scholarly journals A economia no meio do caminho: mineração e endividamento no Drummond da década perdida

2020 ◽  
Vol 22 (2) ◽  
pp. 127-151
Author(s):  
Sérgio Luiz Gusmão Gimenes Romero

Este artigo analisa a imbricação entre literatura e economia em um poema de Carlos Drummond de Andrade. Trata-se de “Lira Itabirana”, publicado em 1983 em um jornal, mas que nunca chegou a ser editado em livro. O poema, então pouco conhecido, ganhou notoriedade após dois catastróficos rompimentos de barragens de rejeitos da mineradora Vale S.A., em 2015 e 2019, no estado de Minas Gerais, berço de Drummond. Não obstante sua atualidade, a temática original do poema se relaciona à crise econômica e aoendividamento do Estado brasileiro durante a ditadura civil militar que vigorou por duas décadas no país.

2014 ◽  
Vol 5 (1) ◽  
pp. 60
Author(s):  
Flora Sousa Pidner ◽  
Lucas Zenha Antonino ◽  
Maria Auxiliadora Da Silva

O texto promove o diálogo entre a Geografia e a Literatura, abordando o espaço na arte poética.  Os poemas escolhidos foram O fim das coisas e Triste horizonte, de Carlos Drummond de Andrade, que representam lugares de Belo Horizonte para a memória do poeta. O lugar é pensando como uma categoria que se refere a uma dimensão espacial em que há a produção de identidades, de pertencimento e de afetividade, ao mesmo tempo em que é onde se desenrola o cotidiano. O autor revela seu sofrimento diante das transformações pelas quais a cidade passou, contrapondo-se a elas, sobretudo por considerar que as suas identidades espaciais morreram diante da metropolização. A morte das coisas, tal como anunciada pelo poeta, está inserida nos processos sociais e históricos que transformam as cidades, os cotidianos, os lugares e, assim, a vida. Os lugares da memória do poeta ficaram representados através desses poemas.


Author(s):  
Sonia Marques

Quando a máquina do mundo – alegoria continuamente evocada pelos poetas -  abriu-se para Carlos Drummond de Andrade, oferecendo-lhe uma "total explicação da vida", ele, que, por longo tempo, estivera na busca, declina da oferta e prossegue na estrada solitária. Espelhada neste poema que cito, ao longo deste ensaio, revisito as questões centrais para as quais busquei respostas, ao longo de uma trajetória de 41 anos, como professora e pesquisadora de Arquitetura e Urbanismo. Recusando as respostas teóricas e práticas que me foram oferecidas, bem como as que se pretendem corretivas ou alternativas, comento algumas destas questões, sobretudo à luz do que observei na recente viagem a Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo, entre novembro e dezembro de 2017.  


Author(s):  
Luiz Alex Silva Saraiva ◽  
Alexandre De Pádua Carrieri

<h1 style="color: #222222; font-family: arial, sans-serif; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">Em Itabira, em Minas Gerais, têm sido buscadas alternativas futuras em face de um cenário de esgotamento da atividade de mineração. A cultura tem sido mobilizada como um dos principais caminhos nesse sentido, o que ocorre particularmente por meio da exploração da figura de Carlos Drummond de Andrade como eixo de um processo econômico complexo que tem influenciado a dinâmica simbólica local. Neste texto, por meio da análise do discurso, o objetivo é examinar uma narrativa individual que, metonimicamente, espelha o movimento da cidade, de migração da mineração para a cultura. A análise da trajetória do entrevistado, que de operário da mineração se tornou um poeta, sugere que, embora seja relativamente comum atribuir características humanas para tratar de cidades, pessoas como o entrevistado é que conferem sentido à urbe e à sua dinâmica. O trabalho traz duas contribuições principais: em primeiro lugar, verifica-se atualmente um processo de “fabricação” de vocações em Itabira, a qual, embora tenha inspirado muitos dos poemas de Carlos Drummond de Andrade, não é “naturalmente” cultural, sendo esse processo orquestrado pela necessidade de diversificação da economia local. A segunda contribuição é politizar a ideia de cidade, considerando-a, essencialmente, o que o seu povo é.</h1>


