Abordamos aqui a obra do influente e controvertido arquiteto Vilanova Artigas, ativo em São Paulo entre as décadas de 1940 e 1970, como obra de arte autônoma, pois esta mostra um uso figurativo de estruturas trilíticas de concreto armado, o qual operava uma fusão da linearidade dos membros com a criação volumétrica no mesmo material. Seus projetos mostravam, por um lado, uma disposição volumétrica e estrutural serial ao longo de um eixo e, por outro, a alternância no percurso do observador entre massa cerrada e espaço, entre luzes intensas e sombras profundas, entre peso e resistência, contrastes estes que a tradição atribui ao sublime arquitetônico, à visão do drama humano do trabalho que, afinal, ergue as estruturas além da medida razoável da utilidade. Exceder esta medida põe a obra em conflito com o marxismo do militante Artigas, mas também a põe no terreno da arquitetura moderna enquanto “estilo da modernidade”, em conflito, segundo Reyner Banham (1970, p.327), com o desenvolvimento ininterrupto da técnica com a qual pretendia legitimar-se.