scholarly journals Mamíferos de médio e grande porte e sua relação com o mosaico de habitats na cuesta de Botucatu, Estado de São Paulo, Brasil

2012 ◽  
Vol 102 (2) ◽  
pp. 150-158 ◽  
Author(s):  
Telma R. Alves ◽  
Renata C. B. Fonseca ◽  
Vera L. Engel

A região da cuesta de Botucatu caracteriza-se por um gradiente topográfico contendo um mosaico de ambientes com diferentes formações de vegetação natural (floresta estacional semidecidual, cerrado e matas ciliares), além de áreas antropizadas com a predominância de pastagens, plantações de cana-de-açúcar, laranja, e reflorestamentos de eucalipto, com paisagem fragmentada. Inserida nesta região, a Fazenda Experimental Edgardia, pertencente à Universidade Estadual Paulista, Campus de Botucatu, representa uma amostra desta heterogeneidade ambiental, tendo grande importância para a conservação da biodiversidade, tanto de flora como fauna. Entretanto, poucos são os estudos sobre a sua fauna, principalmente de mamíferos. O presente trabalho teve como objetivo conhecer a fauna de mamíferos de médio e grande porte nesta área, e sua relação com o mosaico de habitats. Foram obtidos registros indiretos da presença de mamíferos através de vestígios (pegadas e fezes) em transectos (trilhas pré-existentes), ao longo de um ano. De março de 2004 a março de 2005 foram registradas 18 espécies de mamíferos silvestres de médio e grande porte. Quanto à ocorrência destacou-se Mazama sp., presente em todos os ambientes, com maior abundância relativa no ambiente de transição de floresta/Cerradão. Puma concolor (Linnaeus, 1771), Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758), Cerdocyon thous (Linnaeus, 1766), Procyon cancrivorus (Cuvier, 1798) e Dasypus novemcinctus (Linnaeus, 1758) também foram encontradas em praticamente todos os ambientes, e espécies como Chironectes minimus (Zimmermann, 1780), Cuniculus paca Linnaeus, 1766, Eira barbara (Linnaeus, 1758) e uma espécie do gênero Conepatus Gray, 1837 estiveram restritas a ambientes específicos. A análise de correspondência mostrou oito espécies com ocorrência em todos os ambientes: sete mais associadas aos ambientes de várzea, floresta e pastagem e três aos ambientes de cultura de arroz, transição entre floresta/Cerradão e vegetação natural em estádio sucessional secundário. Os resultados sugerem que a fauna de mamíferos de médio e grande porte na Fazenda Experimental Edgardia está sujeita às modificações ambientais que a região vem sofrendo. Embora existam preferências de algumas espécies por determinados hábitats, parece ocorrer certa plasticidade em relação às modificações de seus hábitats originais.

2008 ◽  
Vol 25 (3) ◽  
pp. 427-435 ◽  
Author(s):  
Rogério Martins ◽  
Juliana Quadros ◽  
Marcelo Mazzolli

Os hábitos alimentares da onça-parda, jaguatirica e outros carnívoros foram estudados na Juréia (80.000 ha), um dos maiores remanescentes de Mata Atlântica do estado de São Paulo. O estudo foi baseado na análise de fezes encontradas durante um período de amostragem de 15 meses e 415 km percorridos. A diversidade de presas encontradas nas fezes foi alta para ambos os felinos, tendo como presas mais importantes da onça-parda em freqüência de ocorrência e biomassa, o cateto e o tatu-de-rabo-mole, e marsupiais na dieta da jaguatirica. Maior freqüência de fezes de carnívoros foi encontrada distante das casas de moradores tradicionais, sugerindo um comportamento territorial evitando a proximidade da presença humana.


2017 ◽  
Vol 22 (40) ◽  
pp. 844
Author(s):  
Caio Ferreira ◽  
Douglas Pereira Lima Gomes ◽  
Andrea Chaguri ◽  
Nádia Maria Rodrigues De Campos Velho ◽  
Karla Andressa Ruiz Lopes

Os mamíferos desempenham um papel fundamental no ecossistema como o controle populacional e a regeneração de matas. Buscou-se com este trabalho, obter uma amostragem preliminar da mastofauna presente em um remanescente de floresta atlântica, utilizando-se de armadilha fotográfica, contribuindo com maiores informações a respeito do uso de habitat por estes animais na área de estudo, local característico de um corredor ecológico, devido a sua paisagem ser bem semelhante ao mesmo. Foram obtidos registros de seis espécies de mamíferos silvestres pertencentes a quatro famílias e três ordens: quatro Carnivora (Cerdocyon thous, Lontra longicaudis, Galictis cuja, Canis lupus familiaris), um Didelphimorphia (Didelphis aurita) e um Rodentia (Hydrochoerus hydrochaeris), sendo que não foi possível a identificação de uma espécie. Ressalta-se a importância da presença da espécie Lontra longicaudis, que possui o estado de conservação quase ameaçada no estado de São Paulo.


