scholarly journals Contos medievais e “modernos”: das reuniões em torno das lareiras aos contos de fadas

2017 ◽  
Vol 8 ◽  
pp. 79-91
Author(s):  
David Sales Barbosa

Este trabalho analisa contos da Baixa Idade Média e da Idade Moderna provenientes da Inglaterra, da Itália, da França e da Alemanha, narrativas advindas de antologias como o Pentamerone, de Giambattista Basile, os Contos de Mamãe Gansa, de Charles Perrault, e os Contos de Grimm, dos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm. A pesquisa tem como objetivo explicitar, nas narrativas, elementos medievais que transpassaram o medievo ou que influenciaram contos redigidos no estopim da “modernidade”, além de buscar apresentar as diferenças e semelhanças entre os contos e perceber, por meio de uma análise discursiva e da transição dos períodos históricos, os retoques e as mudanças de discursos, de acordo com local, época e interesses que as redes discursivas de tais períodos buscavam propagar.

2016 ◽  
Vol 19 (1) ◽  
Author(s):  
Rosane Maria CARDOSO ◽  
Viviane Da Silva DUTRA

Os contos de fadas são remanescentes dos antigos contadores de histórias que narravam para nobres e plebeus. Esses contos permaneceram em nossa literatura, sendo modificados à medida que os anos passavam. Um exemplo é a história da “Bela Adormecida” que possui três versões distintas escritas por Giambattista Basile, Charles Perrault e os Irmãos Grimm. Contudo, sua essência sempre foi mantida. O conto foi adaptado para o cinema em 1959, pela Disney, focando na maldição lançada na princesa e na luta entre o bem e o mal, representados pelo príncipe e pela bruxa, e em 2014, no filme “Malévola”, no qual o foco é a “vilã”, uma fada que passou da luz às trevas devido a uma profunda desilusão. Esta personagem é o foco de nossa discussão, refletindo sobre seu desenvolvimento a partir do mito da Bela Adormecida.


2019 ◽  
Vol 15 (1) ◽  
pp. 01-18
Author(s):  
Joel Victor Reis Lisboa

O presente trabalho tem como objetivo geral investigar a possível suavização de conteúdos originalmente violentos em uma versão mais antiga e uma mais recente do conto A Bela Adormecida, sendo elas: 1) Sole, Luna e Talia (1634), escrito pelo italiano Giambattista Basile (1575?-1632) e  a releitura do mesmo conto, intitulada La Belle au bois dormant (1697), escrita pelo francês Charles Perrault (1628-1703). Ademais, temos como objetivos específicos explorar o contexto socio-histórico das duas versões do conto em questão, assim como levantar variáveis que possam ter contribuído para a eventual ressignificação dos dados referentes à violência. Como procedimentos metodológicos, primeiramente foi feita a leitura da tradução do conto mais antigo, com o intuito de identificar e coletar as manifestações de violência e, em seguida, realizamos a leitura da versão mais recente, a fim de entender a ressignificação dos dados referentes à violência. Na sequência foi feita a exposição de modificações identificadas a partir da leitura das duas versões do conto e, por fim, fizemos a revisão da literatura afim de explorar o panorama sócio-histórico em busca de possíveis variáveis que contribuíram para a eventual suavização de tais conteúdos de teor violento. De acordo com Darnton (1988, p. 26), “os contos populares são documentos históricos, surgiram ao longo de muitos séculos e sofreram diferentes transformações, em diferentes tradições culturais”. Em vista disso, é relevante que haja estudos exploratórios que busquem explicações para essas modificações nos elementos que compunham os contos originais fazendo relações com os momentos históricos a que as diferentes versões dos contos de fadas pertencem. Esperamos por meio desse trabalho estimular a reflexão sobre a relação entre sociedade e produção literária em diferentes momentos da história.


