Entre o acaso e a escolha: Reflexões acerca da prática do Viewpoints

O presente artigo, de caráter reflexivo e testemunhal, teve como objetivo o cruzamento de inquietações pessoais do autor — decorrentes de sua experiência enquanto condutor da prática do Viewpoints no contexto do Núcleo Experimental de Artes Cênicas do Sesi, em São Paulo — com questões estéticas manifestadas nas décadas de 1960 e 1970, principalmente em Nova Iorque, bem como com questões conceituais, filosóficas e de ordem prática presentes em O Livro dos Viewpoints: um guia prático para viewpoints e composição, de Anne Bogart e Tina Landau, e Standing in Space: The Six Viewpoints Theory & Practice, de Mary Overlie. Na tessitura das reflexões, atravessaram também pensamentos de autores como Miriam Rinaldi, John Cage e Sally Banes, entre outros.

Em torno dos Viewpoints e a partir da SITI-Company

Nesta entrevista, realizada no espaço de trabalho da SITI-Company (NY) em maio de 2017, no final do III Conservatory SITI-Company, em que o entrevistador participou, Barney O’Hanlon, membro da SITI-Company desde 1994, partilha uma biografia crítica sobre o seu próprio percurso, reflete sobre a sua prática pessoal através dos sistemas de treinamento e composição Suzuki e Viewpoints, ao mesmo tempo que analisa dimensões estruturantes e modos de funcionamento da companhia da qual faz parte. Salienta-se, neste contexto, o facto de o entrevistado se apresentar, no domínio dos Viewpoints, como o membro da SITI que mais articula a abordagem de Anne Bogart com a de Mary Overlie, a artista que esteve na origem dos Viewpoints e com a qual trabalhou e conviveu.

Viewpoints como estrutura para a encenação: Reflexões a partir de uma experiência

O presente artigo reflete sobre o processo de ensaio do espetáculo Chiquita Bacana no Reino das Bananas, dirigido por Dagoberto Feliz, com o Grupo Folias D’arte, a partir de uma análise dos principais procedimentos inspirados no Livro dos Viewpoints: um guia prático para Viewpoints e Composição, escrito por Anne Bogart e Tina Landau. O objetivo é entender como a Técnica de Viewpoints pode apontar caminhos para a atuação e proporcionar uma estrutura para a encenação do espetáculo.

Escritos da pandemia: Três breves textos de Anne Bogart sobre Covid-19 e o futuro da direção teatral

Este trabalho reúne três breves textos escritos pela diretora teatral estadunidense Anne Bogart traduzidos pelo diretor teatral e pesquisador brasileiro Fabiano Lodi. Tais textos dizem respeito aos impactos causados pelo fechamento dos teatros e completa paralisação das atividades artísticas devido à pandemia mundial de Covid-19. A autora propõe reflexões sobre os diferentes desafios enfrentados por artistas e público desde que as regras sanitárias para conter o avanço do Coronavírus se intensificaram, a partir de março de 2020. Com isso, Bogart revisita questões éticas, culturais e políticas do passado histórico para imaginar e propor possibilidades de um futuro onde o teatro como a arte do encontro seja novamente possível.

Heterotopias teatrais e a concepção de energia – Suzuki e a cena contemporânea japonesa

Quando foi criada a SITI Company (1992) por Anne Bogart e Tadashi Suzuki, tornou-se comum falar no método Suzuki-Viewpoints. Porém, alguns artistas mais jovens desconhecem a produção destes grandes pesquisadores, antes da parceria. O objetivo deste artigo é apresentar algumas características dos primórdios do que foi considerado o treinamento Suzuki em 1965, quando criou o Waseda Shogekijo (Pequeno Teatro de Waseda), até a chegada de sua companhia em Toga. A proposta não é reconstituir a sua biografia, mas investigar o que segue em movimento do pensamento/ação de Suzuki, como a invenção de heterotopias teatrais que afetam, de modos diferentes, a cena contemporânea japonesa, e a sua noção singular de energia como tecnologia de comunicação.

Caminhos interativos em Viewpoints: Apontamentos e inflexões em “Sete tons de uma poesia”

Esse artigo descreve um processo de criação em dança, partindo de estudos teóricos/prático, sob o viés co-evolutivo de entendimento de corpo como mídia de si mesmo, amparada pela Teoria Corpomídia, pelo método desenvolvido pela diretora norte-americana Anne Bogart, o Viewpoints e a partir da experiência em sala de aula com jovens moradores do bairro Alto de Santa Cruz. Esses jovens marcados por violência e mortes diárias e a realidade precária do professor de escola pública, são referências à montagem da obra Sete Tons de uma Poesia. A escrita apresenta inferências pessoais como artista e docente na Rede Municipal de Salvador, que entende ambos como ação política, cujo foco se encontra em questões singulares e locais.

