Poetas e martinis: uma leitura de The Barfly Ought to Sing de Anne Sexton
O suicídio da poeta Sylvia Plath abalou o universo literário em 1963. As associações entre poesia e autossacrifício na obra de poetas vinculados ao rótulo “confessional” foram cimentadas, mitificou-se a morte de Plath, e surgiram debates éticos que jamais cessaram. No calor desse momento, ainda em 1966, Anne Sexton, que conhecera Sylvia Plath brevemente anos antes, publica um texto memorialístico no periódico Tri-Quarterly. Essas memórias de Sexton, registradas sob o título “The Barfly Ought to Sing” [“O Bebum Deve Cantar”], são o tema deste artigo: heterogêneo em sua feitura – já que alterna recordações de Plath, leitura de sua poesia e dois poemas inéditos de Sexton –, o texto tampouco é homogêneo no sentido de sua homenagem, pois não procura ocultar uma tensão competitiva que perpassa o elo afetivo. Acredita-se que o texto possua uma dimensão crítica que foi frequentemente subestimada. Através da escrita das memórias, Sexton parece ter buscado formular uma visão da poesia confessional: inclui ela própria e Plath enquanto referências dessa poética e nomeia, a seu modo, alguns de seus elementos fundamentais.