A Memória Como Forma de Justiça no Pensamento de Paul Ricoeur e Tzvetan Todorov
O artigo procura mostrar que a memória não se confunde com a história, ainda que ambas resguardem em comum a problemática da representação de um objeto ausente. Diante desta distinção, procura evidenciar a força e a fragilidade específicas da memória, ambas se realizando num plano eminentemente político, no qual se entrevê uma clara dimensão moral, preocupada não apenas com a busca da verdade, mas com o uso a ser feito de uma dada narrativa memorial. É esta segunda dimensão prática que, abrindo espaço para a analogia e generalização, procura resgatar o discurso memorial de seu ponto de partida multiculturalista. Apresenta-se assim uma via de universalização do particular que supera a mera afirmação identitária por meio da forma específica de memória que Todorov chama justiça.