Revista Fitos
Latest Publications


TOTAL DOCUMENTS

292
(FIVE YEARS 136)

H-INDEX

2
(FIVE YEARS 0)

Published By Galoa Events Proceedings

2446-4775, 1808-9569

Revista Fitos ◽  
2021 ◽  
Vol 15 (4) ◽  
pp. 494-507
Author(s):  
Queren Hapuque Oliveira Alencar ◽  
Dagna Karen Oliveira ◽  
Mauricio Bedim dos Santos ◽  
Camila Lopes Manetti ◽  
Fernanda Morinigo Guevara ◽  
...  
Keyword(s):  

O uso empírico das plantas medicinais é uma prática mundialmente disseminada, cuja finalidade baseia-se no alívio/cura de algumas enfermidades. Objetivou-se caracterizar o perfil epidemiológico do uso domiciliar dessas plantas, pelos usuários de sete Unidades Básicas de Saúde com equipe Estratégia Saúde da Família, no município de Toledo/Paraná. Para tanto, foi aplicado um questionário a 324 pessoas. A análise dos dados mostrou que 89,50% dos entrevistados faziam uso de plantas medicinais, destes, 91,38% do sexo feminino, 42% com idade entre 21 e 40 anos, 30% sem concluir o ensino fundamental e 45,48% com renda per capita entre 01 a 03 salários mínimos. As folhas foram as partes das plantas mais utilizadas (45,10%), o modo de preparo predominante foi o chá em infusão (30,86%) e 83,64% tiveram o conhecimento de utilização das plantas repassado por familiares. Foram registradas 1.082 citações de 120 espécies de plantas, 50% destas não possuem registro na Denominação Comum Brasileira da Agência de Vigilância Sanitária; entre elas encontram-se espécies cujo conhecimento de senso comum é tão difundido que remete à incredulidade de ausência de estudos científicos para o fim citado, conferindo a falsa ideia de ausência de risco à saúde.


Revista Fitos ◽  
2021 ◽  
Vol 15 (4) ◽  
pp. 432-443
Author(s):  
José Maria Aguiar Sousa ◽  
Jeanne Marques Caldas ◽  
Maria Cristiane Aranha Brito

Hibiscus sabdariffa L., pertence à família Malvaceae, possuindo caracteres antioxidantes de interesse da indústria farmacêutica. Este trabalho teve como objetivo desenvolver uma formulação cosmética a base do extrato de Hibiscus sabdariffa L., com destaque para sua atividade antioxidante. A metodologia deste material baseia-se na análise fitoquímica do extrato, avaliação da toxicidade frente à Artemia salina L. e, por fim, testes de estabilidade das formulações. Dentro dos principais resultados, os testes fitoquímicos demonstraram a presença de alcaloides, flavonoides e taninos, já no que diz respeito ao teor de polifenóis totais a média com maior teor foi a do hidromódulo 1:8 com 0,875 (mgGA)/g. O extrato encontrado com menor toxicidade foi o do hidromódulo 1:10 com o valor da CL50 encontrado de ±29270,3 µL/mL. A formulação mais estável foi a que possui uma concentração de creme aniônico tipo lanette® a 14% p/p em uma análise de 15 dias. Portanto, o hidromódulo 1:10 possui uma vantagem no que diz respeito a escolha para a produção da formulação farmacêutica contendo o extrato de Hibiscus sabdariffa, a julgar por sua menor toxicidade e sua capacidade como antioxidante.


Revista Fitos ◽  
2021 ◽  
Vol 15 (4) ◽  
pp. 444-455
Author(s):  
Carlos Rocha Oliveira ◽  
Leonardo Mendes Bella ◽  
Marília Cristina Duarte ◽  
Rodolfo de Paula Vieira

