scholarly journals AS RÓTULAS MACHADIANAS: HABITAÇÃO POPULAR, ESTRANGEIRISMO E MODERNIZAÇÃO NO RIO DE JANEIRO DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX

2015 ◽  
Vol 6 (1) ◽  
Author(s):  
Elson Granzoto Junior ◽  
Michelle Carolina de Britto ◽  
Patrícia Moreira Nogueira ◽  
Tuanny Folieni Antunes Lanzellotti

Partindo da literatura machadiana, o presente artigo tem por objetivo refletir sobre o processo de urbanização e modernização da cidade do Rio de Janeiro, entre as últimas décadas do século XIX e início do século XX. Ambientadas na capital carioca, as obras de Machado de Assis aqui recortadas – focadas em contos, crônicas e romances – ecoavam uma cidade que aos olhos do escritor era mais humana e que transparecia como “um pano de fundo onipresente”. A análise desses escritos possibilitou, assim, a compreensão das novas acepções do modo de morar, das transformações ocorridas nas relações sociais e no espaço urbano que estava se constituindo e, ainda, do posicionamento crítico de Assis diante da política urbana do período. Como intencionamos apontar, a crítica machadiana se caracterizava por um saudosismo ao tempo do Imperador que possibilita ao leitor um contato com a cidade por meio de rótulas que escondiam, ou mesmo, não deixavam enxergar as mudanças de seu entorno.

2003 ◽  
Vol 60 ◽  
Author(s):  
Fabio Muruci Dos Santos

Este artigo trata da representação da paisagem urbana do Rio de Janeiro no romance Quincas Borba, de Machado de Assis. Procuro argumentar que a presença da paisagem é muito efetiva neste romance, estando, porém, velada porque só pode ser vista através do subjetivismo e esquizofrenia das personagens principais, especialmente Rubião e Sofia. Sustento que Machado incorporou sua visão da sociedade na própria linguagem e representação ficcional desse romance, onde a paisagem urbana funciona como elemento oculto, que se expressa através dos efeitos que exerce sobre o comportamento ético e psicológico das personagens. Abstract This article is about the representation of the Rio de Janeiro’s urban landscape in the Machado de Assis’ novel Quincas Borba. I intend to argue that the landscape is very effective in Machado’s novel, but it is veiled because we can only see it through the subjective and schizophrenic perceptions of the main characters, specially Rubião and Sofia. I defend that Machado incorporated his own social view in the novel’s language and fictional representation. Throughout the novel, the urban landscape works as a hidden element that expresses itself through the effects on the character’s ethical and psychological behavior.


2017 ◽  
Vol 10 (20) ◽  
pp. 93-109
Author(s):  
GEANNETI TAVARES SALOMON

Resumo Este estudo propõe uma análise crítica e literária sobre a modernidade e a moda presentes na obra Esaú e Jacó, de Machado de Assis. Procuro refletir sobre a forma com que o escritor se apropria de realidades sociais cotidianas, relativas à modernidade de seu tempo e à moda, e as imprime nas estratégias de criação literária por meio de fatos reais entrelaçados às suas personagens, criando no espaço ficcional traços marcadamente relevantes para se observarem essas realidades. O pano de fundo da narrativa é o Rio de Janeiro do século XIX, momento em que ocorrem a crise do Império, a abolição da escravatura e o início da República. A obra permite perceber as relações sociais e profissionais masculinas, bem como o posicionamento da mulher nessa sociedade.


2018 ◽  
Vol 2 ◽  
pp. 160
Author(s):  
Antonio Marcos Sanseverino

A escravidão é o nexo fundamental para pensar a literatura brasileira do século XIX. Na prosa machadiana, esse nexo histórico foi evidenciado por diferentes críticos (CHALHOUB, 2003, 2012; GLEDSON, 2006; SCHWARZ, 2000). Na leitura dos jornais, desde os anos de 1870, através da leitura de anúncios, vemos o quanto a presença do escravo doméstico era fato naturalizado no cotidiano do Rio de Janeiro (FREYRE, 2012; SCHWARCZ, 1987). Amas, copeiros, cozinheiros, moleques eram anunciados como objeto de venda ou de aluguel. Não apenas o trabalho era vendido ou alugado, mas o próprio trabalhar-escravo. Essa presença cotidiana de escravos é necessária (ou não) para a compreensão dos enredos? Alguns contos machadianos que trazem à primeiro plano do conflito a presença da escravidão: “Mariana” (1871), “O caso da vara” (1899) e “Pai contra mãe” (1906). Entretanto, há um apagamento da história pessoal do escravo enquanto personagem. A expressão “cria da casa” usada para caracterizar Mariana, uma mulata que vive como fosse da família, mostra o quanto a genealogia da personagem se apaga, diluída no pertencimento à casa do dono. Palavras-chave: Machado de Assis. Escravidão. Conto. Cria da casa.ABSTRACTSlavery is the fundamental link to think of nineteenth-century Brazilian literature. In Machado’s prose, this historical nexus was evidenced by different critics (CHALHOUB, 2003, 2012, GLEDSON, 2006, SCHWARZ, 2000). In the reading of the newspapers, from the 1870s, through the reading of advertisements, we see how the presence of the domestic slave was a naturalized fact in the daily life of Rio de Janeiro (FREYRE, 2012; SCHWARCZ, 1987). Mothers, cupbearers, cooks, brats were advertised as objects for sale or rent. Not only was work sold or rented, but the work-slave itself. Is this daily presence of slaves necessary (or not) for the understanding of entanglements? Some Machado tales that bring to the forefront of the conflict the presence of slavery: “Mariana” (1871), “The case of the stick” (1899) and “Father against mother” (1906). However, there is an erasure of the slave’s personal history as a character. The expression “housekeeper” used to characterize Mariana, a mulatta who lives as if she were one of the family, shows how much the character’s genealogy is extinguished, diluted in belonging to the owner’s house.Keywords: Machado de Assis. Slavery. Tale. Of the house.


