Síntese Revista de Filosofia
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Published By Faculdade Jesuita De Filosofia E Teologia €“ Faje

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2021 ◽  
Vol 48 (152) ◽  
pp. 749
Author(s):  
Luiz Adriano Gonçalves Borges

Este texto mapeia o início do debate em torno do movimento transumanista na Inglaterra, do início até meados do século XX, buscando perceber seus principais argumentos. Para isso analisamos os escritos de autores como Julian Huxley, Haldane e Bernal, que foram os fundadores do transumanismo contemporâneo, contrapondo com as ideias de Tolkien, Lewis e Michael Polanyi, autores que trafegaram intelectualmente por Oxford e que eram críticos do movimento. Lewis e Tolkien procuraram tratar das implicações do pensamento transumanista através principalmente de suas ficções (mas também em cartas e outros textos), ilustrando de maneira mais clara para o grande público as possíveis consequências desse movimento. Polanyi, enquanto filósofo da ciência, partindo de sua experiência como cientista, pensou no contexto maior dos objetivos desse movimento e do progresso da ciência, se preocupando também com a planificação da ciência e do estabelecimento de uma tecnocracia. Os defensores do transumanismo defendiam que os avanços da ciência e da tecnologia deveriam ser empregados para superar as limitações da natureza humana. Já os críticos argumentavam em favor da cautela, uma vez que as mudanças poderiam ser para pior, sem chances de voltar atrás e viam com ceticismo o progresso tecnológico. Assim, analisar esses debates nos ajuda a compreender o desenvolvimento da ciência e tecnologia no período e nos permite perceber os embates éticos adjacentes, bem como as inter-relações entre estes campos e a sociedade, num período de amplo desenvolvimento tecnológico e novas possibilidades científicas de melhoramento da biologia humana.


2021 ◽  
Vol 48 (152) ◽  
pp. 695
Author(s):  
Wendell Evangelista Soares Lopes
Keyword(s):  

O presente ensaio mostra como, a partir de dois eixos de argumentação, um, lógico-ontológico, e o outro, teológico, Hans Jonas, filósofo judeu-alemão, constrói um conceito de Deus que em seu cerne representa conseqüentemente uma base para a expurgação – isto é, o fim – de toda teodiceia. Como se sabe, a teodiceia sempre lançou mão de duas respostas fundamentais: a lógica da culpabilidade e a do sacrifício. Estas foram sempre respostas ao problema do mal. Mas o evento de Auschwitz romperia em definitivo com tais soluções. Não há motivos para tamanho mal, pois aí não há culpabilidade, nem mártires; trata-se de um acontecimento de magnitude única e incompreensível. Face ao horror de Auschwitz , Jonas reflete sobre um mito que ele próprio elaborara inicialmente como resposta à questão da imortalidade, mas que mais tarde ele utilizará para pensar a questão abissal da teodiceia. O que Jonas extrai de seu mito, nesta nova direção, é a ideia de um Deus em vir-a-ser, sofredor, e preocupado. Do “Fundamento do ser, ou o Divino” assim pensado já não se pode dizer que seja onipotente, e uma tal imagem oferece a resposta à questão da teodiceia: de um Deus impotente não se pode mais dizer que é responsável. O resultado não pode ser outro senão o non-sense de qualquer intento de condenação do Divino pela realidade do mal.


2021 ◽  
Vol 48 (152) ◽  
pp. 601
Author(s):  
Wellistony Carvalho Viana

O debate sobre a metafísica da pessoa adquiriu destaque na filosofia analítica nas últimas décadas. Isso é explicado por vários fatores, entre eles o antigo e sempre novo interesse em querer obter a resposta para a pergunta: quem sou eu? No cenário atual, o debate acerca do status ontológico da pessoa tem sido realizado por vários tipos de teorias, desde dualistas até as diversas versões do fisicalismo. O grande problema do debate constitui a pressuposição de uma ontologia geral e semântica não explicitadas ou incoerentes. No presente artigo, apresentamos a teoria holístico-configuracional de pessoa (THC) da Filosofia Estrutural-Sistemática (FES). A característica básica desta posição consiste na abordagem da pessoa num quadro teórico mais abrangente, no qual mente e corpo são vistos como dimensões interconectadas de um todo. De fato, estados mentais e físicos pertencem à dimensão oniabrangente do Ser como tal e em seu todo, o que revela uma nova perspectiva capaz de dissolver o impasse clássico da interação mente-cérebro.


2021 ◽  
Vol 48 (152) ◽  
pp. 779
Author(s):  
Murilo Mariano Vilaça
Keyword(s):  

No presente artigo, apresento e analiso criticamente os argumentos de Michael Sandel contra os usos não terapêuticos (ou melhoradores) da engenharia genética. Parto de considerações sobre algumas tendências presentes no debate bioético (seção 1) e do delineamento da vertente bioconservadora/antimelhoramento (seção 2), à qual Sandel está associado. Após, destaco o modo como ele utiliza o conceito de dádiva para criticar a perfeição/o melhoramento, aplicando-o a dois casos específicos, melhoramento genético de atletas e da descendência, retórica sobre a qual faço algumas ponderações críticas (seção 3). Com base nestas, concluo que o conceito de dádiva não é adequado para sustentar uma proscrição moral do biomelhoramento humano em sociedades livres e pluralistas.


