AntHropológicas Visual
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Published By Universidade Federal De Pernambuco

2526-3781

2021 ◽  
Vol 7 (2) ◽  
Author(s):  
Geraldo Barboza de Oliveira Junior ◽  
Josimeire Bezerra Marques
Keyword(s):  

Este ensaio tem por objetivo mostrar, por fotografias com um olhar etnográfico, aspectos gerais de três Comunidades Quilombolas localizadas no Sertão do Cabugi (região do semiárido do Estado do Rio Grande do Norte) durante o anos de 2015 até 2018. Nesse período foi prestada uma assessoria em três dessas comunidades (Cabeço dos Mendes e Curralinho no município de Afonso bezerra; e Livramento no município de Angicos) resultando na identificação, reconhecimento e certificação dessas na categoria de Comunidade de Remanescentes de Quilombos. Esta condição somou com a quarta comunidade (Aroeira, no município de Pedro Avelino) já anteriormente reconhecida quatro comunidades reconhecidas nesta região. Ainda existe o débito com uma dessas comunidades: a Família América na serra Nova no município de Afonso Bezerra.Essa nova realidade resultou, ainda, na organização de quatro encontros  distintos realizados nas comunidades do sertão do Cabugi  nos anos de 2018 e 2019 para discussão de suas realidades comuns. Um aspecto que se revelou constante foi a atividade laboral (e não lícita) do extrativismo da madeira e da fabricação do carvão. O que mata a fome também pode levar à cadeia! Uma atividade tradicional que é vista pelos Poderes Públicos como crime ambiental.A tentativa de criminalizar atividades tradicionais sob a ótica do direito ambiental é uma constante na vida das populações tradicionais. Temos o exemplo de vários processos de Casas de Candomblé, Umbanda e Jurema sob o argumento de poluição sonora aqui na justiça do Estado do Rio Grande do Norte. Os vários casos no Brasil envolvendo a iniciação de crianças sendo argumentado cárcere privado e outras insanidades. Na realidade, são outras faces do racismo institucional que atinge a população negra no Brasil.As comunidades do Sertão do Cabugi têm na produção do carvão uma história relacionada à sua sobrevivência e resiliência em uma região onde não se pode contar com a agricultura como meio de garantia. A instabilidade das chuvas, aliada a um histórico de privações, faz do Povo do Carvão sinônimo de resiliência e obstinação em se manter vivo em um meio de efetiva insalubridade social.As fotos aqui expostas visam dar visibilidade ao cotidiano, ressaltando sua resiliência e suas conquistas. Às famílias quilombolas do Sertão do Cabugi expresso dessa forma minha gratidão.


2021 ◽  
Vol 7 (2) ◽  
Author(s):  
Maiara Damasceno da Silva Santana

Valdete da Silva, de apelido Dé, é uma indígena Kariri-Xocó de sessenta e quatro anos, reconhecida dentro e fora da aldeia como louceira. São chamadas de louceiras as mulheres, com média de 40 a 65 anos de idade, que fazem panelas, caçarolas, frigideiras, potes e cuscuzeiros de barro. As pessoas Kariri-Xocó vivem às margens do Baixo São Francisco, no Nordeste brasileiro, no município de Porto Real do Colégio – Alagoas. O ensaio descreve o trabalho com o barro, esmiuçando todas as etapas de confecção das louças; com isso, busca-se revelar a importância dessa atividade, no sustento das famílias, mas, principalmente, destacá-la como parte da "cultura" Kariri-Xocó.


2021 ◽  
Vol 7 (2) ◽  
Author(s):  
Monique Teresa Amoras do Nascimento ◽  
Jéssica Fernanda Carvalho de Carvalho ◽  
Nádile Juliane Costa de Castro

Este ensaio visual é fruto de um projeto de pesquisa que tem com um dos objetivos realizar discussões sobre cenas de comunidades quilombolas amazônicas no percurso da pandemia da COVID-19 . O registro das atividades ocorreu pela utilização de um diário de campo para fins de composição da narrativa e por meio de uma câmera do celular modelo Xiaomi Mi 8. Percebeu-se que apesar de toda a importância do controle sanitário o ir e vir das pessoas que vivem nas comunidades quilombolas da região permaneceram em virtude da necessidade de dar continuidade aos fazeres e ao modo de vida das populações amazônicas que dependem de deslocamentos entre as águas dos rios e o transporte público. 


