scholarly journals “Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça”

2020 ◽  
Vol 32 (2) ◽  
pp. 250-279
Author(s):  
Diego Santos Vieira de Jesus ◽  
Daniel Kamlot ◽  
Veranise Jacubowski Correia Dubeux ◽  
Patricia Cerqueira Reis ◽  
Diogo Tavares Robaina

Com base predominantemente na obra de Reis (2018) acerca da construção de marcas de cidades e na teoria performativa de gênero desenvolvida por Butler (1990), o objetivo é examinar a performatividade da mulher na identidade, na imagem e na reputação da Marca Rio entre 2016 e 2018. O argumento central aponta que, nas manifestações das evidências físicas e simbólicas da identidade da Marca Rio, a mulher é objetificada em face do agravamento da violência contra o gênero feminino na cidade no período em foco. A violência física fica clara no aumento de casos de feminicídio e de violência doméstica contra a mulher, enquanto a violência simbólica evidencia-se na participação marginal das mulheres no mercado de trabalho – no qual permanecem mal remuneradas e concentradas em funções menos valorizadas –; na sub-representação na formulação de políticas públicas no Rio de Janeiro e nas representações culturais sexualizadas da cidade, apesar da maior participação feminina na dimensão sociocultural da identidade carioca. Na imagem da cidade – formada pelos esforços de comunicação da e sobre a marca Rio –, ainda que se tenha uma maior atenção ao gênero feminino nas comunicações de serviços públicos e de engajamento, perpetua-se a quase invisibilidade da mulher nas comunicações de negócios. Os estereótipos generificados e objetificantes que situam a mulher em posições subalternas são gradualmente questionados nas comunicações de visibilidade internacional e de opinião pública, mas tais comunicações ainda se mostram incapazes de contribuir para uma efetiva eliminação de estruturas patriarcais e misóginas vigentes na cidade. Diante do desempenho insatisfatório do Rio de Janeiro no que diz respeito à igualdade de gênero, a reputação da cidade acaba sendo prejudicada quando comparada às avaliações internacionais de outras marcas de cidades. Neste recorte, verifica-se que a construção da identidade e da imagem da Marca Rio, em vários aspectos, é um processo generificado que associa o Rio de Janeiro a um status quo de manutenção e reprodução da desigualdade de gênero na cidade.. PALAVRAS-CHAVE: Marca de cidade. Rio de Janeiro. Gênero.

1997 ◽  
Vol 20 ◽  
pp. 39-53
Author(s):  
Marcelo Lopes de Souza

Governability is quite ofien used as an "umbrella concept", under which both the capacity of governance (manner in which power is exercised in the management of a territory) and the governability in the strict sense of the word (acceptation of the social and political status quo by the people) are subsumed. The first part of this article underlies the difference between these two concepts The second part examines facts in relation to governance and governability problems in Rio de Janeiro, and discusses some ideologically generated current exaggerations about the governability crisis in this metropolis, as suggested by the experience of the 1980s and 1990s.


2008 ◽  
Vol 24 (10) ◽  
pp. 2289-2300 ◽  
Author(s):  
Claudia Leite de Moraes ◽  
Paulo Cavalcante Apratto Júnior ◽  
Michael Eduardo Reichenheim

O objetivo do estudo é estimar a prevalência da violência física contra idosos no ambiente doméstico em população adstrita ao Programa Médico de Família de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. Por meio de um inquérito de base populacional, foram entrevistados 322 indivíduos com 60 anos ou mais, selecionados através de amostragem aleatória simples a partir do censo de idosos adstritos a seis equipes de saúde da família. Para detecção de violência física contra idosos, utilizou-se a versão em português da Conflict Tactics Scales (CTS1). A violência física de qualquer gravidade foi relatada por 10,1% (IC95%: 6,7; 13,4) dos entrevistados, enquanto que 7,9% (IC95%: 4,9; 10,8) referiram ter sido vítimas de violência física grave no ano anterior à entrevista. A violência esteve mais presente entre os mais novos, os que moram com maior número de indivíduos, os com história de diabetes e/ou doença articular. A grande magnitude do evento, sua maior prevalência entre indivíduos que apresentam outras vulnerabilidades e suas conseqüências negativas à saúde impõem que a Estratégia Saúde da Família incorpore ações para o enfrentamento da violência física contra idosos às suas atividades de rotina.


