scholarly journals Transgressão e utopia: Fausto na estética de Ernst Bloch

Author(s):  
Ubiratane de Morais Rodrigues
Keyword(s):  

O objetivo deste artigo é apresentar a transgressão como uma categoria dialética fundamental da filosofia de Ernst Bloch. Para isso, partimos da interpretação original de Bloch sobre o Fausto de Goethe. A relação estabelecida entre Filosofia e Literatura nas análises do Fausto revela que a conceituação de Fausto como figura-modelo da transgressão é a pedra angular, na literatura, capaz de movimentar uma reflexão estética sobre as potencialidades utópicas da arte.  

2019 ◽  
Vol 11 (3) ◽  
pp. 139-155
Author(s):  
Marta Maria Aragão Maciel

Resumo: O presente texto objetiva uma abordagem, no interior do pensamento de Ernst Bloch (1885/1977), acerca da relação entre marxismo e utopia: um vínculo incomum no interior do marxismo, comumente tido numa oposição inconciliável. Daí a apropriação do termo “herético” em referência ao marxismo do autor alemão: a expressão é usada não em sentido pejorativo, mas apenas para situar seu distanciamento do marxismo vulgar, bem como sua intenção de crítica radical dessa tradição. Aqui entendemos que é, em particular, por meio da relação entre marxismo e utopia que o pensamento de Ernst Bloch aparece como um projeto inelutavelmente político com vistas a uma filosofia da práxis concreta na principal obra do autor: O Princípio esperança (Das Prinzip Hoffnung) [1954/1959]. Neste livro encontramos, com efeito, a tentativa de pensar a atualidade do marxismo para o contexto do século XX, a era das catástrofes, conforme definição do historiador Eric Hobsbawm. Palavras-chave: Marxismo. Utopia. Dialética. Crítica social. Cultura.  Abstract: This paper presents an approach within the thinking of Ernst Bloch (1885/1977) about the relation between Marxism and Utopia: an unusual link within Marxism, commonly held in an irreconcilable opposition. Hence the appropriation of the term "heretical" in reference to the German author's Marxism: the expression is used not in a pejorative sense, but only to situate its distancing from vulgar Marxism, as well as its intention of a radical critique of this tradition. Here we understand that it is particularly through the relationship between Marxism and Utopia that Ernst Bloch's thought appears as an ineluctably political project with a view to a philosophy of concrete praxis in the principal work of the author: The Principle Hope (Das Prinzip Hoffnung) [1954/1959]. In this book we find, in effect, the attempt to think the actuality of Marxism in the context of the age of catastrophe - as defined by Eric Hobsbawm - that is, the long twentieth century that experienced the extreme barbarism of the concentration camp, of which the thinker in question, Jewish and Communist, managed to escape.  Keywords: Marxism. Utopia. Dialectics. Social criticismo. Culture. REFERÊNCIAS   ALBORNOZ, Suzana. O enigma da Esperança: Ernst Bloch e as margens da história do espírito. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.   ALBORNOZ, Suzana. Ética e utopia: ensaio sobre Ernst Bloch. 2ª edição. Porto Alegre: Movimento; Santa Cruz do Sul: EdUSC, 2006.  BICCA, Luiz. Marxismo e liberdade. São Paulo: Loyola, 1987.  BLOCH, Ernst. Filosofia del Rinascimento. Trad. it. de Gabriella Bonacchi e Katia Tannenbaum. Bologna: il Mulino, 1981.     BLOCH, Ernst. Héritage de ce temps. Trad. Jean Lacoste. Paris: Payot, 1978.  BLOCH, Ernst. O Princípio Esperança [1954-1959]. Vol. I.  Trad. br. Nélio Schneider. Rio de Janeiro: EdUERJ; Contraponto, 2005.   BLOCH, Ernst. O Princípio Esperança [1954-1959]. Vol. II. Trad. br. Werner Fuchs. Rio de Janeiro: EdUERJ; Contraponto, 2006.   BLOCH, Ernst. O Princípio Esperança [1954-1959]. Vol. III. Trad. br. Nélio Schneider. Rio de Janeiro: EdUERJ; Contraponto, 2006.  BLOCH, Ernst. Du rêve à l’utopie: Entretiens philosophiques. Textos escolhidos e prefaciados por Arno Münster. Paris: Hermann, 2016.  BLOCH, Ernst. Thomas Münzer, Teólogo da Revolução [1963]. Trad. br. Vamireh Chacon e Celeste Aída Galeão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1973.  BLOCH, Ernst. L’esprit de l’utopie, [1918-1023]. Trad. fr. de Anne Marie Lang e Catherine Tiron-Audard. Paris: Gallimard, 1977.  BLOCH, Ernst. El pensamiento de Hegel. Trad. esp. de Wenceslao Roces. Mexico; Buenos Aires: Fondo de Cultura Economica, 1963.   BOURETZ, Pierre. Testemunhas do futuro: filosofia e messianismo. Trad. J. Guinsburg. São Paulo: Perspectiva, 2011, p. 690.  FREUD, Sigmund. Los sueños [1900-1901]. Trad. Luis Lopez-Ballesteros et al., Madrid: Biblioteca Nueva, 1981.  FREUD, Sigmund. A Interpretação dos sonhos. Vol. I. Trad. Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 2006.  HORKHEIMER, Max. Filosofia e teoria crítica. In: Textos escolhidos. Trad. de José Lino Grünnewald. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. 155 (Coleção Os Pensadores.). MÜNSTER, Arno. Ernst Bloch: filosofia da práxis e utopia concreta. São Paulo: UNESP, 1993.     MÜNSTER, Arno. Utopia, Messianismo e Apocalipse nas primeiras de Ernst Bloch. Trad. br. de Flávio Beno Siebeneichler. São Paulo: UNESP, 1997.  PIRON-AUDARD, Catherine. Anthropologie marxiste et psychanalyse selon Ernst Bloch. In: RAULET, Gérard (org.). Utopie-marxisme selon Ernst Bloch: un système de l'inconstructible. Payot: Paris, 1976. VIEIRA, Antonio Rufino. Princípio esperança e a “herança intacta do marxismo” em Ernst Bloch. In: Anais do 5° Coloquio Internacional Marx-Engels. Campinas: CEMARX/Unicamp. Disponível em: <www.unicamp.br / cemarx_v_coloquio_arquivos_arquivos /comunicacoes/gt1/sessao6/Antonio_Rufi no.pdf>.  VIEIRA, Antonio Rufino. Marxismo e libertação: estudos sobre Ernst Bloch e Enrique Dussel. São Leopoldo: Nova Harmonia, 2010.  RAULET, Gérard (Organizador). Utopie - marxisme selon Ernst Bloch: un sistème de l’inconstructible. Paris: Payot, 1976.  ZECCHI, Stefano. Ernest Bloch: Utopia y Esperanza en el Comunismo [1974]. Trad. esp. de Enric Pérez Nadal, Barcellona: Península, 1978.  