2021 ◽  
Vol 7 (7) ◽  
pp. 926-937
Author(s):  
Daniela Rebello Pereira Sylvestre

O artigo defende a relevância dos contos de fadas para a formação integral da criança. Delimitamos três objetos específicos: A Branca de Neve, A Bela Adormecida de Jacob e Wilhelm Grimm e Cinderela de Charles Perrault e suas adaptações cinematográficas (recriações) da Disney. Abordaremos o conceito de conto de fadas, por Nelly Novaes Coelho. Refletiremos sobre os atos de leitura de Barthes, Iser e Jauss. Discutiremos sobre a divulgação dos contos, atualmente, ocorrer pela Disney + Brasil e por fim, concluiremos que a leitura continua sendo uma experiência profundamente pessoal e resultará da permanente confrontação entre a narrativa do autor ou diretor e as histórias das vivências do leitor, que sempre será um coautor da obra.


2020 ◽  
Vol 7 (1) ◽  
pp. 55
Author(s):  
Nayara Cristina de Sene Souza

Este trabalho tem como objetivo apresentar uma análise das produções textuais desenvolvidas com alunos do 6º ano do Ensino Fundamental II em uma escola estadual do município de Uberaba/MG. O propósito da atividade foi conduzir os alunos à produção de textos narrativos a partir da (re)leitura e (re)interpretação de contos maravilhosos como, “Branca de Neve”, de Jacob Grimm, “Cinderela” e “Bela Adormecida”, de Charles Perrault, “João e Maria”, de Wilhelm Grimm e “Os três porquinhos”, de Joseph Jacobs. O trabalho consistiu na leitura e interpretação dos contos maravilhosos originais e na produção textual de versões modernas. A sequência de atividades propostas conduziu os alunos a ultrapassar a primeira leitura dos textos, que é a fase de apreciação, a questioná-la e a contrapor as ideias, observando as diferentes adaptações e podendo produzir outra versão para as mesmas histórias. Rildo Cosson defende que “a prática da literatura, seja pela leitura, seja pela escritura, consiste exatamente em uma exploração das potencialidades da linguagem, da palavra e da escrita, que não tem paralelo em outra atividade humana.” (2014, p.16). Através da leitura de textos literários como os contos maravilhosos, aprendemos com as experiências narradas por outros, assim, o aluno usa a linguagem de seu modo, tornando-se sujeito da escrita à medida que expressa o mundo por si mesmo e formando-se ao mesmo tempo leitor e escritor/produtor do que aprende através das próprias experiências e das experiências de outros. A escolha do gênero conto maravilhoso se deu porque, além de se tratar de textos mais curtos, a temática desse tipo de literatura costuma, segundo nossa experiência docente, despertar enorme interesse dos alunos.


2019 ◽  
Vol 8 (3) ◽  
pp. 245-256
Author(s):  
Adriana Aparecida de Jesus Reis ◽  
Maria Celeste Tommasello Ramos

