scholarly journals Memórias de velho

2021 ◽  
Vol 7 (1) ◽  
Author(s):  
Carlos de Matos Bandeira Junior
Keyword(s):  

O filme documentário Memórias de Velho possui duração de 48 minutos e foi produzido com recursos do Governo do Estado do Pará, via o edital de seleção cultural Prêmio Preamar de Arte e Cultura 2020 (Secult-Pa). A proposta da produção é retratar as narrativas e reflexões de vida de homens e mulheres idosos, acima de 60 anos, residentes em comunidades rurais e em bairros da zona urbana do município de Santarém, Pará.O filme é inspirado no livro Memória e Sociedade: lembranças de velho, da escritora Ecléa Bosi. Nesta obra, Bosi (1994) debruça suas análises sobre as lembranças narradas por idosos moradores da cidade de São Paulo. Com críticas à sociedade do capital em que o velho não possui valor e é relegado ao esquecimento, a escritora abre espaço protagonista e publica relatos biográficos sensíveis de homens e de mulheres que dedicaram suas vidas ao trabalho e vivenciaram as mudanças da sociedade paulistana.Este ponto, suscita as reflexões de Norbert Elias (2001) em Solidão dos Moribundos, ao abordar o tema a partir da experiência do envelhecimento e morte. Elias, percebe o processo de envelhecer tratado coletivamente como desvio da norma social e identifica negação aos signos que o velho representa, principalmente como recalque de gerações de outras faixas etárias. O envelhecimento, traz consigo a mudança de posição social da pessoa em todos os campos da vida, nas relações com outros entes no cotidiano, com a família, representada, muitas vezes, pelo isolamento do afetivo do velho no seio familiar. Destituído das forças produtivas, as experiências e conhecimentos dos velhos são postos ao esquecimento e suas ações ou vontades são tratadas de maneira infantilizadas sob a tutela dos adultos, como se regredissem a primeira idade, porém sem a paciência e afeições comuns às crianças. Ou autor pontua que o maior medo na velhice é perder as forças e a independência para as tarefas básicas do dia a dia e tornar-se refém do tempo de terceiros.O documentário Memórias de Velho pauta-se na oralidade. Propõe um retrato da memória coletiva (HALBWACHS, 1968) da cidade de Santarém a partir da experiência viva homens e mulheres, hoje velhos entre 65 e 99 anos, que participaram efetivamente das transformações da sociedade santarena. Cabe salientar que Santarém é uma das principais cidades da Amazônia. Tida como uma das mais antiga da região (PY-DANIEL, 2017) sua demografia expressa um quadro pluriétnico composto por indígenas, quilombolas, ribeirinhos. Em períodos históricos recentes, Santarém passou por alterações políticas, culturais, sociais, motivadas pelos ciclos econômicos da borracha (1939–1945), das políticas de integração do Estado para ocupação da Amazônia, da abertura da estrada Transamazônica (1950-1970) e da efervescência da exploração aurífera (1950-1980). O fato de ser reconhecida por possuir melhores condições de estrutura, de serviços públicos e de comércio atraiu grande parte dos investimentos e de trabalhadores migrantes vindos de outras regiões com o propósito de mudança de vida. Há diversas comunidades no planalto do município compostas primordialmente por cearenses, maranhenses e piauienses. No entanto, cabe-nos questionar qual lugar das pessoas comuns nas narrativas históricas sobre esse lugar? E quem são essas pessoas? Quais as opiniões, os caminhos, as trajetórias desses personagens dentro das histórias narradas? Pensando em aludir a esses questionamentos o documentário reflete a história dos que vem de baixo (THOMPSON, 1992), neste caso, imaginado na figura do velho, que praticamente não aparece nas narrativas oficiais, mas é detentor de saberes ancestrais e capaz de intercambiar experiências de vida entre gerações e comunicar os fatos que contam a história local por um outro ponto de vista. Palavras-chave: Memórias. Velho. Audiovisual

2021 ◽  
Vol 7 (1) ◽  
Author(s):  
Carlos de Matos Bandeira Junior
Keyword(s):  

