scholarly journals A EPISTEMOLOGIA FLECKIANA NA PRODUÇÃO ACADÊMICA BRASILEIRA

Author(s):  
Nara Alinne Nobre-Silva ◽  
Roberto Ribeiro da Silva
Keyword(s):  

Este artigo tem como objetivo a realização de um balanço analítico da produção acadêmica brasileira que buscou subsídios teórico-epistemológico nas ideias de Ludwik Fleck. Logo, foi realizado um estudo do tipo Estado do Conhecimento, em que foram localizados, por meio do Catálogo de Dissertações e Teses da CAPES e/ou da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, 59 trabalhos, concernentes ao período 2016-2020. Os resultados, quando contrastados com estudos anteriores, apontam que nos últimos anos, o referencial tem permeado instituições das regiões nordeste, centro-oeste, sul e sudeste e, em programas diversos, como: Antropologia Social, Medicina Veterinária, Ciências Biológicas – Botânica, Ensino de Ciências e Matemática e, História. No que tange ao objeto de estudo, os mesmos foram classificados em seis subcategorias e, há ampla produção relacionada à formação de professores e a análise de fatos científicos. Destacam-se, principalmente, as contribuições das categorias estilo de pensamento, coletivo de pensamento e, circulação intra e intercoletiva de ideias. Por desdobramento, surgem novas inquietações a respeito da existência de um coletivo de pensamento cujo objeto de estudo é a própria epistemologia fleckiana e, da possível existência de desvios de significados na apropriação desta, pelos pesquisadores brasileiros.

Author(s):  
Eviatar Zerubavel

Following in the rich intellectual footsteps of Emile Durkheim, Karl Mannheim, Alfred Schutz, and Ludwik Fleck, this chapter lays out the foundations for the sociology of thinking, or “cognitive sociology.” Focusing on the impersonal, normative, and conventional dimensions of the way we think (and, as such, on its distinctness from both cognitive individualism and universalism), it highlights the distinctly sociological concern with intersubjectivity as well as epistemic commitment to the study of thought communities, cognitive traditions, cognitive norms, cognitive socialization, cognitive conventions, and the politics of cognition.


1994 ◽  
Vol 1 (1) ◽  
pp. 7-18 ◽  
Author(s):  
Ilana Löwy

O médico e epistemologista Ludwik Fleck desenvolveu, nas décadas de 1920-30, uma abordagem bastante original para o estudo das ciências. Ele apoiou sua epistemologia em duas bases: por um lado, em sua própria experiência profissional de bacteriologista e imunologista; por outro, na reflexão da Escola Polonesa de Filosofia da Medicina sobre as práticas dos médicos. Tal escola julga que os 'fatos científicos' são construídos por comunidades de pesquisadores - segundo os termos de Fleck, "coletivos de pensamento". Cada coletivo de pensamento elabora um "estilo de pensamento" único, composto pelo conjunto de normas, saberes e práticas partilhados por tal coletivo. Os recém-chegados são socializados em seu estilo de pensamento particular e adotam, portanto, seu olhar específico sobre o mundo. Os fatos científicos produzidos pelos membros de um dado coletivo de pensamento trazem sempre a marca de seu estilo de pensamento. Graças a isso, eles são incomensuráveis com os 'fatos' produzidos por outros coletivos de pensamento. A incomensurabilidade dos fatos científicos, aumentadas pela necessidade de 'traduzi-los' em outro estilo de pensamento para sua utilização pelas outras comunidades profissionais é, aos olhos de Fleck, uma fonte importante de inovação nas ciências e na sociedade. Por muito tempo esquecidas, as idéias de Fleck foram redescobertas nas décadas de 1960-70, em primeiro lugar por Thomas Kuhn (que, na introdução de The structure of scientific revolutions presta uma homenagem explícita à sua obra), depois pelos sociólogos das ciências. Além de sua influência diretamente perceptível, a epistemologia de Fleck mostra profundas afinidades com as novas tendências que se afirmam no estudo das ciências: a consideração das práticas dos pesquisadores e o interesse por suas técnicas materiais, discursivas e sociais.


2008 ◽  
Vol 13 (4) ◽  
pp. 1327-1330 ◽  
Author(s):  
Kenneth Rochel de Camargo Jr.
Keyword(s):  

Ao observar-se a forma como estudos qualitativos e quantitativos são relatados na literatura biomédica, vê-se que, além da virtual ausência dos primeiros, há uma forma diferenciada na sua apresentação. Os autores de estudos qualitativos parecem necessitar quase que invariavelmente de explicar a necessidade de sua opção pelo qualitativo, o que não ocorre com os estudos quantitativos. Este texto se apóia na epistemologia comparativa de Ludwik Fleck como forma de explorar essas diferenças empiricamente, ilustrando, com base em dois estudos que abordam diferentes aspectos das práticas no campo biomédico, como a investigação com base em técnicas qualitativas pode iluminar diferentes questões desse campo. O artigo conclui com a exposição de algumas características estruturais do campo biomédico que, por um lado, não seriam bem exploradas a não ser pelo emprego das técnicas qualitativas utilizadas nos respectivos estudos, e que, por outro lado, ajudam a entender o menor valor atribuído às mesmas no interior do próprio campo.


