Este trabalho reflete sobre a reverberação na contemporaneidade do gótico em “O Barba Azul”, compilado por Charles Perrault em 1967, por meio do exame de dois contos – “The glass bottle trick” (2001), de Nalo Hopkinson, e “The last one” (2005), de Robert Coover – e dois filmes – Barbe Bleue (2009), de Catherine Breillat, e Elizabeth harvest (2018), de Sebastian Gutierrez. Investiga-se a hipótese de que, ainda que narrativas pós-modernas promovam transgressões com relação ao texto tradicional, o conflito de poder entre as personagens permanece mais ou menos inalterado. A discussão do artigo tem como suporte a noção de adaptação (HUTCHEON, 2013), interpretações mitológicas e psicanalíticas (ESTES, 1999; TATAR, 2004; CORSO e CORSO, 2006; BETTLEHEIM, 2010) e os estudos sobre reinterpretações pós-modernas de contos de fadas (BACCHILEGA, 1997, 2013).