scholarly journals Inquérito sorológico para toxoplasmose e leptospirose em mamíferos selvagens neotropicais do Zoológico de Aracaju, Sergipe

2009 ◽  
Vol 29 (12) ◽  
pp. 1009-1014 ◽  
Author(s):  
Joubert S. Pimentel ◽  
Solange M. Gennari ◽  
Jitender P. Dubey ◽  
Maria F.V. Marvulo ◽  
Silvio A. Vasconcellos ◽  
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Os zoológicos modernos são instituições destinadas à manutenção da fauna selvagem com o objetivo de promover a conservação, pesquisa científica, lazer, recreação e educação ambiental. A ampla variedade de espécies selvagens, vivendo em condições diferentes do seu habitat natural, representa um ambiente propício à disseminação de doenças, muitas delas zoonóticas. Devido à escassez de dados e à relevância dos mamíferos selvagens neste contexto epidemiológico, tanto na toxoplasmose, quanto na leptospirose, foi efetuado o inquérito sorológico para toxoplasmose e leptospirose em mamíferos selvagens neotropicais do Zoológico de Aracaju, Sergipe, Brasil. Para tanto foram colhidas amostras sanguíneas de 32 animais, adultos, de ambos os sexos incluindo: 14 macacos-prego (Cebus libidinosus), quatro macacos-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternus), três onças-suçuaranas (Puma concolor), uma onça-pintada (Pantheraonca), uma raposa (Cerdocyon thous), seis guaxinins (Procyon cancrivorus), dois quatis (Nasua nasua) e um papa-mel (Eira barbara). Para a pesquisa de anticorpos anti-Toxoplasma gondii foi utilizado o Teste de Aglutinação Modificada (MAT ³"1:25) e para pesquisa de anticorpos anti-Leptospira spp. foi utilizado o teste de Soroaglutinação Microscópica (ponto de corte ³1:100) com uma coleção de antígenos vivos que incluiu 24 variantes sorológicas de leptospiras patogênicas e duas leptospiras saprófitas. Dentre os 32 mamíferos, 17 (53,1%) apresentaram anticorpos anti-T. gondii e quatro (12,5%) foram positivos para anticorpos anti-Leptospira spp. De acordo com o sexo, 60% (9/15) dos machos e 47,1% (8/17) das fêmeas foram soropositivos para T. gondii e 26,7% (4/15) dos machos apresentaram anticorpos anti-Leptospira spp. Dos mamíferos que apresentaram anticorpos anti-T. gondii, 47% (8/17) nasceram no zoológico, 41,2% (7/17) foram oriundos de outras instituições e dois (11,8%) foram provenientes da natureza. Em relação aos quatro mamíferos soropositivos para Leptospira spp., três (75%) foram procedentes da natureza e um (25%) nasceu no zoológico. Este foi o primeiro inquérito sorológico de anticorpos anti-Leptospira spp. em primatas e carnívoros neotropicais em um zoológico do Nordeste do Brasil e descreveu pela primeira vez a ocorrência de anticorpos anti-T. gondii e anti-Leptospira spp. com sorovar mais provável Copenhageni no primata ameaçado de extinção macaco-prego-de-peito-amarelo (C. xanthosternus) em Aracaju, SE.

2012 ◽  
Vol 102 (2) ◽  
pp. 150-158 ◽  
Author(s):  
Telma R. Alves ◽  
Renata C. B. Fonseca ◽  
Vera L. Engel

A região da cuesta de Botucatu caracteriza-se por um gradiente topográfico contendo um mosaico de ambientes com diferentes formações de vegetação natural (floresta estacional semidecidual, cerrado e matas ciliares), além de áreas antropizadas com a predominância de pastagens, plantações de cana-de-açúcar, laranja, e reflorestamentos de eucalipto, com paisagem fragmentada. Inserida nesta região, a Fazenda Experimental Edgardia, pertencente à Universidade Estadual Paulista, Campus de Botucatu, representa uma amostra desta heterogeneidade ambiental, tendo grande importância para a conservação da biodiversidade, tanto de flora como fauna. Entretanto, poucos são os estudos sobre a sua fauna, principalmente de mamíferos. O presente trabalho teve como objetivo conhecer a fauna de mamíferos de médio e grande porte nesta área, e sua relação com o mosaico de habitats. Foram obtidos registros indiretos da presença de mamíferos através de vestígios (pegadas e fezes) em transectos (trilhas pré-existentes), ao longo de um ano. De março de 2004 a março de 2005 foram registradas 18 espécies de mamíferos silvestres de médio e grande porte. Quanto à ocorrência destacou-se Mazama sp., presente em todos os ambientes, com maior abundância relativa no ambiente de transição de floresta/Cerradão. Puma concolor (Linnaeus, 1771), Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758), Cerdocyon thous (Linnaeus, 1766), Procyon cancrivorus (Cuvier, 1798) e Dasypus novemcinctus (Linnaeus, 1758) também foram encontradas em praticamente todos os ambientes, e espécies como Chironectes minimus (Zimmermann, 1780), Cuniculus paca Linnaeus, 1766, Eira barbara (Linnaeus, 1758) e uma espécie do gênero Conepatus Gray, 1837 estiveram restritas a ambientes específicos. A análise de correspondência mostrou oito espécies com ocorrência em todos os ambientes: sete mais associadas aos ambientes de várzea, floresta e pastagem e três aos ambientes de cultura de arroz, transição entre floresta/Cerradão e vegetação natural em estádio sucessional secundário. Os resultados sugerem que a fauna de mamíferos de médio e grande porte na Fazenda Experimental Edgardia está sujeita às modificações ambientais que a região vem sofrendo. Embora existam preferências de algumas espécies por determinados hábitats, parece ocorrer certa plasticidade em relação às modificações de seus hábitats originais.