2012 ◽  
Vol 9 (1) ◽  
pp. 109-126 ◽  
Author(s):  
DEBORAH R. COEN

Bilingualism was Kuhn's solution to the problem of relativism, the problem raised by his own theory of incommensurability. In The Structure of Scientific Revolutions, he argued that scientific theories are separated by gulfs of mutual incomprehension. There is no neutral ground from which to judge one theory fitter than another. Each is formulated in its own language and cannot be translated into the idiom of another. Yet, like many Americans, Kuhn never had the experience of moving comfortably between languages. “I've never been any good really at foreign languages,” he admitted in an interview soon before his death. “I can read French, I can read German, if I'm dropped into one of those countries I can stammer along for a while, but my command of foreign languages is not good, and never has been, which makes it somewhat ironic that much of my thought these days goes to language.” Kuhn may have been confessing to more than a personal weakness. His linguistic ineptitude seems to be a clue to his overweening emphasis on the difficulty of “transworld travel.” Multilingualism remained for him an abstraction. In this respect, I will argue, Kuhn engendered a peculiarly American turn in the history of science. Kuhn's argument for the dependence of science on the norms of particular communities has been central to the development of studies of science in and as culture since the 1980s. Recent work on the mutual construction of science and nationalism, for instance, is undeniably in Kuhn's debt. Nonetheless, the Kuhnian revolution cut off other avenues of research. In this essay, I draw on the counterexample of the physician–historian Ludwik Fleck, as well as on critiques by Steve Fuller and Ted Porter, to suggest one way to situate Kuhn within the broader history of the history of science. To echo Kuhn's own visual metaphors, one of the profound effects of The Structure of Scientific Revolutions on the field of history of science was to render certain modes of knowledge production virtually invisible.


2011 ◽  
Vol 18 (4) ◽  
pp. 1151-1158
Author(s):  
Miriam Junghans
Keyword(s):  

Pesquisas recentes da história das ciências e da sociologia do conhecimento, que entendem a ciência como conhecimento em circulação, apontam a importância do estudo das traduções de obras científicas, que envolvem tanto as circunstâncias sociais de produção quanto as de recepção dessas obras. O depoimento que apresentamos é dos autores da tradução feita diretamente do alemão para o português de Gênese e desenvolvimento de um fato científico, de Ludwik Fleck, citada por Thomas Kuhn no prefácio de A estrutura das revoluções científicas. Com ele, pretende-se oferecer subsídios para a compreensão da importância de Fleck nos estudos sobre a circulação do conhecimento científico desenvolvidos no Brasil.


2013 ◽  
Vol 15 (3) ◽  
pp. 181-197
Author(s):  
Leonir Lorenzetti ◽  
Cristiane Muenchen ◽  
Iône Inês Pinsson Slongo
Keyword(s):  

Este artigo apresenta um estudo que investigou a recepção da epistemologia de Ludwik Fleck pela pesquisa em Educação em Ciências. Foram analisadas teses e dissertações produzidas no período de 1995 a 2010, em programas nacionais de pós-graduação. Os dados apontam que na década de 1990 surgiram os primeiros estudos e que há uma concentração de trabalhos em instituições do Sul do Brasil, notadamente na UFSC, especialmente na área da Educação em Ciências, estando o maior volume de estudos concentrados nos eixos "emergência de um fato científico", "formação de professores" e "análise da produção acadêmica". Destaca-se a significativa contribuição das categorias epistemológicas "estilo de pensamento", "coletivo de pensamento" e "circulação intra e intercoletiva de ideias" no processo de produção do conhecimento.


2019 ◽  
Vol 25 (4) ◽  
pp. 1067-1080
Author(s):  
Yohana Taise Hoffmann ◽  
David Antonio da Costa ◽  
Luiz R. Nakamura ◽  
Demétrio Delizoicov Neto
Keyword(s):  

Resumo: A partir dos estudos iniciais a respeito da epistemologia de Ludwik Fleck, os conceitos como coletivos e estilos de pensamento, círculos exotéricos e esotéricos, e circulação inter e intracoletiva são relacionados aos pesquisadores de Santa Catarina que investigam a História da educação matemática (HEM): Ensino de Ciências Naturais e Matemática da Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB); Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Matemática (GEPEM) do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC); Grupo de Estudos Contemporâneos e Educação Matemática (GECEM) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); e o Grupo de Pesquisa de História da Educação Matemática de Santa Catarina (GHEMAT-SC) da UFSC. Neste artigo abordam-se as interações entre esses grupos, por meio de distintos modos, os quais formam uma rede em que circulam diferentes estilos de pensamento intracoletivos. Os eventos na área da HEM proporcionam a expansão e o fortalecimento dos Grupos que a estudam.


Sign in / Sign up

Export Citation Format

Share Document