scholarly journals MONITORAMENTO DE MÉDIOS E GRANDES MAMÍFEROS NA ESTAÇÃO ECOLÓGICA ÁGUAS EMENDADAS

Author(s):  
Ana Mikaely Peixôto ◽  
Natália Cavalcante de Farias ◽  
Carlos Alberto da Cruz Júnior ◽  
Marina Motta De Carvalho ◽  
Rodrigo Augusto Lima Santos

O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul apresentando 5% da biodiversidade mundial e também é o segundo bioma brasileiro que mais sofreu ações antrópicas. Embora o Cerrado tenha a sua importância biológica reconhecida apenas 8,21% do seu território é protegido a partir de unidades de conservação (UC’s). As UC’s do Cerrado são de extrema importância para a preservação da biodiversidade desse bioma, em especial para a proteção da mastofauna de médio e grande porte, visto que os mamíferos são bastantes afetados pela degradação e fragmentação dos habitats naturais. Foi realizado o monitoramento de médios e grandes mamíferos na Estação Ecológica Águas Emendadas (ESEC-AE) e a partir dos registros obtidos foi elaborado o relatório qualitativo. O monitoramento foi realizado da segunda quinzena de Setembro de 2017 à segunda quinzena de Janeiro de 2018 com o auxílio de armadilhas fotográficas. Nesse período foram identificadas nove espécies de mamíferos distribuídas em quatro ordens: Artiodactyla, Carnivora, Perissodactyla e Rodentia. As espécies registradas foram: Cerdocyon thous, Chrysocyon brachyurus, Cuniculus paca, Dasyprocta azarae, Mazama spp, Nasua nasua, Puma concolor, Puma yagouaroundi e Tapirus terrestris. Das espécies de mamíferos detectadas, 44,44% são frugívoras e quatro encontram-se na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção segundo a Portaria MMA 444/2014 – Chrysocyon brachyurus, Puma concolor, Puma yagouroundi e Tapirus terrestris. Os resultados obtidos reforçam a importância das UC’s para a conservação da fauna do Cerrado, uma vez que nesses sítios são encontrados exemplares ameaçados da mastofauna desse bioma, bem como demonstrou a eficiência do uso de armadilhas fotográficas para o monitoramento de mamíferos

2009 ◽  
Vol 39 (1) ◽  
pp. 207-213 ◽  
Author(s):  
Giovanni Salera Junior ◽  
Adriana Malvasio ◽  
Thiago Costa Gonçalves Portelinha

Podocnemis expansa e P. unifilis são animais de vida longa, com uma demorada maturação sexual, o que influencia uma baixa taxa de substituição de indivíduos. Suas populações são caracterizadas por uma pequena mortalidade dos animais adultos, mas alta taxa de mortalidade de filhotes e embriões. Sendo a predação natural de ninhos e filhotes um dos fatores mais importantes do baixo sucesso de eclosão dessas espécies. No rio Javaés, os ovos e recém-eclodidos podem ser predados por uma grande diversidade de animais: dentre as aves, urubus (Coragyps atratus e Cathartes aura), carcará (Polyborus plancus), jaburu (Jabiru mycteria); lagartos (Tupinambis teguixin) e mamíferos de pequeno porte, coati (Nasua nasua) e cachorro-do-mato (Cerdocyon thous). Do total anual de desovas de P. unifilis em média 65,98% são predadas, sendo 41,68% de forma total e 24,30% parcialmente. Enquanto que apenas 5,31% das ninhadas de P. expansa são sempre parcialmente predadas. Dentre os predadores aquáticos existem diversos peixes, principalmente piranhas (Serrasalmus nattereri) e jacarés (Melanosuchus niger e Caimam crocodilus). Os predadores das fêmeas de P. unifilis são: jacaré-açu (Melanosuchus niger), onça-pintada (Panthera onca) e onça-parda (Puma concolor). Enquanto que as fêmeas de P. expansa em postura, somente são predadas por P. onca. As fêmeas de P. unifilis em postura são predadas num total médio de 3,93% anualmente, enquanto que para P. expansa a média anual é 5,66% das fêmeas.


