scholarly journals PSICOLOGIA ESCOLAR E PERSISTÊNCIAS DO COLONIALISMO NO COTIDIANO EDUCACIONAL

2021 ◽  
Vol 25 ◽  
Author(s):  
Flávia Maria Cavallo Pfeil ◽  
Maria Helena Rodrigues Navas Zamora

RESUMO O presente artigo tem como proposta refletir sobre alguns efeitos das persistências colonialistas na educação. Colocando em questão a hegemonia cultural imposta pelo eurocentrismo, intrinsecamente racista e reproduzida nas instituições educacionais, foram analisadas algumas de suas implicações no processo de ensino/aprendizagem e sociabilidade de estudantes da educação básica da rede pública de ensino no Brasil. Para tanto, traçamos algumas das linhas de força que constituem e sustentam a lógica educacional vigente, a partir da interlocução com Gregório Baremblitt, René Lourau e Michel Foucault, assim como estudiosos dos impactos de processos violentos de colonização, como Frantz Fanon, Anibal Quijano, Catherine Walsh, Vera Candau e Paulo Freire e, ainda, autores que tratam de historiografar a educação pública no Brasil, como Gaudêncio Frigotto. Esta análise deflagra a colonialidade que constitui nossa educação escolar, contribuindo para a superação de abordagens psicológicas individualizantes no ambiente escolar.

Perspectiva ◽  
2012 ◽  
Vol 30 (2) ◽  
pp. 499-520 ◽  
Author(s):  
Marcos Reigota

No presente artigo, são apresentadas algumas questões, acontecimentos e autores quecontribuíram para a Educação Ambiental se constituir como campo (na definição deBourdieu) no espaço científico brasileiro e internacional. Num segundo momento, aEducação Ambiental é analisada como campo emergente, que se encontra defrontadacom a concepção hegemônica neoliberal, competitiva e produtivista de ciência e,portanto, antagônica ao ideário ecologista que originou e identifica as “educaçõesambientais” (Rodrigo Barchi). Entre os autores que colaboram com a argumentação doautor, encontram-se Álvaro Vieira Pinto, Paulo Freire, Jean Ladrière, Isabelle Stengers,Pierre Bourdieu e Michel Foucault. A diversidade epistemológica entre esses autoresse justifica, pois o autor do artigo procurar explicitar um itinerário pessoal de leiturasao longo de sua trajetória que coincide com o momento histórico da emergência daEducação Ambiental como campo.


2009 ◽  
Vol 39 (136) ◽  
pp. 225-242 ◽  
Author(s):  
Maria Manuela Alves Garcia
Keyword(s):  

O trabalho discute o funcionamento de pedagogias e didáticas que se denominam críticas e progressistas no governo da conduta dos docentes críticos e intelectuais educacionais de esquerda, no Brasil das décadas finais do século passado. Apropriando-se das investigações de Michel Foucault acerca da ética e dos modos de subjetivação, explora as formas de trabalho ético e a moralidade da conduta pedagógica e docente instituídas no país pelas pedagogias críticas em algumas vertentes do discurso pedagógico brasileiro, como no pensamento de Paulo Freire, e também no pensamento de Dermeval Saviani, do início dos oitenta, dividindo as lutas do campo intelectual da educação brasileira a esse tempo. Dá ênfase a uma descrição da tecnologia pedagógica crítica posta em exercício por essas pedagogias nos cursos de formação docente em nível superior e em outros níveis de ensino, que alia a fabricação de uma moral pastoral e ascética implicada no esclarecimento das consciências e exercícios centrados em uma hermenêutica do eu que tem como característica, entre outras, a decifração de si.


2008 ◽  
Vol 13 (39) ◽  
pp. 470-482 ◽  
Author(s):  
Reinaldo Matias Fleuri

O pensamento de Michel Foucault ajuda-nos a compreender os dispositivos de poder disciplinar vigentes na organização escolar que promovem a sujeição dos indivíduos. Ajuda-nos também a entender os processos de resistência expressos por vezes em ações de rebeldia individual ou coletiva. O artigo busca entender - pela óptica da complexidade (Gregory Bateson) e na perspectiva pedagógica de Paulo Freire e de Céléstin Freinet - como trabalhar com as manifestações de rebeldia, na direção de uma prática educativa emancipatória, dialógica e democrática. As práticas de transgressão podem constituir as bases para processos educativos que superem as relações de saber-poder disciplinar, na medida em que forem assumidas coletivamente (consolidando relações de reciprocidade e solidariedade) e ativamente (cultivando a diversidade de iniciativas e interações). Para isso, é preciso desvencilhá-la do caráter de delinqüência que lhe é impingido pelo sistema examinatório de vigilância e sanção.


1999 ◽  
Vol 69 (2) ◽  
pp. 150-172 ◽  
Author(s):  
Ramon Flecha

In this article, Ramón Flecha discusses the growth of racism in modern-day Europe and the challenges it poses for education and educators. The author distinguishes between two kinds of racism: an older, modern racism and a newer, postmodern racism. The former is based on arguments of inequality and the existence of inferior or superior ethnicities and races. The latter holds that ethnicities and races are neither inferior nor superior; they are merely different. It emphasizes the impossibility of equitable dialogue among different races and ethnicities to establish common rules for living together. Although a tradition of anti-racist education exists in Europe, educators often do not have the intellectual and educational tools to combat this form of racism. Flecha suggests that educators have tried to combat racism by developing anti-racist pedagogies that use the relativist approach advocated by contemporary thinkers such as Michel Foucault and Jacques Derrida. He argues that this approach challenges modern racism but actually promotes postmodern racism. Drawing from works of dialogic theorists such as Paulo Freire and Jürgen Habermas, Flecha recommends instead that educators use the dialogic approach, which emphasizes the need for equal rights among all people, to develop effective anti-racist pedagogies that can deal simultaneously with both forms of racism.


