Approche intraculturelle destinée à réduire les dommages liés à la dépendance à l’alcool chez les Mbya-Guarani du Rio Grande do Sul, au Brésil

2005 ◽  
Vol 4 (1) ◽  
pp. 175-216 ◽  
Author(s):  
Luciane Ouriques Ferreira ◽  
Carlos Coloma

Résumé Cet article présente une recherche-action réalisée depuis l’année 2000 au sein de l’ethnie mbya-guarani de Rio Grande do Sul, au Brésil. Cette recherche cherche à collaborer avec les programmes développés actuellement pour intervenir sur la consommation excessive de boissons alcooliques et sur ses conséquences, notamment en ce qui concerne l’identification du sujet d’intervention. Traditionnellement, la substance « alcool » était le sujet principal dans la conception des programmes, alors que l’on cherchait à diminuer son accessibilité et sa consommation. Dans ce projet, une perspective ethnographique émique a été adoptée, ce qui a permis d’identifier les modèles explicatifs de la consommation de boissons chez les autochtones guaranis. Un aspect fondamental réside dans la compréhension de la notion de personne et du système médical traditionnel, où la notion d’ « esprit », binaire dans ce cas, a permis de comprendre l’association de l’esprit de l’alcool qui se marie avec l’esprit de nature tellurique de celui qui boit. Dans un sens plus large, l’interprétation sociale explique que les communautés n’ayant pas de maison de guérison (Opy) sont les plus vulnérables, car elles n’ont pas de lien avec le dieu créateur (Ñanderu) qui protège les individus contre les risques de devenir malades ou alcooliques. Face au manque de services de santé adéquats pour prévenir et pour traiter le problème de l’alcoolisme, un réseau de guérisseurs et d’assistants a été développé. Ces personnes agissent dans toutes les communautés et, jusqu’à présent, elles ont réussi à réduire la consommation de boissons par la restitution de l’esprit divin et des réunions communautaires.

Author(s):  
Mirian Benites Falkenberg ◽  
Helena Eri Shimizu ◽  
Ximena Pamela Díaz Bermudez

ABSTRACT Objective: to analyze the social representations of health care of the Mbyá-Guarani ethnic group by multidisciplinary teams from the Special Indigenous Health District in the south coast of Rio Grande do Sul state (Distrito Sanitário Especial Indígena Litoral Sul do Rio Grande do Sul), Brazil. Method: a qualitative method based on the theory of social representations was used. Data were collected via semi-structured interviews with 20 health workers and by participant observation. The interviews were analyzed with ALCESTE software, which conducts a lexical content analysis using quantitative techniques for the treatment of textual data. Results: there were disagreements in the health care concepts and practices between traditional medicine and biomedicine; however, some progress has been achieved in the area of intermedicality. The ethnic boundaries established between health workers and indigenous peoples based on their representations of culture and family, together with the lack of infrastructure and organization of health actions, are perceived as factors that hinder health care in an intercultural context. Conclusion: a new basis for the process of indigenous health care needs to be established by understanding the needs identified and by agreement among individuals, groups, and health professionals via intercultural exchange.


2013 ◽  
Vol 26 (1) ◽  
pp. 42-54 ◽  
Author(s):  
Sergio Baptista da Silva

Neste artigo apresento algumas reflexões oriundas da experiência na elaboração de três relatórios circunstanciados de identifcação e delimitação de terras indígenas no Rio Grande do Sul. Este trabalho surgiu como uma demanda dos Guarani e foi realizado em colaboração com a FUNAI, contando com a participação de um grupo técnico composto por antropólogos, arqueólogos, geógrafos, socioambientalistas, botânicos e zoólogos. O território analisado compreendeu áreas geográfcas ao sul de Porto Alegre, conhecidas como Itapuã, Morro do Coco e Ponta da Formiga, situadas às margens do Lago Guaíba ou da Laguna dos Patos. A partir destas experiências, discutimos neste artigo a territorialidade guarani como uma cosmo-ontológica, enfocando as relações, de um lado, entre corpo e território e, de outro, entre natureza e cultura ou objeto e sujeito, discutindo e problematizando as articulações entre os campos da Antropologia e da Arqueologia, tomando como pano de fundo a cosmologia e a ontologia destes coletivos ameríndios