2008 ◽  
Vol 11 (2) ◽  
pp. 187-194 ◽  
Author(s):  
Sueli Bulhões da Silva ◽  
Antonio Carlos de Oliveira

Este artigo discute os resultados de uma pesquisa que objetivou mapear a produção discente (dissertações e teses) no âmbito da violência doméstica, entre 1990 e 2006, em programas de pós-graduação em Serviço Social, Psicologia e Saúde Pública de instituições localizadas no estado do Rio de Janeiro. O estudo, centrado na análise de tendências, avanços e lacunas da referida produção, revelou a prevalência de pesquisas voltadas para o segmento infanto-juvenil, a mudança de foco da caracterização do fenômeno para a discussão de sua dinâmica, e o reduzido número de trabalhos sobre idosos.


2021 ◽  
Vol 18 ◽  
pp. 1
Author(s):  
Paulo Arthur Silva Aleixo ◽  
Eline Maria Mora Pereira Caixeta

Durante os primeiros anos da década de 1960, no período que permeia o golpe militar no Brasil, houve um momento singular em que os profissionais das artes e da arquitetura estiveram interessados em sair de suas estritas esferas, posicionando-se politicamente ao repensar a produção cultural e visando estreitar a relação com as camadas populares e mudar a situação estabelecida. Nesse contexto, dentre diversos agentes, pode-se recortar os nomes da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi (Roma, 1914 – São Paulo, 1992) e do artista carioca Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, 1937 – Rio de Janeiro, 1980) como protagonistas na construção de um pensamento que buscou, sobretudo, caminhos para questionar o status quo. Atuando em lugares distintos e pertencentes a diferentes gerações e campos de atuação, suas trajetórias em nenhuma ocasião se cruzaram, apesar de apresentarem uma forte afinidade de convicções. Sendo assim, este trabalho busca mobilizar uma reflexão acerca das interlocuções entre as produções de Bo Bardi e de Oiticica com a cultura popular, reconhecendo essa aproximação como uma forma de resistência à difícil realidade do Brasil durante a ditadura militar. Para tanto, determinadas atividades desenvolvidas são colocadas em uma mesma perspectiva e analisadas,objetivando contribuir para a imagem de um potente fenômeno cultural que lutou por um maiorengajamento social e político.


2015 ◽  
Vol 23 (2) ◽  
pp. 124-131 ◽  
Author(s):  
Antonio Augusto Pinto Junior ◽  
Vicente Cassepp-Borges ◽  
Janielly Gonçalves dos Santos

ResumoObjetivou-se caracterizar os tipos de violência doméstica infantil e as estratégias de intervenção no município de Volta Redonda, no Estado do Rio de Janeiro, no período de 2008 a 2012, por meio da análise dos prontuários de atendimento do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS). Foram identificados 210 prontuários, e todas as informações neles contidas foram consideradas para traçar o perfil dos envolvidos, a caracterização da violência e as intervenções adotadas. Foram realizadas análises descritivas de frequência dos dados levantados. Os resultados apontam que a violência sexual, a violência física e a negligência foram as mais reportadas, representando 29,0% do total de prontuários analisados. Os agressores, em sua maioria, eram do sexo masculino e na faixa etária de 31 a 40 anos, e as vítimas, majoritariamente do sexo feminino e na faixa dos 14 aos 18 anos. As condições socioeconômicas das famílias eram precárias, sendo que muitas (24,3%) viviam com renda de até um salário mínimo. Como medidas de intervenção, as vítimas foram encaminhadas para psicoterapia individual (23,3%), e o agressor, para atendimento psicossocial (28,7%). Conclui-se que, ao se conhecer esse tipo de violência no município, o delineamento das ações eficazes de prevenção e de assistência às vítimas pode ser estruturado.


