Revista Psicopatologia Fenomenológica Contemporânea
Latest Publications


TOTAL DOCUMENTS

105
(FIVE YEARS 18)

H-INDEX

2
(FIVE YEARS 0)

Published By Sociedade Brasileira De Psicopatologia Fenomeno-Estrutural

2316-2449

2021 ◽  
Vol 10 (2) ◽  
pp. 45-51
Author(s):  
Carlos Campelo da Silva
Keyword(s):  

O objetivo deste trabalho é apresentar o conceito do paradoxo na clínica existencial-humanista, a partir de Rollo May e Kierkegaard. Ao utilizar a palavra dilema no título de seu livro A psicologia e o dilema humano (1979), Rollo May (1909-1994), explica que não a utiliza em um sentido técnico, mas seu uso consiste em referir-se às polaridades e aos paradoxos que são inescapavelmente humanos. Entretanto, ainda que o paradoxo seja parte fundamental da existência humana, muitas vezes tentamos fugir dele desenvolvendo excessivamente uma das polaridades para escapar da outra. Daí surgirem muitos distúrbios que conduzem as pessoas às clínicas e aos consultórios psicoterapêuticos. Porém, o psicólogo norte-americano salienta que as polaridades são também a fonte de energia e de criatividade humana, pois é do confronto construtivo das tensões, que o paradoxo produz, que nos tornamos criativos. O conceito de paradoxo é fundamental no pensamento do filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard (1813-1855), de quem Rollo May recebe influência e, desse modo, o presente artigo pretende afirmar a importância do paradoxo na existência humana e na clínica existencial-humanista.


2021 ◽  
Vol 10 (2) ◽  
pp. 01-12
Author(s):  
Jean Naudin ◽  
Alice Fromer ◽  
Flávio Guimarães Fernandes

A psiquiatria clínica oscila, segundo nossa argumentação, entre dois polos epistemológicos: inferência e percepção. A abordagem inferencial categoriza o transtorno como que de baixo para cima, isto é, partindo dos sintomas visíveis para a categoria patológica que supostamente os causa. Ao fazê-lo, distanciamo-nos de uma percepção mais instantânea que se possa ter acerca do paciente, assim como da consideração do transtorno enquanto fenômeno mutável, passível de evolução. De um ponto de vista fenomenológico, o modelo perceptivo permite que o terapeuta, em meio ao encontro, possa experienciar o emergir de uma impressão global acerca do paciente. Graças à épochè, faz-se possível emergir um senso de totalidade, uma Gestalt. Ora, o caso clínico, ainda assim, é sempre uma construção, uma narrativa intersubjetiva sobre o transtorno, narrativa essa recontada pelo paciente. Reunir casos clínicos pode levar-nos ao desenvolvimento de casos “tipo”, em que cada um deles se torna uma referência com a qual poderão ser realizadas comparações e categorizações, já que pertencem a uma “familiaridade” clínica; tal como os particulares, se quisermos referir-nos à teoria platônica das essências (Eidos). A abordagem fenomenológica contribui para a experiência clínica na medida em que possibilita a relação entre percepção e inferência, entre experiência subjetiva e narrativa intersubjetiva e entre pessoa e tipo.


2021 ◽  
Vol 10 (1) ◽  
pp. 39-75
Author(s):  
HELIO GOMES DA Rocha Neto ◽  
Adonis Tomé ◽  
Guilherme Peres Messas

Post-traumatic stress disorder (PTSD) is a severe mental disorder described only by operational criteria, without a proper dialectic essential analysis. In this study, we present a typical PTSD case with psychotic features, describing his living world through the domains of Heideggerian ontological-existential constituents –spatiality, temporality, corporeity and interpersonality (being-with-others). A phenomenological reduction and diagnostic elaboration was then performed. An essence of pervasive fear, that locks all intentionality and taints the entire being-in-the-world is described as the main characteristic of PTSD. The differential diagnosis is then discussed through a temporal perspective, showing essential differences among Bipolar Disorder, Schizophrenia and Persistent Delusional Disorder. We stand for a return to phenomenology, and its use to diagnosis and disorder description as a way to improve diagnostic validity and reliability.


