Este livro investiga o papel exercido por Mário de Andrade como crítico literário em sua epistolografia para escritores(as) mineiros(as), de diferentes grupos e gerações, tais como Carlos Drummond de Andrade e Martins de Almeida; Henriqueta Lisboa e Oneyda Alvarenga; Fernando Sabino e Alphonsus de Guimaraens Filho, entre outros. Percebe-se que os escritores, ainda que acatassem as sugestões mariodeandradianas e, em grande medida, as colocassem em prática na confecção do texto literário, mantinham, ao mesmo tempo, uma postura crítica e autônoma em relação aos apontamentos que recebiam. Desenvolve-se o conceito de carta-crítica, fundamental para as leituras aqui empreendidas, a fim de delinear como Mário, por meio de sua “sinceridade”, procurava orientar seus correspondentes. Procura-se demonstrar que o meio epistolar funcionou como uma espécie de laboratório tanto para o escritor paulista quanto para os jovens que dele se aproximavam, pois nas cartas se encontram a gênese de obras e, sobretudo, discussões profícuas sobre o fazer literário, a arte, o papel do intelectual e o do próprio crítico. Ao final, fica demonstrado o valor literário e histórico-cultural imbuído nessa vasta correspondência, que, seguramente, agrega novos sentidos à memória literária brasileira.