Identidad Marron e o Labirinto do Minotauro.
Em um momento no qual tanto a pauta identitária quanto a intersseccionalidade são debatidos por várias ciências e em diversos espaços acadêmicos procuramos neste artigo apresentar um estudo de caso sobre a atuação do Colectivo Identidad Marron, que dialogue não somente com a precarização (constante em nosso continente), mas com possíveis saídas culturalmente inventivas e potentes. Formado em 2018 na cidade de Buenos Aires, o Identidad Marron é composto principalmente por mulheres em luta por uma inserção dos povos originários em melhores postos de trabalhos e por espaços de destaque em suas atividades artísticas. Pretendemos refletir se a cooptação e atuação delas no sistema de precarização não ressignificam sua inserção, conseguindo dar maior visibilidade as questões dos movimentos identitários na Argentina. Sendo parte de um contexto mais amplo de movimentos identitários, que norteiam o pensamento latino-americano e mundial, o Identidad Marron pode ser compreendido como exemplo de luta e resistência ao utilizarem as facilidades da globalização em seu benefício, ainda que tenham consciência das contundentes limitações impostas pelas agendas neoliberais econômicas das grandes cidades ocidentais. Dessa forma, entendemos que seus embates são como uma atualização do mito do labirinto do Minotauro. Embora permaneçam dentro do labirinto, o fazem em conjunto e sem deixar de lutar por espaços mais justos e igualitários. Desse modo, além de apresentar sua atuação, iremos trabalhar e refletir com dados que denunciam o aumento das desigualdades sociais nesses territórios ao mesmo tempo em que sugerimos que essas novas movimentações identitárias têm um forte traço de reativação dos movimentos políticos e sociais locais surgidos nas décadas anteriores e de uma afetividade advinda da rememoração de sua ancestralidade. Longe de olhar o passado como um lugar de chegada, são as atualizações desses processos que tornam mais significativos esses movimentos, liderados, em geral, por mulheres que são atravessadas por questões interseccionais.