scholarly journals Edgar Allan Poe, Machado de Assis e Julio Cortázar: três visões do conto em conjunção

2010 ◽  
Vol 5 (1) ◽  
pp. 232
Author(s):  
Roxana Guadalupe Herrera Alvarez

A partir do ensaio "Kafka y sus precursores", de Jorge Luis Borges (1899-1986), faz-se uma incursão pelo terreno do conto, relacionando as visões que Edgar Allan Poe (1809-1849), Machado de Assis (1839-1908) e Julio Cortázar (1914-1984) possuem sobre esse gênero. Propõe-se uma possível conexão entre os três escritores, considerados mestres do conto, pela via da proposta do ensaio borgeano, destacando as similaridades dos enfoques que pautam a elaboração artística dos contos dos três autores. Dá-se destaque à relação comprovada entre Poe e Machado de Assis e entre Poe e Cortázar, expondo a possibilidade de pensar também numa relação estreita entre Machado de Assis e Cortázar.

2013 ◽  
Author(s):  
Greicy Pinto Bellin

A partir da leitura de “Os irmãos Dagobé”, de Guimarães Rosa, foi possível identificar uma série de elementos capazes de embasar uma reflexão a respeito do conto enquanto gênero de ficção, considerando os principais autores que discorreram a respeito deste assunto. Com base nestas ideias, a finalidade deste artigo é analisar o conto de Rosa considerando algumas perspectivas teóricas a respeito da ficção curta, iniciando a reflexão a partir das ideias de Edgar Allan Poe, o primeiro autor a sistematizar a reflexão a respeito do conto enquanto forma de ficção, passando por Machado de Assis, Mário de Andrade, Julio Cortázar e o próprio Guimarães Rosa. Assim, será possível perceber que o escritor mineiro constrói “Os irmãos Dagobé” a partir de elementos tanto do conto literário, tais como a unidade de efeito proposta por Poe, quanto das chamadas “formas simples”, tais como as estórias do anedotário popular, aspectos que lhe conferem uma grande originalidade enquanto contista dentro da literatura brasileira.


2018 ◽  
Vol 34 (2) ◽  
pp. 70
Author(s):  
Flavio García ◽  
Luciana Morais da Silva

Os processos de composição de personagens com matizes insólitos não respeitam a lógica racional e aristotélica expectável nos mundos referenciais de base a que o ficcionista tem acesso, senão que a arranham, fissuram, fraturam ou, mesmo, rompem, instaurando o incomum e inesperado ao tensionar crenças e percepções. Os mundos possíveis armados a partir de procedimentos arquiteturais que instauram o incomum e inesperado são mundos que fazem crescer suas sensações de uma só vez, impregnados pela essência de um relato que se dá pela construção do insólito, como observou Edgar Allan Poe acerca de um conto insólito e horrorífico de Hawthorne, “Twice-told tales”. Nesse mesmo universo, o conto fantástico, conforme Julio Cortázar, leva o leitor a mergulhar nas margens de um mundo insólito e a vivenciá-lo em sua amplitude de sentidos. “O pirotécnico Zacarias”, de Murilo Rubião, encena um mundo possível cuja personagem central configura-se, dubiamente, como um cadáver adiado, transitando entre estados de existência. A narrativa ilustra noções de níveis físico e metafísico transbordados pela aparente possibilidade de o morto manter-se vivo, experienciando sensações com seus coadjuvantes, em um mundo nada natural ou ordinário.


Author(s):  
Marisa Martins Gama-Khalil

O estudo parte da análise do conto “Axolotes”, de Julio Cortázar, com o objetivo de demonstrar a relação entre a constituição do fantástico e a construção das espacialidades da obra, espacialidades, como a dos corpos do narrador e do axolote, verificando como tais corpos situam-se como espaço de devir. Para iluminar a análise, também enfocaremos alguns aspectos do conto “O espelho”, de João Guimarães Rosa, e das narrativas “Um animal sonhado por Kafka” e “A bao a qu”, inseridas em O livro dos seres imaginários, de Jorge Luis Borges e Margarita Guerrero. O processo metamórfico que ocorre nas narrativas supracitadas pode ser entendido como exercícios de animalidade que são desencadeados pelas personagens no sentido de testar os limites entre a razão e a imaginação, entre o real e o irreal.