Theoria ◽  
2020 ◽  
Vol 67 (162) ◽  
pp. 117-126
Author(s):  
David James ◽  
Bahareh Ebne Alian ◽  
Jean Terrier

The Actual and the Rational: Hegel and Objective Spirit, by Jean-François Kervégan. Translated by Daniela Ginsburg and Martin Shuster. Chicago: University of Chicago Press, 2018. xxiii + 384 pp.Avicenna and the Aristotelian Left, by Ernst Bloch. Translated by Loren Goldman and Peter Thompson. New York: Columbia University Press, 2019. xxvi +109 pp.Critique of Forms of Life, by Rahel Jaeggi. Translated by Ciaran Cronin. Cambridge, MA: Belknap Press of Harvard University Press, 2018. xx + 395 pp.


1966 ◽  
Vol 21 (1) ◽  
pp. 3-21 ◽  
Author(s):  
Pierre Furter
Keyword(s):  

2019 ◽  
Vol 6 (2) ◽  
pp. 190-209
Author(s):  
Jeong Eun Annabel We

This article argues that the spirit of Bandung’s relevance in a time of resurgent fascist mobilization is in the new logic of movement that the 1955 Afro-Asian conference in Bandung, Indonesia espoused. The critiques of liberal humanism and its relation to fascism by Ernst Bloch, Takeuchi Yoshimi, and Aimé Césaire reveal that an underlying problem of coloniality and movement remain in current paradigm of liberalism. The article situates conceptual reworkings of colonial-fascist movement by the thinkers Takeuchi Yoshimi, Frantz Fanon, and Ch’oe In-Hun within the trajectory of the spirit of Bandung. Through this engagement, the article argues that the spirit of Bandung has called for revolutionary movement beyond the grids of colonial mobility in the transpacific.


2019 ◽  
Author(s):  
Hanna Gekle

The history of mental development on the one and the history of his writings on the other hand form the two separate but essentially intertwined strands of an archeology of Ernst Bloch´s thought undertaken in this book. Bloch as a philosopher is peculiar in that his initial access to thought rose from the depths of early, painful experience. To give expression to this experience, he not only needed to develop new categories, but first and foremost had to find words for it: the experience of the uncanny and the abysmal, of which he tells in Spuren, is on the level of philosophical theory juxtaposed by the “Dunkel des gerade gelebten Augenblicks” (darkness of the moment just lived) and his discovery of a “Noch-nicht-Bewusstes” (not-yet-conscious), thus metaphysically undermining the classical Oedipus complex in the succession of Freud. In this book, psyche, work and the history of the 20th century appear concentrated in Ernst Bloch the philosopher and contemporary witness, who paid tribute to these supra-individual powers in his work as much as he hoped to transgress them.


2016 ◽  
Vol 21 (1) ◽  
pp. 189
Author(s):  
Ubiratane Morais Rodrigues
Keyword(s):  

Este artigo objetiva apresentar a utopia no horizonte estético de Ernst Bloch e T.W. Adorno A partir da abordagem dialética do Princípio Esperança (Das Prinzip Hoffnung) e da Teoria Estética (Ästhetische Theorie). Parti-se da origem e dos desdobramentos dos conceitos de Pré-Aparência (Vor-Schein) e Enigma (Rätsel) e suas relações com a utopia. A noção pré-aparência (Vor-Schein) está intimamente ligada aos sonhos acordados que são os modeladores da arte. Como modelador da arte, os sonhos diurnos antecipam um mundo melhor que a arte antecipa pela Pré-Aparência (Vor-Schein) do visível. Em Adorno, partimos da relação entre o conteúdo de verdade e Enigma (Rätsel) para encontrar um nexo entre esta relação e a utopia. Assim, nossa hipótese interpretativa é que no horizonte estético de Bloch e Adorno a utopia aproxima estes dois filósofos.


2021 ◽  
Vol 37 ◽  
Author(s):  
CAROLINE PACIEVITCH
Keyword(s):  

RESUMO: Este texto explora discursos de professores de histoire-géographie sobre a docência em História expressos em editoriais de duas revistas publicadas por associações docentes francesas: Historiens & Géographes e Les Clionautes (1998-2016). Problematizam-se as utopias políticas e educacionais percebidas nesses documentos, a fim de complexificar o olhar sobre os discursos que percorrem a formação de professores de História. Foram selecionados os editoriais que tratavam sobre formação de professores de História, destacando os que, de alguma maneira, expressavam utopias político-educacionais. Utopias são entendidas como narrativas fundadas em crítica ao tempo presente e que projetam futuros melhores, na esteira do Princípio Esperança de Ernst Bloch. A análise permitiu identificar diversas categoriais, sendo que, neste artigo, o foco é na didática e no papel da História no futuro dos estudantes. Dialogar com as revistas francesas, escritas por professores de histoire-géographie da educação básica, evidenciou que o foco nas utopias torna pouco importantes as dicotomias entre história e ensino. Conclui-se que, quando professores de História são provocados a falar sobre seus sonhos, perspectivas e responsabilidades profissionais, a atenção se desloca da repetição dos enunciados mais frequentes em direção a outros percursos, sempre inéditos, provocados pelos encontros com os estudantes e a história, na vida da sala de aula.


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