Author(s):  
Ana Mikaely Peixôto ◽  
Natália Cavalcante de Farias ◽  
Carlos Alberto da Cruz Júnior ◽  
Marina Motta De Carvalho ◽  
Rodrigo Augusto Lima Santos

O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul apresentando 5% da biodiversidade mundial e também é o segundo bioma brasileiro que mais sofreu ações antrópicas. Embora o Cerrado tenha a sua importância biológica reconhecida apenas 8,21% do seu território é protegido a partir de unidades de conservação (UC’s). As UC’s do Cerrado são de extrema importância para a preservação da biodiversidade desse bioma, em especial para a proteção da mastofauna de médio e grande porte, visto que os mamíferos são bastantes afetados pela degradação e fragmentação dos habitats naturais. Foi realizado o monitoramento de médios e grandes mamíferos na Estação Ecológica Águas Emendadas (ESEC-AE) e a partir dos registros obtidos foi elaborado o relatório qualitativo. O monitoramento foi realizado da segunda quinzena de Setembro de 2017 à segunda quinzena de Janeiro de 2018 com o auxílio de armadilhas fotográficas. Nesse período foram identificadas nove espécies de mamíferos distribuídas em quatro ordens: Artiodactyla, Carnivora, Perissodactyla e Rodentia. As espécies registradas foram: Cerdocyon thous, Chrysocyon brachyurus, Cuniculus paca, Dasyprocta azarae, Mazama spp, Nasua nasua, Puma concolor, Puma yagouaroundi e Tapirus terrestris. Das espécies de mamíferos detectadas, 44,44% são frugívoras e quatro encontram-se na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção segundo a Portaria MMA 444/2014 – Chrysocyon brachyurus, Puma concolor, Puma yagouroundi e Tapirus terrestris. Os resultados obtidos reforçam a importância das UC’s para a conservação da fauna do Cerrado, uma vez que nesses sítios são encontrados exemplares ameaçados da mastofauna desse bioma, bem como demonstrou a eficiência do uso de armadilhas fotográficas para o monitoramento de mamíferos


2009 ◽  
Vol 39 (1) ◽  
pp. 207-213 ◽  
Author(s):  
Giovanni Salera Junior ◽  
Adriana Malvasio ◽  
Thiago Costa Gonçalves Portelinha

Podocnemis expansa e P. unifilis são animais de vida longa, com uma demorada maturação sexual, o que influencia uma baixa taxa de substituição de indivíduos. Suas populações são caracterizadas por uma pequena mortalidade dos animais adultos, mas alta taxa de mortalidade de filhotes e embriões. Sendo a predação natural de ninhos e filhotes um dos fatores mais importantes do baixo sucesso de eclosão dessas espécies. No rio Javaés, os ovos e recém-eclodidos podem ser predados por uma grande diversidade de animais: dentre as aves, urubus (Coragyps atratus e Cathartes aura), carcará (Polyborus plancus), jaburu (Jabiru mycteria); lagartos (Tupinambis teguixin) e mamíferos de pequeno porte, coati (Nasua nasua) e cachorro-do-mato (Cerdocyon thous). Do total anual de desovas de P. unifilis em média 65,98% são predadas, sendo 41,68% de forma total e 24,30% parcialmente. Enquanto que apenas 5,31% das ninhadas de P. expansa são sempre parcialmente predadas. Dentre os predadores aquáticos existem diversos peixes, principalmente piranhas (Serrasalmus nattereri) e jacarés (Melanosuchus niger e Caimam crocodilus). Os predadores das fêmeas de P. unifilis são: jacaré-açu (Melanosuchus niger), onça-pintada (Panthera onca) e onça-parda (Puma concolor). Enquanto que as fêmeas de P. expansa em postura, somente são predadas por P. onca. As fêmeas de P. unifilis em postura são predadas num total médio de 3,93% anualmente, enquanto que para P. expansa a média anual é 5,66% das fêmeas.


