scholarly journals DIÁLOGOS ENTRE A TEORIA SOCIAL CRÍTICA HABERMASIANA E A TEORIA FEMINISTA DE NANCY FRASER

Author(s):  
Charles Feldhaus ◽  
Camila Dutra Pereira

Este artigo examina algumas das objeções traçadas por Nancy Fraser à teoria social crítica de Jürgen Habermas à luz de algumas reformulações empreendidas pelo filósofo e sociólogo alemão em Facticidade e validade, quando se devota a aplicar o modelo de democracia deliberativa às demandas feministas por igualdade não apenas de direito, mas também igualdade fática. Em seu artigo Fraser acusa a teoria crítica discursiva não de defender posição abertamente preconceituosas em relação a gênero, mas de uma omissão relativa às questões de gênero, o que, contudo, não deixa de ser censurável. Além do mais, ela defende que o modelo de teoria crítica discursivo dualista baseado na distinção entre as esferas da reprodução social é deficiente no diagnóstico e na identificação de remédios para algumas injustiças sociais sofridas pelas mulheres. O modelo discursivo carece de categorias que permitam interpretar os papéis de gênero e a problemática que envolve a família patriarcal e o trabalho doméstico. O modelo de democracia deliberativa habermasiano demonstra, diferentemente dos textos criticados por Fraser, uma preocupação explicita com as questões de gênero e até mesmo alguma vantagem explicativa em relação ao modelo anterior, mas como tal modelo é construído sobre suposições básicas de A teoria do agir comunicativo, esse modelo ainda encontra dificuldades em enfrentar algumas demandas feministas.

2018 ◽  
Vol 38 (1) ◽  
Author(s):  
José Luís López de Lizaga

Este artículo se pregunta si los últimos escritos de Foucault, pertenecientes ya a la década de 1980, superan el déficit normativo que autores como Nancy Fraser o Jürgen Habermas habían criticado en la obra foucaultiana anterior. Y se argumenta que los últimos textos siguen siendo vulnerables a esas críticas, a pesar del giro hacia la cuestión ética del “cuidado de sí” y a pesar de la reivindicación del legado kantiano e ilustrado. En esta argumentación, la comparación de las ideas de Foucault y Kant sobre las revoluciones y su legitimidad es determinante para comprender las dificultades normativas de la producción foucaultiana tardía.


2016 ◽  
Vol 15 (34) ◽  
pp. 110
Author(s):  
Fernando Perlatto

DOI DOI: http://dx.doi.org/10.5007/2175-7984.2016v15n34p110As últimas décadas têm testemunhado um crescimento significativo de reflexões sobre a globalização e o cosmopolitismo no campo da teoria social. Dentre os esforços realizados nesse sentido, destacam-se os trabalhos de autores vinculados à teoria crítica, a exemplo de Jürgen Habermas, Nancy Fraser, Seyla Benhabib e Craig Calhoun. No presente artigo, objetivamos analisar suas reflexões sobre essas temáticas, demonstrando como suas obras mais recentes, a despeito das diferenças e particularidades, se aproximam no sentido de buscarem compreender de maneira dialética, à luz da teoria crítica, os processos de globalização e de configuração do cosmopolitismo intensificados nos últimos anos. Pretendemos demonstrar que suas reflexões sobre essas temáticas contribuem para a construção de uma perspectiva crítica ao cosmopolitismo e à globalização contemporânea, sem que isso resulte no abandono de um projeto universalista, democrático e emancipatório.


Caderno CRH ◽  
2011 ◽  
Vol 24 (62) ◽  
pp. 331-352 ◽  
Author(s):  
Nathalie Bressiani

O debate entre Nancy Fraser e Axel Honneth sobre redistribuição e reconhecimento abarca uma multiplicidade de questões. Tomando como fio condutor a pergunta acerca da possibilidade de compreender o conjunto de injustiças existentes a partir do conceito de reconhecimento ou da necessidade de recorrer, para isso, ao par conceitual redistribuição e reconhecimento, este artigo tem como objetivo defender que a disputa entre o monismo de Honneth e o dualismo de Fraser remete a discordâncias em suas teorias sociais. A partir de uma reconstrução das críticas dirigidas pelos autores ao dualismo social de Jürgen Habermas, bem como das diferentes teorias sociais que desenvolvem com o intuito de resolvê-las, procuraremos também mostrar que as saídas encontradas por eles a essas dificuldades estão no centro do debate sobre redistribuição e reconhecimento e que Fraser, ao desenvolver um dualismo social perspectivo, adota uma posição intermediária àquelas sustentadas por Honneth e Habermas.


Dialogue ◽  
1995 ◽  
Vol 34 (2) ◽  
pp. 259-280 ◽  
Author(s):  
Tony Couture

My project is to assess recent objections directed at Jürgen Habermas by Nancy Fraser, Iris Young and Seyla Benhabib. This dispute is significant because it concerns the value of the Enlightenment style, detached criticism promoted by Habermas as compared to new proposals about dissent from a stance connected to social movements. I argue that these feminist criticisms of Habermas's critical theory are compelling and that they require substantial changes in Habermas's thinking.


