scholarly journals Entre a roda e o palco: reflexões sobre a experiência de um Grupo de cultura popular na imersão do espetáculo

2017 ◽  
Vol 23 (1) ◽  
pp. 405-417
Author(s):  
Adriana Dias Gomide Araújo ◽  
Olga Rodrigues de Moraes von Simson ◽  
Maria Luísa Magalhães Nogueira

Este texto parte de uma experiência de pesquisa que visa discutir os processos de inserção de grupos culturais na lógica da espetacularização. A partir da psicossociologia, refletimos sobre as transformações emergentes no processo de visibilidade do grupo “Meninas de Sinhá” do Bairro Alto Vera Cruz, em Belo Horizonte. Buscamos levar em conta o desafio da pesquisa qualitativa, que pressupõe o estabelecimento de vínculo entre pesquisador e sujeitos pesquisados. O recurso metodológico usado na pesquisa, da qual é extraída esta reflexão, foi o método de História de vida, mas focamos aqui a experiência grupal, a mudança na forma de apresentação (da roda para o palco) e a inserção no modelo de produção cultural profissional - questões tratadas pela líder e fundadora do grupo, no momento das entrevistas. Por fim, é proposta uma leitura sobre o processo do vínculo grupal e sua permanência, sem, contudo, desconsiderarmos as contradições aí presentes.  

2013 ◽  
Vol 12 (25) ◽  
pp. 189
Author(s):  
Cláudio Márcio Oliveira

Este trabalho é uma síntese de Tese de Doutorado, defendida junto a Faculdade de Educação da UFMG em 2011, e aborda a experiência formativa dos deslocamentos urbanos de trabalhadores pela Região Metropolitana de Belo Horizonte. Como pressuposto fundamental deste estudo defende-se a idéia de que os deslocamentos urbanos não são apenas um hiato ou um simples ato funcional, mas constituem processos de subjetivação e experiência das pessoas que se deslocam pela cidade. Neste sentido, tomo como conceitos fundamentais para a realização da investigação as idéias propostas por Walter Benjamin de Experiência (Erfahrüng) e Vivência (Erlebnis) para compreender a construção de sensibilidades nas tramas da cidade. Conceito de Experiência que, por sua vez, mantém vínculo indissociável com as narrativas produzidas pelos sujeitos pesquisados. O material empírico constituiu-se de três tipos diferentes de fontes. A primeira delas trata-se da observação participante dos deslocamentos de quatro trabalhadores residentes na cidade de Belo Horizonte (mais particularmente na região do Barreiro), com ênfase no ato de caminhar e nos usos cotidianos do transporte coletivo. O segundo conjunto de fontes de análise tratou de dois suportes letrados presentes nos ônibus que circulam pela cidade de Belo Horizonte: o “Jornal do Ônibus” e os “Quadros de Horários”, entendidos neste estudo como portadores de representações acerca de como os usuários de ônibus se apropriam da cidade. A terceira parte do material empírico foi composta de entrevistas semi-estruturadas, nas quais se buscou elementos da história de vida dos sujeitos, suas relações com a cidade de Belo Horizonte ao longo dos tempos e suas percepções acerca do cotidiano do deslocar-se pela cidade. De posse destas fontes, a experiência do deslocar-se pela cidade foi analisada a partir dos seguintes eixos: as relações que sujeitos estabelecem com os múltiplos tempos da cidade; os usos e percepções do espaço do ônibus; as relações que os sujeitos estabelecem com os estranhos que se apresentam nas viagens; o lugar do corpo e das sensibilidades nos deslocamentos. As experiências dos trabalhadores pesquisados suscitaram um conjunto de pautas de reflexão e ação. Entre elas, destaco a necessidade de se tratar a temática da velocidade como questão pública junto aos processos sociais; o questionamento dos critérios de funcionalidade que orientam o provimento do transporte público em Belo Horizonte; e principalmente, uma necessária abertura para a dimensão estética dos deslocamentos urbanos, condição fundamental para a construção de uma cultura pública de encontros que materialize o Direito à Cidade aos seus habitantes.


