<p>Gadamer, quando estuda o sentido da <em>philia</em> para os gregos, constata que o modo como concebiam a amizade conduzia a uma <em>ética da solidariedade</em>, diferente da que se tem praticado. O hermeneuta, com a função de ser intérprete e transitar entre mundos, que razões tem para alcançar a harmonia entre o <em>reconhecimento</em> e a <em>estranheza</em>? Para Eugênio Trias, a própria condição humana o beneficia com uma razão fronteiriça, daí a pertinência da razão poética e diferentes lógicas. Hoje, quando se apela para a empatia, este valor não pode ser considerado outro dever, se os valores são sentidos, mais que intuição intelectual, a compreensão exige intuição afetiva. Esta arte da compreensão é apresentada com o termo <em>synesis</em> no diálogo <em>Ion</em> de Platão e na <em>Etica Nicomáquea</em> de Aristóteles, e tem origem nos pitagóricos, afirmam María Zambrano e Gadamer. Para a compreensão [<em>synesis</em>], mais que educação das ideias, é vital a educação dos sentidos.</p>