2021 ◽  
Vol 7 (2) ◽  
Author(s):  
Paride Bollettin

Since the beginning of 2020, with the eclosion of the Covid-19 pandemic, airports have been included among the main hotspots for the diffusion of the disease. Several limitations affected the possibility for people to travel, with diverse approaches between the countries, and with differences among who was authorized to travel and who was not. This caused a contraction on the number of passengers transiting in the airports in all the countries. However the commercial international aviation has never stopped, and despite the reduction of passengers the airports managed to implement health security protocols for the Covid-19 diffusion control. Before the pandemic, other challenges already affected airports’ security protocols, such as the “terrorist threat”, making of these places “nervous systems” (as defined by Maguire and Pétercsak). After one year and half from the beginning of the pandemic, with the vaccination campaigns accelerating in various countries (with the clear differences due to governments’ political choices and countries’ access to vaccines) the air travels have returned to a condition similar to previous one. An increasing number of planes flying and an increasing number of passengers can be registered everywhere. Meanwhile, the sanitary attention to the Covid-19 diffusion contention continues to be a concern in the space organization of airports.This ethnographic photoessay aims at describing the visual presence of the Covid in the airports. The work focuses on four airports in three countries the author passed through in June 2021. They are the airports of Salvador da Bahia (Brazil), Lisbon (Portugal), Rome and Venice (Italy). Despite the differences between the countries in the approached adopted to contain the diffusion of the pandemic, airports are subjected to standardized international protocols. These are intended to (re)produce similar safety measures in the diverse airports. Meanwhile, airports are designed not to be identitarian, historical and relational, but yes to be experienced as “non places” (as Augé defined these places). However, each airport introduces several dimensions of its specific location, of its specific local health politics, of its specific passengers’ flow, and so on, making of them a peculiar place to observe the space design for Covid diffusion control. Despite the definition of the Covid as an “invisible enemy”, used in general media in diverse countries, the thesis is that the presence of the virus is highly visible to everyone passing in some airport, independently from the specific country. Meanwhile, the diverse airports introduce their own local and specific visual modalities to achieve passengers. Pictures included in this ethnographic photoessay focus on some of these modalities, such as the hand gel dispensers, instructions and prohibitions for preventing Covid dissemination, among other. Covid’s aesthetics in airports highlights how the pandemic affected people visual and sensorial experiences of these places and of their designs.


2021 ◽  
Vol 7 (2) ◽  
Author(s):  
Bruno Karasiaki Filene
Keyword(s):  