2009 ◽  
Vol 29 (12) ◽  
pp. 1009-1014 ◽  
Author(s):  
Joubert S. Pimentel ◽  
Solange M. Gennari ◽  
Jitender P. Dubey ◽  
Maria F.V. Marvulo ◽  
Silvio A. Vasconcellos ◽  
...  

Os zoológicos modernos são instituições destinadas à manutenção da fauna selvagem com o objetivo de promover a conservação, pesquisa científica, lazer, recreação e educação ambiental. A ampla variedade de espécies selvagens, vivendo em condições diferentes do seu habitat natural, representa um ambiente propício à disseminação de doenças, muitas delas zoonóticas. Devido à escassez de dados e à relevância dos mamíferos selvagens neste contexto epidemiológico, tanto na toxoplasmose, quanto na leptospirose, foi efetuado o inquérito sorológico para toxoplasmose e leptospirose em mamíferos selvagens neotropicais do Zoológico de Aracaju, Sergipe, Brasil. Para tanto foram colhidas amostras sanguíneas de 32 animais, adultos, de ambos os sexos incluindo: 14 macacos-prego (Cebus libidinosus), quatro macacos-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternus), três onças-suçuaranas (Puma concolor), uma onça-pintada (Pantheraonca), uma raposa (Cerdocyon thous), seis guaxinins (Procyon cancrivorus), dois quatis (Nasua nasua) e um papa-mel (Eira barbara). Para a pesquisa de anticorpos anti-Toxoplasma gondii foi utilizado o Teste de Aglutinação Modificada (MAT ³"1:25) e para pesquisa de anticorpos anti-Leptospira spp. foi utilizado o teste de Soroaglutinação Microscópica (ponto de corte ³1:100) com uma coleção de antígenos vivos que incluiu 24 variantes sorológicas de leptospiras patogênicas e duas leptospiras saprófitas. Dentre os 32 mamíferos, 17 (53,1%) apresentaram anticorpos anti-T. gondii e quatro (12,5%) foram positivos para anticorpos anti-Leptospira spp. De acordo com o sexo, 60% (9/15) dos machos e 47,1% (8/17) das fêmeas foram soropositivos para T. gondii e 26,7% (4/15) dos machos apresentaram anticorpos anti-Leptospira spp. Dos mamíferos que apresentaram anticorpos anti-T. gondii, 47% (8/17) nasceram no zoológico, 41,2% (7/17) foram oriundos de outras instituições e dois (11,8%) foram provenientes da natureza. Em relação aos quatro mamíferos soropositivos para Leptospira spp., três (75%) foram procedentes da natureza e um (25%) nasceu no zoológico. Este foi o primeiro inquérito sorológico de anticorpos anti-Leptospira spp. em primatas e carnívoros neotropicais em um zoológico do Nordeste do Brasil e descreveu pela primeira vez a ocorrência de anticorpos anti-T. gondii e anti-Leptospira spp. com sorovar mais provável Copenhageni no primata ameaçado de extinção macaco-prego-de-peito-amarelo (C. xanthosternus) em Aracaju, SE.


Author(s):  
Daiane Dos Santos de Deus ◽  
Karime Cássia Silveira Gondim ◽  
Lázaro Antônio dos Santos ◽  
Daniela Cristina De Oliveira Silva ◽  
Lucas de Assis Ribeiro ◽  
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O objetivo deste estudo foi descrever a anatomia da artéria femoral em canídeos selvagens, como o cachorro do mato (Cerdocyon thous), a raposa do campo (Lycalopex vetulus) e o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus). Foram utilizados dois espécimes de cada grupo canídeo. Solução de látex vermelha foi injetada no sistema arterial dos animais, que foram então fixados em solução aquosa de formaldeído a 10% e dissecados seguindo as técnicas rotineiras da anatomia macroscópica. Nos três grupos canídeos, o padrão arterial foi semelhante ao descrito para canídeos domésticos, em que a artéria femoral profunda origina da artéria ilíaca externa, ainda na cavidade abdominal, e envia seu primeiro ramo, a artéria femoral circunflexa lateral. Alguns ramos musculares, uma ou duas artérias femorais caudais e os ramos terminais - a artéria genicular descendente, a artéria safena e a artéria poplítea - são originários da artéria femoral. O padrão de origem desses vasos também mostra semelhanças com as de canídeos domésticos, às vezes formando troncos e ocasionalmente originando individualmente. Assim, pode-se concluir que o padrão anatômico da artéria femoral e seus ramos em canídeos selvagens mostra semelhanças com a dos canídeos domésticos, mas variações inerentes em cada espécie também estão presentes.