Geo UERJ ◽  
2020 ◽  
pp. e47270
Author(s):  
Arícia Fernandes Correia
Keyword(s):  
De Novo ◽  
Ex Post ◽  

A Lei Federal n. 13.465/2017 expressamente dispensa a intervenção do legislador local para a aplicabilidade imediata de seus preceitos, tornando despicienda em tese a atuação do legislador local. Ocorre que a lei federal traça normas gerais (i) cujas especificidades, em matéria de regularização fundiária para a população de baixa renda, já estão disciplinadas pelo parlamentar municipal carioca e (ii) cujas potencialidades, em matéria de regularização fundiária para a população de média e alta renda, podem ser exploradas diante das especificidades locais e dos princípios constitucionais de direito urbanístico que o informam, de modo que torna sua regulamentação local, por lei formal, um valioso instrumento de Política Urbana. A regulamentação municipal da nova lei federal sobre regularização fundiária urbana passa a ser um desafio também para que (i) o planejamento urbano  ex ante  não seja convertido em convalidação da ilegalidade urbana ex post  e (ii) se promova uma regularização fundiária urbana sustentável capaz de gerar uma cidade supostamente menos iníqua e desigual, já que sua aplicação acrítica tende a provocar concentração fundiária, o que concorreria justamente para o quadro fático oposto ao que dela se espera, e (iii) se promova a mudança do status quo ante e não sua mera legitimação estatal. Por outro lado, nada obsta que desde logo se verifique como o anteprojeto de novo Plano Diretor da Cidade do Rio de Janeiro deve cuidar do tema da regularização fundiária urbana, diante das diretrizes gerais ditadas pelo marco regulatório nacional.


2019 ◽  
Vol 17 (2) ◽  
pp. 184
Author(s):  
Marlise D'Icarahy ◽  
Rita Maria Manso de Barros ◽  
Lucia Maria De Freitas Perez ◽  
Andréa Martello
Keyword(s):  

A experiência de encarceramento precoce, frequentemente agravada por violências impetradas, desde o momento da apreensão, tanto por agentes do Estado quanto por anônimos transeuntes e estendida ao interior de instituições públicas, é relatada por inúmeros adolescentes que cumprem medida socioeducativa em meio fechado no Rio de Janeiro. As estatísticas dessa macabra violência permanecem subestimadas. Neste perverso cenário instituído, como a Psicologia, a Psicanálise e a Arte podem contribuir para a elaboração subjetiva dos socioeducandos que vivenciaram tão poderosos traumas, bem como para a transformação de tão cruel status quo?


