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Published By Universidade Federal De Minas Gerais - Pro-Reitoria De Pesquisa

2525-3263

Indisciplinar ◽  
2020 ◽  
Vol 6 (2) ◽  
pp. 366-387
Author(s):  
Luana Andrade ◽  
Luciana Borre

Na genealogia do processo artístico Barcos Possíveis – inicialmente uma série de barquinhos de papel feitos com panfletos recolhidos no centro da cidade (Recife, Pernambuco) tendo como desdobramento a performance Oficina Rápida e Gratuita de Como Fazer? Barcos de Papel – estão algumas ficções que envolvem o tema das travessias. Uma delas é a do escritor brasileiro João Guimarães Rosa, A Terceira Margem do Rio. Nesse conto, publicado em 1962, um homem decide encomendar uma pequena canoa para então viver à deriva nas águas de um rio. Essa travessia, endereçada a lugar nenhum (ou especificamente a um não-lugar), suscita todo tipo de incompreensibilidade na criação de uma margem inexistente. É possível acessar, através de Foucault (2013), um pensamento voltado a este tipo de espacialidade, essencialmente outra, quando ele amplia o conceito de heterotopia – uma utopia realizada – aplicando-o ao espaço. Partindo de um diálogo entre os dois autores, este texto pretende fazer ressoar na escrita parte da investigação artística que consiste no questionamento: como produzir e habitar terceiras margens? Para isso, traçamos uma topografia dos espaços/ margens que integram o mapa desta poética, ou seja, por onde transitam geograficamente e conceitualmente os Barcos Possíveis.


Indisciplinar ◽  
2020 ◽  
Vol 6 (2) ◽  
pp. 126-149
Author(s):  
Ana Luisa Ennes Murta

Diante de uma recorrência cada vez mais frequente a noções de utopia e distopia, este artigo busca tensionarrelações possíveis entreconceitos geralmente tidos como opostos. Num primeiro momento, promoveremos um debate que busca desambiguar as formas que a utopia passou a conformar desde sua criação, destacando um gênero literário poucas vezes aludido. A partir dessas elucidações, dedicaremos maior atenção à Utopiamoreana, com o objetivo de evidenciar uma série de aspectos disciplinadores representados na obra. Elementos estes que, apesar de soarem pouco agradáveis ao leitor contemporâneo, também serão problematizados e entendidos em contexto.


Indisciplinar ◽  
2020 ◽  
Vol 6 (2) ◽  
pp. 212-233
Author(s):  
Giancarlo Marques Carraro Machado ◽  
Leonardo Brandão
Keyword(s):  

O presente texto apresenta, num primeiro momento, as implicações em torno do conceito de direito à cidade, tal como originalmente proposto por Henri Lefebvre (1968), na condição de uma utopia experimental, isto é, de uma reivindicação que fomenta resistências diante das forças que se estabelecem na produção capitalista das cidades. Em seguida é feita uma ponderação em torno das contradições do conceito, o qual tem sido tanto um denominador comum de lutas sociais quanto também cooptado por agentes vinculados ao gerenciamento neoliberal dos espaços urbanos. Apesar do caráter multifacetado do direito à cidade, o texto chama a atenção para perspectivas citadinas que permitem preencher um suposto significante vazio que permeia o conceito em tela. Dialogase, assim, com Michel Agier (2015), autor que pontua a importância de se considerar o fazercidade, ou seja, os movimentos que são incitados pelos impactos causados pelo gerenciamento da cidade como mercadoria e que, por conseguinte, são impulsionados por um apelo: o da cidade como um mito perdido, um horizonte inatingível. O texto finaliza com descrições etnográficas sobre os movimentos do fazer-cidade a fim de revelar como certas práticas e experiências urbanas – notadamente, a prática do skate de rua – constituem-se como uma utopia citadina frente aos gerenciamentos e governanças que são feitas dos espaços públicos e privados de São Paulo, cidade onde foram realizadas as investigações.


