scholarly journals Literatura e formação: o prazer do texto entre as margens do sistema escolar

2018 ◽  
Vol 23 ◽  
Author(s):  
Rosa Maria Bueno Fischer ◽  
Tatielle Rita Souza da Silva

RESUMO Neste texto, tratamos de como a linguagem literária pode fazer-se espaço de abertura e resistência em meio a práticas escolares rotineiras nos currículos formais. Metodologicamente, entrecruzamos literatura e educação: de um lado, recolhemos registros de práticas de leitura e escrita, protagonizadas à margem do sistema, em escolas públicas do Rio Grande do Sul; de outro, tomamos como objeto de análise o “acontecimento literário”, articulando pontos de afetação entre texto e narrativa. Roland Barthes, Michel Foucault, Walter Benjamin, Alberto Manguel e Clarice Lispector sustentam nossas análises teórico-metodológicas. Por fim, apostamos na potência do gesto literário como experiência de formação, já que a literatura promove outras formas de aprender, desloca o sentido e a direção do ensino, altera relações formais com o tempo e o espaço escolar, remaneja lugares de saber e não-saber, colocando em questão o que somos e aquilo em que nos tornamos.

2018 ◽  
Vol 23 (2) ◽  
pp. 47
Author(s):  
Luciano Bedin Da Costa ◽  
Claudia Madruga Cunha

Este artigo analisa uma pesquisa que tem investido em incentivar os licenciandos a expressarem aquilo que excede nos discursos da formação de professores. Tendo Roland Barthes, Michel Foucault e Gilles Deleuze como intercessores, detém-se em pensar a escrita enquanto provocação, ferramenta que põe em movimento e movimenta o excurso dos discursos mais sedimentados acerca da educação, que dizem da figura do professor nos dias atuais. Traz percepções que resultam de um exercício de estranhar o que se diz a respeito do “ser professor”. Desenvolvida junto a estudantes de licenciaturas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, tem feito da escrita e do escrever, reunidos pelo conceito de fantasia, um dispositivo de intervenção. Dando forma a esse exercício de estranhamento, nomeado ornitorrincar, uma vez que se utiliza da figura do ornitorrinco, cria o Dicionário Raciocinado das Licenciaturas, que se inspira em alguns procedimentos operados pela Encyclopédie ou Dictionaire Raisonné des Sciences, des Arts et des Métiers, de Denis Diderot e Jean d’Alembert. Composto por quatro Tomos e com um total de noventa e três licenciandos participantes, agencia uma produção coletiva de textos na forma de verbetes, resultado de provocações filosóficas e literárias. O ornitorrinco surge no projeto como imagem-guia, espécie de imagem-conceito que sintetiza a força de estranhamento e o trabalho do desconhecido, qualidades vitais à docência e, por conseguinte, à formação de professores. Tal desafio tem convocado os estudantes a se perceberem e a escreverem sobre essa experiência de tornar-se professor. Ao invés da simples denúncia, os verbetes que compõem o dicionário são um convite ao estranhamento dos lugares comuns que compõem a formação de professores, uma solicitação a ornitorrincarem concepções e experiências docentes.


Author(s):  
Juliana Corrêa Pereira Schlee ◽  
Isabel Ribeiro Marques ◽  
Renata Lobato Schlee

Em constante desassossego que nos acompanha, problematizamos alguns ditos e não ditos atrelados a discursos relacionados a mulheres, a natureza e o pampa do Rio Grande do Sul. Esses olhares que tanto se inquietam se sustentam sob o aporte teórico de autores da vertente teórica denominada filosofia da diferença, como Michel Foucault, Gilles Deleuze e Friedrich Nietzsche juntamente a intercessores que se debruçam sobre as questões de gênero, como Sandra Garcia, Mary Castro e Miriam Abromovay. Analisamos algumas construções históricas e culturais que evidenciam um antropocentrismo, bastante marcado por um androcentrismo neste Pampa. Entrelaçadas nessas teias discursivas, pinçamos mulheres, e colocamos algumas inquietações como potência para pensarmos as tramas discursivas que se articulam nesses jogos, nessas relações que se pautam na figura masculina e atribuem às mulheres, a tarefa do cuidado com a natureza.  Assim pensamos no quanto esses discursos são fabricados em processos culturais, sustentados em relações de poder que fazem emergir verdades e saberes dados como naturais nos interstícios da educação ambiental.


