Neste trabalho, analisamos o modo como acontece, na obra Torto arado (2019), de Itamar Vieira Junior, o processo de evolução de consciência relacionada à condição de subalternidade a nível racial. Tal processo pode ser apreendido a partir das ações das personagens, que passam a assumir uma postura ativa frente à tradicional estrutura de exploração a que estão submetidas. A partir dos episódios apresentados pelas narradoras do romance, três mulheres negras que contam a própria história e a do grupo que integram, identificamos, descrevemos e interpretamos eventos que, em um primeiro momento, sinalizam um estágio de submissão das personagens, e que, em um segundo momento, sugerem um alcance de consciência a respeito de sua condição subalterna. A fim de embasar nossas proposições analíticas, apoiamo-nos nas considerações de Gayatri Spivak (2010), sobre o conceito de subalternidade; de Proença Filho (2004), a respeito da trajetória do negro na literatura brasileira; de Dalcastagnè (2008), acerca das relações raciais na literatura brasileira contemporânea; e de Albuquerque e Fraga Filho (2006), como referencial historiográfico.