O filme documentário Memórias de Velho possui duração de 48 minutos e foi produzido com recursos do Governo do Estado do Pará, via o edital de seleção cultural Prêmio Preamar de Arte e Cultura 2020 (Secult-Pa). A proposta da produção é retratar as narrativas e reflexões de vida de homens e mulheres idosos, acima de 60 anos, residentes em comunidades rurais e em bairros da zona urbana do município de Santarém, Pará.O filme é inspirado no livro Memória e Sociedade: lembranças de velho, da escritora Ecléa Bosi. Nesta obra, Bosi (1994) debruça suas análises sobre as lembranças narradas por idosos moradores da cidade de São Paulo. Com críticas à sociedade do capital em que o velho não possui valor e é relegado ao esquecimento, a escritora abre espaço protagonista e publica relatos biográficos sensíveis de homens e de mulheres que dedicaram suas vidas ao trabalho e vivenciaram as mudanças da sociedade paulistana.Este ponto, suscita as reflexões de Norbert Elias (2001) em Solidão dos Moribundos, ao abordar o tema a partir da experiência do envelhecimento e morte. Elias, percebe o processo de envelhecer tratado coletivamente como desvio da norma social e identifica negação aos signos que o velho representa, principalmente como recalque de gerações de outras faixas etárias. O envelhecimento, traz consigo a mudança de posição social da pessoa em todos os campos da vida, nas relações com outros entes no cotidiano, com a família, representada, muitas vezes, pelo isolamento do afetivo do velho no seio familiar. Destituído das forças produtivas, as experiências e conhecimentos dos velhos são postos ao esquecimento e suas ações ou vontades são tratadas de maneira infantilizadas sob a tutela dos adultos, como se regredissem a primeira idade, porém sem a paciência e afeições comuns às crianças. Ou autor pontua que o maior medo na velhice é perder as forças e a independência para as tarefas básicas do dia a dia e tornar-se refém do tempo de terceiros.O documentário Memórias de Velho pauta-se na oralidade. Propõe um retrato da memória coletiva (HALBWACHS, 1968) da cidade de Santarém a partir da experiência viva homens e mulheres, hoje velhos entre 65 e 99 anos, que participaram efetivamente das transformações da sociedade santarena. Cabe salientar que Santarém é uma das principais cidades da Amazônia. Tida como uma das mais antiga da região (PY-DANIEL, 2017) sua demografia expressa um quadro pluriétnico composto por indígenas, quilombolas, ribeirinhos. Em períodos históricos recentes, Santarém passou por alterações políticas, culturais, sociais, motivadas pelos ciclos econômicos da borracha (1939–1945), das políticas de integração do Estado para ocupação da Amazônia, da abertura da estrada Transamazônica (1950-1970) e da efervescência da exploração aurífera (1950-1980). O fato de ser reconhecida por possuir melhores condições de estrutura, de serviços públicos e de comércio atraiu grande parte dos investimentos e de trabalhadores migrantes vindos de outras regiões com o propósito de mudança de vida. Há diversas comunidades no planalto do município compostas primordialmente por cearenses, maranhenses e piauienses. No entanto, cabe-nos questionar qual lugar das pessoas comuns nas narrativas históricas sobre esse lugar? E quem são essas pessoas? Quais as opiniões, os caminhos, as trajetórias desses personagens dentro das histórias narradas? Pensando em aludir a esses questionamentos o documentário reflete a história dos que vem de baixo (THOMPSON, 1992), neste caso, imaginado na figura do velho, que praticamente não aparece nas narrativas oficiais, mas é detentor de saberes ancestrais e capaz de intercambiar experiências de vida entre gerações e comunicar os fatos que contam a história local por um outro ponto de vista. Palavras-chave: Memórias. Velho. Audiovisual


Author(s):  
Fábio Lanza ◽  
José Wilson Assis Neves Júnior ◽  
Raíssa Regina Brugiato Rodrigues

Este artigo analisa o processo de falsificação de uma edição do jornal católico O São Paulo (1982). Enfoca-se na posterior reação midiática desencadeada pelo ocorrido, que gerou 154 documentos de revistas e jornais. Utilizou-se a análise documental, com contribuições da análise de discurso, sob um prisma histórico-processual das matrizes de Karl Mannheim e Norbert Elias. Apreendeu-se a intenção, do grupo responsável pela falsificação, de manipular os leitores do jornal para a vigilância e rejeição aos “comunistas”, a reação midiática evidenciou a tentativa de cercear possibilidades de expressar-se de forma divergente ao cenário social e político da ditadura brasileira.


