Comunicação e Sociedade
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Published By "Centro De Estudos De Comunicacao E Sociedade, Universidade Minho"

2183-3575, 1645-2089

2021 ◽  
Vol 40 ◽  
pp. 53-69
Author(s):  
Andreu Casero-Ripollés

O surto da covid-19 é um acontecimento altamente perturbador na nossa sociedade e as suas consequências têm afetado diferentes domínios sociais. O nosso objetivo é analisar o seu impacto no jornalismo de uma forma multidisciplinar e abrangente. Pretendemos identificar as principais alterações e mudanças que o surto do coronavírus provocou. A metodologia baseia-se na técnica da análise qualitativa de dados secundários, tendo como referência o caso da Espanha durante o primeiro período da pandemia. Os resultados permitem a identificação de efeitos positivos e negativos em cinco áreas: consumo de notícias, modelos de negócio, condições de trabalho, desinformação e relações com os atores políticos. Estas descobertas revelam que o covid-19 tem tido um impacto considerável no jornalismo. Esta incidência é ambivalente, pois tem efeitos tanto positivos como negativos que afectam diferentes aspectos deste domínio. O aumento do consumo de notícias e a promoção de novos formatos e produtos informativos, tais como infografias ou boletins informativos, são as principais consequências positivas. Por outro lado, o enfraquecimento dos modelos de negócio devido à redução das receitas publicitárias, a deterioração das condições de trabalho dos jornalistas, o reforço dos mecanismos de controlo político sobre os meios de comunicação, e o aumento da desinformação são os principais efeitos negativos.


2021 ◽  
Vol 40 ◽  
pp. 247-267
Author(s):  
Rafaela Granja
Keyword(s):  

Nos últimos anos, a supervisão de ofensores nas comunidades tem-se vindo a constituir como uma nova faceta da paisagem penal na maioria dos países ocidentais, assistindo-se ao seu crescimento em escala, alcance e intensidade. Em Portugal, a par das penas e medidas na comunidade e das penas de prisão, destaca-se a vigilância eletrónica como forma de monitorizar ofensores. Este instrumento penal é associado a elevadas expectativas criadas por discursos políticos e mensagens mediáticas que retratam a vigilância eletrónica como um instrumento que permite reduzir a sobrelotação e a pressão sobre o sistema prisional e os custos associados. Ao mesmo tempo, também é argumentado que, ao manter os ofensores na comunidade, a vigilância eletrónica favorece igualmente a manutenção dos laços sociais, evita os potenciais efeitos criminógenos da prisão e facilita os processos de ressocialização. Neste artigo, inspirando-me nos estudos sociais da ciência e tecnologia e nos estudos da vigilância, exploro as implicações invisibilizadas do tecno-otimismo em torno da vigilância eletrónica em Portugal. Por via de análise documental, baseada em audições parlamentares, peças jornalísticas, artigos de opinião, relatórios oficiais e literatura científica, reflito sobre a forma como o tecno-otimismo tem invisibilizado a ampliação da malha penal; implicado a cooptação da família na esfera penal e a transmutação do espaço doméstico num espaço de reclusão; e, no que concerne à violência doméstica, a caracterização deste flagelo social como tendo uma solução tecnocientífica, estreitando, assim, o debate público sobre a sua prevenção.


2021 ◽  
Vol 40 ◽  
pp. 7-14
Author(s):  
Felisbela Lopes ◽  
Rita Araújo ◽  
Peter Schulz

São inúmeras as reflexões que podem ser feitas neste contexto de disseminação do SARS-CoV-2. Esta edição dedicada a “Comunicar em Saúde em Tempos de Pandemia” apresenta artigos que oferecem uma visão sistémica daquilo que foi a comunicação e o jornalismo em período pandémico, nomeadamente durante o primeiro ano de disseminação do vírus SARS-CoV-2.


2021 ◽  
Vol 40 ◽  
pp. 33-52
Author(s):  
Carla Martins ◽  
Isabel Ferin Cunha ◽  
Ana Cabrera
Keyword(s):  