Indisciplinar ◽  
2020 ◽  
Vol 6 (2) ◽  
pp. 234-253
Author(s):  
Yara Coelho Neves ◽  
Jessica Rossone Alves

Na perspectiva do mundo capitalista ocidental, a pandemia do novo coronavírus escancarou e potencializou as desigualdades deste modelo de sociedade. Na conjuntura brasileira, em um momento de caos político e econômico, agravam-se as disparidades sociais e a lógica segregacionista do espaço urbano, em um momento no qual anseios utópicos transformamse em realidades distópicas. Debruçadas majoritariamente sobre escritos de mulheres e observando a atual conjuntura, discutimos as cidades a partir da perspectiva do corpo feminino, que foi historicamente aprisionado e relegado ao espaço privado. Observamos que a relação entre tal aprisionamento e a privatização da terra reflete-se ainda hoje nas cidades e na apropriação destas por nós, mulheres. Ao interseccionar a problemática de gênero com a racial, notamos que as mulheres negras acabam sendo as mais afetadas pela atual estrutura social, pois ocupam majoritariamente os espaços de exploração e subjugação. Nesse sentido, questionamos como podemos nos apropriar dos espaços urbanos, se ainda estamos lutando para nos apropriar de nossos próprios corpos.


Indisciplinar ◽  
2020 ◽  
Vol 6 (2) ◽  
pp. 278-299
Author(s):  
Thais Bhanthumchinda Portela ◽  
Alessandra Soares de Moura ◽  
Larissa Dantas Rocha ◽  
Marcelo Silva Ferreira ◽  
Matheus Caldas Tanajura ◽  
...  

Utopias e distopias são gêneros literários, seguidos por outros, que estabelecem relações expressivas e dão sentido e forma ao espaço topológico da Natureza. Essas relações se dão pela coordenação de coordenações entre as ações do conversar, emocionar e imagear entre seres humanos. Tais ações humanas coimplicadas também criam espaços virtuais e/ ou cibernéticos que acumulam e fazem coexistir sentidos históricos múltiplos, tornando complexo o tempo presente. Neste momento esses espaços apresentam riscos iminentes aos seres vivos e não vivos e a administração da eikonomia, pela arte e pela economia, não oferece uma solução viável à manutenção da vida. Propõe-se, aqui, um caminhar ético.


Indisciplinar ◽  
2020 ◽  
Vol 6 (2) ◽  
pp. 300-325
Author(s):  
Luiz Eduardo Minks Pereira ◽  
Marcos Sardá Vieira
Keyword(s):  

Da mesma maneira que a cidade da era industrial foi concebida por intermédio da estrutura de dominação masculina e cis-heteropatriarcal, o acesso e usufruto das áreas centrais para as atividades de lazer refletem, ainda hoje, essa condição privilegiada nos modos de apropriação e segregação do espaço urbano. Ao mesmo tempo, revelam preconceitos e regulamentações morais contra grupos dissidentes, que são contraditórios à proposição de cidades mais democráticas. Diante dessa problemática, procuramos analisar as interações e representações sociais permeadas por expressões de gênero e sexualidades presentes no espaço urbano e nas atividades de lazer noturno da área central de Erechim, cidade localizada ao norte do estado do Rio Grande do Sul. Com esse objetivo, organizamos a pesquisa qualitativa e interdisciplinar através de referencial teórico e levantamento de campo, utilizando o método de observação não participante, diário de campo e o mapeamento da área de estudos. Com base nas referências de contextualização e caracterização urbana de Erechim, partimos do pressuposto que a presença de grupos e indivíduos contra-hegemônicos à condição branca e cis-heteropatriarcal dominante é potencialmente hostilizada e não representativa no espaço público e nos estabelecimentos comerciais. Por outro lado, as supostas imoralidades que atendem aos desejos de homens cisgêneros, entre diferentes atividades de lazer recreativo e sexual, estão permanentemente representadas na área central e espetacular dessa média cidade.


Indisciplinar ◽  
2020 ◽  
Vol 6 (2) ◽  
pp. 150-165
Author(s):  
Larissa Napoli
Keyword(s):  

Esse trabalho procura, em um primeiro momento, demonstrar como a produção arquitetônica no século XX tem uma forte relação com o conceito de “utopia projetista” proposto por Russell Jacoby em sua obra “Imagem Imperfeita: Pensamento Utópico para uma Época Antiutópica”. Revela a importância da utopia para o campo da arquitetura e urbanismo desde seu apogeu com o Movimento Moderno até o ostracismo do pensamento utópico na pós-modernidade.Em contraponto, relaciona a categoria elaborada por Jacoby de “utopia iconoclasta”, com a hipótese de transformação de uma realidade repressiva em uma realidade não-repressiva a partir de uma interpretação de Herbert Marcuse das concepções da teoria freudiana. Demonstra como a transformação das pulsões é necessária para a construção de uma realidade emancipatória. Por fim,busca caminhos para um reencontro do campo disciplinar da arquitetura e do urbanismo com o pensamento utópico, por meio de um deslocamento da prática “projetista” para uma produção que se aproprie da imaginação arquitetônica para construir uma utopia iconoclasta.