2017 ◽  
Vol 10 (22) ◽  
pp. 126-147
Author(s):  
BENITO PETRAGLIA

Resumo Este artigo pretende examinar a paisagem urbana do Rio de Janeiro delineada nas crônicas de A Semana , de Machado de Assis. O tempo, entre 1892 e 1897, é um momento importante na vida da cidade. Manifestam-se os inícios das transformações consumadas na gestão do prefeito Pereira Passos (1902-1906).


2020 ◽  
Vol 13 (29) ◽  
pp. 62-78
Author(s):  
ALEX LARA MARTINS

Resumo Discutem-se as condições editoriais e os critérios de seleção para atribuição de autoria a peças de Machado de Assis. Ao mesmo tempo, apresentam-se razões para se atribuir a Machado de Assis a autoria do ensaio “A imprensa na atualidade”, publicado no Diário do Rio de Janeiro, em 27 de março de 1860. As razões são de ordem biográfica, estilística e comparativa. A crer nas justificativas apresentadas como critérios editoriais de seleção, esta seria a primeira contribuição de Machado para o Diário. O autor recupera e desenvolve teses de alguns artigos publicados anteriormente, sobretudo “O jornal e o livro” e “A reforma pelo jornal”.


Texto Digital ◽  
2017 ◽  
Vol 13 (1) ◽  
pp. 47
Author(s):  
Deise Joelen Tarouco de Freitas

Este é estudo de caso de atribuição de autoria, cujo objeto é o conto Madalena publicado no periódico A marmota, no Rio de Janeiro, em 1859.  A causa da controvérsia sobre a autoria começou pelo fato de Machado de Assis e Manuel Duarte Moreira de Azevedo, ambos colaboradores do jornal à época, utilizarem a mesma assinatura, M. de A. em seus textos. Nosso estudo é baseado na estatística textual e utiliza o programa Hyperbase. Adotamos uma metodologia que combina técnicas e cálculos a fim de abranger o maior número de variáveis focadas nas características estruturais do corpus. Após o estudo comparativo de 37 gráficos e análises em árvore, relativos a um corpus formado por cinco bases de dados, com contos e romances, constatamos que a maioria deles aponta para Moreira de Azevedo como o provável autor de Madalena.


2019 ◽  
Vol 54 (1) ◽  
pp. 85
Author(s):  
Valdemar Valente Junior

Este artigo tem por objetivo detectar elementos que ajudem a entender Dom Casmurro a partir da abordagem de situações que difiram da expectativa contida no projeto literário brasileiro da segunda metade do século XIX. No ambiente limitado ao Rio de Janeiro, essa obra supera a descrição referente a um processo mimético de feição local para aprofundar o aspecto psicológico e os dramas da condição humana. Diante disso, buscamos do mesmo modo detectar a relação que se amplia do âmbito local e do conflito familiar para a universalidade das relações que dizem respeito à crise social brasileira no contexto de transformações políticas que têm efeito na passagem entre os séculos XIX e XX.


2020 ◽  
Vol 13 (29) ◽  
pp. 94-108
Author(s):  
LÚCIA GRANJA

Resumo Este artigo parte de uma homenagem à Marta de Senna como editora da obra de Machado de Assis, atividade na qual se destaca a obstinação e generosidade que levaram essa estudiosa e editora da obra de Machado de Assis à reunião e edição eletrônica da ficção completa do escritor. Tal reunião e estabelecimento de texto da obra completa do escritor havia sido ensaiada várias vezes, mas jamais cumprida. A seguir, partindo de algumas notas da edição de Senna a Dom Casmurro, o artigo propõe uma análise do ressentimento de Bentinho, baseado na mobilidade da personagem pela cidade do Rio de Janeiro.


Gragoatá ◽  
2012 ◽  
Vol 17 (33) ◽  
Author(s):  
Juracy Ignez Assmann Saraiva ◽  
Simone Maria dos Santos Cunha

O texto literário, como manifestação artística, remete ao contexto histórico em que foi produzido. Nesse sentido, as referências espaciais contribuem para a instalação da verossimilhança textual e traduzem significações simbólicas, expressando ritos e valores sociais. Este artigo investiga a sig­nificação que menções a objetos e à espacialidade, presentes em Memórias Póstumas de Brás Cubas, introduzem no romance de Machado de Assis, permitindo depreender aspectos da sociedade ca­rioca do final do século XIX, bem como posições axiológicas por eles conotadas. A partir da análise, conclui-se que Machado de Assis não é um mero descritor de cenários, mas um acurado crítico que, ao inscrever a cidade do Rio de Janeiro em seu romance, se posiciona diante de seu contexto histórico-social e o avalia.


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