A pandemia de covid-19, declarada pela Organização Mundial de Saúde a 11 de março de 2020, teve um impacto imediato no quotidiano das sociedades globalizadas. No ocidente, a doença desafiou a democracia e as liberdades individuais e cívicas, ao mesmo tempo que demonstrou a centralidade do Estado e dos governos na gestão da crise. Para a concretização das orientações emanadas pelos responsáveis políticos, foram centrais as estratégias e dispositivos comunicacionais de executivos governamentais e autoridades sanitárias, assim como a sua capacidade para influenciar a agenda dos media dominantes. Este artigo objetiva refletir sobre as estratégias de comunicação utilizadas pelo governo português na gestão da crise e os seus reflexos na cobertura jornalística televisiva, analisada a partir de um estudo empírico que incide sobre os 3 primeiros meses da propagação do vírus em Portugal. Utiliza-se uma metodologia de análise de conteúdo, quantitativa e qualitativa, com base em categorias unívocas pré-determinadas sistematizadas no programa Excel. Inicia-se a exposição apresentando alguns elementos de enquadramento político, social e comunicacional que envolvem o desenrolar da pandemia ao longo do ano de 2020, no mundo e em Portugal. Em seguida, sintetizam-se tendências e estratégias de comunicação de organizações internacionais e nacionais. Por fim, os resultados da análise empírica são apresentados, discutidos e interpretados da perspetiva das estratégias de comunicação das instituições de saúde pública sobre a cobertura jornalística da pandemia.


2021 ◽  
Vol 40 ◽  
pp. 149-167
Author(s):  
Cheng Cheng ◽  
Rita Espanha

Since the coronavirus disease (covid-19) was declared a public health emergency of international concern by the World Health Organization in January 2020, it has led to the loss of millions of human lives and a global economic recession. Recently, there has been a recognized need for effective health communication via social media to deliver accurate information and promote pertinent behavioral change. Thus, this study provides a systematic review to explore what has been done, what conflicts exist, and what knowledge gap remains in terms of social media use during the covid-19 wave, indicating relevant communication strategies. This research is based on 76 relevant papers taken from searches on the Web of Science and Google Scholar. The analysis revealed that much of the literature confirms the positive effect of social media on information propagation and promotion of precautions in the control of covid-19. The spreading of rumors, especially about government performance, in social media is clearly of increasing concern. Currently, heated debate continues about the association between exposure to social media and public mental health. Another fiercely debated question is whether rumors are shared more widely than fact-checking information. Up to date, far too little attention has been paid to information disparities and vulnerable groups on social media.


2021 ◽  
Vol 40 ◽  
pp. 109-128
Author(s):  
Sandra Pinto ◽  
Eunice Oliveira ◽  
Elsa Costa e Silva

Apresentada como um importante instrumento no combate à progressão da pandemia de covid-19, desde que foi mencionada pela primeira vez nos media, a aplicação Stayaway Covid manteve-se em cena no panorama mediático nacional, tendo originado cerca de 1.400 notícias em 2020. Este assinalável volume de notícias justifica-se não só pela potencial relevância desta tecnologia em contexto de pandemia, mas também pelas polémicas que se levantaram na opinião pública e nos media. De forma a contribuir para a compreensão da cobertura noticiosa da aplicação, foram analisadas as fontes de uma amostra de 182 notícias de imprensa, rádio e televisão com referência à Stayaway Covid, distinguindo as que focam as controvérsias da privacidade e da obrigatoriedade das que não o fazem. Os resultados evidenciam que, neste caso de controvérsia em saúde pública, os especialistas não assumiram o protagonismo, tendo os políticos tido um papel mais preponderante a alimentar a polémica, sobretudo no que diz respeito à intenção de tornar a aplicação obrigatória.


2021 ◽  
Vol 40 ◽  
pp. 71-90
Author(s):  
Gladys Adriana Espinel-Rubio ◽  
Raúl Prada-Núñez ◽  
Kelly Giovanna Muñoz Balcázar ◽  
César Augusto Hernández Suárez

This article identifies the routines and working practices of women journalists from Colombia and Venezuela in the framework of the health emergency caused by covid-19 in the countries where they work. It is a quantitative research at a descriptive cross-sectional level in which an instrument made up of 26 questions organized into five categories of analysis was used. Categories include family–work relationship, working life, and health and well-being, and the questionnaire was applied to 110 professionals from Colombia and Venezuela. It was found that the compulsory confinement hastened the insertion of journalists in the use of information and communication technologies, applications, and software for content production. Although they were already working in digital media, they had to develop new skills in this field. For 47% of them, their working hours were extended for more than 3 hours a day, which for 79% represents family tensions, given that 38% have underage children or older adults under their care. However, during the confinement, their participation in the formation of public opinion was also expanded through their personal social networks, incorporating corruption issues and citizen complaints. Regarding their routines, it is concluded that the pandemic transformed access to information sources, newsrooms, and, therefore, the dynamics of news production, so we are faced with a new way of doing journalism that puts reporting and ethics into tension with information and communication technologies.