Indisciplinar ◽  
2020 ◽  
Vol 6 (2) ◽  
pp. 56-67
Author(s):  
Marcos Fábio de Faria
Keyword(s):  
Fox News ◽  

O cheiro de arroto de comida azeda empesteando, à mesma vez, o início e fim do mundo fazia do ciclo do ciclo terreno uma desculpa bem meia boca e, naquela hora, em que o mundo derretia na acidez da névoa mesclada ao aquecimento global, cujos estadunidenses botavam a culpa em qualquer potência bem firmada ao leste do mundo, coisa de Rússia ou China ou uma das Coreias, diziam em rede aberta, das sociais à Fox News, antes da perda de todos, mas todos, sinais de ondas propagadas dentro e fora do globo. O falho, estando mais para tecnológico, porque se as ondas das estrelas seguem em vida muitos e muitos anos depois, não seria a explosão do mundo, e não do universo, que daria o fim a elas. Nenhum norte americano vivente na parte de cima do muro fronteiriço entre as Américas do Norte diria da culpa de seus eletrônicos made In qualquer nação asiática, mas das ondas apagadas por algum, como diziam, terrorista iraniano, iraquiano ou de um desses países que, provavelmente, deveriam fazer divisa com o Líbano, numa resposta irmã à explosão de nitrato de amônio do porto de Beirute. O cheiro do fim do mundo estava impregnado antes de tudo acabar enquanto todos esperavam a virada de tempo anunciado nas trombetas apocalípticas descritas nas Revelações de São João. Ou quase todo mundo.


Indisciplinar ◽  
2020 ◽  
Vol 6 (2) ◽  
pp. 104-125
Author(s):  
Sabrina Ramos Gomes
Keyword(s):  

Este artigo busca analisar duas obras de relevância Frankenstein (1831) e Os Despossuídos (1974)de duas escritoras da ficção científicaMary Shelley e Ursula K. Le Guinassim como estas autoras se situam nesse gênero e no campo literário. Primeiramente traça-se um breve histórico biográfico de ambas em seus contextos e no gênero ficção científica. Para realizar tal recorte usaremos as obras originais de ambas e dados biográficos contidos nestas. O presente trabalho tem o intuito de ressaltar o caráter de crítica social de ambas as obras que usam da metáfora típica da ficção científica com seus mundos imaginários, utopias distópicas para questionar o status quo da sociedade na qual as autoras estão inseridas.Ressalta-se também a importância das autoras como representantes femininas em um gênero literário marcado por uma forte presença masculina, no qual muitas vezes a presença feminina era vista de forma negativa.Além disso, busca-se ressaltar o papel da leitura de fruição, intimamente ligada ao gênero da ficção cientifica, como uma leitura que também pode ser crítica, principalmente no que tange ao papel da ciência. Para tanto usaremos os conceitos de Todorov (2009) Michele Petit (2010) Alberto  Manguel (1997), Umberto Eco (2011), Thomas Clareson (1981), Hellen Merrick (2009) e Adam Roberts (2009) além do disposto nas próprias obras analisadas.O presente artigo não busca uma análise histórica comparativa das autoras, é proposto, todavia, pensar em como mesmas separadas pelo tempo ambas autoras levam a reflexão sobre a forma como a ciência é percebida.


Indisciplinar ◽  
2020 ◽  
Vol 6 (2) ◽  
pp. 166-185
Author(s):  
Alice Costa Murad
Keyword(s):  

Cidades e suas arquiteturas permitem leituras diversas sobre como utopias e distopias se manifestam nas experiências urbanas. Com essa perspectiva, este ensaio apresenta uma discussão sobre o tema a partir da Casa Kaufmann, emblemático projeto do arquiteto modernista Richard Neutra no final dos anos 1940, situado na cidade de Palm Springs, Califórnia. Ao observamos o projeto no contexto social da cidade, é possível identificar utopias e distopias que se estabelecem a partir de diferentes vivências e visões de mundo. Para este fim, o texto apresenta inicialmente as motivações da família Kaufmann e as intenções do arquiteto na construção de uma casa no deserto, aspirando viver o assim chamado California Dream – Sonho Californiano. Considerando especificamente o recorte comparativo entre lazer e mão de obra, o texto em seguida discute esse enfoque na cidade de Palm Springs no pós-guerra, trazendo as bases para uma posterior leitura da utopia/distopia presente na cidade, apoiada em análises de particularidades do projeto da Casa Kaufmann. O ensaio conclui observando que utopia e distopia podem ocorrer de modo simultâneo e complementar, num fluxo contínuo ao longo dos anos.


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