Covid Conversations 2: Anne Bogart

Maintaining and nurturing an ensemble theatre have been Anne Bogart’s foremost concerns in these past near-thirty years since she and Tadashi Suzuki founded the Saratoga International Theatre Institute (SITI) in 1992. Suzuki had established the Suzuki Company of Toga (SCOT) in 1976, making a secluded mountainous landscape of Japan its home to this day. Bogart’s venture in the United States, although inspired by Suzuki’s model of a production-based troupe of high artistic standards that, at the same time, developed its unique training methods, by no means merely duplicates its predecessor. In this Covid Conversation, Bogart briefly maps a segment of SITI’s history, reflecting on the company’s inter-arts endeavours with differing dance idioms and its engagement with Greek tragedy. She discusses the effects of the Covid pandemic on her troupe, also interrupting its performances of The Bacchae at the Guthrie Theatre in Minneapolis. Her most recent opera production, Tristan and Isolde, was closed for the same reason at the Croatian National Theatre – a key work in her portfolio of nineteenth-century grand opera as well as contemporary avant-garde opera. An acclaimed theatre director, Anne Bogart runs and teaches the Graduate Directing Programme at Columbia University in New York. At the SITI summer school in Saratoga, she and the company have workshopped the Viewpoints method that she has elaborated from Mary Overlie’s six principles for theatre and dance training. Bogart’s international workshops have further developed her method. She is the author of A Director Prepares (Routledge, 2001) and of many influential books that include (with Tina Landau) The Viewpoints Book (Theatre Communications Group, 2004). The Art of Resonance is forthcoming (2021, Bloomsbury). Maria Shevtsova is the Editor of New Theatre Quarterly whose most recent book is Rediscovering Stanislavsky (Cambridge University Press, 2020). The following conversation took place on 27 August 2020, was transcribed by Kunsang Kelden, and was edited by Maria Shevtsova. It is followed by a short coda announcing the transition of SITI into a resource centre.

ESTEREÓTIPOS E COLONIALIDADE: A composição cênica como meio de traçar narrativas diversas

<p><strong>RESUMO:</strong></p><p>Esse ensaio tem como eixo as artes cênicas, os processos composicionais para a cena e reflexões acerca de decolonialidade. O exercício crítico acontecerá por meio da investigação do trabalho com estereótipos em cena, de como esses tipos se relacionam com práticas colonizadoras e como a criação cênica pode gerar possíveis caminhos para desconstruir visões hegemônicas e totalizadoras. É possível por meio do trabalho com estereótipos em cena promover espaços para uma forma de pensar decolonial? Gracê Passo, Anne Bogart, Cecília de Almeida Salles, Aimé Césarie e Aníbal Quijano, serão algumas referências utilizadas para abordar o processo composicional e como o pensamento colonial afeta o campo da cultura e da produção artística.</p><p><strong>Palavras-chave:</strong> Artes Cênicas, Decolonialidade, Estereótipo.</p><p><strong>ABSTRACT:</strong></p><p>This paper focuses on performing arts, composition processes and decolonialism. The critique exercise is based on the investigation of work with stereotypes in scene, how they are connected to colonizing practices, and how the scene composition can generate possible ways to deconstruct hegemonic and totalizing views. Is it possible to promote decolonized ways of thinking through work done with stereotypes in scene? Gracê Passo, Anne Bogart, Cecília de Almeida Salles, Aimé Césarie and Aníbal Quijano, use some applied analyzes to approach the composition process and assess how colonial thought impacts the field of culture and artistic production.</p><p> </p><p><strong>Keywords:</strong> Theatre, Decolonialism, Stereotype.</p>

Jogos teatrais e viewpoints

O artigo aborda as propostas metodológicas dos Jogos Teatrais, de Viola Spolin, e dos Viewpoints, conforme Anne Bogart e Tina Landau, ambas em voga na área do teatro na educação brasileira. Pretende refletir sobre a hipótese de que, entre elas, é possível estabelecer convergências conceituais e de que praticá-las no mesmo grupo de trabalho pode oferecer resultados potentes e interessantes. Para tanto, apresentamos uma revisão conceitual dos principais livros que apresentam as metodologias, além de oferecer observações acerca de uma investigação prática com o uso de ambas no projeto de extensão “Escape – laboratório de experimentação cênica do CAp-UERJ”.