Author(s):  
Eduardo Oliveira Soares

Com o advento das redes sociais digitais, as narrativas fotográficas on line encontram uma possiblidade exponencial de exposição e interação com a sociedade. O perfil Humanos de Satolep – @humanosdesatolep – no Instagram seleciona e republica imagens do cotidiano da cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul, possibilitando o conhecimento e compartilhamento de uma cultura visual. O objetivo deste artigo é identificar, segundo os conceitos de studium e punctum elaborados por Roland Barthes, como o patrimônio cultural da cidade é apresentado nas narrativas fotográficas publicadas no perfil @humanosdesatolep. De acordo com as postagens, Pelotas é uma cidade cujos moradores e visitantes vivenciam a diversidade das ruas em um patrimônio vivo em que ainda ecoam as impressões de riqueza e refinamento da época do seu apogeu cultural e econômico.Palavras-chave: fotografia, Instagram, Pelotas, patrimônio.


2021 ◽  
Vol 29 (1) ◽  
pp. 169-186
Author(s):  
Beatris Gattermann ◽  
Leandra Boer Possa

Este trabalho problematiza e contextualiza os discursos que movimentam a reforma da educação profissional no Brasil, as políticas de inclusão de jovens na educação profissional de nível médio e as estratégicas de permanência e aprendizagem que estão produzindo outros modos de dizer sobre o estudante em situação de não aprendizagem. O artigo toma como referência o espaço educativo de um Instituto Federal de Educação do Estado do Rio Grande do Sul e como grade de análise as práticas de governamento, a noção de norma e de curva de normalidade, presentes nos estudos de Michel Foucault e de alguns de seus estudiosos.


Author(s):  
Revista Travessia

Migrante sazonal – “ave ferida” (Poema) Conversa ao pé de um ponto de ônibus (Crônica) Buscar o amanhã... um amanhã novo! (Poema) Forjando resistência (Poema) Editorial de Travessia Conversa a dois (Crônica) Afinal, quem manda neste país? (Tirinhas) Migrar, mudar, votar para mudar (Poema) Aos que partem (Música) “A ressurreição dos deuses” (Poema) Imagens de ontem e de hoje Imagens de migrantes na poesia de Mário de Andrade Imagens do migrante na música popular brasileira Migração e discurso literário: imagens e representações nos anos 30 Terra vermelha (conto) À Romá (Poema) Festa “gaúcha” nos gerais da Bahia Como uma bola de neve (Conto) A ilusão do migrante (Poema) Assentamento (Música) Um personagem, dois olhares Um personagem – dois olhares (Editorial) Clarice Lispector: a literatura em busca do outro A difícil viagem de retorno à aldeia Brasileiros migrantes na literatura Migrante (Poema) Herdeiro da migração (Poema) Sem Papéis (Conto) Escrita afirmativa: reflexões sobre a produção literária elaborada e consumida por descendentes de imigrantes italianos no Rio Grande do Sul Escrevo-lhe (Conto) Paredes poéticas (Conto) Zingari (Crônica) Cenas de um encontro desencontrado (Crônica) Relações familiares – parentesco, compadrio e migrações na modernidade capitalista no Brasil dos anos 1970: reflexões por meio da história e música Feios, sujos e muito, muito malvados: migrantes italianos entre as sombras de Hollywood – breve introdução A sombra os acolherá (Conto) Ao fim dessa estrada (Conto) Maria do Parque Dom Pedro (Poema)  


Author(s):  
Verônica de Lima Mittmann ◽  
Claudia Glavam Duarte

A interdisciplinaridade vem se constituindo como uma verdade que atravessa o campo educacional brasileiro na contemporaneidade. Neste sentido, este estudo teve como objetivo perceber quais enunciados sobre a interdisciplinaridade circulam no curso Licenciatura em Educação do Campo: Ciências da Natureza – campus Litoral Norte da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. De forma específica, este artigo problematiza e apresenta uma análise do discurso na perspectiva foucaultiana de enunciações que emergiram nas falas dos discentes do referido curso ao justificarem a necessidade de um currículo interdisciplinar. Percebemos que a justificativa destes estudantes acaba duplicando enunciados que atravessam a enunciação de autores que são referência da Licenciatura em Educaçãodo Campo. Acreditamos que esta ressonância de enunciados poderá estar fortalecendo de forma concomitante tanto o Discurso da Interdisciplinaridade quanto o Discurso da Educação do Campo. Para este ensaio foram realizadas entrevistas com 32 discentes e as ferramentas teóricas utilizadas advêm da oficina de Michel Foucault.