Obrigações de Axé é uma etnografia em vídeo filmada no Ilé Asè Dàn Fè Érò Ósumarè. A câmera participante (Rouch, 1995:96 apud Hikiji, 2013 pp. 121) é incorporada em uma cerimônia com três rituais. A Saída de Iawo de Yago de Odé, a Obrigação de três anos (Odu Eta) de Carmem de Oya e a Obrigação de sete anos (Odu Ije) da Ìyálàsé Dáfne de Iewá. O filme visa contribuir para a visibilização e difusão do Candomblé Ketu brasileiro, situado na cidade de Goiânia, Goiás. As Obrigações de Axé são os compromissos assumidos por tod@s iniciados, que consistem no mecanismo de ascensão hierárquica no candomblé. As relações sociais são definidas pelo status adquirido na experiência junto ao Egbé (Comunidade) iniciado naquele Ilè (Casa de candomblé). O filme foi legendado em espanhol para contemplar comunidades internacionais que acompanham o desenvolvimento da pesquisa realizada no mestrado do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Performances Culturais da Universidade Federal de Goiás (PPGIPC-UFG).Há interlocutores da pesquisa praticantes das chamadas Regras de Orisà, desde Cuba e México. A pesquisa está dialogando com produções do Taller Miradas Antropológicas do Centro de Investigaciones y Estudios Superiores en Antropología Social (CIESAS-MX), e é inspirada pela Cátedra Internacional Roberto Cardoso de Oliveira, tratando de temas relativos a Sistemas Interétnicos (Cardoso de Oliveira, 1962) na América Latina. Englobamos nesta perspectiva as regras de Orisà e variações latino-americanas, suas performances culturais de reafricanização e reexistências. O filme foi feito em parceria ao Laboratório de Pesquisa Olhares Etnográficos (LAPOE) vinculado à Faculdade de Ciências Sociais da UFG e ao PPGAS-UFG, sendo orientado pelo professor Gabriel Omar Alvarez.O filme realizado em antropologia compartilhada possui narração dos participantes. Encontra-se disponível no Youtube a mesa de lançamento realizada junto aos sacerdotes e participantes cujas narrações explicam e ilustram o ritual.Referências:Cardoso de Oliveira, Roberto. Problemas e hipóteses relativos à fricção interétnica: sugestões para uma metodologia. Revista do Instituto de Ciências Sociais, v. 4, n. 1, p. 41-91, 1967.Hikiji, Rose Satiko Gitirana. “Rouch Compartilhado: Premonições e Provocações para uma Antropologia Contemporânea”. ILUMINURAS, vol. 14, no 32, março de 2013. DOI.org (Crossref), doi:10.22456/1984-1191.37743.


2021 ◽  
Vol 7 (1) ◽  
Author(s):  
Carlos de Matos Bandeira Junior
Keyword(s):  

O filme documentário Memórias de Velho possui duração de 48 minutos e foi produzido com recursos do Governo do Estado do Pará, via o edital de seleção cultural Prêmio Preamar de Arte e Cultura 2020 (Secult-Pa). A proposta da produção é retratar as narrativas e reflexões de vida de homens e mulheres idosos, acima de 60 anos, residentes em comunidades rurais e em bairros da zona urbana do município de Santarém, Pará.O filme é inspirado no livro Memória e Sociedade: lembranças de velho, da escritora Ecléa Bosi. Nesta obra, Bosi (1994) debruça suas análises sobre as lembranças narradas por idosos moradores da cidade de São Paulo. Com críticas à sociedade do capital em que o velho não possui valor e é relegado ao esquecimento, a escritora abre espaço protagonista e publica relatos biográficos sensíveis de homens e de mulheres que dedicaram suas vidas ao trabalho e vivenciaram as mudanças da sociedade paulistana.Este ponto, suscita as reflexões de Norbert Elias (2001) em Solidão dos Moribundos, ao abordar o tema a partir da experiência do envelhecimento e morte. Elias, percebe o processo de envelhecer tratado coletivamente como desvio da norma social e identifica negação aos signos que o velho representa, principalmente como recalque de gerações de outras faixas etárias. O envelhecimento, traz consigo a mudança de posição social da pessoa em todos os campos da vida, nas relações com outros entes no cotidiano, com a família, representada, muitas vezes, pelo isolamento do afetivo do velho no seio familiar. Destituído das forças produtivas, as experiências e conhecimentos dos velhos são postos ao esquecimento e suas ações ou vontades são tratadas de maneira infantilizadas sob a tutela dos adultos, como se regredissem a primeira idade, porém sem a paciência e afeições comuns às crianças. Ou autor pontua que o maior medo na velhice é perder as forças e a independência para as tarefas básicas do dia a dia e tornar-se refém do tempo de terceiros.O documentário Memórias de Velho pauta-se na oralidade. Propõe um retrato da memória coletiva (HALBWACHS, 1968) da cidade de Santarém a partir da experiência viva homens e mulheres, hoje velhos entre 65 e 99 anos, que participaram efetivamente das transformações da sociedade santarena. Cabe salientar que Santarém é uma das principais cidades da Amazônia. Tida como uma das mais antiga da região (PY-DANIEL, 2017) sua demografia expressa um quadro pluriétnico composto por indígenas, quilombolas, ribeirinhos. Em períodos históricos recentes, Santarém passou por alterações políticas, culturais, sociais, motivadas pelos ciclos econômicos da borracha (1939–1945), das políticas de integração do Estado para ocupação da Amazônia, da abertura da estrada Transamazônica (1950-1970) e da efervescência da exploração aurífera (1950-1980). O fato de ser reconhecida por possuir melhores condições de estrutura, de serviços públicos e de comércio atraiu grande parte dos investimentos e de trabalhadores migrantes vindos de outras regiões com o propósito de mudança de vida. Há diversas comunidades no planalto do município compostas primordialmente por cearenses, maranhenses e piauienses. No entanto, cabe-nos questionar qual lugar das pessoas comuns nas narrativas históricas sobre esse lugar? E quem são essas pessoas? Quais as opiniões, os caminhos, as trajetórias desses personagens dentro das histórias narradas? Pensando em aludir a esses questionamentos o documentário reflete a história dos que vem de baixo (THOMPSON, 1992), neste caso, imaginado na figura do velho, que praticamente não aparece nas narrativas oficiais, mas é detentor de saberes ancestrais e capaz de intercambiar experiências de vida entre gerações e comunicar os fatos que contam a história local por um outro ponto de vista. Palavras-chave: Memórias. Velho. Audiovisual