PLoS ONE ◽  
2018 ◽  
Vol 13 (8) ◽  
pp. e0201357 ◽  
Author(s):  
Filipe Martins Santos ◽  
Gabriel Carvalho de Macedo ◽  
Wanessa Teixeira Gomes Barreto ◽  
Luiz Gustavo Rodrigues Oliveira-Santos ◽  
Carolina Martins Garcia ◽  
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2020 ◽  
Vol 14 (4) ◽  
pp. 228
Author(s):  
Rosália Barros Nascimento De Medeiros ◽  
Janaina Kelli Gomes Arandas ◽  
Ângelo Giuseppe Chaves Alves ◽  
Rômulo Romeu Nóbrega Alves ◽  
Maria Norma Ribeiro

Este artigo tem como objetivos identificar conflitos existentes entre criadores de caprinos da raça Moxotó e os predadores naturais dos seus animais, no município de Ibimirim, Pernambuco, bem como descrever as formas locais de prevenção aos ataques e suas implicações para conservação de raças caprinas e espécies silvestres. As informações foram obtidas através de entrevistas com questionários semiestruturados, complementadas com listas-livres. Foram entrevistados nove criadores, considerados especialistas locais. Foram identificadas 13 espécies selvagens como as principais causadoras de danos para as criações de caprinos da região. As espécies citadas foram carcará (Caracara plancus), gato-mourisco (Puma yagouaroundi), conhecido e designado na região pelos criadores como gato-do-mato azul e vermelho, jiboia (Boa constrictor), urubu (Coragyps atratus), cão doméstico (Canis familiaris), raposa (Cerdocyon thous), cascavel (Crotalus durissus), morcego (Desmodus rotundus), jararaca (Bothropoides erythromelas), onça-parda (Puma concolor) e gavião (espécie não-identificada), em ordem decrescente de importância.  O conflito entre criadores de caprinos e os animais silvestres se deve aos prejuízos econômicos causados pelos ataques. Os criadores diferenciam as espécies predadoras principalmente pela forma e intensidade dos ataques. Em geral, a caça ainda é a principal forma de prevenção dos ataques, porém, registraram-se formas locais de defesa para algumas espécies. É necessário que se estabeleça um diálogo constante entre os criadores e os órgãos ambientais responsáveis pelas políticas públicas com o objetivo de desenvolver estratégias para a conservação das raças locais, como a raça Moxotó, e espécies silvestres.


2017 ◽  
Vol XXII (127) ◽  
pp. 72-80
Author(s):  
Juan Justino de Araújo Neves ◽  
Sândara Pimentel Sguario ◽  
Claudia Filoni ◽  
Marina Galvão Bueno ◽  
Henri Donnarumma Levy Bentubo ◽  
...  

Dermatophytes are keratinophilic fungi that can cause zoonosis. However, the role wild animals play in the transmission of these infections is yet to be determined. The aim of this study was to determine the presence of dermatophytes on the haircoat of Brazilian wild mammals. Thirty-two healthy wild mammals from several taxa were studied: 17 were captive and 15 were free-living individuals. Samples were obtained by rubbing the haircoat with sterile carpets. Samples were cultured on Mycobiotic agar, and the plates were incubated at 25 ºC. Identification of the isolates was carried out on the basis of macro- and micromorphology. Dermatophytes were isolated from 9.5% of the animals: Microsporum gypseum from one maned wolf (Chrysocyon brachyurus), Microsporum cookie from one coati (Nasua nasua), and Trichophyton ajelloi from one bush dog (Speothos venaticus). These animals represent therefore sources of infection for both humans and other animals and are important for public health policies.