1999 ◽  
Vol 5 (12) ◽  
pp. 335-336
Author(s):  
Fernanda Valli Nummer ◽  
Cristina Caminha de Castilhos França
Keyword(s):  

Dialogia ◽  
2020 ◽  
pp. 288-290
Author(s):  
Priscila Fátima Da Silva Fiel

O livro Educação física e tecnologia: o processo de “tecnização” educacional, organizado em quatro capítulos, discute as inquietações sobre a utilização de tecnologias tanto por professores quanto por alunos, dentro das temáticas de educação física. A nomenclatura “tecnização” é utilizada mediante diferentes discursos no ensino escolar.O prefácio, escrito por Thais Cristina Rodrigues Tezani, destaca a inserção tecnológica no espaço e tempo na educação física contemporânea e a apresentação da obra aponta as experiências e estratégias tecnológicas utilizadas no processo de ensino e aprendizagem, em diferentes nuances na educação do ensino fundamental II, desmistificando a “modinha” e agregando a utilização de novas tecnologias com o intuito de desenvolver diferentes saberes na educação. Os autores se baseiam nas ideias de Norbert Elias (2006), Pierre Lévy (1999), que compreendem a tecnização como processo civilizatório que se configura entre sociedade, tecnologia e indivíduos.No primeiro capítulo intitulado “Delineamentos da pesquisa e método de abordagem”, Corrêa e Hunger discutem como o ser humano se envolveu e se envolve com a tecnologia e sobre as pessoas que não têm acesso à linguagem tecnológica. Para a coleta de dados da pesquisa contaram com a participação de nove professores, sendo dois de Educação Física, três de Língua Portuguesa, três de História e um de Ciências. O estudo foi realizado com 238 alunos que cursam do sexto ao nono ano do ensino fundamental, e foram utilizados como recursos a sala de informática e computadores.Segundo os autores, a escola, cenário da pesquisa, como espaço tecnológico, limitava-se à sala de informática e à sala de multimídia. Após solicitação, a equipe gestora autorizou a utilização de tablets e celulares nas aulas e foi feito um questionário sobre o emprego destes aparelhos. Evidenciou-se que o maior conhecimento dos alunos está vinculado às redes sociais, jogos e vídeos.A partir dessa verificação foram aplicadas atividades de conhecimento sobre o corpo (conteúdo da educação física) mediado por jogos educativos, jogos eletrônicos e redes sociais. A linha de estudo foi sobre ótica conceitual, procedimental e atitudinal. A proposta durou dois semestres e meio, e, no final do segundo semestre, houve aplicação de novo questionário para alunos e professores. Para a realização das atividades foram disponibilizados links, whatsapp, pixton (história em quadrinhos) Google drive, ebook, escola digital, sites, facebook. Cada grupo os utilizava de acordo com sua necessidade. As técnicas de pesquisa dos alunos foram: questionário, fonte documental, entrevista e observação.Para caracterização de pesquisa-ação houve intervenção constante com alunos e professores. O questionário foi composto por perguntas fechadas e abertas para os alunos e professores. O roteiro realizado para os alunos envolvia perguntas sobre as tecnologias utilizadas e como (e se) propiciavam a aprendizagem; para os professores foram utilizadas perguntas sobre a inserção das tecnologias em sua formação, e se nos últimos cinco anos houve participação em formação continuada que tinha como tema tecnologias.No capítulo segundo, denominado “Processo de “tecnização” e educação: a figuração das tecnologias no contexto escolar”, Corrêa e Hunger discorrem sobre a civilização que compreende as transformações do comportamento humano durante a história. É apresentado o processo de civilização que se refere como uma variedade de fatos, tecnologias diferentes e maneiras de conhecimento, sendo a tecnologia uma extensão do ser humano que afeta ricos e pobres.No terceiro capítulo “Configurações no espaço escolar e a inserção das tecnologias no processo de ensino e aprendizagem”, os autores propõem que deve haver uma compreensão dos processos humanos e um desenvolver de conhecimentos mais sólidos, e para isso, precisa-se estudar interdependência e estrutura de sociedade. Corrêa e Hunger citando Koehler e Mishra (2006) apresentam a teoria Conhecimento Tecnológico Pedagógico de Conteúdo (TPACK) apontando que a tecnologia não é somente algo a ser aprendida pelo docente, mas sim, vista como um conjunto de representações de conhecimentos dos professores nas disciplinas que utilizam as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) em sala de aula.No quarto e último capítulo intitulado “Saberes, necessidades e desafios percebidos pelos professores no ensino e aprendizagem com a tecnologia”, os autores descrevem sobre a logística da escola, que ficará do jeito que já está: a sala, giz, lápis, cadernos e que o saber tecnológico não pode se separar dos outros conhecimentos pertencentes ao professor, pois esse saber está atrelado à sua identidade e experiência de vida. Para a atualidade, segundo os autores, são necessários conhecimentos básicos (mínimos) das tecnologias para dar aula, pois os alunos não têm hábito de pesquisa e não utilizam os recursos tecnológicos continuamente. Nesse capítulo, Corrêa e Hunger também discutem o conceito de corpo civilizado construído pela presença de pais e professores, do outro e pela expressão de emoções.Em suma, o livro traz uma discussão bastante interessante sobre inserções e apropriação das tecnologias na educação, o que nos faz refletir o quanto recursos tecnológicos bem empregados à escola podem aumentar a produtividade das aulas. A tecnização educacional ainda está em desenvolvimento e em constante movimento, porém, um cuidado se faz necessário para que o papel do professor não se resuma a ser um facilitador que satisfaz os modismos dos alunos.  Cite como: (ABNT NBR 6023:2018) FIEL, Priscila Fátima da Silva. Educação física e tecnologia: o processo de “tecnização” educacional, Evandro Antonio Corrêa, Dagmar Hunger. Dialogia, São Paulo, n. 35, maio/ago. 2020. Resenha, p. 283-290. Disponível em: https://doi.org/10.5585/dialogia.n35.17180.  American Psychological Association (APA) Fiel, P. F. da S. (2020, maio/ago.). Educação física e tecnologia: o processo de “tecnização” educacional, Evandro Antonio Corrêa, Dagmar Hunger. Resenha. Dialogia, São Paulo, 35, p. 283-290. https://doi.org/10.5585/dialogia.n35.17180.