2010 ◽  
Vol 5 (1) ◽  
pp. 252
Author(s):  
Paulo Sérgio Marques

Este trabalho procura demonstrar como o conto “A queda da Casa de Usher”, do escritor norte-americano Edgar Allan Poe, pode ser considerado uma metaficção e conter, a partir dos elementos metalinguísticos identificados nesta narrativa, uma teoria da literatura concebida conforme as ideias do autor defendidas em textos críticos e ensaísticos, do mesmo modo que se pode inferir, do mesmo conto, uma teoria do gênero fantástico na literatura. Para empreender a pesquisa, busquei suporte na crítica sobre a obra de Poe, em especial a de Julio Cortázar (1993) e Lúcia Santaella (1987), nos próprios ensaios do autor sobre estética e nos teóricos modernos da narrativa fantástica, como Irène Bessière (1974), Louis Vax (1965; 1972) e Jacques Finné (1980).


Organon ◽  
2005 ◽  
Vol 19 (38-39) ◽  
Author(s):  
Maria Luiza Bonorino Machado

Le présent travail a pour objectif d’établir le profil des narrateursdes contes fantastiques de Jorge Luis Borges et Julio Cortazar. Cet essai tenteprouver la différence du narrateur du fantastique par rapport au narrateurtradittionel. Le narrateur fantastique met em relief la vraissemblance pourgarantir sa crédibilité.


2019 ◽  
Vol 18 ◽  
pp. 35-44
Author(s):  
Dário Borim Jr.

Enfocando contos e romances de Luis Fernando Verissimo, este ensaio discute a robusta semelhança de aspectos estilísticos e temáticos entre o autor gaúcho e três mestres da narrativa oriundos de diferentes tradições literárias: o estadunidense Edgar Allan Poe, o argentino Jorge Luis Borges, e o brasileiro Joaquim Maria Machado de Assis. Exploram-se as facetas que dão coesão e dinamismo crítico ao tipo de escrita estranha e desconcertante praticada por Verissimo. Sua narrativa, como tal, emprega narradores extremamente criativos. Eles não apenas questionam a própria linguagem humana e negociam conexões simbólicas e coincidências entrecortadas entre vida e arte. Mesclam-se, também, fatos e ficções, mitos clássicos e afazeres banais, que, muito amiúde, se fundem em meio ao bizarro e ao imponderável nos eventos do dia-a-dia.


Nova Tellus ◽  
1970 ◽  
Vol 26 (1) ◽  
Author(s):  
David García Pérez

En este trabajo se aborda la comparación temática entre el mitologema grecolatino conformado por Asterión y el laberinto, y su tematización en el cuento “La casa de Asterión” de Jorge Luis Borges y en el poema dramático Los Reyes de Julio Cortázar. El objetivo es analizar, desde la perspectiva de la Literatura Com­parada, los elementos resemantizados en torno a la configuración del Minotauro: la tematización que parte de este personaje como antagonista en el mitologema grecolatino hacia su configuración como héroe, filósofo y poeta en las recreaciones de los escritores argentinos referidos.


Author(s):  
Pedro De Carvalho Naletto

Este artigo pretende retomar a relação proposta por Davi Arrigucci Júnior entre o flâneur baudelairiano de “O pintor da vida moderna” e o personagem Roberto-Michel, do conto “Las babas del diablo”, de Julio Cortázar, à luz da análise do flâneur desenvolvida por Walter Benjamin no ensaio “Paris do segundo império”. Baudelaire retira a figura do flâneur do conto “O homem na multidão”, de Edgar Allan Poe, e a descreve em associação às ideias da convalescença e da infância, que exprimem a curiosidade do flâneur em meio à multidão. Na análise de Benjamin, por outro lado, a multidão ganha um caráter negativo, como esconderijo do flâneur, visto que este não se sente seguro no meio social. Ao retomar a análise de Benjamin, este artigo tem como objetivo propor uma possível contribuição à interpretação feita por Arrigucci Jr. do personagem de Cortázar.


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