2009 ◽  
Vol 39 (2) ◽  
pp. 459-466 ◽  
Author(s):  
Fabiano Gumier-Costa ◽  
Carlos Frankl Sperber

Vários pesquisadores têm avaliado impactos de estradas. Estes podem envolver aspectos paisagísticos, degradação do solo, poluição do ar e impactos sobre a fauna, como atropelamentos. Na estrada Raimundo Mascarenhas, que atravessa a Floresta Nacional de Carajás (ca. 400 mil hectares), há intenso tráfego de veículos automotores. O objetivo deste trabalho foi testar se há diferenças entre trechos da estrada, em três escalas espaciais; se há alteração ao longo dos anos; se alguns táxons são mais freqüentemente atropelados, e se a freqüência de atropelamentos aumenta com a precipitação mensal. Analisamos a freqüência de atropelamentos de vertebrados de abril/2003 até outubro/2006 ao longo dos 25 km iniciais da estrada. Registramos 155 atropelamentos. O número de atropelamentos diminui ao longo dos anos (P=0,01), e com a distância do início da estrada (P=0,0002). Serpentes (Ophidia) e gambás Didelphis marsupialis foram mais atropelados (7,5/ano), seguidos de aves, raposas Cerdocyon thous, quatis Nasua nasua, roedores (Rodentia), e não identificados (4,9/ano); cuíca Marmosops sp., tapeti Sylvilagus brasiliensis, guariba Alouatta sp., irara Eira barbara, jabuti Geochelone sp., lagartos (Lacertilia) e macaco prego Cebus apella (1/ano). Não houve relação significativa entre o número mensal de atropelamentos e a precipitação mensal.


PLoS ONE ◽  
2018 ◽  
Vol 13 (8) ◽  
pp. e0201357 ◽  
Author(s):  
Filipe Martins Santos ◽  
Gabriel Carvalho de Macedo ◽  
Wanessa Teixeira Gomes Barreto ◽  
Luiz Gustavo Rodrigues Oliveira-Santos ◽  
Carolina Martins Garcia ◽  
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2020 ◽  
Vol 14 (4) ◽  
pp. 228
Author(s):  
Rosália Barros Nascimento De Medeiros ◽  
Janaina Kelli Gomes Arandas ◽  
Ângelo Giuseppe Chaves Alves ◽  
Rômulo Romeu Nóbrega Alves ◽  
Maria Norma Ribeiro

Este artigo tem como objetivos identificar conflitos existentes entre criadores de caprinos da raça Moxotó e os predadores naturais dos seus animais, no município de Ibimirim, Pernambuco, bem como descrever as formas locais de prevenção aos ataques e suas implicações para conservação de raças caprinas e espécies silvestres. As informações foram obtidas através de entrevistas com questionários semiestruturados, complementadas com listas-livres. Foram entrevistados nove criadores, considerados especialistas locais. Foram identificadas 13 espécies selvagens como as principais causadoras de danos para as criações de caprinos da região. As espécies citadas foram carcará (Caracara plancus), gato-mourisco (Puma yagouaroundi), conhecido e designado na região pelos criadores como gato-do-mato azul e vermelho, jiboia (Boa constrictor), urubu (Coragyps atratus), cão doméstico (Canis familiaris), raposa (Cerdocyon thous), cascavel (Crotalus durissus), morcego (Desmodus rotundus), jararaca (Bothropoides erythromelas), onça-parda (Puma concolor) e gavião (espécie não-identificada), em ordem decrescente de importância.  O conflito entre criadores de caprinos e os animais silvestres se deve aos prejuízos econômicos causados pelos ataques. Os criadores diferenciam as espécies predadoras principalmente pela forma e intensidade dos ataques. Em geral, a caça ainda é a principal forma de prevenção dos ataques, porém, registraram-se formas locais de defesa para algumas espécies. É necessário que se estabeleça um diálogo constante entre os criadores e os órgãos ambientais responsáveis pelas políticas públicas com o objetivo de desenvolver estratégias para a conservação das raças locais, como a raça Moxotó, e espécies silvestres.


Acta Tropica ◽  
2017 ◽  
Vol 169 ◽  
pp. 26-29 ◽  
Author(s):  
Jonatas Campos de Almeida ◽  
Renata Pimentel Bandeira de Melo ◽  
Camila de Morais Pedrosa ◽  
Marcelo da Silva Santos ◽  
Luiz Daniel de Barros ◽  
...  

2020 ◽  
Vol 56 (2) ◽  
pp. 486
Author(s):  
Werona de Oliveira Barbosa ◽  
Thiago Galvão Coelho ◽  
Talita Otaviano da Costa ◽  
Laís Moraes Paiz ◽  
Felipe Fornazari ◽  
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