Author(s):  
Dani Rudnicki

A criminologia deveria ser uma ciência autônoma, mas, percebe-se, tornou-se praticamente um ramo do direito e, por ser domínio dos juristas, parece se contaminar com o “totem jurídico”, ser tão conservadora quanto o próprio  campo jurídico. Se os clássicos estrangeiros (Rusche e Kirchheimer, Foucault, Goffman e Becker) propunham novas leituras sobre a transgressão, o crime e a punição/tratamento oferecida à pessoa selecionada pelo sistema penal, no Brasil também existiu uma leitura crítica da criminologia, promovida, entre outros, por Roberto Lyra Filho, Juarez Cirino dos Santos, Jacinto Coutinho, Nilo Batista e Vera Regina Pereira de Andrade, interessada em propor a defesa dos direitos humanos. No entanto, a queda do Muro de Berlim e a necessidade de busca de novos referenciais parecem ainda não ter contaminado esse pensamento criminológico e influenciado os novos criminólogos críticos pátrios. Se os sociólogos migraram para o estudo da violência, os juristas permanecem vinculados a ideias que se mostravam relevantes, mas que devem, agora, ser questionadas. Assim, por exemplo, no que tange à “questão penitenciária”, não basta denunciá-la falida, há de se buscar a compreensão das razões de sua sobrevivência. E, neste sentido, é consenso que a justiça criminal, a polícia, a prisão e a delinquência são peças de um sistema maior no qual a economia é o elemento mais relevante a ser considerado para sua compreensão. Mas, como se organiza e (se) percebe a prisão no Brasil? Conceitos como os de “sistemas de produção”, “suplício”, “poder”, “disciplina” são suficientes para explicar nossa realidade neste novo século? Diz-se que prisões, escolas, fábricas e quarteis são instituições que constroem “corpos dóceis”, isso permanece sendo realidade? É ou foi realidade no modelo de aprisionamento brasileiro passado e atual? Os relatórios finais das três Comissões Parlamentares de Inquérito criadas pela Câmara dos Deputados, nos anos de 1976, 1993 e 2008, parecem ser documentos interessantes para compreender a situação, bem como os produzidos no âmbito da representação que estabeleceu disputa entre a Associação de Juízes do Rio Grande do Sul e ONGs contra o governo brasileiro na Corte Interamericana de Direitos Humanos, a respeito do Presídio Central de Porto Alegre, dito “o pior do país”. Apesar de serem documentos oficiais, os dois últimos escritos com clara influência da criminologia crítica, se mostram, ao final, extremamente representativos de um pensamento conservador, comprometido com o status quo. Culpa, talvez, da dificuldade de se conhecer o que seja de fato a criminologia crítica, do desconhecimento da realidade penitenciária ou, simplesmente, resultado de compromissos políticos gestados no interior do campo jurídico e que ultrapassam o interesse pela defesa dos direitos humanos.


ILUMINURAS ◽  
2003 ◽  
Vol 4 (8) ◽  
Author(s):  
Ana Luiza Carvalho da Rocha

Que experiência singular revela a Cidade que nos possibilite enriquecer o debate em torno de bens culturais intangíveis no corpo de uma reflexão conceitual maior sobre uma política de preservação cultural em Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul? Inicialmente, é importante situar que existem muitas formas de se abordar a Cidade do ponto de vista da preservação e valorização de seus bens culturais. Para iniciar este assunto escolho, não de forma arbitrária, desenvolver a idéia de que a Cidade como fenômeno que encerra um espaço humanizado singular preserva valores éticos e morais coletivos profundamente enraizados na Grande Tradição da cultura ocidental.   Gostaria de inverter um pouco o percurso do debate que costuma se tecer em torno do patrimônio cultural e recolocar o tema da preservação de bens culturais coletivos no corpo das formações de significado intrinsecamente construídas por nossa cultura ocidental acerca da Cidade. Ou seja, trata-se de se situar lendas, crenças, saberes e fazeres, histórias, tradições, hábitos e costumes do homem ocidental no corpo dos processos de criação e fabricação da Cidade e suas repercussões para uma política de valorização de seus bens culturais no meio urbano contemporâneo.


Author(s):  
Carla Noura Teixeira ◽  
Jaqueline Ribeiro Barreto

Em 2019, o modelo de gestão pública do orçamento participativo completou 30 anos de existência no município de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Tal experiência serviu de paradigma para a implementação em outras cidades. Nesse sentido, questiona-se de que forma o orçamento participativo de Porto Alegre pode ser compreendido como um mecanismo democrático de concretização dos direitos fundamentais para a população local. Para tanto, utilizar-se-á o método dedutivo-monográfico, efetuando uma pesquisa do tipo teórica, na modalidade bibliográfica e documental baseada na constituição, leis e publicações afins. Empregou-se a perspectiva da abordagem qualitativa, tendo em vista a contextualização e argumentação sobre as teorias e fenômenos analisados. Primeiro, há de se examinar os elementos da teoria da democracia e dos direitos fundamentais, depois entender a configuração da política orçamentária municipal para os direitos assegurados pela ordem democrática, para analisar a experiência do orçamento participativo porto-alegrense. Como resultados iniciais, observou-se que o mecanismo em estudo pode ser entendido como um dos exemplos de prática democrática que possibilita influenciar na atuação estatal principalmente relacionada com os direitos sociais, econômicos e culturais a partir da eleição de prioridades a serem contempladas pelo orçamento municipal.