2021 ◽  
Vol 10 (1) ◽  
pp. 18-38
Author(s):  
Felipe Miranda Zanetti

Uma conceituação de saúde específica permeia as discussões clínicas em suas mais diversas facetas e na psicologia, como nas ciências humanas em geral, a saúde torna-se – segundo uma noção positivista – um ideal a ser alcançado a partir de ferramentas clínicas com intuito terapêutico. Pensar a conceituação de saúde, a implicação desse conceito na construção de cada modo-de-ser e compreender a atuação do terapeuta diante dos ideais positivistas instaurados como verdades absolutas, compõe o caminho deste trabalho, bem como destacar os limites da técnica contemporânea, que forçosamente faz com que os fenômenos se mostrem a partir de suas imposições. Compreendeu-se que, segundo o olhar fenomenológico, o adoecer se dá por meio de restrições das possibilidades para a realização de uma existência, não sendo saúde, portanto, apenas a funcionalidade biológica de um corpo, mas, muito além disso, a abertura à liberdade ontológica de cada ser.


2021 ◽  
Vol 10 (1) ◽  
pp. 76-89
Author(s):  
Guilherme Ludovice Funaro

O presente estudo visa buscar uma base filosófica hegeliana, explorada na obra Fenomenologia do Espírito, quanto à consciência-de-si e sua gênese, a fim de contextualizar uma estruturação que conceba a consciência não erigida em bases solipsistas, mas sim como um construto social, apreendendo a estrutura da alteridade em seu núcleo mais íntimo, num embate entre forças antagônicas que clamam para si reconhecimento, na forma da alegoria Senhor-Escravo. A partir dessa base, procuro exemplificar empiricamente como se instaura tal dinâmica, para em seguida abordar a esquizofrenia, em especial sob a perspectiva do autor Bin Kimura, que compreende a clínica esquizofrênica de forma muito semelhante, com base em tal embate de forças, que se processaria de forma não integrativa. Tento, então, iluminar a clínica esquizofrênica deste autor à luz de uma chave de leitura próxima ao pensamento hegeliano, traçando possíveis pontos de convergência e divergência quanto as suas perspectivas.


2021 ◽  
Vol 10 (1) ◽  
pp. 1-17
Author(s):  
Daniel Melo

O objetivo é discutir a relação entre a materialidade da vida, o uso da tecnologia e o sofrimento psíquico durante a pandemia de Covid-19. Trata-se de uma discussão teórica que toma a compreensão existencialista sobre a condição humana como a dialética entre a condição material (o sujeito enquanto corpo-performance-de-subjetividade diante do Outro), e a consciência como absoluto de subjetividade em sua dinâmica nadificadora. O sofrimento psíquico é expressão da maneira como o sujeito contemporâneo experiencia o paradigma da tecnologia frente à crise sanitária oriunda da pandemia. Recorre-se a noções fundamentais do existencialismo – consciência, angústia, Outro, situação – a fim de apresentar a relação entre o que se chama aqui de materialidade da vida, o sofrimento psíquico e a pandemia. Há um comprometimento da materialidade da vida na vivência de relações interpessoais e de trabalho mediadas pela tecnologia. O isolamento social enquanto medida de enfretamento da pandemia é uma questão nevrálgica e atravessa o sofrimento psíquico contemporâneo.