2020 ◽  
Vol 12 (1) ◽  
Author(s):  
Andre Rezende Benatti

Este artigo tem como objetivo uma apreciação de alguns aspectos que envolvem o realismo e a violência na Literatura, para tal tomamos como objetos de estudo que nos auxiliarão na compreensão dos conceitos contos da escritora hispano-paraguaia Josefina Plá, a saber “La pierna de Severina”, “La Vitrola”, “Sisé” e “Siesta”. Para tal, nos valeremos dos estudos sobre real e o realismo de Roman Jakobson, Roland Barthes e Tânia Pellegrini, entre outros, assim como dos estudos da violência de Hannah Arendt, Xavier Crittiez e Karl Erik Schollhammer. A RENDT, Hannah. Sobre a violência. Trad. André Duarte. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.ARISTÓTELES. Poética. Tradução de: SOUZA, Eudoro de. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 209.BAKHTIN, Mikhail Mikhailovich. Cultura popular na idade média e no renascimento: o contexto de François Rabelais – 7ª edição. Trad. Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 2010.BARTHES, Roland. O efeito de real. In: _______. O rumor da língua. Trad. Mário Laranjeira. São Paulo: Cultrix, 2004. CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 2014. CRITTIEZ, Xavier. As formas da violência. Tradução de Lara Christina de Malimpensa e Mariana Paolozzi Sérvulo da Cunha. São Paulo: Edições Loyola, 2011. GALEANO, Eduardo. Las venas abiertas de América Latina. Barcelona: Siglo Veintiuno Editores, 2011. GRAMUGLIO, Maria Teresa. El imperio realista. Tomo 6. Noé Jitrik (Dir.) Historia crítica de la literatura argentina. Buenos Aires: Emecé, 2002. GOMES, Renato Cordeiro.  Por um realismo brutal e cruel. In: MARGATO, Izabel; _______. (Org.). Novos Realismos. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012. JAKOBSON, Roman. Do realismo na arte. In: TODOROV, Tzvetan. Teoria da literatura: textos dos formalistas russos. Trad. Roberto Leal Ferreira. São Paulo: Editora UNESP, 2013. LEENHARDT, Jacques. O que se pode dizer da violência? In.: LINS, Ronaldo Lima. Violência e literatura. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1990. LINS, Ronaldo Lima. Violência e literatura. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1990. PELLEGRINI, Tânia. Realismo: modos de usar. In: Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, n.39, p. 11-17, 5 jun. 2012. PLÁ, Josefina. Cuentos completos. Miguel Ángel Fernández. Asunción (org.), Asunción: El Lector, 1996. SCHOLLHAMMER, Karl Erik. A cena do crime: violência e realismo no Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013. WELLEK, René; WARREN, Austin. Teoria da literatura. 4. ed. Lisboa: Europa-América, s.d.


Author(s):  
Ana Cláudia Lemos Pacheco ◽  
Martha Maria Brito Nogueira

Este artigo analisa a trajetória de uma mulher negra de classe popular, baiana de acarajé, que se torna um dos maiores ícones da cultura popular afro-brasileira, na cidade de Vitória da Conquista, na Bahia, nos séculos XX e XXI. A reconstrução da memória de Dona Dió do Acarajé nos levou a compreender a rede de relações sociais e culturais que se constituiu na criação do “Grupo Recreativo Escola de Samba União de São Vicente” e o processo de preservação e recriação das tradiçõesculturais na valorização de símbolos da cultura popular local. A nossa abordagem é perscrutar, através da perspectiva do Standpoint Theory Feminist (COLLINS, 1989), o eixo interseccional (CRENSHAW, 2002) que articula as diversas diferenças e identidades – gênero-raça, classe e outras – presentes na trajetória social dessa mulher negra que, através do saber da cultura afro-brasileira e do trabalho, contribuiupara modificar práticas de exclusão social e transformar a sua história de vida e a de sua comunidade


2008 ◽  
Vol 15 (44) ◽  
pp. 63-79 ◽  
Author(s):  
Alexandre de Pádua Carrieri ◽  
Luiz Alex Silva Saraiva ◽  
Thiago Duarte Pimentel