2020 ◽  
Vol 12 (1) ◽  
Author(s):  
Jorge Tarachuque ◽  
Waldir Souza

Este texto na perspectiva do Sínodo da Amazônia acontece num contexto de extrema relevância tendo em vista a realidade dos graves impactos sociais, econômicos, culturais e ambientais nesta região que compreende nove países da América do Sul. Traz a Igreja e sociedade o desafio de se conhecer mais profundamente os povos originários e as comunidades tradicionais para uma ação efetiva e engajada de solidariedade profética aos Povos Indígenas e aos Povos da Floresta. Neste propósito de conhecer as culturas, opta-se por adentrar na cultura de um desses povos, cujo ethos é caminhar em busca da Terra Sem Males, o povo Mbya Guarani, que pelo próprio modo de ser, marca presença em seus territórios tradicionais, do Rio Grande do Sul ao Espírito Santo, (RS, SC, PR, SP, RJ e ES) e posteriormente chegando também no Pará, além da Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. O povo Mbya Guarani sobreviveu há mais de 500 anos ao projeto colonizador e tem resistido ao projeto neo-colonizador com muita sabedoria. Além disso, pode nos ensinar o Bem Viver onde aconteça o respeito à Mãe Terra, a harmonia e interação do ser humano e a biodiversidade da Casa Comum.


2012 ◽  
Vol 6 (1) ◽  
pp. 97 ◽  
Author(s):  
Roberta Pôrto Marques

Este artigo trata de uma pesquisa acerca dos cachimbos utilizados entre grupos indígenas Mbyá-Guarani de aldeias próximas à cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Com o intuito de estudar o uso do fumo e as práticas do fumar – nos cachimbos (petynguá) – se buscou, através da prática etnográfica, perceber de que maneira e em que medida se dá esse uso e o que ele significa para tais grupos. Traz-se, ainda, referências em trabalhos etnográficos acerca do uso do fumo entre outras etnias ameríndias, a fim de proporcionar certo entendimento de tal temática, no sentido de reforçar a valorização da prática de fumar como parte fundamental da sociocosmologia de muitos grupos ameríndios.


2015 ◽  
Vol 9 (3) ◽  
pp. 147
Author(s):  
Darlan De Mamann Marchi ◽  
Juliani Borchardt da Silva ◽  
Estelamaris Dezordi

O texto que segue é uma síntese de oficina realizada durante a II Semana de Arqueologia da UNICAMP. A atividade congregou a discussão em torno do patrimônio e das identidades na região das Missões no Rio Grande do Sul, dentro de uma abordagem interdisciplinar. Reconhecidas pela UNESCO como patrimônios mundiais em 1983, as ruínas do antigo povoado jesuítico-guarani São Miguel das Missões já possuíam o título de patrimônio nacional desde 1938, o que as torna um atraente espaço para a discussão das implicações das políticas de patrimônio e as confluências e divergências nessa relação com as comunidades. Nas últimas décadas São Miguel das Missões tem acompanhado a ampliação do conceito de patrimônio, englobando questões como o patrimônio imaterial e a atuação de atores, despontando o debate acerca das questões patrimoniais como os Mbyá-Guarani e a prática da medicina tradicional dos benzedores. Nesse contexto, o turismo é um ponto de confluência em todas as abordagens em relação ao patrimônio, assim como as questões identitárias locais, tendo em vista a formação multiétnica da região. 


2015 ◽  
Vol 9 (3) ◽  
pp. 157
Author(s):  
Orestes Jaime Mega

A partir dos dados etnográficos obtidos na aldeia Mbyá-Guarani chamada TekoáTavaí, localizada no município de Cristal, estado do Rio Grande do Sul, realizou- se uma análise a respeito da convivência e sobreposição de historicidades distintas intermediadas por um elemento da paisagem que serve como “símbolo material” para doisgrupos que dividem a paisagem em questão: a brasileira, e a Mbyá-Guarani. Este “símbolo material” se constitui de uma ruína de uma casa que é interpretada de diferentes maneiras a depender da perspectiva cultural. A proposta deste artigo é a de mostrar que um “símbolo material” inserido na paisagem assume tanto um caráter cívico, ligado a eventos históricos, quanto um caráter religioso relacionado a eventos míticos e, assim, pode ser integrado a duas formas diferentes de estruturas de entendimento histórico. 