The study evaluated the effects of essential oil from Cymbopogon martini (CMEO) on lipopolysaccharide (LPS)-stimulated human fibroblasts. Samples were collected in Monte Verde, Minas Gerais, Brazil and analyzed by gas chromatography with mass spectrometry. The fibroblasts were cultured in a monolayer using Iscove's medium and stimulated by LPS (1 μg/mL) and incubated for 24 h at 37°C. The cytotoxicity was evaluated by MTT assay and collagen concentration by Sirius red. Collagenase activity, hyaluronic acid, and the concentrations of IL-1β; IL-6; MCP-1 (CCL2), and MIP-1-α (CCL3) were evaluated. The effect of CMEO on the expression of mRNA and the secretion of enzymes in fibroblasts were evaluated by RT-qPCR and ELISA, respectively. CMEO was cytotoxic against fibroblasts, in which 10 μg/mL inhibited 50% of cell viability. When treated with CMEO, the fibroblasts produced more collagen and hyaluronic acid than control cells. When stimulated by LPS, fibroblasts exhibited higher production of IL-6, IL-1β, MCP-1, and MIP-1α than control cells. The study demonstrated the effects of CMEO on the modulation of mediators related to inflammation and decreasing the mRNA and secretion levels of metalloproteinases, revealing to be a promising candidate for anti-aging effects and wound healing treatments.


Revista Fitos ◽  
2021 ◽  
Vol 15 (4) ◽  
pp. 550-565
Author(s):  
Marta Rocha de Castro ◽  
Paulo Henrique Oliveira Léda
Keyword(s):  

A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF), aprovada pelo Ministério da Saúde no Brasil em 2006, recomenda a valorização do conhecimento tradicional, o uso sustentável da biodiversidade e o fortalecimento da indústria farmacêutica nacional neste campo. Após alguns anos da instauração da PNPMF, constatamos que as empresas nacionais de fitoterápicos não conseguem se sustentar diante das exigências estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que a valorização do conhecimento tradicional é inexpressiva diante da exclusão das espécies nativas do âmbito normativo. Este artigo demonstra que as normativas sanitárias têm forte influência na composição dos fitoterápicos disponíveis para consumo, reduzindo a importância do conhecimento local, representado pelas nativas, no desenvolvimento deste setor no Brasil, e aborda discussão sobre a distribuição territorial da produção de fitoterápicos. Conclui-se que a maioria das espécies utilizadas é exótica e que as empresas fabricantes de fitoterápicos estão concentradas na região sudeste, principalmente no Estado de São Paulo, as quais têm como atividade principal a produção de alopáticos para consumo humano. Logo, a produção de fitoterápicos não é a atividade principal das empresas que produzem e comercializam fitoterápicos no Brasil.


Revista Fitos ◽  
2021 ◽  
Vol 15 (4) ◽  
pp. 508-522
Author(s):  
Lorena Cotta Repolês ◽  
Bruna Soares de Souza Lima Rodrigues
Keyword(s):  

A etiologia da Covid-19 foi identificada pelos cientistas em janeiro de 2020, após ocorrência de casos de pneumonia, na China, em dezembro de 2019. Considerada um enigma para a medicina e um desafio mundial para a saúde pública, a doença apresenta alta velocidade de transmissão. As infecções podem cursar assintomáticas, ou com sintomatologia variável, podendo em casos graves, evoluir para o óbito. Na fase hospitalar, o remdesivir intravenoso e a dexametasona oral ou intravenosa apresentaram resultados positivos, porém não há evidências científicas acerca de um tratamento específico e validado na fase precoce. A bardana (Arctium lappa Linne) apresenta ações relacionadas à inibição da replicação viral, ação antioxidante, modulação de citocinas importantes como o TNF-α, IL-6, IL-1β, e IL-10 e inibição da ativação da via NF- κB; que poderiam favorecer uma resposta inflamatória equilibrada. Realizou-se revisão bibliográfica do tipo integrativa no banco de dados da plataforma PubMed® (Public/Publisher Medline) utilizando-se o descritor Arctium lappa, no período de 2005 a 2021. Resultou-se, em 29 artigos, os efeitos anti-inflamatórios, antivirais, imunomoduladores e/ou antioxidantes da arctigenina e arctiina, presentes nessa planta. Esses achados apontam para a possibilidade de utilização terapêutica desses compostos, na fase sintomatológica inicial da Covid-19, considerando a fisiopatologia da doença.