O objetivo neste artigo é analisar o processo de institucionalização da Feira de Arte, Artesanato e Produtores de Variedades, popularmente conhecida como Feira Hippie de Belo Horizonte. A análise foi feita de forma longitudinal, com foco particular na identidade, e baseada na teoria institucional. A estratégia de pesquisa, de cunho qualitativo, articulou como métodos principais o estudo multi-casos e o método biográfico (história de vida), tendo os dados sido coletados por meio de entrevistas em profundidade baseadas em roteiros semi-estruturados. A amostragem se baseou em um critério não probabilístico intencional, com foco na antigüidade dos entrevistados na Feira Hippie. Os dados foram tratados usando a análise do discurso, adequada a recortes longitudinais. Os resultados revelam a influência do poder público (isomorfismo coercitivo) sobre o campo nestes quase 40 anos de Feira Hippie, embora tenha havido fases em que outros tipos de isomorfismo emergiram com maior força. Conclui-se que a legitimidade de organizações não ortodoxas como esta pode se submeter a critérios ortodoxos, como a legislação, à medida que os atores não delimitam seu território claramente, o que dá margem a que trabalhos com foco simbólico possam ser desenvolvidos para analisar como os indivíduos se posicionam dentro dos campos institucionalizados.


Author(s):  
Fabrício José Nascimento da Silveira

O presente trabalho objetiva refletir sobre duas questões centrais: qual o lugar ocupado pela Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais no cenário cultural e intelectual de Belo Horizonte? Em que medida a apropriação de seus acervos e serviços, bem como as dinâmicas de sociabilidade experienciadas em seus espaços marcam a história de vida dos usuários que a ela recorrem? Para tanto, em um primeiro momento, traça-se, por meio de pesquisa bibliográfica, um panorama histórico dessa unidade bibliotecária, destacando-se acontecimentos relevantes em sua trajetória e evidenciando os principais serviços e atividades oferecidos à população belo-horizontina, bem como a diversidade de suas coleções. Posteriormente, e visando-se apreender a importância da Biblioteca para a cidade e para seus usuários, analisa-se as respostas conferidas por 4 sujeitos às seguintes indagações: que impressões e sensações foram vivenciadas por eles durante o primeiro contato com a Biblioteca Estadual? Qual a importância da Biblioteca para Belo Horizonte; e qual o lugar que a mesma ocupa em suas histórias de vida? Como resultado, além de demarcar a importância social da instituição e os modos como intervém na paisagem cultural de Belo Horizonte e do estado, ressalta-se a relevância simbólica e afetiva que ela possui para cada um de nossos depoentes. Palavras-chave: Biblioteca pública. Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais. Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais - história. Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais – função social. História Oral. Link: https://www.revistas.usp.br/incid/article/view/138665


2016 ◽  
Vol 1 (2) ◽  
Author(s):  
Mariana Costa Zaidan ◽  
Fernando Guimarães Esteves Ottoni

Buscando ferramentas de utilização da atividade turística como oportunidade de inclusão, de aumento da renda e do bem-estar social foi elaborada a proposta do I Festival de Gastronomia de Diamantina e Distritos. Uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri identificou e catalogou mais de trezentas receitas, incluindo pratos que datam da primeira metade do século XX. Os resultados dessa pesquisa foram considerados como base para a organização do Festival, que foi desenvolvido em comunidades rurais em situação de vulnerabilidade social. Baseado em reflexões sobre turismo gastronômico, participação comunitária e sobre as possibilidades de alcance do turismo para o desenvolvimento local, este trabalho visa investigar os resultados da realização do I Festival Gastronômico de Diamantina e Distritos. Para cumprir tal objetivo, foi realizada pesquisa teórica sobre os aspectos da gastronomia local, turismo rural e turismo gastronômico e pesquisa empírica durante a realização dos eventos, por meio de entrevistas semiestruturadas com moradores dos distritos e com os visitantes A culinária tradicional diamantinense como atrativo turístico: uma nova possibilidade 2 Marketing & Tourism Review • Belo Horizonte - MG - Brasil • v. 1, n. 2, 2016 NEECIM TUR • Núcleo de Estudos e Estratégias em Comunicação Integrada de Marketing e Turismo • UFMG do evento. Após a finalização do projeto foi também aplicado um método de avaliação participativa em grupo, onde os participantes do evento estabeleceram os critérios a serem avaliados. A pesquisa realizada durante o projeto teve a intenção verificar se o mesmo contribuiu para valorização da tradição culinária e da produção associada ao turismo, promovendo o desenvolvimento socioeconômico da região de Diamantina. As pesquisas revelaram que o projeto teve impactos socioeconômicos significativos nos distritos, diversos ingredientes e receitas tradicionais foram apresentados durante os eventos, as comunidades participaram de forma ativa, artistas locais e grupos de cultura popular fizeram suas apresentações e os impactos econômicos gerados foram positivos, durante os eventos houve a comercialização de cerca de cem mil reais. Entretanto é preciso destacar que a geração de renda apesar de positiva ocorreu de forma pontual em um período do ano.