2012 ◽  
Vol 102 (2) ◽  
pp. 150-158 ◽  
Author(s):  
Telma R. Alves ◽  
Renata C. B. Fonseca ◽  
Vera L. Engel

A região da cuesta de Botucatu caracteriza-se por um gradiente topográfico contendo um mosaico de ambientes com diferentes formações de vegetação natural (floresta estacional semidecidual, cerrado e matas ciliares), além de áreas antropizadas com a predominância de pastagens, plantações de cana-de-açúcar, laranja, e reflorestamentos de eucalipto, com paisagem fragmentada. Inserida nesta região, a Fazenda Experimental Edgardia, pertencente à Universidade Estadual Paulista, Campus de Botucatu, representa uma amostra desta heterogeneidade ambiental, tendo grande importância para a conservação da biodiversidade, tanto de flora como fauna. Entretanto, poucos são os estudos sobre a sua fauna, principalmente de mamíferos. O presente trabalho teve como objetivo conhecer a fauna de mamíferos de médio e grande porte nesta área, e sua relação com o mosaico de habitats. Foram obtidos registros indiretos da presença de mamíferos através de vestígios (pegadas e fezes) em transectos (trilhas pré-existentes), ao longo de um ano. De março de 2004 a março de 2005 foram registradas 18 espécies de mamíferos silvestres de médio e grande porte. Quanto à ocorrência destacou-se Mazama sp., presente em todos os ambientes, com maior abundância relativa no ambiente de transição de floresta/Cerradão. Puma concolor (Linnaeus, 1771), Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758), Cerdocyon thous (Linnaeus, 1766), Procyon cancrivorus (Cuvier, 1798) e Dasypus novemcinctus (Linnaeus, 1758) também foram encontradas em praticamente todos os ambientes, e espécies como Chironectes minimus (Zimmermann, 1780), Cuniculus paca Linnaeus, 1766, Eira barbara (Linnaeus, 1758) e uma espécie do gênero Conepatus Gray, 1837 estiveram restritas a ambientes específicos. A análise de correspondência mostrou oito espécies com ocorrência em todos os ambientes: sete mais associadas aos ambientes de várzea, floresta e pastagem e três aos ambientes de cultura de arroz, transição entre floresta/Cerradão e vegetação natural em estádio sucessional secundário. Os resultados sugerem que a fauna de mamíferos de médio e grande porte na Fazenda Experimental Edgardia está sujeita às modificações ambientais que a região vem sofrendo. Embora existam preferências de algumas espécies por determinados hábitats, parece ocorrer certa plasticidade em relação às modificações de seus hábitats originais.


2016 ◽  
Vol 16 (1) ◽  
Author(s):  
Fernando Cesar Cascelli Azevedo ◽  
Vagner Canuto ◽  
Fernanda Souza ◽  
Cynthia Elisa Widmer

The process of forest fragmentation affects mostly top predators, which are more prone to first disappear. Pumas, Puma concolor, are known to have a generalist diet that includes a wide variety of wild and domestic prey species. The capacity of adapting their diet to consuming prey in anthropogenic habitats may be the reason for this species' success in incorporating anthropogenic areas with different levels of fragmentation as part of its habitat. Here we report a case of puma consumption of a large wild prey species, the tapir, Tapirus terrestris. From March 2012 to October 2013 we collected 85 puma's scats opportunistically inside fragments of the Atlantic Forest in the Parana state, Brazil. In one of the scats we found hairs and some hooves of a tapir, as well as puma hairs. We propose two hypotheses that may explain the occurrence of tapir in a pumás scat: (1) an event of scavenging or (2) an event of predation on a juvenile tapir. The most likely explanation for this event may be the predation of a juvenile in response to a possible abundant presence of tapirs in the study area. This event adds to our understanding of the great plasticity of this species to adapt to an altered landscape. To our knowledge, this is the first report of a puma scavenging or predation event on a tapir.


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