Author(s):  
Ednir Salata ◽  
Elizaide L. A. Yoshida ◽  
Elói A. Pereira ◽  
Fernando M. A. Corrêa

Os Autores analisaram soros de 47 Cannis familiaris, de 9 Felis cattus, de 64 Didelphis marsupialis aurita, de 9 Dasypus novemcinctus, de 4 Cabassous tatouay e de 29 Rattus rattus, através da reação de imunofluorescência indireta, para pesquisar a presença de anticorpos anti Toxoplasma gondii. Estes foram encontrados apenas em C. familiaris (63,8%) e em D. m. aurita (4,7%). Frente aos resultados obtidos, os Autores sugerem que novas pesquisas nesta área sejam realizadas, para que se conheça melhor a importância epidemiológica de várias espécies animais na disseminação da toxoplasmose.


Author(s):  
João Luiz Rossi Junior ◽  
Marco Antônio Gioso ◽  
Jean Carlos Ramos da Silva ◽  
Maria Fernanda Vianna Marvulo

2009 ◽  
Vol 29 (12) ◽  
pp. 1009-1014 ◽  
Author(s):  
Joubert S. Pimentel ◽  
Solange M. Gennari ◽  
Jitender P. Dubey ◽  
Maria F.V. Marvulo ◽  
Silvio A. Vasconcellos ◽  
...  

Os zoológicos modernos são instituições destinadas à manutenção da fauna selvagem com o objetivo de promover a conservação, pesquisa científica, lazer, recreação e educação ambiental. A ampla variedade de espécies selvagens, vivendo em condições diferentes do seu habitat natural, representa um ambiente propício à disseminação de doenças, muitas delas zoonóticas. Devido à escassez de dados e à relevância dos mamíferos selvagens neste contexto epidemiológico, tanto na toxoplasmose, quanto na leptospirose, foi efetuado o inquérito sorológico para toxoplasmose e leptospirose em mamíferos selvagens neotropicais do Zoológico de Aracaju, Sergipe, Brasil. Para tanto foram colhidas amostras sanguíneas de 32 animais, adultos, de ambos os sexos incluindo: 14 macacos-prego (Cebus libidinosus), quatro macacos-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternus), três onças-suçuaranas (Puma concolor), uma onça-pintada (Pantheraonca), uma raposa (Cerdocyon thous), seis guaxinins (Procyon cancrivorus), dois quatis (Nasua nasua) e um papa-mel (Eira barbara). Para a pesquisa de anticorpos anti-Toxoplasma gondii foi utilizado o Teste de Aglutinação Modificada (MAT ³"1:25) e para pesquisa de anticorpos anti-Leptospira spp. foi utilizado o teste de Soroaglutinação Microscópica (ponto de corte ³1:100) com uma coleção de antígenos vivos que incluiu 24 variantes sorológicas de leptospiras patogênicas e duas leptospiras saprófitas. Dentre os 32 mamíferos, 17 (53,1%) apresentaram anticorpos anti-T. gondii e quatro (12,5%) foram positivos para anticorpos anti-Leptospira spp. De acordo com o sexo, 60% (9/15) dos machos e 47,1% (8/17) das fêmeas foram soropositivos para T. gondii e 26,7% (4/15) dos machos apresentaram anticorpos anti-Leptospira spp. Dos mamíferos que apresentaram anticorpos anti-T. gondii, 47% (8/17) nasceram no zoológico, 41,2% (7/17) foram oriundos de outras instituições e dois (11,8%) foram provenientes da natureza. Em relação aos quatro mamíferos soropositivos para Leptospira spp., três (75%) foram procedentes da natureza e um (25%) nasceu no zoológico. Este foi o primeiro inquérito sorológico de anticorpos anti-Leptospira spp. em primatas e carnívoros neotropicais em um zoológico do Nordeste do Brasil e descreveu pela primeira vez a ocorrência de anticorpos anti-T. gondii e anti-Leptospira spp. com sorovar mais provável Copenhageni no primata ameaçado de extinção macaco-prego-de-peito-amarelo (C. xanthosternus) em Aracaju, SE.