2021 ◽  
Vol 40 ◽  
pp. 129-148
Author(s):  
Gil Baptista Ferreira

As plataformas de media sociais são há muito reconhecidas como grandes disseminadoras de desinformação sobre saúde. Estudos anteriores encontraram uma associação positiva entre a utilização dos media sociais como fonte principal de informação e a aceitação de formas de desinformação, como teorias da conspiração. Encontra-se ainda descrita a associação entre atitudes populistas e a valorização da informação através dos media sociais. A partir de um questionário aplicado a 242 respondentes após o primeiro estado de emergência da pandemia da covid-19 (março de 2020), em Portugal, o presente estudo possui como objetivo identificar antecedentes e pré-requisitos da crença em desinformação. Os dados obtidos sugerem que indivíduos com sentimentos populistas possuem menor confiança em estratégias institucionais de combate à pandemia, privilegiam os media sociais como fonte de informação e revelam uma maior aceitação de teorias da conspiração sobre a doença. A ligação, documentada na literatura, entre crença em teorias da conspiração e comportamentos de risco, recomenda a adoção de medidas de combate aos fatores de desinformação.


2021 ◽  
Vol 40 ◽  
pp. 207-223
Author(s):  
Jorge Veríssimo

Partindo da constatação de que o storytelling adquiriu uma nova centralidade nas estratégias publicitárias, cujo sucesso pode ser explicado pela crescente importância da comunicação de marca em detrimento da publicidade unidirecional do produto (Baynast & Lendrevie, 2014; Baynast et al., 2018; Kotler & Keller, 2015; Rossiter et al., 2018); pelo efeito da evolução tecnológica que permitiu que os vídeos publicitários deixassem a exclusividade da televisão e passassem a estar disponíveis nos canais de vídeo da internet, como o YouTube (Cardoso et al., 2017; Laurence, 2018; Zamudio, 2016); e por vivermos numa sociedade hedónica que privilegia as emoções e as gratificações sensoriais e que, simultaneamente, elege o cidadão comum como protagonista (Escalada, 2016; Laurence, 2018; Rossiter et al. 2018), este texto pretende evidenciar que a riqueza comunicacional do storytelling em publicidade tem na retórica clássica alguns dos vieses científicos em que assenta, nomeadamente: (a) na verossimilhança da história, que surge por estar sustentada numa narrativa do quotidiano, com conteúdos de “valor humano” e com o recurso a “pessoas” reais (Ballester & Sabiote, 2016; Escalada, 2016; Laurence, 2018; Panarese & Villegas, 2018); (b) na evidência do pathos, que advém, principalmente das emoções que a história gera nas audiências (Ballester & Sabiote, 2016; Laurence, 2018; Panarese & Villegas, 2018; Salmon, 2016); (c) na relevância do ethos, que surge da confiabilidade do autor/credibilidade da marca (Laurence, 2018; Panarese & Villegas, 2018).


2021 ◽  
Vol 40 ◽  
pp. 169-187
Author(s):  
Gisela Gonçalves ◽  
Valeriano Piñeiro-Naval ◽  
Bianca Persici Toniolo

Numa situação de emergência sanitária, o grau de cumprimento público das ordens governamentais das autoridades de saúde pode afetar grandemente o curso da pandemia. Partindo do pressuposto que o (in)cumprimento das recomendações das autoridades está diretamente ligado à confiança nas fontes de informação, neste artigo, discutimos o caso concreto da comunicação governamental de Portugal durante o início da segunda vaga da doença. No contexto de uma investigação internacional da rede European Public Relations Education and Research Association Com-Covid, foi aplicado um inquérito online a 460 cidadãos portugueses entre 7 de outubro e 11 de novembro de 2020. Para este trabalho analisamos uma secção do inquérito com questões relativas às fontes de informação que inspiram maior confiança junto da população portuguesa e à opinião dos portugueses sobre a gestão da comunicação do governo. Os inquéritos foram codificados e inseridos no software estatístico SPSS. O estudo concluiu que sobressai uma perceção positiva sobre a comunicação governamental entre os inquiridos, mas que os portugueses consideram os atores do campo da saúde fontes de informação mais confiáveis do que os media ou as autoridades governamentais. Em relação à questão de género, concluiu-se que as mulheres confiam mais no governo e que têm também melhor opinião sobre a comunicação das autoridades. No que concerne à idade, verificou-se serem os jovens quem mais confia nas autoridades e nos media, ao mesmo tempo que são os mais críticos do desempenho do governo na gestão comunicacional da crise. De maneira geral, os inquiridos demonstraram pouca confiança nas redes sociais digitais e nos influenciadores digitais como fonte de informação sobre a covid-19, sendo que quanto maior é o grau académico menor é a confiança dos inquiridos nos influencers e nas redes sociais digitais.


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