2018 ◽  
Vol 7 (1) ◽  
Author(s):  
Cadernos Cenpec

<p>Desde 2011, Antônio Augusto Gomes Batista é coordenador de Desenvolvimento de Pesquisas do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec). Nesse cargo, esteve à frente de 16 pesquisas, muitas delas buscando entender como são construídas as desigualdades escolares, especialmente as originadas nos territórios dos grandes centros urbanos. “As desigualdades de gênero, raça e nível socioeconômico são extremamente importantes e devem ser estudadas, pois afetam, sim, o processo educativo. Porém, todas elas estão presentes e se concretizam na distribuição espacial”, afirma nesta entrevista concedida a Anna Helena Altenfelder, presidente do Conselho de Administração do Cenpec, e acompanhada por Joana Buarque de Gusmão e Hivy Damasio Araújo Mello, líderes de projetos de pesquisa da mesma instituição.</p><p>Nascido em Itabirito, a 57 quilômetros de Belo Horizonte, Dute – como é chamado pelos amigos desde a infância, quando seu irmão mais velho não conseguia falar Guto – tornou-se amante inveterado da produção literária de uma trinca de escritoras mulheres – Virgínia Wolff, Clarice Lispector e Adélia Entrevista com Antônio Augusto Gomes Batista cadernoscenpec | São Paulo | v.7 | n.1 | p.198-213 | jan./jul. 2017 199 Prado – e sabedor “de coração” de poemas de Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto. É graduado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, com mestrado e doutorado em Educação na Universidade Federal de Minas Gerais, onde lecionou nos cursos de Pedagogia e Licenciatura em Letras. Deu continuidade à vida acadêmica na École des Hautes Études em Sciences Sociales, em Paris, com um pós-doutorado. Atuou como visiting scholar na Universidade do Tennessee, nos Estados Unidos, e no programa de pós-graduação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (FAE-UFMG), orientando dissertações de mestrado e teses de doutorado. Foi professor visitante na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e professor convidado na Universidade Nacional de La Plata, na Argentina, no curso de Especialização e Mestrado em Leitura e Escrita. Tornou-se especialista no ensino e na aprendizagem desses conteúdos, sempre abordados com base numa perspectiva social.</p><p>Atualmente divide seu tempo entre as pesquisas do Cenpec e as oliveiras que cultiva entre os riachos e as cachoeiras de São Bento do Sapucaí, interior de São Paulo, quase Minas Gerais – o que o ajuda a preservar o delicioso sotaque mineiro. No tempo livre, percorre as estradas sinuosas da região fotografando capelas caipiras. Ainda conserva o hábito cada vez mais raro de ler jornal todas as manhãs e acredita que sua felicidade seria quase completa se pudesse tomar, todos os dias, no almoço e no jantar, uma dose de cachaça de seu estado natal.</p>


Author(s):  
Ronaldo Guilherme Carvalho Scholte ◽  
Omar Dos Santos Carvalho ◽  
Grécia Mikhaela Nunes De Lima ◽  
Amanda Domingues Araujo ◽  
Cristiano Lara Massara

2006 ◽  
Vol 26 (35) ◽  
pp. 69
Author(s):  
Maria Antônia Ramos Coutinho

<p>A poesia memorialística de Carlos Drummond de Andrade- <em>Boitempo I </em>- resulta de uma deliberada perquirição do seu mundo infantil como de um sótão eivado de matéria-prima, à espera de que o olhar o recorte e o gesto criador o plasme. Na seção <em>Morar nesta casa</em>, mais do que evocar objetos pretéritos, como “garrafas de cristal”, “compoteiras”, “licoreiro”, “estojo de costura”, ou se reportar ao prazer sensorial que deles emana, o poeta-colecionador compõe uma vitrine onde se descortinam as impressões quotidianas e subjetivas de uma criança do início do século XX, salvando da perda não só as formas e substâncias obtidas pela reexperimentação poética, mas um modo privilegiado de percepção, no qual o eu funde-se ao objeto e o observador é dragado pela visão espectral que o transforma no objeto mesmo do seu desejo.A partir dessas reflexões, o ensaio <em>A Volúpia de Ver </em>tenta estabelecer aproximações entre a poesia memorialística da infância mineira drummoniana e a Infância em Berlim de Walter Benjamin.</p><p>Carlos Drummond de Andrade’s memorialistic poetry <em>Boitempo I </em>is a result of a deliberated search of his child world as a loft full of raw material waiting for the eye that captures it and the creator that moulds it. In the section <em>To live in this house</em>, more than evoking preterit objects such as “crystal bottles”, “compotiers”, “sewing cases”, or reporting himself to the sensorial pleasure that comes out from them, the collector poet composes a shop window where the daily and subjective impressions of a child born in the beginning of the twenty century are disclosed. It protects them from loosing not only their shapes and substances got by the poetic reexperimentation, but also their unique way of perception in which the self is fused with the object, and the observer, dragged by the espectral vision, turns himself into his desired object. Starting from these reflections, the essay <em>The Pleasure of Seeing </em>tries to set up links between the memorialistic poetry of Drummond’s childhood in Minas Gerais and Walter Benjamin’s childhood in Berlim.</p>