2021 ◽  
Vol 48 (152) ◽  
pp. 873
Author(s):  
José Renato De Castro Cesar

Trata-se de uma análise critica da obra de Boaventura de Sousa Santos, contextualizando a sua crítica ao positivismo das ciências do ponto de vista da Teologia Católica.


2021 ◽  
Vol 48 (152) ◽  
pp. 725
Author(s):  
Andrea Luisa Bucchile Faggion

The recent debate between John Finnis and Joseph Raz on the existence of a general prima facie moral obligation to obey positive laws is a major contribution to a classical topic in legal and political philosophy. In this paper, I argue that Raz’s normal justification thesis and Finnis’s doctrine of “determinatio,” inherited from Aquinas, complement each other, shedding light on how norms grounded in social facts can give rise to particular moral obligations independently of their content. However, I argue that this on its own does not explain the possibility of a general moral obligation to obey the law, that is, the notion that everyone has a prima facie moral obligation to obey every law that applies to them.


2021 ◽  
Vol 48 (152) ◽  
pp. 807
Author(s):  
Cleber Ranieri Ribas De Almeida

Neste artigo proponho-me reconstituir a trajetória etimológica, filológica e experiencial do conceito de humanitas desde sua origem estoica no Círculo Cipiônico até sua assimilação pela tradição imperial panegírica augustana. O propósito é compreender porque, desde a origem, tal conceito apresenta um núcleo semântico de significação inconstante, volátil e aberto. Tal indeterminação semântica, como tentarei provar, adveio do progressivo processo de degeneração das representações mitopoéticas do homem em favor de uma compreensão noética. Posteriormente, esta compreensão noética fora assimilada pelo gênio estoico-romano na forma de uma representação alegórica (allegoresis) cujo conteúdo semântico tornara-se meramente linguístico e autorreferente. Os símbolos da experiência foram assim reduzidos a meros jogos de linguagem. Nesta lógica, a compreensão do conceito de humanitas em sua origem depende menos de uma investigação acerca das evidências filológicas quanto ao uso da palavra nos textos canônicos e mais de uma investigação acerca das experiências que possibilitaram a formação de uma consciência da unidade simbólica da humanidade enquanto grandeza política de referência.


2021 ◽  
Vol 48 (152) ◽  
pp. 673
Author(s):  
André Luiz Bentes ◽  
Vinicius Carvalho Da Silva

Nesse artigo analisamos como a filosofia natural de Leibniz contesta o cânone do espaço absoluto, defendendo a relatividade dos corpos em movimento e a natureza ideal do espaço e do tempo. Argumentamos que o postulado relativístico leibniziano não somente antecipou, mas também preparou, em termos conceituais mais amplos, as bases filosóficas para a elaboração do princípio da relatividade, tal como formulado por Einstein.


2021 ◽  
Vol 48 (152) ◽  
pp. 625
Author(s):  
Louis de Freitas Richard Blanchet

A interpretação apresentada nesse artigo defende que ideias que têm como conteúdo a noção de extensão, mesmo as mais abstratas, não podem existir no pensamento puro sem a participação da substância extensa. Elas dependem da união com o corpo. A dimensão ontológica da teoria das ideias de Descartes é central para a compreensão desse artigo. Essa teoria está presente na prova da existência de Deus da Terceira Meditação. Segundo essa prova, todas as ideias têm uma causa que as faz existir enquanto ideias. A análise dos critérios que permitem propor que uma determinada coisa é a causa da existência de uma ideia permitirá decidir se ideias cujo conteúdo envolve a extensão podem ser causadas pelo pensamento puro. Segundo a presente interpretação, um dos critérios indispensáveis para a determinação da causa da existência das ideias é o da igualdade de natureza entre a causa e o efeito. Se o critério de igualdade de natureza estiver presente no sistema filosófico cartesiano, as ideias que envolvem alguma noção de corpo, sejam sensações, ideias geométricas ou mesmo a noção de extensão, dependerão do concurso da substância extensa para que sua existência seja causada.


2021 ◽  
Vol 48 (152) ◽  
pp. 841
Author(s):  
Cesar Augusto Mathias de Alencar

Este estudo pretende apresentar uma interpretação acerca da concepção de discurso que explica e justifica a atuação textual e midiática de Olavo de Carvalho, tendo como ponto de partida sua obra sobre a pretendida teoria dos quatro discursos em Aristóteles. A partir da demonstração de que não se trata de uma interpretação decididamente aristotélica, constatamos ser necessário considerá-la como uma reflexão programática de Carvalho sobre certo uso do discurso para fins políticos, que chamo de retórica erística, e cuja intenção se define pelo estabelecimento do saber e do livre debate de ideias como inescapáveis à lógica persuasiva do embate erístico, aquele em que o que conta é vencer o debate sem precisar ter razão. Essa intenção é confirmada pelo cotejo com as obras mais decisivas ao tipo de exercício de poder pretendido pelo autor, e que nos esclarecem sua satisfação em insuflar o impedimento do debate por via dupla: a de forjar, para seus leitores, uma impressão de que possuem a verdade que os situa acima das intelectualidades de todo tipo; e a de, por conta dessa impressão, atomizá-los na verborragia de sua opinião única. O efeito pedagógico dessa retórica erística é imbuir seus alunos de uma missão política, claramente circunscrita ao ódio pelo comunismo e pela verdade enquanto nascida não do silêncio individual, mas do diálogo entre interessados pelo saber.


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