scholarly journals Educação em Ciências em tempos de pós-verdade: pensando sentidos e discutindo intencionalidades

2020 ◽  
Vol 37 (3) ◽  
pp. 1551-1576
Author(s):  
Maicon Azevedo ◽  
Rodrigo Cerqueira do Nascimento Borba

O presente texto se debruça sobre a tarefa de pensar a Educação em Ciências dentro de um cenário no qual auto e pós-verdades, fake news e boatos na internet podem ser interpretadas como metonímias dos nossos tempos. Seu principal objetivo é realizar um exercício teórico de análise sobre o papel social que a Educação em Ciências pode desempenhar na construção de uma sociedade que seja capaz de problematizá-las. Para esse empreendimento, produzimos interlocuções com referenciais ligados às Ciências Humanas e Sociais, tais como Michel Foucault, Michel De Certeau e François Dubet. Sem abrir mão do diálogo com o campo educacional, também recorremos às considerações de obras elaboradas por autores como Ivor Goodson e Paulo Freire. Considerando que a especialização e o crescimento da natureza técnica da Ciência Moderna, desagregada de sua popularização, aumentam as desigualdades e promovem processos de exclusão e de alienação, apresentamos um modelo de formação escolar amparado nas aprendizagens narrativas propostas por Goodson que privilegia a construção de outras relações entre conhecimentos e vivências produzidos nas escolas. Argumentamos que, evidenciando como se processa a construção dos saberes discentes cotidianos e a forma como suas experiências são erigidas em diferentes realidades, é possível trabalhar múltiplas dimensões dos conhecimentos científicos. Isto oportuniza a construção de novos sentidos para as experiências estudantis, enquanto o entendimento dos conceitos e conteúdos científicos podem ser desenvolvidos de modo não apartado das culturas e das emoções que interpelam os processos de escolarização e as instituições educacionais.

2020 ◽  
Author(s):  
Adriana Marques de Oliveira ◽  
Amaurícia Lopes Rocha Brandão ◽  
Brenda Iolanda Nascimento ◽  
Carine Silva Lima ◽  
Caroline Costa Silva Candido ◽  
...  
Keyword(s):  

Perspectiva ◽  
2012 ◽  
Vol 30 (2) ◽  
pp. 499-520 ◽  
Author(s):  
Marcos Reigota

No presente artigo, são apresentadas algumas questões, acontecimentos e autores quecontribuíram para a Educação Ambiental se constituir como campo (na definição deBourdieu) no espaço científico brasileiro e internacional. Num segundo momento, aEducação Ambiental é analisada como campo emergente, que se encontra defrontadacom a concepção hegemônica neoliberal, competitiva e produtivista de ciência e,portanto, antagônica ao ideário ecologista que originou e identifica as “educaçõesambientais” (Rodrigo Barchi). Entre os autores que colaboram com a argumentação doautor, encontram-se Álvaro Vieira Pinto, Paulo Freire, Jean Ladrière, Isabelle Stengers,Pierre Bourdieu e Michel Foucault. A diversidade epistemológica entre esses autoresse justifica, pois o autor do artigo procurar explicitar um itinerário pessoal de leiturasao longo de sua trajetória que coincide com o momento histórico da emergência daEducação Ambiental como campo.


2009 ◽  
Vol 39 (136) ◽  
pp. 225-242 ◽  
Author(s):  
Maria Manuela Alves Garcia
Keyword(s):  

O trabalho discute o funcionamento de pedagogias e didáticas que se denominam críticas e progressistas no governo da conduta dos docentes críticos e intelectuais educacionais de esquerda, no Brasil das décadas finais do século passado. Apropriando-se das investigações de Michel Foucault acerca da ética e dos modos de subjetivação, explora as formas de trabalho ético e a moralidade da conduta pedagógica e docente instituídas no país pelas pedagogias críticas em algumas vertentes do discurso pedagógico brasileiro, como no pensamento de Paulo Freire, e também no pensamento de Dermeval Saviani, do início dos oitenta, dividindo as lutas do campo intelectual da educação brasileira a esse tempo. Dá ênfase a uma descrição da tecnologia pedagógica crítica posta em exercício por essas pedagogias nos cursos de formação docente em nível superior e em outros níveis de ensino, que alia a fabricação de uma moral pastoral e ascética implicada no esclarecimento das consciências e exercícios centrados em uma hermenêutica do eu que tem como característica, entre outras, a decifração de si.


