Introdução: A hipertensão arterial crônica é associada com o aumento de complicações na gravidez em comparação à gestação sem essa comorbidade, destacando-se os riscos de pré-eclâmpsia (PE), restrição do crescimento fetal e parto prematuro. O tratamento farmacológico com anti-hipertensivos deve ser avaliado para controlar a doença, diminuindo a mortalidade da mãe e do bebê. Dessa maneira, é importante investigar o melhor tratamento a ser utilizado, lançando atenção à vida da gestante e do feto. Objetivo: Analisar o tratamento farmacológico direcionado às gestantes portadoras de hipertensão arterial crônica. Métodos: Em abril de 2021, foi realizada uma revisão sistemática na base de dados Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), utilizando os descritores: “pregnancy”, “hypertension”, “antihypertensive agents” e suas variações, obtidas do Medical Subject Headings (MeSH). Foram incluídos ensaios clínicos controlados e randomizados (ECCR) publicados nos últimos cinco anos e na língua inglesa. Resultados: Encontraram-se 31 artigos e cinco deles foram utilizados para a confecção deste trabalho. Dois ECCR avaliaram os efeitos de fármacos no tratamento da hipertensão na gestação, levando em consideração a etnia. Envolveram 602 mulheres, utilizaram labetalol, nifedipina e metildopa em grupos separados como intervenção e um controle sem medicamento. O grupo controle demonstrou propensão a desenvolver hipertensão severa, PE, disfunção renal, alterações no ECG, descolamento de placenta e nova hospitalização (p<0,001) quando comparado aos grupos intervenção. Os neonatos do grupo controle estavam mais propensos à prematuridade e à admissão na unidade de terapia intensiva (p<0,001). Os três fármacos demonstraram capacidade de diminuir a pressão arterial (PA) nas gestantes, tendo o labetalol maior diminuição da PA diastólica nas mulheres não negras em comparação à nifedipina. Outro ECCR dividiu 987 gestantes em dois grupos, o “rigoroso”, que buscou manter a pressão diastólica em 85 mmHg, e o “menos rigoroso”, em 100 mmHg. Com base nos resultados, analisou-se o melhor direcionamento do tratamento e a influência da idade gestacional no início da terapia, e o labetalol foi o fármaco de referência. O tratamento “menos rigoroso” apresentou PA maior que a do outro grupo (p<0,001), maior chance de desenvolver hipertensão severa antes de 28 semanas de gestação e maior custo em cuidados ao neonato. O tratamento iniciado em 24 semanas teve menos bebês com peso ao nascimento inferior ao saudável (p<0,005), porém mais nascimentos prematuros (p<0,04), quando comparado o tratamento “menos rigoroso” ao “rigoroso”. Conclusão: O tratamento farmacológico é recomendado para grávidas com hipertensão arterial crônica, buscando diminuir as complicações para a gestante e para o neonato. Portanto, pode-se destacar o uso de metildopa, nifedipina e labetalol, buscando a PA mais próxima aos padrões de referência e com as prescrições dependentes da idade gestacional, etnia e necessidades da gestante.