scholarly journals De pai para filho: transmissão, permanência e mudança em “A terceira margem do rio”, de João Guimarães Rosa

2021 ◽  
Vol 35 (103) ◽  
pp. 81-92
Author(s):  
Belinda Mandelbaum
Keyword(s):  

RESUMO O artigo desenvolve uma reflexão sobre as “cadeias de transmissão” implicadas nas narrativas de Guimarães Rosa. Trata, nesta perspectiva, dos “causos” narrados oralmente pelos viajantes sertanejos na venda do sr. Florduardo Rosa, pai do romancista, que foram transmitidos a ele através da correspondência trocada entre os dois e posteriormente refundidos em suas estórias. Os processos de permanência e mudança nessa cadeia de transmissão das narrativas que inclui o trabalho literário e os leitores são aproximados dos transtornos da transmissão entre o pai, o filho, a estória e seus leitores no conto “A terceira margem do rio”. A argumentação utiliza-se de um referencial tomado à “psicanálise dos vínculos”, que pensa a família como espaço privilegiado da transmissão de mensagens entre as gerações. Com base nesse referencial teórico, a autora considera que a mensagem indecifrável legada pelo pai - o motivo de ele abandonar a família e isolar-se na canoa, sem efetivamente partir para lugar nenhum - teria calado o filho, mas se tornado narrativa, deslocando a cadeia de transmissão do filho para o texto literário e seus leitores.

2017 ◽  
Vol 1 (2) ◽  
pp. 117-135
Author(s):  
Cláudia Suzano Almeida
Keyword(s):  

TRADUÇÃO PARA A LÍNGIUA INGLESA DO CONTO "O ESPELHO", DE JOÃO GUIMARÃES ROSA, DO LIVRO PRIMEIRAS ESTÓRIAS, DE 1962.


2017 ◽  
Vol 1 (2) ◽  
pp. 44-54
Author(s):  
Mathieu Dosse

Traduire João Guimarães Rosa est une expérience à part. Dans cet article nous interrogeons ce texte si particulier au regard de la traduction. L’art du traduire, en effet, nous permet de plonger au cœur même de la singularité de cette écriture qui n’a rien de semblable, non seulement au Brésil, mais dans le monde entier. Et qu’en est-il du traducteur ? Est-il une personne gênante qu’il faudrait si possible oublier ? Nous explorons ici Grande Sertão: Veredas, bien sûr, qui reste le chef d’œuvre de l’auteur, ainsi que les nouvelles du recueil posthume Estas Estórias.


2020 ◽  
Vol 7 (1) ◽  
pp. 32
Author(s):  
Lucas Guedes Vilas Boas ◽  
Larissa Oliveira Souza

No decorrer dos decênios, a conjuntura agrária brasileira experimentou diversas transformações, especialmente com a adesão ao pacote tecnológico oriundo da Revolução Verde. No entanto, algumas características permanecem no campo e na agricultura nacionais há décadas, como a elevada concentração fundiária, a degradação ambiental, a desigualdade, a violência e a exploração do trabalho agrícola. Diversos literatos, como Euclides da Cunha, João Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz e João Cabral de Melo Neto, descrevem em suas obras importantes aspectos associados à questão agrária, sobretudo no Nordeste brasileiro. Sob esse prisma, o objetivo do estudo foi identificar e avaliar os principais elementos da problemática agrária nacional presentes nos textos de João Cabral de Melo Neto, cuja obra denuncia vários problemas que assolam o campo brasileiro. Nesta perspectiva, foram analisadas as seguintes obras de sua autoria: O rio (1953) e Morte e vida severina (1955). A pesquisa bibliográfica foi o principal procedimento metodológico adotado, com o intuito de conjugar referências bibliográficas concernentes à agricultura e ao campo nacionais a textos científicos que discutam a obra de Melo Neto na análise dos textos escolhidos. Ademais, a análise documental também integrou a metodologia da pesquisa.


