scholarly journals O Vocabulário Tupinambá do Arcano del mare de Sir Robert Dudley (1661)

2018 ◽  
Vol 7 (2) ◽  
pp. 171-224
Author(s):  
Nelson Papavero ◽  
Ruth Maria Fonini Monserrat
Keyword(s):  

Sir Robert Dudley (7 de agosto de 1574 – 6 de setembro de 1649) era filho ilegítimo de Robert Dudley, 1º. Conde de Leicester. Em 1594 fez uma expedição a Trinidad e Porto Rico, para apresar naves espanholas, da qual publicou um relato; compilou um vocabulário de Arawak com 69 palavras ou frases curtas. Abandonou a Inglaterra definitivamente em 1605, ficando a serviço de Fernando I (Medici), Grão-Duque da Toscana (e posteriormente também a serviço de Fernando II). Trabalhou como engenheiro e cartógrafo. Em 1608, convenceu Fernando I a enviar o navio corsário Santa Lucia Buonaventura à Guiana e ao Norte do Brasil. Para fazer essa expedição, indicou William Davies, Cirurgião-Barbeiro de Londres, que posteriormente (1614) escreveria suas memórias, incluindo suas experiências na boca do Amazonas (estas aqui transcritas e traduzidas) – o primeiro relato conhecido sobre a Amazônia do século XVII. A obra mais importante de Dudley foi o Dell’Arcano del Mare (Sobre o segredo do mar) (1646-1648, em quatro volumes). Esse impressionante e minucioso tratado de astronomia, navegação, construção naval e cartografia inclui 130 mapas, todos de sua própria criação e não copiados de outras fontes, como era costumeiro na época; reúne todos os conhecimentos náuticos desse tempo. Os mapas das costas do Brasil (aqui reproduzidos) são notavelmente detalhados e mostram os nomes das tribos indígenas. Doze anos após sua morte foi publicada a segunda edição de sua obra magna (Dudley, 1661), agora em dois volumes. Houve um grande rearranjo do texto, com a inclusão de muitas adições, ao que se diz coligidas de manuscritos deixados pelo autor. Nessa edição, no segundo volume, encontra-se um pequeno vocabulário da língua Tupinambá, com 136 vocábulos ou frases curtas, retirados sem um critério aparente da obra de Jean de Léry (1578, 1594), aqui apresentado facsimilarmente, transcrito, corrigido e traduzido.

GEOgraphia ◽  
2009 ◽  
Vol 2 (3) ◽  
pp. 111
Author(s):  
Werther Holzer

Resumo O texto enfoca paisagem e lugar como receptores de memória, de como a memória contri-bui na constituição de categorias espaciais. A partir dos relatos de viagem de Jean de Lery e de Hans Staden, eu procuro mostrar a contribuição que a geografia humanista pode oferecer ao estudo dos lugares de memória, definidos como categorias espaciais referentes à memória. Palavras-chave: Memória, lugar, paisagem.Abstract The text focuses landscape and place as receivers of memory, as the memory contribute in the constitution of space categories. Starting from the reports of trip of Jean of Lery and Hans Staden, I try to show the contribution that the humanist geography can offer for the study from the places of memory, defined as space categories linked to the study of the memory. Keywords: Memory, place, landscape.


Author(s):  
Mark Valeri

European Calvinists first encountered Native Americans during three brief expeditions of French adventurers to Brazil and Florida during the mid-sixteenth century. Although short-lived and rarely noted, these expeditions produced a remarkable commentary by Huguenots on the Tupinamba people of Brazil and the Timucuan people of Florida. Informed by Calvinist understandings of human nature and humanist approaches to cultural observation, authors such as Jean de Léry produced narratives that posed European and Christian decadence against the sociability and honesty of Native Americans. They used their experiences in America to suggest that Huguenots in France, like indigenous people in America, ought to be tolerated for their civic virtues whatever their doctrinal allegiances. Huguenot travel writings indicate variations in Calvinist approaches to Native peoples from the mid-sixteenth through the seventeenth centuries.