2021 ◽  
Vol 10 (2) ◽  
pp. 13-28
Author(s):  
Otto Doerr Zegers

Hubertus Tellenbach ha sido considerado como un de las grandes figuras de la psiquiatría europea de la segunda mitad del siglo XX. Estudió paralelamente medicina y filosofía, doctorándose en ambas disciplinas en 1938. Durante sus años de estudiante, perteneció al círculo de discípulos del poeta Stefan George, fallecido en 1933. Su profundo conocimiento de la poesía de George – centrada en el tema del lenguaje – así como de la filosofía de Martin Heidegger, donde también el lenguaje juega un papel fundamental: investigaciones etimológicas de altísimo nivel, creación de palabras y de conceptos nuevos, la belleza poética que alcanzan algunos de sus ensayos, etc., podrían explicar en parte una de las características centrales de su obra: el empleo de un lenguaje altamente refinado, la capacidad de hacer análisis y descripciones memorables de casos clínicos, pero también patografías tanto de algunos genios, así como de los personajes que ellos mismos crearon. Volviendo de la guerra se incorporó al movimiento fenomenológico-antropológico en la psiquiatría, fundado por figuras tan notables como Ludwig Binswanger, Viktor von Gebsattel, Eugene Minkowski y Jürg Zutt, llegando a ser con los años su representante más señero. La obra que lo ha hecho conocido en todo el mundo es su libro sobre la melancolía de 1961 (cuarta edición ampliada, 1983), traducida al francés, inglés, español, italiano y japonés. En ella desarrolla una revolucionaria teoría de la depresión, la descripción de un tipo humano proclive a ella (el typus melancholicus) y las situaciones de vida específicas que, como la llave en la cerradura, ponen en movimiento la endogenidad dormida, desencadenando la enfermedad melancolía. Su concepción positiva de la endogenidad, desarrollada también en ese libro, es otro de sus aportes fundamentales. Gran parte de sus muchas contribuciones a la clínica de las enfermedades psíquicas aparecieron después como libro, con el título “La psiquiatría como medicina del espíritu” (1987) y sus estudios sobre personajes literarios configuraron el libro “Melancolía, delirio y epilepsia en la literatura occidental” (1992). Tellenbach fue no solo un gran investigador, sino también un gran profesor, un gran maestro. Sentía una gran comunidad de espíritu con el mundo hispanoamericano. Así es como viajó innumerables veces a España y a casi todos los países de Hispanoamérica. A Chile vino en seis oportunidades, permaneciendo en una oportunidad un mes completo. Durante esos períodos daba conferencias, se reunía en grupos, daba entrevistas para los medios de comunicación, etc. Siempre tuvo la deferencia de dar sus conferencias en castellano, idioma que aprendió con esfuerzo, porque durante su juventud en Alemania no se enseñaban idiomas extranjeros, fuera del latín y del griego. Su pensamiento original y profundo causó mucha impresión en los círculos intelectuales latinoamericanos. Decenas de jóvenes médicos de nuestro continente viajaron hasta Heidelberg para hacer estadas de postgrado de distinta extensión junto al maestro. Su obra continúa siendo fuente de inspiración para psiquiatras, filósofos y humanistas de Alemania, España. Francia, Italia, Japón, Países Bajos, Suiza y Latinoamérica, particularmente de Brasil y de Chile. Su influencia en el mundo anglosajón es, en cambio, visiblemente menor.


2021 ◽  
Vol 10 (2) ◽  
pp. 29-41
Author(s):  
Daniela Ceron Litvoc ◽  
Márcia Maciel Santiago

This is a theoretical paper in which we address the question of mimicry, one type of imitation behavior, in the first year of life through a phenomenological perspective. We conceptualize imitation in the first year of life with an emphasis on intentionality and argue that there are two types of imitation phenomena in infants: non-intentional and intentional imitation. As a conclusion, we generate the hypothesis as to whether mimicry could be used to the screening of Autism Spectrum Disorders so that it does not rely solely on questionnaires or expensive structured interviews.


2020 ◽  
Vol 9 (2) ◽  
pp. 74-82
Author(s):  
Virginia Moreira

The clinical practice in clinical phenomenology, be it psychiatric or psychological, is based on the philosophical inspiration adopted by the clinician. In my case, I see the world ambiguously and Merleau-Ponty is my philosopher of inspiration. Through these lenses, I see the phenomenon I study as a researcher or the way I relate to my patient as a psychotherapist. I also look through these lenses to write this essay about my lived experience in the pandemic of COVID-19 in 2020. COVID-19 reminds us that we are human and vulnerable. Assuming this vulnerability in its full existential meaning can be empowering, considering vulnerability in its intrinsic sense as a place in life with its ethical and political meanings. In the case of the lived experience of the COVID-19 pandemic in northeastern Brazil, contact with vulnerability, in many situations, is confused with precariousness, which has a more social nature. I also mention that the quarantine imposed by the COVID-19 pandemic required us to communicate with our families and work at home exclusively through video and audio on our computers. Under these circumstances, it is worth reflecting on the changes that we are experiencing in our own functioning, in our lived space and lived body. On the other hand, the lack of fluidity in our existential movement in the lived time is concerning as it affects the structural core of the human being and existential continuity. In this context, I finally present some preliminary thoughts about on-online psychotherapy through phenomenological lens.


2020 ◽  
Vol 9 (2) ◽  
pp. 83-116
Author(s):  
Jean Naudin

[...]


Sign in / Sign up

Export Citation Format

Share Document