2017 ◽  
Vol 4 (9) ◽  
pp. 41-50
Author(s):  
Michael Hermann

Este trabalho foi desenvolvido durante uma experiência profissional dentro de uma delegacia de polícia – instituição esta que, no final da década de 90, passou por várias reformas não só dentro do seu aparato administrativo, mas na sua concepção de como a mesma vê a violência e suas causas. Os novos profissionais policiais capacitados e preparados vêm com esta concepção, porém,  ainda maculada com as velhas práticas repressoras e burocráticas da própria instituição. Com essa  mudança, vem à inclusão dos profissionais não policiais, constituídos em sua maioria por assistentes sociais, psicólogos e pedagogos, que primeiramente não são incorporados nos quadros da polícia estadual, mas fazem parte de um projeto que gerou tais modificações dentro do aparato da segurança pública no Estado do Rio de Janeiro. Tal projeto se denomina Programa Delegacia Legal, em que o grupo gestor do mesmo não quer que o projeto seja passageiro, fruto de um momento conjuntural e político, mas quer que ele faça parte do organograma que constituí o sistema de segurança pública de fato. Dentro da “delegacia legal” há a constituição de uma equipe de profissionais – policiais ou não – prontos para atender a população que necessita de demandas que ultrapassam a natureza criminal. As demandas que fogem ao objeto do inquérito policial são ainda desprezadas por muitos profissionais policiais, e gera conflitos com os demais profissionais não policiais – que são capacitados a atenderem tais demandas. Este trabalho expõe as formas de como estas equipes são constituídas dentro de uma delegacia de polícia, e mostra como é possível formar uma equipe – constituída de profissionais policiais e não policiais –  que trabalhe de uma forma interdisciplinar, atendendo assim a  todas as demandas e encaminhamentos posteriores, mesmo com todas as dificuldades institucionais e com a correlação de forças presente.


2014 ◽  
Vol 1 (1) ◽  
Author(s):  
Andrea Catalina León ◽  
Gabriela Stellet

O presente trabalho, a partir da revisão bibliográ- fica e hos de violência doméstica e da análise dos órgãos encarregados de proteger as mulheres, concentra-se no estudo das políticas públicas voltadas para a prevenção da violência contra as mulheres, partindo da experiência do Estado do Rio de Janeiro. Focada em estratégias de intervenção para homens autores de violência, a aplicação da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) traz à tona a discussão sobre o diálogo e cruzamento de políticas públicas implementadas pelos Poderes Judiciário e Executivo, além da iniciativa privada, no âmbito da segurança pública, e o fluxo de significados em torno dos conflitos que envolvem violência contra as mulheres, observáveis nas práticas que concretizam as políticas judiciárias. Foca-se, igualmente, na estimula- ção de ações que compreendam a complexidade das relações de gênero e a necessidade de incorporação de estratégias preventivas, e não exclusivamente da política penitenciária com ênfase na instituição prisional, no contexto da gestão das políticas públicas com enfoque no tema “justiça e gênero”. Interessa, assim, procurar respostas a algumas questões específicas que norteiam, por sua vez, o problema principal: quais são os crité- rios jurídico-processuais utilizados e as práticas desenvolvidas pelos juízes ao encaminharem os homens autores de violência contra as mulheres para os serviços de responsabilização e educa- ção nos diferentes casos? Como se desenvolve na prática o diálogo dos juízes com os diferentes atores e setores envolvidos na implantação das medidas socioeducativas para os autores de violência doméstica? Ligado às reflexões sobre o fenômeno da expansão do direito penal (GARLAND, 2001) e usando as contribuições teóricas que levam em consideração a perspectiva de gênero na análise da criminalização da violência de gênero (LARRAURI, 1991, 2004; MAQUEDA, 2008; SOARES, 1999; GREGORI, 1992; RIFIOTIS, 2012), o estudo propõe discutir a aplicabilidade da justiça restaurativa em casos de violência de gênero, seguindo as propostas conceituais que conjugam as noções de apoio, reparação e participação das partes envolvidas e da comunidade (MACCOLD; WACHTEL, 2003). Aliás, examina se as medidas socioeducativas, enquanto decorrentes da intervenção punitiva estatal, têm a virtualidade de promover a efetivação de direitos e a transformação dos padrões socioculturais de gênero, levando em consideração os debates atuais sobre a judicialização das relações sociais (WERNECK et al., 1999; NEVES, 2012; CARDOSO, 2012), o poder simbólico do Direito (BOURDIEU, 1990) e seu impacto no cotidiano das relações de gênero e familiares (COOK, 2010; WEST, 2000; DE SOUZA, 2008). Visando responder tais indagações, a pesquisa de campo em andamento, está sendo utilizada de maneira fundamental, de modo a analisar, na prática, o funcionamento dos Juizados especializados em casos que envolvem violência de gênero.


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