2016 ◽  
Vol 42 (4) ◽  
pp. 921-935 ◽  
Author(s):  
Beatriz Osorio Stumpf ◽  
Maria Aparecida Bergamaschi

Resumo Historicamente a escola foi imposta aos povos indígenas, por vezes de forma violenta. Porém, quando inserida ao cotidiano das aldeias e conduzida de acordo com os preceitos de cada povo, em muitos aspectos é apropriada por esses coletivos. No processo de construção da escola específica, diferenciada e intercultural, o povo mbyá guarani vive um momento de reflexão acerca dessa instituição educativa. Este artigo aprofunda reflexões sobre o processo de construção da escola a partir de observações e convivências realizadas em aldeias mbyá guarani do Rio Grande do Sul. Por meio de intensa etnografia que registrou vivências, diálogos e reflexões dentro e fora da escola, foram observadas as dimensões da espiritualidade e da afetividade na aprendizagem cognitiva, no desenvolvimento de habilidades e na internalização de valores. Estes elementos são aqui apresentados na forma de um diálogo com a educação proposta pelo paradigma indígena comunitário do Bem viver, mostrados como potencialidades para a construção da escola específica, diferenciada e intercultural. A vida mbyá guarani apresenta elementos vivenciais complexos, presentes nos processos educacionais próprios e consolidam uma continuidade milenar. No entanto, precisam também se constituir como fundamento na construção da escola diferenciada, contribuindo para uma afirmação cultural, junto ao acesso a tecnologias e conhecimentos de outras culturas. A espiritualidade, a sensibilidade, o simbolismo, a vivência e a arte constituem alguns elementos que estão se inserindo na construção da escola mbyá guarani por serem fundamentais na educação desse povo.


Mouseion ◽  
2019 ◽  
pp. 89
Author(s):  
Antonio Carlos Soares

O presente artigo trata de uma casa tradicional Mbyá Guarani, denominada popularmente como casa dos índios, que esteve instalada durante mais de dez anos no pátio do Museu Arqueológico do Rio Grande do Sul – Marsul. Ao narrar a história de vida desta casa, surgem questionamentos acerca da sua natureza. Buscando descrever as relações sociais que envolvem a construção da casa dos índios, a partir da documentação arquivada no Marsul, se recorre aos pressupostos da antropologia perspectivista e da antropologia dos objetos para situar a sua construção e musealização como artefato em um circuito de mercadorias baseado na reciprocidade. Tenta-se conceituar a Casa dos Índios a partir da perspectiva Mbyá, por meio de etnografias específicas, comparando simetricamente os conhecimentos indígena aos conhecimentos modernos ocidentais.


2019 ◽  
Vol 9 (1) ◽  
pp. 95-109
Author(s):  
Helena Amanda Faller Tagarro

Antes, eram donos de toda essa terra; hoje, os povos indígenas precisam lutar para terem suas identidades e direitos reconhecidos; seu território se tornou restrito e imputado pelo Estado, muitas vezes sem levar em consideração a trajetória histórica e cultural e as relações territoriais existentes. O objeto de análise deste trabalho se refere à Região das Missões localizada no Rio Grande do Sul, local onde os missionários espanhóis fundaram seus povoados. A proposta é introduzir o debate acerca da relação dos Mbyá Guarani com o território, apresentando suas características e deslocamentos, o território político e cultural, além de problematizar a participação indígena nos processos de reconhecimento do Patrimônio Cultural Brasileiro na região missioneira.


2017 ◽  
Vol 11 (1) ◽  
pp. 35
Author(s):  
Orestes Jayme Mega

 A proposta deste artigo é a de mostrar a relação existente entre aspectos ambientais da paisagem e aspectos da mitologia Mbyá-Guarani. A pesquisa foi realizada na aldeia Mbyá-Guarani denominada Tekoá Tavaí, localizada no município de Cristal, estado do Rio Grande do Sul. Na pesquisa foi utilizada uma abordagem teórica baseada nas ideias do arqueólogo norte-americano Severin Fowles, que caracteriza a arqueologia como a ciência das “grandes narrativas” (ALBERTI et al, 2011). Como resultado da pesquisa, foi verificado que os Mbyá-Guarani que residem na Tekoá Tavaí entendem as mudanças nas condições ambientais da paisagem em que vivem através da agência de entidades espirituais relacionadas à mitologia Mbyá-Guarani.


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