2021 ◽  
Vol 26 (1) ◽  
pp. 113
Author(s):  
Claudia Campos Soares ◽  
Maíra Pinheiro Tavares

Resumo: Este trabalho se pretende uma apresentação do último livro publicado em vida de João Guimarães Rosa, Tutameia: Terceiras estórias, e de parte de sua crítica. Inicialmente, discutimos a arquitetura complexa e enigmática do livro, onde os paratextos desempenham particular importância. Em seguida, tratamos, à luz de estudos dedicados a explorar a originalidade linguística da obra rosiana, das especificidades da linguagem de Tutameia em relação ao conjunto das narrativas de Guimarães Rosa. O livro é composto por “estórias” muito curtas, onde os sentidos estão condensados em muito poucas palavras. Dedicamos especial atenção, nessa discussão sobre a linguagem das Terceiras estórias rosianas, aos recursos tradicionalmente atribuídos à poesia que são utilizados na composição dos contos do livro.Palavras-chave: Guimarães Rosa; Tutameia; linguagem; recursos poéticos.Abstract: This paper aims at presenting João Guimarães Rosa’s last book published during his lifetime, Tutameia: Terceiras estórias, and some of the criticism about it. Initially, we discuss the complex and enigmatic architecture of the book, in which the paratexts play a particularly important role. Then, we deal with the specificities of Tutameia’s language in relation to the set of narratives of Guimarães Rosa, based on studies dedicated to exploring the linguistic originality of Rosa’s work. The book is composed of very short “estórias”, whose meanings are condensed in very few words. In this discussion of the language of Terceiras estórias, we paid special attention to resources traditionally attributed to poetry, which are used in the composition of the short stories of the book.Keywords: Guimarães Rosa; Tutameia; language; poetic resources.


2019 ◽  
Vol 16 (2) ◽  
pp. 63
Author(s):  
Antonio Daniel Félix ◽  
Sílvio Augusto de Oliveira Holanda
Keyword(s):  

Este trabalho tem como objetivo fazer uma leitura de “A hora e vez de Augusto Matraga”, uma novela de Sagarana (1983) de João Guimarães Rosa, assim como, por conseguinte, analisar a recepção dessa novela com base em três textos, a saber: Rolim (2005), Sousa (2014) e Oliveira (2015). Ao tomar como base a ideia de Ricoeur (2013), sobre o mundo do texto, bem como a de que o texto literário seja de natureza discursiva, concretizando-se como um evento; a ideia de Jauß (1994a/1994b) de que o texto literário não surge num vácuo, pois não é de todo estranho ao seu público, bem como sua ideia de que a experiência estética se divide em dois momentos, um de identificação e outro de crítica (JAUß, 1974); da mesma maneira como consideramos a ideia de Candido (2015) sobre a paradoxal existência do personagem; dentre outros pensamentos. Com base nessas ideias, visamos discutir a recepção da novela que apontamos como nossa base de análise e discussão.


Entrepalavras ◽  
2019 ◽  
Vol 9 (3) ◽  
pp. 159
Author(s):  
José Geraldo Marques
Keyword(s):  

A partir de alguns pressupostos estéticos da Análise Dialógica do Discurso (ADD), este artigo discute o estatuto poético da obra de João Guimarães Rosa a partir de alguns discursos presentes na novela “Cara-de-Bronze”. Tomamos como base para nossas reflexões, em primeiro lugar, a impossibilidade de distinção entre a linguagem poética e a linguagem cotidiana, ideias caras ao Círculo de Bakhtin. Também recorremos a Bakhtin no que concerne ao objeto estético e suas relações inextricáveis com a vida, transfiguradas esteticamente para outro plano axiológico (plano dos valores). Propomos também neste artigo um esboço do que nomeamos de teoria dialógica da imagem poética.


2020 ◽  
Vol 5 (2) ◽  
pp. 55-74
Author(s):  
Ashley Brock

In the present article, I locate an implicit environmentalism JoãoGuimarães Rosa’s writing from the 1950s and 1960s. This sensibility is easy tomiss, in part because it transposes political debates on damage inflicted in thename of development and progress onto the affective-ethical plane; however, itdoes so in a way that resists sentimentality or projecting a misplaced innocenceonto the non-human world. Focusing on emotional relationships between humansand non-humans, I read “As margens da alegria” and “Os cimos” as expressingan eco-critical discourse that was already latent in Grande sertão: veredas.Recasting the natural world as a site of both unfathomable otherness and relationsof tenderness, Guimarães Rosa presents the emotional hold that nature has onhumans and the cost of cleaving oneself from it—a cost that includes diminishingthe human capacity for delight, wonder, and eros.


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