2021 ◽  
Vol 7 (1) ◽  
Author(s):  
Carlos de Matos Bandeira Junior
Keyword(s):  

O filme documentário Memórias de Velho possui duração de 48 minutos e foi produzido com recursos do Governo do Estado do Pará, via o edital de seleção cultural Prêmio Preamar de Arte e Cultura 2020 (Secult-Pa). A proposta da produção é retratar as narrativas e reflexões de vida de homens e mulheres idosos, acima de 60 anos, residentes em comunidades rurais e em bairros da zona urbana do município de Santarém, Pará.O filme é inspirado no livro Memória e Sociedade: lembranças de velho, da escritora Ecléa Bosi. Nesta obra, Bosi (1994) debruça suas análises sobre as lembranças narradas por idosos moradores da cidade de São Paulo. Com críticas à sociedade do capital em que o velho não possui valor e é relegado ao esquecimento, a escritora abre espaço protagonista e publica relatos biográficos sensíveis de homens e de mulheres que dedicaram suas vidas ao trabalho e vivenciaram as mudanças da sociedade paulistana.Este ponto, suscita as reflexões de Norbert Elias (2001) em Solidão dos Moribundos, ao abordar o tema a partir da experiência do envelhecimento e morte. Elias, percebe o processo de envelhecer tratado coletivamente como desvio da norma social e identifica negação aos signos que o velho representa, principalmente como recalque de gerações de outras faixas etárias. O envelhecimento, traz consigo a mudança de posição social da pessoa em todos os campos da vida, nas relações com outros entes no cotidiano, com a família, representada, muitas vezes, pelo isolamento do afetivo do velho no seio familiar. Destituído das forças produtivas, as experiências e conhecimentos dos velhos são postos ao esquecimento e suas ações ou vontades são tratadas de maneira infantilizadas sob a tutela dos adultos, como se regredissem a primeira idade, porém sem a paciência e afeições comuns às crianças. Ou autor pontua que o maior medo na velhice é perder as forças e a independência para as tarefas básicas do dia a dia e tornar-se refém do tempo de terceiros.O documentário Memórias de Velho pauta-se na oralidade. Propõe um retrato da memória coletiva (HALBWACHS, 1968) da cidade de Santarém a partir da experiência viva homens e mulheres, hoje velhos entre 65 e 99 anos, que participaram efetivamente das transformações da sociedade santarena. Cabe salientar que Santarém é uma das principais cidades da Amazônia. Tida como uma das mais antiga da região (PY-DANIEL, 2017) sua demografia expressa um quadro pluriétnico composto por indígenas, quilombolas, ribeirinhos. Em períodos históricos recentes, Santarém passou por alterações políticas, culturais, sociais, motivadas pelos ciclos econômicos da borracha (1939–1945), das políticas de integração do Estado para ocupação da Amazônia, da abertura da estrada Transamazônica (1950-1970) e da efervescência da exploração aurífera (1950-1980). O fato de ser reconhecida por possuir melhores condições de estrutura, de serviços públicos e de comércio atraiu grande parte dos investimentos e de trabalhadores migrantes vindos de outras regiões com o propósito de mudança de vida. Há diversas comunidades no planalto do município compostas primordialmente por cearenses, maranhenses e piauienses. No entanto, cabe-nos questionar qual lugar das pessoas comuns nas narrativas históricas sobre esse lugar? E quem são essas pessoas? Quais as opiniões, os caminhos, as trajetórias desses personagens dentro das histórias narradas? Pensando em aludir a esses questionamentos o documentário reflete a história dos que vem de baixo (THOMPSON, 1992), neste caso, imaginado na figura do velho, que praticamente não aparece nas narrativas oficiais, mas é detentor de saberes ancestrais e capaz de intercambiar experiências de vida entre gerações e comunicar os fatos que contam a história local por um outro ponto de vista. Palavras-chave: Memórias. Velho. Audiovisual


