Subjetividade feminista em devir: a individualidade humana de Emma Goldman entre a filosofia e o teatro

O feminismo antipredicativo de Emma Goldman incita ao cotejo de seu prisma anarquista com o de uma filosofia de ontologia radical, uma transversalidade que resgata a matriz do ideário anarquista, a saber: o indivíduo. A partir do presente artigo, pretende-se realizar um diálogo entre o conceito de “individualidade humana” propugnado por Goldman e os ideários de Max Stirner e Henrik Ibsen, leituras de cabeceira da autora. A filosofia stirneriana, ao rechaçar as mediações externas, contribuiria para a valorização do “eu” enquanto bastião da revolta contra as instituições hegemônicas, ao passo que o teatro social moderno ibseniano estimularia a anarquista a entrever na arte um instrumento de consciência voltada à autonomia da mulher, a qual passaria a questionar sua objetificação e a se autogovernar enquanto ser humano. O devir, que imprimiria a marca de incongruência em relação a quaisquer modelos programáticos de insurgência, se consubstanciaria em um feminismo antipredicativo crivado pela filosofia e teatro dessubjetivadores/subjetivadores.

Emma Goldman

Both in the United States and internationally, the anarchist Emma Goldman earned a reputation as a prominent Jewish radical feminist. Goldman became a household name at a time when that was extremely rare for a woman. Anarchism and Emma Goldman played a significant role in US politics around the turn into the 20th century, as they were also key for the development of US Jewish life, feminism, and the Left more generally. Like most Jews in the United States, even in her day, Goldman was secular, and also identifiably Jewish culturally. She was concerned about the potential statism of Zionism, but at the time most Jews in the United States and globally, of all political stripes, were similarly not Zionist. She also never hesitated to offer apt critiques of Jews whose politics differed from hers. Identified as “the most dangerous anarchist in America” of her day and a most dangerous woman, she was accused of terrorism for her political ideals and activism in a way that foreshadowed the ensuing century of US elites targeting justice workers by calling them terrorists. More broadly for Jews and Jewish studies, anarchist theory and what that meant for this Jewish feminist activist and thinker are among the best frames for understanding Jewish life without a central authority structure, and particularly in the diasporic context.

Liberdade e igualdade para as mulheres na perspectiva da anarquista Emma Goldman

O presente artigo tem como finalidade apresentar alguns aspectos de uma investigação acerca do percurso político intelectual da anarquista Emma Goldman (1860- 1940), centrando a reflexão, em especial, no pensamento goldminiano sobre o universo de dominação em que a mulher estava inserida, destacando seus principais algozes: o Estado e a Igreja. De fato, é inegável que a trajetória vivenciada pela anarquista influenciou sua forma de ver e escrever sobre o mundo, principalmente a sua defesa da emancipação feminina a partir da quebra de pressupostos morais, de modo a possibilitar que a mulher conseguisse sua liberdade a partir de um processo de tomada de consciência. Nesse percurso, a emancipação sexual e intelectual, bem como o amor livre e a maternidade voluntária, emergiam como valores positivos a serem adotados.Palavras-chave: Anarquismo; liberdade; emancipação feminina. AbstractThis paper presents some aspects of an investigation about the intellectual political trajectory of the anarchist Emma Goldman (1860-1940), focusing the reflection, in particular, on Goldminian though on the universe of domination in which the woman was inserted, highlighting its main executioners: the State and the Church. It is undeniable that the trajectory experienced by the anarchist influenced her way of seeing and writing about the world, especially her defense of female emancipation through the breaking of moral assumptions, to enable women to achieve her freedom from a process of becoming aware. Along this path, sexual and intellectual emancipation, as well as free love and voluntary motherhood, emerged as positive values to be adopted.Keywords: Anarchism; freendom; female emancipation.