Revista Fitos ◽  
2021 ◽  
Vol 15 (4) ◽  
pp. 523-537
Author(s):  
Roberta Ghilosso-Bortolini ◽  
Priscilla Christina Olsen ◽  
Benjamin Gilbert

O sistema imune inato reconhece estruturas químicas dos vírus, ativando células capazes de bloquear a infecção viral, e ativa, também, o sistema imune adaptativo a desenvolver anticorpos que destroem ou imobilizam os vírus. De forma análoga, os componentes químicos de produtos naturais derivados de plantas e de leveduras podem agir como ativadores do sistema imune, ativando a defesa contra infecção viral. Neste trabalho, examinou-se diversos produtos naturais de alimentos e plantas medicinais, cujos componentes químicos, possivelmente, poderiam contribuir para a defesa contra SARS-CoV-2, o vírus que causa a COVID-19.


Revista Fitos ◽  
2021 ◽  
Vol 15 (4) ◽  
pp. 456-473
Author(s):  
Andréa Bezerra da Nóbrega ◽  
Carlos Henrique Brasil Bizarri ◽  
Andressa Santana Paz ◽  
Rafael Cardoso Seiceira ◽  
Edemilson Cardoso da Conceição

Eugenia florida DC. pertence à família Myrtaceae. Estudos fitoquímicos anteriores com extratos de folhas de E. florida revelaram a ocorrência de triterpenos e, entre seus constituintes, o ácido betulínico (AB), que apresenta uma vasta literatura com diferentes atividades biológicas, como anti-inflamatório, antimalárico, antimicrobiano, antiviral e anticâncer, porém, sua baixa solubilidade aquosa limita a sua biodisponibilidade. Para o aumento da biodisponibilidade tem destaque o uso de disperões sólidas, onde fármacos lipofílicos são dispersos em carreadores hidrofílicos, acarretando um aumento da solubilidade e perfil de dissolução. Neste trabalho, dispersões sólidas contendo extratos de E. florida foram preparados utilizando o carreador Gelucire®50/13 como agente polímerérico e a lactose monohidratada como suporte hidrofílico empregando a técnica de fusão.  O sistema que apresentou melhor solubilidade de AB foi caracterizado através das técnicas de espectroscopia do Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR), Análise de Termogravimetria (TGA), Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) e Difratometria de Raios-X (DRX). A técnica de dispersão sólida aumentou onze vezes a solubilidade do ácido betulínico presente no extrato de folhas de Eugenia florida DC. (Myrtaceae), sugerindo o aumento da biodisponibilidade do marcador.


Revista Fitos ◽  
2021 ◽  
Vol 15 (4) ◽  
pp. 474-481
Author(s):  
Radames Assis Queiroz ◽  
Aluísio Vasconcelos de Carvalho ◽  
Luís Fernando Albarello Gellen

O estudo e caracterização dos grupos químicos presentes nos mais diversos vegetais é de grande valia para a comunidade científica, sendo que, através destas pesquisas comprova-se a eficácia dos tratamentos utilizados na medicina popular que, por sua vez, utiliza chás, garrafadas, xaropes e tinturas para tratar as mais diversas enfermidades que acometem o ser humano. O objetivo desse estudo foi realizar a caracterização fitoquímica do Pau de Brinco (Connarus suberosus Planch. (Connaraceae)) e compará-la com os conhecimentos empíricos para os quais são aplicados os tratamentos. Foram realizados testes fitoquímicos para os bioativos saponinas e leucoantocianinas que, por vez, têm a capacidade de comprovar a eficácia dos tratamentos que utilizam a espécie como medicamento. Foram realizadas as investigações fitoquímica e atividade antioxidante através da pesquisa qualitativa dos bioativos presentes nas suas entrecascas e da técnica de 1,1difenil-2-picrilhidrazil (DPPH), as informações quanto ao conhecimento empírico foram obtidas no livro de Garrafadas pertencente a uma das moradoras do município de Goiatins - TO que possui informações como preparo e indicações de tratamento a partir da planta pau de brinco (Connarus suberosus Planch. (Connaraceae)). Através dos estudos fitoquímicos pode-se comprovar que a planta é capaz de exercer funções que são descritas no conhecimento popular.


