Uma presença ausente do Sensacionismo na fortuna crítica
Compreendidos enquanto projeto de corrente literária, artigos e fragmentos teóricos sobre o Sensacionismo foram encontrados no espólio de Fernando Pessoa e publicados ao longo do século XX em antologias que, pouco a pouco, revelaram o perfil mais completo de um Pessoa que não apenas escreveu, mas também pensou a sua obra. Embora este tema nem sempre tenha sido incorporado pela exegese dedicada ao poeta, é relevante perceber que algumas vezes os princípios estéticos sensacionistas figuram na fortuna crítica indiretamente, em certas interpretações de sua poética que, em alguma medida, correspondem a teorização que Fernando Pessoa desenvolveu. Chamamos esta figuração indireta de “presença ausente” e procuramos perceber de que maneira os princípios sensacionistas estão presentes nas obras de cinco exegetas: Mar Talegre (1947), Adolfo Casais Monteiro (1958), Jacinto do Prado Coelho (1949), Jorge de Sena (1946) e Mário Sacramento (1958). Este artigo procura a presença ausente do Sensacionismo nas obras desses autores compreendidos entre as décadas de 1940 e 1950, quando o espólio de Fernando Pessoa começou a vir a público, e ainda antes de publicações que revelaram mais plenamente o espólio pessoano de artigos dedicados ao Sensacionismo.