2020 ◽  
Vol 14 ◽  
pp. 3561089
Author(s):  
Francikely Da Cunha Bandeira ◽  
Maria Lígia Isídio Alves ◽  
Gildivan Francisco das Neves

BOOK REVIEW/RESENHA/RESEÑA [BRUTSCHER, Volmir José; SCOCUGLIA, Afonso Celso. Discursos da educação popular contemporânea: encontros com Michel Foucault e Paulo Freire. João Pessoa, PB: Editora da UFPB, 2017. 304 p.]Palavras-chave: Educação popular, Michel Foucault, Paulo Freire.Keywords: Popular education.Palabras claves: Educación popular.e3561089


2019 ◽  
Vol 24 (4) ◽  
pp. 680-690
Author(s):  
Brigitte Vasallo

Monogamy is not a practice, but a system and a way of thinking. The monogamous mind extends from our romantic relationships with our national identities in a historic development linked to capitalism and colonialism. Monogamy is the latest step in the binary sex-gender system and must be observed as a part of it. Following the works of, among others, Michel Foucault, Arthur Evans, and Silvia Federici, as well as Frantz Fanon and Cedric Rodinson in colonialism, we can observe how the implementation of compulsory monogamy took place and where. Also, which are the key points to observe when we analyse forms of non-monogamy in the Occidental context.


2002 ◽  
Vol 6 (2) ◽  
pp. 53-66 ◽  
Author(s):  
John O'NEILL
Keyword(s):  

Résumé À partir des œuvres de Frantz Fanon et de Paulo Freiré, on analyse la libération du langage comme un des processus essentiels et souvent méconnus des mouvements de décolonisation. L'expérience vécue et la création d'une culture nationale libérée, autant que la violence révolutionnaire, contribuent à la transformation en profondeur des structures et des mentalités. L'ignorance étant un instrument de domination, il n'existe aucune garantie certaine que le libérateur libère effectivement, si elle n'est pas surmontée.


2016 ◽  
Vol 35 (1) ◽  
pp. 71-90 ◽  
Author(s):  
Daniele Lorenzini ◽  
Martina Tazzioli

This article puts Michel Foucault and Frantz Fanon into dialogue in order to explore the relationships between the constitution of subjects and the production of truth in modern Western societies as well as in colonial spaces. Firstly, it takes into account Foucault’s analysis of confessional practices and the effects of subjection, objectivation, and subjectivation generated by the injunction for the subject to tell the truth about him or herself. Secondly, it focuses on the question of interpellation that emerges in the colonial context and on the colonized who, as Fanon illustrates, is always seen as a deceitful subject. Finally, it shows that, despite the difference in the relationships between the constitution of subjectivity and the production of true discourses described by Foucault and Fanon, the transformative dimension enacted by the processes of subjectivation and by the practices of resistance constitutes a shared conceptual and political ground between the two authors.


2020 ◽  
Vol 37 (3) ◽  
pp. 1551-1576
Author(s):  
Maicon Azevedo ◽  
Rodrigo Cerqueira do Nascimento Borba

O presente texto se debruça sobre a tarefa de pensar a Educação em Ciências dentro de um cenário no qual auto e pós-verdades, fake news e boatos na internet podem ser interpretadas como metonímias dos nossos tempos. Seu principal objetivo é realizar um exercício teórico de análise sobre o papel social que a Educação em Ciências pode desempenhar na construção de uma sociedade que seja capaz de problematizá-las. Para esse empreendimento, produzimos interlocuções com referenciais ligados às Ciências Humanas e Sociais, tais como Michel Foucault, Michel De Certeau e François Dubet. Sem abrir mão do diálogo com o campo educacional, também recorremos às considerações de obras elaboradas por autores como Ivor Goodson e Paulo Freire. Considerando que a especialização e o crescimento da natureza técnica da Ciência Moderna, desagregada de sua popularização, aumentam as desigualdades e promovem processos de exclusão e de alienação, apresentamos um modelo de formação escolar amparado nas aprendizagens narrativas propostas por Goodson que privilegia a construção de outras relações entre conhecimentos e vivências produzidos nas escolas. Argumentamos que, evidenciando como se processa a construção dos saberes discentes cotidianos e a forma como suas experiências são erigidas em diferentes realidades, é possível trabalhar múltiplas dimensões dos conhecimentos científicos. Isto oportuniza a construção de novos sentidos para as experiências estudantis, enquanto o entendimento dos conceitos e conteúdos científicos podem ser desenvolvidos de modo não apartado das culturas e das emoções que interpelam os processos de escolarização e as instituições educacionais.


2018 ◽  
Vol 13 (3) ◽  
pp. 619
Author(s):  
Maurício Ramos Lindemeyer ◽  
Vânia Maria Torres Costa
Keyword(s):  

Este artigo propõe novos modos de leitura do livro didático a partir da análise de produções discursivas sobre o indígena brasileiro. Tendo como objeto o livro ‘Diálogos’, utilizado nas escolas públicas de Belém-PA, pretende-se apresentar o resultado de novos modos de interação com o livro a partir da pesquisa-ação, proposta por Michel Thiollent, na qual aluno e professor tornam-se protagonistas de outras possíveis leituras do indígena, transgredindo poderes e saberes históricos e culturalmente reconhecidos nos textos oficiais. A análise do discurso, proposta por Michel Foucault, norteia esse trabalho para entender os textos do livro didático e os depoimentos dos alunos, assim como Paulo Freire aponta os caminhos para pensar interação e comunicação em sala de aula. 


Sign in / Sign up

Export Citation Format

Share Document