2018 ◽  
Vol 3 (2) ◽  
pp. 17-33
Author(s):  
Carla Garcia Bottega ◽  
Karine Vanessa Perez ◽  
Alvaro Crespo Merlo

Este artigo trata de uma intervenção em saúde e trabalho realizada com um grupo de bancários, de um setor interno de um banco, localizado na cidade de Porto Alegre – Rio Grande do Sul. A demanda surgiu do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região em decorrência de um suicídio ocorrido no ambiente de trabalho no ano de 2012. Com o objetivo inicial de auxiliar os trabalhadores do setor na elaboração do trauma e do sofrimento provocado pela morte, buscando evitar sequelas psíquicas prolongadas e ao mesmo tempo de se aproximar das causas que levaram o trabalhador ao suicídio, foram realizadas entrevistas coletivas que forneceram subsídios para que fosse possível acessar a organização do trabalho dos bancários deste setor. Para a execução do trabalho foi estudada as questões que envolveram o suicídio no trabalho, observando fatores significativos do campo da atividade bancária, sendo este um dos setores que mais sofreu com as mudanças da reestruturação produtiva, nas últimas duas décadas. As entrevistas coletivas, realizadas no formato de grupo, foram coordenadas por integrantes do Laboratório de Psicodinâmica do Trabalho (LPdT/UFRGS) e composto pelos bancários dispostos a participarem voluntariamente dos encontros. Além disso, foi disponibilizado para todos os trabalhadores do setor a aplicação do Self Report Questionary (SRQ-20). Este estudo evidenciou a necessidade de se propor uma forma de atenção as situações de adoecimento no trabalho bancário, bem como um trabalho efetivo nos processos de delimitações funcionais que muitas vezes não são bem trabalhadas e podem gerar outras formas de sofrimento/adoecimento muitas vezes invisibilizadas pelos novos modos de gestão. É importante também evidenciar a necessidade de se propor estratégias que visem prevenir o adoecimento no trabalho, resultado de indiscriminadas mudanças no setor bancário.


2010 ◽  
Vol 31 (4) ◽  
pp. 633-639 ◽  
Author(s):  
Maria de Lourdes Rodrigues Pedroso ◽  
Maria da Graça Corso da Motta

Situações de vulnerabilidade do ambiente onde criança e família estão inseridas podem ser traduzidas em condições de vida e desenvolvimento. Este estudo objetivou conhecer as percepções dos familiares sobre as situações de vulnerabilidade e seus componentes, relacionados com o ambiente ecológico, de crianças que convivem com doenças crônicas, hospitalizadas em um Hospital-Escola do Município de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Trata-se de uma pesquisa qualitativa na perspectiva de um estudo exploratório descritivo. A coleta de informações ocorreu com nove participantes, utilizando dinâmicas de criatividade e sensibilidade, analisadas conforme referencial da Análise de Conteúdo. Emergiram três categorias de análise, sendo aqui explorada o microssistema familiar como constructo do componente individual da vulnerabilidade. A busca de uma intersecção demonstra que um componente individual da vulnerabilidade possui reflexos na constituição do microssistema, o que reafirma a importância de se visualizar o individuo como constructo e construtor do ambiente onde transcorre sua existência.


2016 ◽  
Vol 16 (2) ◽  
pp. 47
Author(s):  
Simone Lindenmeyer ◽  
Madebe Schmidt ◽  
Flávia Matias ◽  
Maria Rosangela Bez

Este relato aborda uma prática pedagógica que utilizou a produção de curtas-metragens como estratégia de autoria, aprendizagem e inclusão. O projeto ocorreu no ano de dois mil e quinze, com dez alunos do quarto e quinto anos que frequentavam o chamado Laboratório de Aprendizagem e também alunos com deficiência, que faziam e fazem parte ainda hoje do Atendimento Educacional Especializado de uma escola da cidade de Novo Hamburgo, região metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul/Brasil. Propõe uma reflexão e traz visibilidade às diferenças daqueles que chamamos de alunos com dificuldades de aprendizagem e dos alunos com deficiência. Existem diferentes maneiras de se olhar as diferenças que emergem no ambiente escolar. A proposta é de que o leitor experimente contemplar as potencialidades desses sujeitos e não as suas dificuldades ou a sua deficiência; que coloque as lentes da criação, da autoria e do prazer que se constrói e circula a nível das individualidades como da coletividade a partir deste artefato tecnológico-criativo. A produção de curtas-metragens surge como uma ferramenta para demonstrar como o protagonismo do aluno pode ser fortalecido por meio da autoria.


2018 ◽  
Vol 23 (0) ◽  
Author(s):  
Ricardo Ferreira Vitelli ◽  
Rosangela Fritsch ◽  
Berenice Corsetti

RESUMO O texto descreve indicadores de avaliação de contexto desenvolvidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira e sua aplicação em escolas públicas de ensino médio, para identificar possíveis implicações com indicadores de fluxo escolar. Utilizou-se a base de dados do referido instituto, submetida a tratamento estatístico por meio da análise de regressão múltipla. Ao identificar a relação existente entre os indicadores analisados, percebeu-se a necessidade de se relativizar o uso de resultados de indicadores educacionais na avaliação da qualidade da educação.


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