2018 ◽  
Vol 22 (2) ◽  
pp. 141
Author(s):  
Clarice Salete Traversini ◽  
Caroline Stumpf Buaes

As práticas docentes são atravessadas pelos discursos dominantes em circulação nos espaços da educação na contemporaneidade. Nesse sentido, o artigo tem como objetivo analisar os discursos pedagógicos predominantes entre os professores quando se trata de metodologias de ensino. Para o estudo, selecionamos as noções de discurso pedagógico (Díaz, 1998), discutido a partir da compreensão de discurso de Michel Foucault. Para obtenção das informações, utilizamos questionários respondidos por 120 professores de escolas públicas e privadas de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, na região Sul do Brasil. As informações obtidas mostram que a interdição das metodologias centradas no ensino e o predomínio de uma pedagogia do aprendiz constituem o discurso pedagógico predominante na atualidade. Sommer (2005) e Silveira (2005) já apontavam tal predomínio ao estudarem os discursos sobre alfabetização. No entanto, não é apenas no que tange à alfabetização que tais discursos vigoram; eles também são encontrados nos ditos dos professores, tais como os de Educação Física e Letras, que atuam nas séries iniciais e finais do Ensino Fundamental e Médio.Palavras-chave: Metodologias de ensino; Docência; Discursos pedagógicos


2018 ◽  
Vol 38 (spe2) ◽  
pp. 10-26
Author(s):  
Oriana Hadler ◽  
Neuza Maria de Fátima Guareschi

Resumo Este artigo objetiva discutir as práticas Estatais produzidas no campo da Segurança Pública, principalmente relacionadas às políticas penais. Fundamentamo-nos nos estudos de Michel Foucault para realizar a análise de documentos relacionados a recursos e ações voltadas ao sistema carcerário do estado do Rio Grande do Sul e notícias veiculadas pela mídia impressa e digital. A análise parte de três vetores vinculados ao investimento em Segurança Pública, quais sejam: o investimento na segurança pública a partir da formação profissional e otimização das condições de trabalho articuladas a este campo; o investimento relacionado a ampliação de vagas e/ou criação de novos estabelecimento no sistema prisional; por fim, o investimento a partir da problematização das penas alternativas que se constituiriam como opção para romper com a racionalidade carcerária. Concluímos que os investimentos realizados não têm produzido redução no cometimento de crimes ou a melhora nas condições carcerárias, mas, sim, a ampliação das formas de encarceramento que incidem sobre corpos constituídos enquanto criminosos. Operacionalizam-se, assim, medidas que se pautam em um arranjo arbitrário de legalidades, permitindo que uma gama de ações seja realizadas em nome da segurança a partir de um cálculo mínimo sobre vidas a serem gerenciadas em um plano de investimento entre baixos custos e a menor repercussão possível, combinada com a ampliação e execução de práticas violentas.


2021 ◽  
Vol 47 (47) ◽  
Author(s):  
Renata lobato Schlee ◽  
Paula Corrêa Henning ◽  
Cleber Gibbon Ratto

Este artigo busca analisar como se fabrica um discurso de natureza no Pampa do Rio Grande do Sul, Brasil; e Uruguai; região sul da América do Sul. Discute-se a relação entre natureza e cultura problematizando os enunciados e visibilidades de entrevistas e imagens produzidas por “fotógrafos de natureza” do Brasil e do Uruguai. A partir do campo teórico escolhido, declara-se o que se entende por arte e de como a fotografia participa de construções discursivas. No foco de uma educação ambiental pelo viés das experiências estéticas, tensiona-se o corpus discursivo, estimulando um agir sobre nossas relações natureza-cultura. O propósito do texto é provocar e desafiar o impensado e, quem sabe, transvalorar o que está dado como verdade instituída nesse campo. Para tanto, percorremos os caminhos teóricos de Michel Foucault, Gilles Deleuze, Felix Guattari e Friedrich Nietzsche.


2019 ◽  
Vol 35 (89) ◽  
Author(s):  
Luís Fernando da Veiga ◽  
Moises Romanini

Os atravessamentos sobre gênero e sexualidades da população LGBT perpassam os caminhos das pluralidades e das singularidades, e são imbuídas de interconexões entre o espaço público e privado nas políticas públicas e sociais. Esta pesquisa analisou reportagens veiculadas pela mídia escrita, em um jornal do interior do Estado do Rio Grande do Sul, sobre fatos ou opiniões relacionadas ao público/tema LGBT problematizando os discursos veiculados e tomando comonorteadores as noções de discurso do filósofo francês Michel Foucault, de  performatividade de gênero e de cisheteronormatividade refletindo sobre as políticas públicas destinadas a garantir os direitos dessas populações. O garimpojornalístico encontrou 44 reportagens envolvendo os discursos de gênero e sexualidade em seus enunciados abarcando o período entre setembro de 2014 e junho de 2016. Ao elencar os discursos analisados nesta pesquisa utilizou-se a analogia entre alguns diferentes tipos de vidros existentes em decorrência dosjogos linguísticos disponíveis para abordar a complexidade da população LGBT.


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