2021 ◽  
Vol 7 (1) ◽  
Author(s):  
Facundo Petit

O transporte subterrâneo da cidade de Buenos Aires –coloquialmente chamado subte– conta com seis linhas com rotas distintas, com possibilidade de combinações entre elas. Esses túneis que se estendem abaixo de Buenos Aires abrem uma série de espaços por onde as pessoas se transitam diariamente. Escadas, elevadores, corredores, estações, plataformas, pisos e mezaninos. E, claro, os vagões do metrô. Trânsito dentro e entre esses espaços, implica que o corpo se torna o centro móvel de uma diversidade de músicas executadas por artistas de rua[1].No metrô de Buenos Aires há uma série de músicos difíceis de encontrar em outras rotas de transporte da América Latina. Historicamente, houve uma abertura cultural que permitiu que a música de rua se tornasse um trabalho, transformando os espaços públicos em cenários emergentes com sonoridades tão diversos quanto cada sujeito que os compõe.Neste ensaio sonoro é colocada em primeiro plano a música com a qual os artistas de rua compor parte dos sonoridades subterrâneas. Os registros foram realizados em outubro de 2017, junho e setembro de 2018, nas linhas A, B, D e H, no âmbito de uma investigação antropológica[2]. O áudio resultante é uma composição que nos leva por um possível –e incompleto– passeio de gêneros e instrumentação audível em uma viagem pela cidade. Ao mesmo tempo, fica evidente como a prática musical nessa área interage com outros sons: passos, vozes, alto-falantes, chocalho, gritos, sinais sonoros, portas, buzinas, máquinas, velocidade, outras músicas.Quando um músico ou uma música está prestes a tocar uma canção, ele sabe que o público do metrô não está lá para ouvi-la. Por isso, a performance geralmente começa com uma apresentação e termina com uma saudação e agradecimento enquanto o gorra[3] é passado, onde os viajantes remuneram se o considerarem. Uma construção momentânea de empatia opera ao longo desta performance, com a qual os músicos de rua buscam três atitudes do público cativo: escuta, aplauso, colaboração. Em cada canção executada, diferentes níveis de música de rua são colocados em jogo, sintetizados na trajetória e na identidade do intérprete, na escuta do outro em quem se busca a reciprocidade e na estética do viagem urbano.É interessante notar, então, como a prática da música de rua mescla elementos de duas esferas que muitas vezes se apresentam como opostas: arte e trabalho. A frase que dá título a este ensaio me foi contada por uma mulher enquanto esperávamos o metrô. Responde ao facto de em 2018 ter sido promovida a reforma de uma lei que classificava a música de rua como ruído incômodo e, como tal, crime. Vários grupos de artistas de rua protestaram contra isso, com o lema de que a arte de rua não é um crime (el arte callejero no es delito).Convido você a ouvir um pouco da música que inunda os espaços subterrâneos de Buenos Aires. Se puder, ouça com fones de ouvido e, se tiver vontade, bata palmas.[1] Foi assim, pelo menos, até antes da pandemia de COVID-19, que hoje mudou vários aspectos das relações urbanas.[2] Com base nesta pesquisa, escrevemos dois artigos (Petit e Potenza 2019a; 2019b) nos quais exploramos a rede de relações entre esses artistas e trabalhadores com o ambiente sensível, social e político em que desenvolvem suas práticas.[3] A gorra é o que os músicos têm para que os passageiros contribuam monetariamente. Pode muito bem ser o boné ou também uma mochila, a caixa de instrumentos ou uma bolsa para esse fim.