Revista Fitos ◽  
2021 ◽  
Vol 15 (4) ◽  
pp. 538-549
Author(s):  
Cátia de Almeida Pires ◽  
Gabriela Braga Andrade ◽  
Ohana Luiza Santos de Oliveira

O uso de fitoterápicos e plantas medicinais no período gestacional é alvo de discussões quanto a sua segurança, principalmente nos três primeiros meses, que podem levar a abortos espontâneos e malformações. Pelo seu uso popular, esses tornam-se uma alternativa, principalmente pelas gestantes, sendo empregados no tratamento de infecções, dor, ansiedade, distúrbios do sono e sintomas da gravidez. Assim, o objetivo desse estudo foi verificar quais fitoterápicos e plantas medicinais podem ou não ser utilizados tanto para tratamento quanto para prevenção de patologias em gestantes no Brasil, correlacionando com a relevância da correta orientação para o uso seguro. Trata-se de uma revisão integrativa, com buscas feitas nas bases de dados PubMed, SciELO e BVS. Percebeu-se que as gestantes demonstraram confiança em usar as ervas, não sendo uma prática comumente informada aos profissionais. As mais usadas são: boldo, erva-doce, hortelã, camomila, erva cidreira, canela, poejo, capim santo e alho, sendo a maioria descrita pela Resolução SES nº 1757, de 18 de fevereiro de 2002, como tóxicas a esse grupo. Portanto, são necessários mais estudos com relação ao uso da fitoterapia e seus efeitos adversos em gestantes, bem como a devida orientação a esse público-alvo.


Revista Fitos ◽  
2021 ◽  
Vol 15 (4) ◽  
pp. 428-431
Author(s):  
Glauco de Kruse Villas Bôas