Trata-se da tradução literária do conto de fadas “Petrosinella”, presente no livro Lo cunto de li cunti ovvero lo trattenemiento de peccerille (O conto dos contos ou o entretenimento dos garotinhos), também chamado de Pentamerone ossia la fiaba delle fiabe (Pentamerão, ou seja, a fábula das fábulas), obra-prima do escritor italiano Giambattista Basile, original de Nápoles, que viveu entre 1575-1632. Lo cunto de li cunti é uma antologia composta por quarenta e nove contos maravilhosos narrados durante cinco dias ou jornadas e enquadrados por uma narrativa que é também um conto maravilhoso, totalizando cinquenta deles articulados entre si para compor a obra. Essa coletânea foi publicada póstuma e originalmente em dialeto napolitano, língua falada na porção meridional da Itália, na região de Nápoles, fato que dificultou a divulgação da obra de Basile no restante da península e na Europa, por conta da restrição linguística ligada ao dialeto. Assim, a obra prima do autor napolitano permaneceu, durante muito tempo, desconhecida do público literário em geral. Foi somente em 1925 que a obra foi traduzida para o italiano standard, recebeu o nome Pentamerone, título atribuído pelo filósofo e crítico literário Benedetto Croce, que realizou tal tradução em alusão à estrutura narrativa empregada no Decamerone, de Giovanni Boccaccio. Contudo, antes mesmo dos italianos em geral terem contato com a obra, os bibliotecários, escritores e filólogos alemães Jacob e Wilhelm Grimm conheceram-na por intermédio do amigo Clemens Brentano (de família com origem italiana), fato que impulsionou a tradução da obra para a língua germânica, em 1846 pelo estudioso Félix Liebrecht, para a qual os irmãos Grimm escreveram um prefácio. Em virtude desse dado, atestado pelo pesquisador Andrea Lombardi (2015), e da confluência entre seus enredos, é possível afirmar que “Petrosinella”, primeiro conto maravilhoso narrado na segunda jornada do Pentamerone, pode ser o texto-fonte de “Rapunzel”, conhecidíssimo conto de fadas pela versão dos Grimm, que legou à Literatura Infantil e ao imaginário popular a figura da famosa personagem de longuíssimos cabelos, reclusa durante muitos anos numa alta torre. Em outras palavras, a personagem “donzela da torre”, forma pela qual a bela Rapunzel é identificada pelos folcloristas. Com isso, chegamos à conclusão de que é inegável a contribuição de Basile para o nascer da Literatura infantil. Nesse sentido, com o objetivo de alargar o escopo de autores europeus estudados nesse campo de pesquisa em nosso país, acreditamos ser relevante propor para o público brasileiro a leitura da versão infantojuvenil do conto em italiano, agora traduzida para o português e acompanhada de notas explicativas a respeito de questões que envolvem aspectos culturais e tradutórios. A intenção é tanto a de promover uma leitura em português quanto de contribuir para que a obra de Basile seja mais conhecida no Brasil.  


2020 ◽  
Vol 40 (2) ◽  
pp. 7-24
Author(s):  
Cristina Mazzoni

When Charles Perrault adapted his French “Puss in Boots” from earlier Italian versions by Giovan Francesco Straparola and Giambattista Basile, he made his feline protagonist a male. The cat, however, was grammatically gendered as feminine in the Italian versions, and several critics have speculated on the reasons for the French author’s change—regarded as purely ideological. This essay examines the cat’s gender in these three tales, and Perrault’s change, from a philological as well as a feminist perspective, with an emphasis on the gender of the dying parent at the beginning of the story: a father in Basile and Perrault, but a mother with a cat-like name in Straparola.


Author(s):  
Adriana Aparecida de Jesus Reis ◽  
Maria Celeste Tommasello Ramos

Estudo comparativo entre a narrativa maravilhosa, conhecida como “Cagliuso”, presente na obra Pentamerone, do italiano Giambattista Basile (1566-1632), e “Mestre gato ou o gato de botas”, do francês Charles Perrault (1628-1703), que, segundo Coelho (1991), foi inspirada na narrativa italiana de Basile, mas não existem comprovações históricas do contato do escritor francês com os textos do escritor italiano. Com base nas considerações de Darnton (1986), Mendes (2000) e Samoyault (2008), entre outros, verificamos os pontos em comum e as divergências para compreender se há bases para a afirmação de que o conto de Perrault seria uma releitura intertextual do conto de Basile.


Author(s):  
Jack Zipes

This book explores the legacy of the Brothers Grimm in Europe and North America, from the nineteenth century to the present. The book reveals how the Grimms came to play a pivotal and unusual role in the evolution of Western folklore and in the history of the most significant cultural genre in the world—the fairy tale. Folklorists Jacob and Wilhelm Grimm sought to discover and preserve a rich abundance of stories emanating from an oral tradition, and encouraged friends, colleagues, and strangers to gather and share these tales. As a result, hundreds of thousands of wonderful folk and fairy tales poured into books throughout Europe and have kept coming. The book looks at the transformation of the Grimms' tales into children's literature, the Americanization of the tales, the “Grimm” aspects of contemporary tales, and the tales' utopian impulses. It shows that the Grimms were not the first scholars to turn their attention to folk tales, but were vital in expanding readership and setting the high standards for folk-tale collecting that continue through the current era. The book concludes with a look at contemporary adaptations of the tales and raises questions about authenticity, target audience, and consumerism. The book examines the lasting universal influence of two brothers and their collected tales on today's storytelling world.


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