2021 ◽  
Vol 7 (1) ◽  
Author(s):  
Antonio Jorge Silva Correa Júnior

O ensaio fotoetnográfico reporta o projeto pessoal “O espaço Urbano como local de Contemplação” e o recorte relacionado as fotos dos espaços sagrados do Hospital Oncológico Ophir Loyola, presentes em minha dissertação de mestrado “Os sentidos do adoecimento pelo câncer colorretal: estudo etnográfico”. Mediando um percurso sensível como enfermeiro, pesquisador qualitativo e tratando a depressão, no contato e imersão em dados provenientes de pessoas adoecidas pelo câncer no aguardo cirúrgico com as quais convivi pelas tardes, paralelamente a registros fotográficos pela cidade de Belém (PA) e registros da Capela do hospital oncológico, este ensaio foi pensado.Concatenando tais sentidos polissêmicos por imagens, a contemplação urbana foi o percurso adotado a partir de Huberto Rohden em “Metafísica do Cristianismo” nos conceitos-atos: visualização da realidade absoluta (Uno), isolamento e cosmopensamento, introspecção e exteriorização (fazendo os registros), aliadas a abordagens conhecidas como pós-modernas e pós-estruturais de Ross Bernay em seu artigo de 2019 Following the Inner Camino: An Autoethnographic Study pautado no conceito de Camiño, reflexão e a auto-observação em: 1. seguir rotas alternativas caminhando; 2. envolver-se e receber conselhos de outras pessoas, e 3. renovar-se com dias de descanso no percurso autoetnográfico. A coletânea de fotos foi registrada com um celular de 14cm x 6,5 cm da Samsung Galaxy J3, sendo gerenciadas a partir de postagens na rede social Instagram como um diário de reflexões e sensações, as fotos dos símbolos sagrados do Ophir Loyola foram apresentadas em parte na dissertação e totalmente aqui. Foram 85 fotografias de contemplação urbana em 2018 e 2019, enquanto no hospital de Setembro de 2018 até Março de 2019. Pareou-se dois contextos: um de Contemplação urbana, uma vertente de vida interna daqueles que registram e visualizam a sensibilidade para/com as pessoas nos seus itinerários nos centros urbanos, no meu caso o vazio, silêncio e ruído na cidade de Belém do Pará cujos traços familiares, bucólicos e concreto estão lado a lado; junto ao contexto da Capela São Lucas (inaugurada em 31/05/1985) a qual frequentemente alguns pacientes mencionavam como espaços de contemplação, alívio no desespero e encontro com sagrado no hospital.


2021 ◽  
Vol 7 (1) ◽  
Author(s):  
Igor Holanda

Diante do atual cenário da covid-19 no Brasil, a cidade do Recife tem vivenciado indices estarrecedores de mortes, consequentemente realizando um lockdown para conter as lotações nas UTIs e o colpaso do sistema de saúde. Na região onde moro, decide ir a campo no primeiro dia do lockdown para registrar como a cidade estava naquele momento de luto e tentativa de conter a pandemia, evidenciando os novos vazios urbanos da crise sanitária e economica, assim como o horror da experiência de conviver com a morte perto de hospitais e cemitérios.


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