2021 ◽  
Vol 8 (3) ◽  
pp. 237-256
Author(s):  
Karen De Sales Colen ◽  
Eder Fernandes Monica ◽  
Natália Caroline Soares de Oliveira

O objetivo desse trabalho é analisar quais os impactos da campanha “Meu voto será feminista” para a representatividade das mulheres na esfera pública política brasileira nas eleições 2018, considerando aspectos como representação, redistribuição e presença de mulheres nos espaços políticos. O desafio à representatividade das mulheres na esfera pública pode ser compreendido a partir da dicotomia público/privado, que as relega ao âmbito doméstico. Nesse sentido, a teoria política feminista utiliza esses termos para questionar o isolamento da mulher na esfera familiar, que por muito tempo impediu a sua participação nas decisões e deliberações ocorridas na esfera pública. Assim, os aspectos metodológicos dizem respeito a análise de dados na internet, com consultas aos sítios eletrônicos da referida campanha, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e do Tribunal Superior Eleitoral. Além disso, a revisão bibliográfica compreende as discussões que envolvem os conceitos de esfera pública e representação, desenvolvidos por Jürgen Habermas e Nancy Fraser, respectivamente. Por fim, argumenta-se que o desenvolvimento da Campanha para as eleições municipais de 2020 é um caminho para uma maior participação, representação e representatividade das mulheres na esfera pública política brasileira.


2015 ◽  
Vol 27 (2) ◽  
pp. 191-215
Author(s):  
Geneviève Pagé

Cet article utilise les théories sur la sphère publique de Jürgen Habermas et l’idée d’un contrepublic subalterne de Nancy Fraser pour réfléchir à la portée politique des zines féministes. L’auteure soutient que l’utilisation d’une esthétique qui leur est propre et d’un langage vulgaire et pédagogue ainsi que le recours aux réseaux de distribution de zines féministes favorisent la création d’une sphère de délibération rationnelle externe à la sphère publique dominante (contrepublic). De plus, elle avance que l’existence de ce contrepublic facilite une modification de la position subalterne qui, elle, permet un engagement dans la sphère publique de même qu’une modification des règles qui la sous-tendent, et ce, à travers trois processus : la construction d’une subjectivité ambiguë, l’intervention directe dans la sphère publique et la subversion de la dichotomie privé/public.


Author(s):  
Eder Fernandes Monica ◽  
Karen de Sales Colen

O presente trabalho apresenta a discussão sobre os conceitos de esfera pública e democracia, que permeia a teoria crítica, para a compreensão das instituições públicas de tomadas de decisão e das universidades como espaços públicos. Para tanto, recorre-se a revisão bibliográfica desses termos a partir das formulações teóricas de Jürgen Habermas, Nancy Fraser e Seyla Benhabib. Essas duas autoras são frequentemente associadas às teorias feministas deliberativas, haja vista que criticam e buscam reconstruir as noções da teoria social e da teoria crítica a partir de uma perspectiva de gênero. Como resultado, aponta-se que as instituições públicas de tomadas de decisão e as universidades, a partir da inclusão de públicos heterogêneos e de temas afetos às questões de gênero, raça e sexualidade, podem se constituir como espaços públicos de transformação e emancipação social.


Author(s):  
Gustavo Oliva de OLIVEIRA (PUCRS) ◽  
Thadeu WEBER (PUCRS)

A filosofia política contemporânea é, de certa forma, dominada por uma família de teorias que se valem de um procedimento hipotético como método de justificação normativa. O artigo pretende analisar a crítica do filósofo alemão Axel Honneth ao chamado “procedimentalismo” em teoria da justiça, bem como avaliar o método alternativo de justificação proposto pelo autor, a “reconstrução normativa”. As reclamações são divididas em três partes: critica-se a noção de justiça, o método de justificação e o escopo das teorias da justiça procedimentalistas, cada um destes recebendo uma proposta de reforma peloautor. Após a leitura dos textos de Axel Honneth, John Rawls — autor de Uma teoria da justiça, famoso por apresentar um dos mais conhecidos argumentos procedimentalistas — e Jürgen Habermas e Nancy Fraser, que elencam diferentes problemas para a “reconstrução normativa” de Honneth, levanta-se a suspeita de que embora a crítica de Honneth ao procedimentalismo e sua proposta de teoria sejam inicialmente plausíveis, elas só serão possíveis se abandonarmos algumas das restrições básicas da Filosofia Política para fazer o que o próprio autor chama de Filosofia Social.


2020 ◽  
Vol 20 (1) ◽  
pp. 151-165
Author(s):  
Priscila Anselmini ◽  
Jessica Cristianetti

O objetivo geral do presente trabalho é explorar os aspectos teóricos à luz das teorias de Habermas e Fraser, a fim de verificar soluções para o reconhecimento e proteção dos direitos das minorias. Assim, num primeiro momento, o trabalho ressalta o conceito de minoria, pelo estudo dos critérios quantitativo e qualitativo. Em seguida, abordar-se-ão os aspectos teóricos propostos por Jürgen Habermas, no qual tenta possibilitar voz aos indivíduos por meio do procedimento democrático e da teoria do discurso, sendo legitimador do direito e do poder administrativo. Por fim, o trabalho verifica a teoria da justiça tridimensional e o conceito de contrapúblicos subalternos construídos por Nancy Fraser, apresentando críticas à teoria de Habermas, defendendo a necessidade de reconhecimento e redistribuição, também no plano da política, para as minorias, a fim de possuírem paridade participativa na vida pública. O problema coloca-se da seguinte forma: Qual o alcance das teorias de Habermas e Fraser para o reconhecimento e proteção dos grupos minoritários? Qual destas teorias se mostra mais eficiente no que tange ao direito de minorias? A ideia, então, é explorar os aspectos teóricos dos ensinamentos de Habermas e Fraser, a fim de verificar qual teoria pode traçar melhores perspectivas para o reconhecimento e proteção dos direitos das minorias. A pesquisa se estrutura pelo método hipotético-dedutivo, abordagem qualitativa e a técnica de pesquisa é de pesquisa bibliográfico-documental.


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