2002 ◽  
pp. 137 ◽  
Author(s):  
Christian Kiening
Keyword(s):  

Embora as primeiras viagens para a América fossem motivadas sobretudo por interesses materiais, as notícias sobre os povos indígenas, publicadas na Europa pelos viajantes, pouco a pouco influenciaram a concepção de mundo, dominado até então por tradições medievais. Em geral, a experiência do outro se descrevia ainda em formas do conhecido, mas paulatinamente o conhecimento empírico começou a estruturar um novo discurso. O autor analisa os primeiros livros sobre viagens para o Brasil em meados do século XVI, Hans Staden, Jean de Léry e André Thevet. Ele constata que os viajates desenvolvem estruturas discursivas próprias, para lidar com os fenômenos estranhos. Os relatos marcam no pensamento ocidental um primeiro passo no processo da criação de um espaço para o outro, que existe na realidade - neste caso no litoral brasileiro.


Author(s):  
Lúcia Nagib
Keyword(s):  

Obra maior, mas pouco estudada, do movimento tropicalista do final dos anos 1960, Como era gostoso o meu francês (Nelson Pereira dos Santos, 1970-72) recicla os ideais antropofágicos do modernismo brasileiro dos anos 1920, cuja base se encontra na literatura europeia colonial. O enredo aparentemente linear do filme versa sobre um francês devorado por índios tupis no século XVI, ao estilo do relato autobiográfico do aventureiro Hans Staden que teria escapado por pouco de destino semelhante em viagem ao Brasil. Mas a tessitura do filme é na verdade uma colagem de materiais diversos no melhor estilo tropicalista, incluindo não apenas citações do texto de Staden mas também os desenhos que ilustram a edição de 1557 de seu livro, além de referências aos escritos de Jean de Léry, André Thevet, Nicolas de Villegagnon, José de Anchieta, Manoel da Nóbrega, e a poemas e receitas culinárias do século XVI. Neste texto, sugiro que a ausência de hierarquia entre esses materiais, alinhavados por um hibridismo de mídias, línguas e culturas europeias e indígenas, confere ao filme um valor político que transcende o derrotismo reinante na esquerda brasileira naquele momento de auge da ditadura militar. Ao lado de outras obras modernistas associadas ao tropicalismo, Como era gostoso o meu francês reivindica para o cinema e a arte de seu tempo o direito de pertencer a um mundo multicultural para além dos limites da nação brasileira, provisoriamente em poder de mãos erradas.


1959 ◽  
Vol 19 (39) ◽  
pp. 3
Author(s):  
Charles Verliden
Keyword(s):  

Que a viagem do francês Paulmier de Gonneville não adquiriu ainda verdadeiramente direito de cidade — pelo menos tanto quanto certas outras relações de viagens devidas a autores não portuguêses — entre as fontes da história dos primeiros contactos entre os euro-peus e os índios do litoral brasileiro, é o que revela o exame da re-cente, e aliás excelente, Historiografia del Brazil. Siglo XVI de José Honório Rodrigues (1). No que tange à historiografia estrangeira de língua francesa, o Autor se ocupa evidentemente das Singularitez de la France Antarctique de Thevet, fruto duma estadia de três meses entre 10 de novembro de 1555 e 31 de janeiro de 1556, e da Histoire d'un voyage faict en la Terre du Brésil de Jean de Léry que passou no Brasil onze meses entre o início de março de 1557 e 4 de fevereiro de 1558 (2); mas não menciona a viagem de Gonneville que se co-loca, todavia, mais de meio século antes. E' verdade que se pude dizer em abôno de Honório Rodrigues que essa viagem não foi ob-jeto duma relação própriamente dita, mas é conhecida por um do-cumento administrativo. Sem dúvida é isso que explica o fato do escritor brasileiro não tratar dela ex professo; não é menos significa-tivo não fazer êle em nenhuma parte a menor alusão a essa viagem .


Author(s):  
Loredana Stănică ◽  

Published in 1993, the novel Bois rouge by Jean-Marie Touratier brings to life the history of the short-lived French colony of Brazil, the Antarctic France, whose existence, reduced to only five years (1555-1560), was described in the travelogues written in the 16th century by André Thevet (Les Singularitez de la France Antarctique - The New Found World, or Antarctike) and Jean de Léry (Histoire d’un voyage faict en la terre du Brésil – History of a Voyage to the Land of Brazil). Beneath the appearance of a simple story told by an ironic voice, sometimes even satirical towards the military leader of the French colony, the Knight of Malta Nicolas Durand de Villegagnon and his chaplain, André Thevet, future cosmographer of the kings of France, the novel delves into issues of great complexity, such as (the issue of) identity and the relationship to the Other (the American “savage”).


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