Author(s):  
Alex Villas Boas ◽  
Jefferson Zeferino ◽  
Andreia Cristina Serrato

O campo de estudos em Teologia e Literatura está consolidado no contexto brasileiro. A proposta do grupo teopatodiceia visa situar este diálogo da teologia como pergunta pelo sentido de Deus na busca de sentido humana e oferta de uma racionalidade crítica a um sistema de crença tendo a literatura como interlocutora privilegiada, mas também outras formas de narrativas e expressões artísticas da condição humana. Nesse sentido, o elemento antropológico visa não somente o diálogo com a antropologia literária mas considera também, desde um projeto de arqueologia do saber teológico, a produção de subjetividades implicadas (pathos) nos saberes em diálogo e nos modelos epistemológicos que melhor favorecem a elaboração de uma teologia pública, plural e contrahegemônica a fim de discernir modos de se responsabilizar por uma agenda pública desde uma sensibilidade ética (diké) comum aos dilemas contemporâneos. A literatura ocupa um papel importante de heterologia no diálogo com a teologia. Como uma abordagem interdisciplinar, o projeto arqueológico se nutre dos percursos teóricos de autores como Antonio Manzatto, Paul Ricoeur, Michel Foucault, Michel de Certeau e David Tracy. Numa crítica à autorreferencialidade teológica, a via dialógica, interdisciplinar e intercultural da perspectiva teológica do grupo se aloca no conjunto das ciências humanas.


2017 ◽  
Vol 27 (54) ◽  
pp. 157-174
Author(s):  
Raquel de Melo Giacomini ◽  
Clarícia Otto

Neste artigo, o objetivo é compreender a política utilizada para a implantação do Sistema Educacional Família e Escola (SEFE), em escolas da rede municipal de ensino de Florianópolis (SC), entre 2009 e 2012. O método utilizado foi observação e participação nos cursos de formação continuada de professores, ministrados pelo SEFE, aplicação de 82 questionários e realização de oito entrevistas com professores de escolas que utilizam o SEFE. Como aportes teóricos, tomamos o conceito de estratégias, de acordo com Michel de Certeau; a produção de subjetividades, na acepção de Michel Foucault; e, a governamentalidade neoliberal, conforme indicado por Karla Saraiva e Alfredo Veiga-Neto. Dentre os resultados, inferimos que o SEFE adota estratégias de governamentalidade com características neoliberais, tais como: estímulo à competição, busca pela eficiência e qualidade, cumprimento de metas e práticas de meritocracia. Além disso, é possível identificar que a utilização do material didático do SEFE propicia a emergência de um profissional que atua de forma mecânica, o que pode conduzir a um paulatino processo de perda da autonomia docente. Palavras-chave: Sistema Educacional Família e Escola. Estratégias. Governamentalidade neoliberal.


2008 ◽  
Vol 13 (39) ◽  
pp. 470-482 ◽  
Author(s):  
Reinaldo Matias Fleuri

O pensamento de Michel Foucault ajuda-nos a compreender os dispositivos de poder disciplinar vigentes na organização escolar que promovem a sujeição dos indivíduos. Ajuda-nos também a entender os processos de resistência expressos por vezes em ações de rebeldia individual ou coletiva. O artigo busca entender - pela óptica da complexidade (Gregory Bateson) e na perspectiva pedagógica de Paulo Freire e de Céléstin Freinet - como trabalhar com as manifestações de rebeldia, na direção de uma prática educativa emancipatória, dialógica e democrática. As práticas de transgressão podem constituir as bases para processos educativos que superem as relações de saber-poder disciplinar, na medida em que forem assumidas coletivamente (consolidando relações de reciprocidade e solidariedade) e ativamente (cultivando a diversidade de iniciativas e interações). Para isso, é preciso desvencilhá-la do caráter de delinqüência que lhe é impingido pelo sistema examinatório de vigilância e sanção.