Em 21 de setembro de 2021, o secretário-geral da ONU, António Guterres alertou os líderes mundiais durante a abertura da 76ª Assembleia Geral das Nações Unidas, afirmando que o mundo está se movendo na direção errada, estando os direitos humanos e a ciência sob ataque. A relação direta entre a natureza e a sobrevivência humana até hoje não é visível para a maioria das pessoas, e por conta desta “cegueira” estamos em risco.  A saúde humana que geralmente não vinha sendo considerada por formuladores de políticas ou mesmo pelo público em geral nas discussões ambientais envolvendo a perda de biodiversidade, ganha um novo momento. Sabemos que o mundo conta com quase dois milhões de espécies identificadas de um total estimado de 15 milhões, mas que a extinção natural foi acelerada pela ação humana, especialmente no século passado, a partir da industrialização, principalmente após o estabelecimento das novas ordens econômicas mundiais que sucederam a Segunda Guerra Mundial. Cientistas afirmam que, devido à elevação das taxas de extinção, estamos vivenciando seu sexto grande evento, após o último, talvez causado pela colisão de um asteroide, há sessentas e cinco milhões de anos atrás. Após a criação da Convenção da Diversidade Biológica em 1992 a definição de diversidade biológica, ou biodiversidade, compreende toda a variedade da vida no planeta, o que inclui a variedade genética, de espécies e ecossistêmica. Os serviços ecossistêmicos que merecem ser vistos como serviços para manutenção da vida, abrangem o provisionamento de alimentos, combustível, medicamentos, purificação do ar, da água, solos, aspectos culturais associados às demandas estéticas, espirituais, intelectuais e suporte para todos os serviços ecossistêmicos, como polinização, reciclagem de nutrientes, produção de biomassa, fotossíntese etc. A perda da biodiversidade implica na perda dos ecossistemas e representa, portanto, uma ameaça à vida. Esta perda é promovida por diversas atividades que destroem o habitat, tais como: o desmatamento, a pesca de arrasto, represamento e dragagem de córregos, rios e lagos, drenagem e a degradação de pântanos, estuários e manguezais, agropecuária extensiva, introdução de espécies não nativas, despejo excessivo de esgoto contendo nitratos e fosfatos, poluentes orgânicos, produtos farmacêuticos de uso humano e veterinário tóxicos, chuva ácida, metais pesados, herbicidas e pesticidas e plásticos. Outras ameaças são resultantes do esgotamento da camada de ozônio, das guerras, da caça excessiva e da poluição. Entretanto, a principal ameaça aos ecossistemas e à própria vida humana na Terra é hoje, a crise climática, reconhecida como emergência climática. Se o debate sobre as relações saúde-meio ambiente tem se avolumado nos anos recentes, especialmente no que diz respeito à poluição, o conhecimento sobre a relação saúde-biodiversidade  relacionado às doenças emergentes e reemergentes ainda é muito incipiente. Como também são as políticas públicas com foco na inovação a partir da biodiversidade, uma vez que, reconheçam o fato que mais de 50% dos medicamentos consumidos no mundo atual tem sua origem na biodiversidade. Que em países desenvolvidos este número chega a 80%. Que as biomoléculas e substâncias ainda constituem os melhores modelos para o desenvolvimento de produtos com valor medicinal. A Ciência e os modelos de desenvolvimento É possível afirmar que o mundo contemporâneo contou com dois grandes modelos hegemônicos de desenvolvimento. O período iniciado nos anos de 1940, final da Segunda Guerra Mundial, o qual marcou a vitória do capitalismo, constituindo uma nova ordem econômica monetária mundial, a crença no mercado livre em um mundo com a paz assegurada. Em um segundo período, quatro décadas depois, a Globalização percebida nos anos de 1980 e apontada como responsável pela aceleração das mudanças que vivemos, pode ser caracterizado como uma universalização vinda da expansão das comunidades de mercado. Uma nova ordem mundial é compreendida onde o Estado tem seu protagonismo questionado, emergindo como um poder entre outros, a despeito de não se revelar apenas como uma cadeia de transmissão dos imperativos do mercado internacional. A expansão dos mercados exige um crescimento contínuo e ilimitado. Ao longo desses dois períodos, a ciência foi associada ao desenvolvimento, determinando sua trajetória, sendo que os primeiros quadros conceituais utilizados na elaboração de políticas científicas vieram da Academia. Os demais tiveram origem nos think tanks, em organizações do governo e, ainda, por organizações supranacionais como a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). É válido afirmar que as políticas científicas, em última análise, visam garantir uma contínua expansão de mercados, condição para o desenvolvimento econômico, desenvolvimento este assumido como crescimento. Um crescimento eterno, movido pela tecnologia e inovação. Hoje, os arcabouços conceituais são mesclados e utilizados, constituindo uma rede de conceitos inter-relacionados e retroalimentados, já que em nenhum momento houve uma quebra de paradigma, ou seja, o crescimento contínuo e o regime de acumulação capitalista. Um novo paradigma começa a ser delineado a partir do momento em que as questões ambientais afloram no cenário político mundial. As questões ambientais só entrariam na cena política mundial cerca de três décadas após as conferências de Bretton Woods ocorridas nos anos de 1940, ao final da Segunda Guerra Mundial, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano realizada em Estocolmo em 1972. Neste mesmo ano, o relatório do Clube de Roma apontava para os limites do crescimento. Em 1987 é publicado o documento  “Nosso Futuro Comum”, o relatório coordenado pela primeira ministra da Noruega, denominado “Relatório Brundtland para a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente  e Desenvolvimento”, disseminando a ideia de desenvolvimento sustentável que vinha sendo elaborada desde a década anterior. O documento expôs a relação entre a pobreza, o consumismo e as graves crises ambientais, trazendo para a luz do debate conceitos ainda novos, na época como aquecimento global, chuvas ácidas, camada de ozônio, perda da biodiversidade e desastres ecológicos promovidos por empresas.  