2020 ◽  
Vol 16 (2) ◽  
pp. 238-367
Author(s):  
Igor Vieira e Sá Tolentino ◽  
Aline Nunes Carneiro

Pretendo com este trabalho estudar a mediação em uma exposição, com o objetivo de analisar o processo de mediação e a fruição de arte na ação educativa, ocorridas no Centro de Referência da Cultura Popular e Tradicional Lagoa do Nado, junto a alunos da Educação Infantil. A partir de uma pesquisa bibliográfica, realizei um levantamento de informações sobre o Processo de Mediação e Fruição em Arte, levando à análise do relato de experiência apresentado no artigo. Percebi ao longo das minhas experiências como mediador cultural, que os grupos de visitantes geralmente desconheciam alguns movimentos, patrimônios e ramificações da cultura popular de Belo Horizonte. Além disso, quando iniciei o estágio extracurricular no CRCP, não recebíamos visitações das turmas de Educação Infantil, apesar de haver uma demanda por parte das escolas. Como resultado, foi possível explorar conceitos de autores que abordam noções do ensino de arte e mediação, de adequação de linguagem em relação ao público alvo, nas atividades de apreciação da arte visual e música


Mouseion ◽  
2021 ◽  
pp. 1
Author(s):  
Francys Alves Paulino ◽  
Fernando Cesar Sossai

Em uma iniciativa inédita no Brasil, o estado de Pernambuco, por meio do Decreto Nº 27.503, de 27 de dezembro de 2004, regulamentou a Lei nº 12.196, de 02 de maio de 2002, assegurando aos representantes do “saber-fazer” cultural dessa região a continuidade de adquirir e replicar seus conhecimento, tornando-se o primeiro estado a instituir, no âmbito da Administração Pública, o Registro do Patrimônio Vivo, garantido uma pensão vitalícia mensal aos representantes da cultura popular do Pernambuco. Assim, Lia de Itamaracá, nascida como Maria Madalena Correia do Nascimento, foi reconhecida, em 2005, como Patrimônio Vivo de Pernambuco. À sua maneira, este artigo procura contribuir à compreensão de como se deu esse processo de reconhecimento no âmbito da história de vida de Lia de Itamaracá.


2017 ◽  
Vol 6 (1) ◽  
pp. 157
Author(s):  
Vilma Campos Leite

É no contexto do pós-doutoramento intitulado "Brincantes mascarados da cultura popular: possibilidades para a formação do artista cênico na contemporaneidade" que insiro as duas entrevistas a seguir. A primeira aconteceu no início de 2016 na UFMG em Belo Horizonte,  quando Steve Jarand trouxe um workshop de máscaras expressivas durante três dias e organizado por Mariana Muniz, que foi também a tradutora no momento da entrevista. A segunda aconteceu com Sue Morrison no início de 2017 em Toronto – Canadá, quando finalizei um workshop de Clown Through Mask. Para esse momento foram fundamentais as participações de Isaac Luy como tradutor e Mayara Gabaldi no registro em áudio e transcrição do diálogo na língua inglesa. 


Author(s):  
Adeildo Vieira

O produto final deste mestrado profissional em Jornalismo é um livro-reportagem sobre o músico, compositor, produtor musical e arranjador paraibano Francisco Fernandes Filho, conhecido no meio profissional como Maestro Chiquito. Nascido em Santa Luzia, cidade do seridó paraibano, a 270 Km da capital, Francisco Fernandes Filho tem uma rica história de vida que o tornou um dos mais importantes formadores de músicos do estado da Paraíba. Foi na Metalúrgica Filipéia, big band fundada por ele no ano de 1984, em João Pessoa, que pôde dar sequência aos desejos de exercitar seu poder criativo e repassar conhecimentos, realidade vivida por Chiquito desde sua infância, no cenário daquela cidade que respirava música a partir de seus longevos equipamentos culturais e da rica manifestação da cultura popular, que ocorre em toda a região.Este produto tem caráter biográfico, mas não é uma biografia. Trata-se de um perfil em profundidade, cujo objetivo é promover um recorte da história do maestro, exaltando apenas o traçado histórico que o tornou um músico capaz de agregar pessoas, promover processos de fruição artística e formar músicos que hoje, espalhados pelo Brasil, carregam um pouco desse personagem dentro de si. 


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