Author(s):  
Luiz Alex Silva Saraiva

<p>Neste artigo, o objetivo é analisar, por meio de procedimentos semissimbólicos, artefatos culturais no contexto urbano, em particular, os referentes a Carlos Drummond de Andrade na cidade de Itabira, em Minas Gerais, algo necessário tendo em vista que ainda são poucos os trabalhos com base em dados visuais nos estudos organizacionais. Para tanto, a partir de fotografias, a análise aqui empregada revelou ser a figura do poeta itabirano, algo simultaneamente próximo e distante. A proximidade vem da sua presença em vários pontos da cidade. A distância deve-se ao fato de sua poesia, em grande parte, ser desconhecida da população local. As principais implicações do estudo referem-se aos efeitos da indústria cultural, valendo-se da cultura para manter as disparidades sociais. No caso em foco, isso significa, por um lado, a tentativa sistemática de um pequeno grupo de invocar e impor, por meio de monumentos, uma figura como mote da cultura local; por outro, que essa figura seja rejeitada pelos nativos, os quais não reconhecem, na sua obra, a cultura de que necessitam.</p>


2019 ◽  
Vol 28 (4) ◽  
pp. 69
Author(s):  
Lygia Barbachan de Albuquerque Schmitz

Resumo: Nesta edição comemorativa de trinta anos do Acervo de Escritores Mineiros (AEM), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escolheu-se pensar a questão do arquivo literário a partir da leitura de algumas cartas de/para Graciliano Ramos que, apesar de não ter nascido na terra de Carlos Drummond de Andrade, tem seu espaço nas “Coleções especiais” do referido acervo. Em virtude deste número festivo de O eixo e a roda, portanto, são colocadas em diálogo duas cartas de Graciliano Ramos domiciliadas no AEM – uma escrita a Octavio Dias Leite e outra, a Getúlio Vargas –, juntamente com correspondências adicionais residentes em outros arquivos, a fim de perscrutar o universo literário do autor por meio de sua escrita epistolar. Com este trabalho, verificou-se que as cartas são um espaço privilegiado de reflexão literária do autor de Vidas Secas e que o Arquivo Graciliano Ramos está cada vez mais vivo, à espera de novas leituras, consignações, reciclagem.Palavras-chave: Graciliano Ramos; cartas; arquivo.Abstract: In this thirty-year commemorative edition of the Acervo de Escritores Mineiros (AEM), from the Federal University of Minas Gerais (UFMG), we chose to think about the issue of the literary archive from the reading of some letters from/to Graciliano Ramos who, although not born in the land of Carlos Drummond de Andrade, has his space in the “Coleções especiais” of that collection. Due to this festive number of O eixo e a roda, therefore, two letters from Graciliano Ramos domiciled in AEM – one written to Octavio Dias Leite and other to Getúlio Vargas –, are put in dialogue, along with additional correspondence residing in other archives, in order to scrutinize the literary universe of the author through his epistolary writing. With this work, it was verified that the letters are a privileged space for literary reflection of the author of Vidas Secas and that the Graciliano Ramos Archive is increasingly alive, waiting for new readings, consignations, recycling.Keywords: Graciliano Ramos; letters; archive.


Author(s):  
Kenia Maria Pereira ◽  
Camila Felisbino Bueno

Este artigo tem como objetivo principal analisar o poema “A incômoda companhia do Judeu Errante”, pertencente ao livro de memórias poéticas Boitempo, de Carlos Drummond de Andrade. Nossos comentários perpassarão questões como o mito do Judeu Errante no imaginário popular, bem como a presença dos cristãos-novos, desde o século 18, na região das Minas Gerais.


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