Vinte anos após o marco histórico de Estocolmo o Rio de Janeiro recebeu em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como ECO-92, quando foi introduzida a ideia de desenvolvimento sustentável como modelo de crescimento econômico mais adequado ao equilíbrio ecológico. A Convenção da Diversidade Biológica foi criada, estabelecendo a soberania dos países sobre a sua biodiversidade, assim como a Convenção sobre Mudanças Climáticas. Mais vinte anos se passaram até um novo evento impactado pelo  relatório do IPCC apontando os riscos e consequências da crise climática foi organizado novamente  no Rio de Janeiro em 2012. Com o nome Rio + 20, o evento debateu a urgência da mudança do modelo de desenvolvimento considerando com um novo padrão de produção e consumo adequado aos seus objetivos, visando o futuro que queremos. Seu  documento político destacou medidas objetivas para a adoção do desenvolvimento sustentável, um processo de elaboração dos objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS), assim como a elaboração das diretrizes para uma econômica verde.  De 25 a 27 de setembro de 2015, os chefes de Estado e de Governo, reunidos na sede das Nações Unidas, em Nova York, deliberam sobre os novos “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável global”, o que ficou conhecido como Agenda 2030, um plano de ação para erradicar a pobreza, proteger o planeta, visando garantir a prosperidade e a paz para todos. Com o lema de “Não deixar ninguém para trás”, 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e 169 metas são integrados e indivisíveis nas dimensões econômica, social e ambiental  do desenvolvimento sustentável. Nova Era Os modelos econômicos hegemônicos organizados ao final da Segunda Guerra Mundial e durante a Globalização constituindo ordens econômicas mundiais, claramente não dão conta do desenvolvimento sustentável. A complexidade coloca suas possibilidades no horizonte da incerteza, da diversidade, do homem em um mundo globalizado, de culturas e interesses tão díspares, no qual é necessária a interconexão das ciências biológicas, físicas e humanas. Em meio à pandemia de Covid-19, verifica-se a emergência de uma nova ordem mundial em um cenário de pós-globalização e agora não mais de crise, mas sim de emergência climática. O início de um novo paradigma ecológico para o mundo começou com o conflito de interesses do próprio mercado, onde começou a sua negação. Um discurso quase desesperado descreve esta transição. O Secretário Geral da ONU soou o alarme: Estou aqui para soar o alarme: o mundo precisa acordar. Estamos à beira de um abismo – e nos movendo na direção errada. Nosso mundo nunca foi tão ameaçado. Ou tão dividido. Enfrentamos a maior escalada de crises em nossas vidas. A pandemia de Covid-19 ampliou as desigualdades gritantes. A crise climática está atingindo o planeta (...). Uma onda de desconfiança e desinformação está polarizando as pessoas e paralisando as sociedades. E os direitos humanos estão sob ataque, a ciência está sob ataque. (...) precisamos fortalecer a governança global, precisamos nos concentrar no futuro, precisamos renovar o contrato social, precisamos garantir uma ONU adequada para uma Nova Era. A elaboração de políticas de ciência, tecnologia e inovação se vê obrigada a ampliar o seu escopo para além da vertente neoclássica da economia, considerando vertentes da economia heterodoxa para pensar nas mudanças nos padrões de produção e consumo, requeridas na emergência do novo paradigma verde ou ecológico, uma Nova Era. Uma Economia Verde ainda está longe de ser um modelo hegemônico. Nesta trajetória de meio século, os conflitos tanto da saúde quanto do meio ambiente, com o mercado, permanecem os mesmos, afetando, em última análise a respectiva formulação e implantação de políticas públicas. Fala-se em Bioeconomia, mas já não se fala em Ecoinovação. Menos ainda em Economia Evolucionária e Economia Ecológica. Enquanto isto o Brasil permanece sem políticas que contemplem sua autonomia estratégica em insumos farmacêuticos e menos ainda a utilização do potencial da biodiversidade brasileira, para atingir tal objetivo. Compartilho a opinião de que a análise do conceito de inovação em medicamentos da biodiversidade à luz da Economia do Aprendizado Verde e da Economia Ecológica possa contribuir, nos dias atuais, com novos parâmetros para a formulação de políticas brasileiras que possibilitem a efetiva transformação do potencial de sua biodiversidade em inovações e, ao mesmo tempo, proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas, promover o acesso adequado aos recursos genéticos e garantir uma repartição justa e equitativa dos benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos. A Revista Fitos convida todos aqueles que desejem contribuir para este debate tão importante e atual, abrindo os caminhos para um novo programa científico de inovação em medicamentos da biodiversidade à luz do novo paradigma ecológico.


Sign in / Sign up

Export Citation Format

Share Document