2019 ◽  
Vol 19 (3) ◽  
Author(s):  
Vitória M. Scrich ◽  
Marcella C. Pônzio ◽  
Nielson Pasqualotto ◽  
Thiago F. Rodrigues ◽  
Roberta M. Paolino ◽  
...  

Abstract: Coloration anomalies are mainly genetically-based disorders in which body pigmentation is either reduced (hypopigmentation) or produced in excess (melanism), in parts or the totality of the body. Cases of hypopigmentation have been documented in many neotropical mammals, including the tayra (Eira barbara Linnaeus, 1758). We expand the account of anomalous coloration occurrence presenting new registers of hypopigmented tayras in Brazil. Data was collected during a mammal survey carried out in three agricultural landscapes within the Cerrado domain in the northeast of the state of São Paulo. We obtained two kinds of records of hypopigmented tayras, one from direct sighting and the other from a camera-trap. We discuss the likely implications of this conspicuous coloration to tayras and highlight some possibilities of study.


Author(s):  
Cristina Harumi Adania ◽  
Lilian de Stefani Munaó Diniz ◽  
Marcelo Silva Gomes ◽  
Cláudia Filoni ◽  
Jean Carlos Ramos Silva

Espécie e subespécies de felinos brasileiros de pequeno porte estão ameaçadas de extinção e existem poucas informações biológicas e veterinárias a respeito desses animais. A Associação Mata Ciliar (AMC) se propôs a efetuar estudos visando ampliar os conhecimentos e contribuir para conservação de pequenos felinos neotropicais. Participaram 22 zoológicos, 113 animai foram cadastrados e 93 foram identificados (tatuagem e marcação eletrônica), classificados zoologicamente e manejados: Herpailurus yagouaroundi- gato mourisco (16,6,0), Leopardus pardalis- jaguatirica (18,15,0),Leopardus wiedii- gato maracajá (3,4,0), Leopardus tigrinus- gato-da-mato-pequeno (21,10,0). Os resultados obtidos através da avaliação clínica e de aspectos envolvendo os animais permitiram constatar que ao redor de 50 %dos indivíduos apresentam alterações ligadas ao manejo sendo elas, pedológica, dermatológicas, odontológicas, além da condição física insatisfatória. Conclui- e que há necessidade de se melhorar o manejo, a qualidade dos recintos e de se reverter a baixa taxa de nascimento, bem como reduzir o alto índice de mortalidade dos recém-nascidos. O plantel desses felinos em criadouro ou zoológicos constituem banco genético fundamental, tendo como meta possibilitar um plano de manejo futuro na natureza, visando assegurar a biodiversidade.


2018 ◽  
Vol 11 (1) ◽  
pp. 203
Author(s):  
Carla Gheler-Costa ◽  
Gabriel Pavan Botero ◽  
Lais Reia ◽  
Leticia de Cassia Gilli ◽  
Fabio Henrique Comin ◽  
...  
Keyword(s):  

Os carnívoros são importantes componentes ecológicos dos ecossistemas, pois controlam a abundância, a distribuição e a diversidade das populações de suas presas. Desta forma, são considerados como espécies-chaves na manutenção e restauração da diversidade e da resiliência dos ecossistemas. Nesse grupo, a onça-parda (Puma concolor) é a espécie de mamífero silvestre mais amplamente distribuída do hemisfério ocidental, porém, suas exigências em tamanho de área de vida e alimentação mostram-se um fator de restrição para sobrevivência da espécie por fatores como pressão de caça, diminuição de presas e desmatamento. Este estudo teve como objetivo avaliar a dieta do P. concolor em uma paisagem silvicultural no Estado de São Paulo. A paisagem é formada pela presença de remanescentes de cerrado, plantações de eucalipto e áreas de pastagens. Para análise da dieta foram coletadas, triadas e analisadas 103 amostras de fezes de P. concolor. Os resultados indicam grande consumo de aves e mamíferos de pequeno porte, diferindo da alimentação da espécie em ambientes naturais onde os mamíferos são o principais itens alimentares. Esta variação na dieta confirma a onça-parda como predador generalista, que consume as presas disponíveis sem apresentar preferência por determinadas espécies.


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