1999 ◽  
Vol 69 (2) ◽  
pp. 150-172 ◽  
Author(s):  
Ramon Flecha

In this article, Ramón Flecha discusses the growth of racism in modern-day Europe and the challenges it poses for education and educators. The author distinguishes between two kinds of racism: an older, modern racism and a newer, postmodern racism. The former is based on arguments of inequality and the existence of inferior or superior ethnicities and races. The latter holds that ethnicities and races are neither inferior nor superior; they are merely different. It emphasizes the impossibility of equitable dialogue among different races and ethnicities to establish common rules for living together. Although a tradition of anti-racist education exists in Europe, educators often do not have the intellectual and educational tools to combat this form of racism. Flecha suggests that educators have tried to combat racism by developing anti-racist pedagogies that use the relativist approach advocated by contemporary thinkers such as Michel Foucault and Jacques Derrida. He argues that this approach challenges modern racism but actually promotes postmodern racism. Drawing from works of dialogic theorists such as Paulo Freire and Jürgen Habermas, Flecha recommends instead that educators use the dialogic approach, which emphasizes the need for equal rights among all people, to develop effective anti-racist pedagogies that can deal simultaneously with both forms of racism.


2020 ◽  
Vol 14 ◽  
pp. 3561089
Author(s):  
Francikely Da Cunha Bandeira ◽  
Maria Lígia Isídio Alves ◽  
Gildivan Francisco das Neves

BOOK REVIEW/RESENHA/RESEÑA [BRUTSCHER, Volmir José; SCOCUGLIA, Afonso Celso. Discursos da educação popular contemporânea: encontros com Michel Foucault e Paulo Freire. João Pessoa, PB: Editora da UFPB, 2017. 304 p.]Palavras-chave: Educação popular, Michel Foucault, Paulo Freire.Keywords: Popular education.Palabras claves: Educación popular.e3561089


Sala Preta ◽  
2015 ◽  
Vol 15 (1) ◽  
pp. 299
Author(s):  
Maria Do Socorro Calixto Marques

<div class="page" title="Page 2"><div class="layoutArea"><div class="column"><p><span>Neste artigo proponho abordar a publicação no </span><span>Jornal do Brasil</span><span>, em 1980, sobre o fechamento do espaço teatral Opinião. Para analisar o material selecionado, utilizo algumas categorias teóricas sobre discurso e espaço, a exemplo de utopia, heterotopia e formação discursiva, apresentadas por Michel Foucault e Michel de Certeau no tocante a espaços construídos através de narrativas. As duas orientações teóricas apontam para a construção de um lugar como configuração de posições. </span></p></div></div></div>


Tangence ◽  
2005 ◽  
pp. 9-19
Author(s):  
Bernard Andrès

Prenant appui sur les travaux de Pierre Nora, de Jacques Le Goff, de Michel de Certeau, de Paul Ricoeur et de Michel Foucault, cet article évalue les conditions de possibilité d’une histoire littéraire des Canadiens au xviiie siècle. Comment, de nos jours, « faire de l’histoire », comment « inventer une littérature » à partir d’un corpus hétérogène d’archives manuscrites et imprimées dont les auteurs n’avaient pas toujours conscience de « faire oeuvre » ni de passer à la postérité ? Quelle mémoire pouvons-nous opposer aujourd’hui à l’oubli dans lequel l’institution littéraire a longtemps plongé cette production ? De Lahontan à Bailly de Messein, en passant par Charlevoix, Lafitau, Bégon, mais aussi les textes de la Conquête, la richesse et la variété de cette archive justifient-elles vraiment notre entreprise d’exhumation ?


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