Notas sobre a visão não tutelada em Brakhage e Kant
Este trabalho sugere uma comparação preliminar entre dois autores de tradições muito distintas - o cineasta experimental Stan Brakhage e o filósofo da cognição Immanuel Kant - em torno do tema da percepção não conceitual. Nosso objetivo é o de ampliar as perspectivas de compreensão desses autores pelo confronto de suas abordagens de um tema caro a ambos: a natureza da sensibilidade e da faculdade sensível imaginativa. O artigo está dividido em cinco seções. Na primeira, apresentamos a poética cinematográfica de Brakhage, no Prelúdio do filme Dog Star Man (1961) e na primeira parte de seu manifesto Metáforas da Visão (1963), tomando como guia sua metáfora do olho não tutelado por conceitos. Na segunda, situamos a perspectiva de Brakhage à luz do debate contemporâneo sobre o não-conceitualismo kantiano. Na terceira, apresentamos brevemente aspectos da teoria kantiana da percepção que nos permitem confrontá-la com a proposta de Brakhage. Na quarta, buscamos ampliar a análise da experiência perceptual na perspectiva da imaginação em ambos os autores. E na seção final, para concluir, procuramos extrair algumas consequências desse confronto.