2019 ◽  
Vol 41 (1) ◽  
pp. 45486
Author(s):  
Claudia Panizzolo
Keyword(s):  

 A partir do último quartel do século XIX o imigrante estrangeiro passou a desempenhar um papel cada vez mais relevante na história de São Paulo. O presente texto tem por objetivo investigar as operações de civilidade impressas e impostas nos livros de leitura que alcançaram circulação expressiva nas escolas étnicas italianas e nas escolas primárias paulistas frequentadas pelos imigrantes e/ou seus filhos, entre o final do século XIX e o início do século XX. A partir da perspectiva teórico-metodológica da história cultural toma-se como fonte privilegiada a ‘Série graduada de Puiggari-Barreto’ e o livro de leitura Piccolo mondo. Com base no corpus conceitual constituído por Norbert Elias, os procedimentos, os instrumentos, as fontes e as direções de análise foram definidas, uma vez que interessa examinar práticas e processos de modelação dos sujeitos crianças que viviam o tempo social da infância, pelos quais se constituem como configurações mentais ou psíquicas, e nos quais cognição, sentimento, atitude, comportamento, valor, não são passíveis de abstração.  Os autores expressaram em seus livros um projeto civilizatório, em que a formação do cidadão, o amor à pátria, o reconhecimento e a valorização dos heróis, dos valores, da língua, dos grandes feitos, dos monumentos e das paisagens ganharam proeminência. Os autores reivindicaram em seus livros de leitura, produzidos nos dois lados do oceano Atlântico as marcas de uma identidade nacional almejada.


Crisis ◽  
2014 ◽  
Vol 35 (1) ◽  
pp. 5-9 ◽  
Author(s):  
Daniel Hideki Bando ◽  
Fernando Madalena Volpe

Background: In light of the few reports from intertropical latitudes and their conflicting results, we aimed to replicate and update the investigation of seasonal patterns of suicide occurrences in the city of São Paulo, Brazil. Methods: Data relating to male and female suicides were extracted from the Mortality Information Enhancement Program (PRO-AIM), the official health statistics of the municipality of São Paulo. Seasonality was assessed by studying distribution of suicides over time using cosinor analyses. Results: There were 6,916 registered suicides (76.7% men), with an average of 39.0 ± 7.0 observed suicides per month. For the total sample and for both sexes, cosinor analysis estimated a significant seasonal pattern. For the total sample and for males suicide peaked in November (late spring) with a trough in May–June (late autumn). For females, the estimated peak occurred in January, and the trough in June–July. Conclusions: A seasonal pattern of suicides was found for both males and females, peaking in spring/summer and dipping in fall/winter. The scarcity of reports from intertropical latitudes warrants promoting more studies in this area.


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