scholarly journals ASPECTOS DA(S) TEORIA(S) DO CONTO EM “OS IRMÃOS DAGOBÉ”, DE GUIMARÃES ROSA

2013 ◽  
Author(s):  
Greicy Pinto Bellin

A partir da leitura de “Os irmãos Dagobé”, de Guimarães Rosa, foi possível identificar uma série de elementos capazes de embasar uma reflexão a respeito do conto enquanto gênero de ficção, considerando os principais autores que discorreram a respeito deste assunto. Com base nestas ideias, a finalidade deste artigo é analisar o conto de Rosa considerando algumas perspectivas teóricas a respeito da ficção curta, iniciando a reflexão a partir das ideias de Edgar Allan Poe, o primeiro autor a sistematizar a reflexão a respeito do conto enquanto forma de ficção, passando por Machado de Assis, Mário de Andrade, Julio Cortázar e o próprio Guimarães Rosa. Assim, será possível perceber que o escritor mineiro constrói “Os irmãos Dagobé” a partir de elementos tanto do conto literário, tais como a unidade de efeito proposta por Poe, quanto das chamadas “formas simples”, tais como as estórias do anedotário popular, aspectos que lhe conferem uma grande originalidade enquanto contista dentro da literatura brasileira.

2010 ◽  
Vol 5 (1) ◽  
pp. 232
Author(s):  
Roxana Guadalupe Herrera Alvarez

A partir do ensaio "Kafka y sus precursores", de Jorge Luis Borges (1899-1986), faz-se uma incursão pelo terreno do conto, relacionando as visões que Edgar Allan Poe (1809-1849), Machado de Assis (1839-1908) e Julio Cortázar (1914-1984) possuem sobre esse gênero. Propõe-se uma possível conexão entre os três escritores, considerados mestres do conto, pela via da proposta do ensaio borgeano, destacando as similaridades dos enfoques que pautam a elaboração artística dos contos dos três autores. Dá-se destaque à relação comprovada entre Poe e Machado de Assis e entre Poe e Cortázar, expondo a possibilidade de pensar também numa relação estreita entre Machado de Assis e Cortázar.


2018 ◽  
Vol 34 (2) ◽  
pp. 70
Author(s):  
Flavio García ◽  
Luciana Morais da Silva

Os processos de composição de personagens com matizes insólitos não respeitam a lógica racional e aristotélica expectável nos mundos referenciais de base a que o ficcionista tem acesso, senão que a arranham, fissuram, fraturam ou, mesmo, rompem, instaurando o incomum e inesperado ao tensionar crenças e percepções. Os mundos possíveis armados a partir de procedimentos arquiteturais que instauram o incomum e inesperado são mundos que fazem crescer suas sensações de uma só vez, impregnados pela essência de um relato que se dá pela construção do insólito, como observou Edgar Allan Poe acerca de um conto insólito e horrorífico de Hawthorne, “Twice-told tales”. Nesse mesmo universo, o conto fantástico, conforme Julio Cortázar, leva o leitor a mergulhar nas margens de um mundo insólito e a vivenciá-lo em sua amplitude de sentidos. “O pirotécnico Zacarias”, de Murilo Rubião, encena um mundo possível cuja personagem central configura-se, dubiamente, como um cadáver adiado, transitando entre estados de existência. A narrativa ilustra noções de níveis físico e metafísico transbordados pela aparente possibilidade de o morto manter-se vivo, experienciando sensações com seus coadjuvantes, em um mundo nada natural ou ordinário.


2010 ◽  
Vol 5 (1) ◽  
pp. 252
Author(s):  
Paulo Sérgio Marques

Este trabalho procura demonstrar como o conto “A queda da Casa de Usher”, do escritor norte-americano Edgar Allan Poe, pode ser considerado uma metaficção e conter, a partir dos elementos metalinguísticos identificados nesta narrativa, uma teoria da literatura concebida conforme as ideias do autor defendidas em textos críticos e ensaísticos, do mesmo modo que se pode inferir, do mesmo conto, uma teoria do gênero fantástico na literatura. Para empreender a pesquisa, busquei suporte na crítica sobre a obra de Poe, em especial a de Julio Cortázar (1993) e Lúcia Santaella (1987), nos próprios ensaios do autor sobre estética e nos teóricos modernos da narrativa fantástica, como Irène Bessière (1974), Louis Vax (1965; 1972) e Jacques Finné (1980).


Author(s):  
Pedro De Carvalho Naletto

Este artigo pretende retomar a relação proposta por Davi Arrigucci Júnior entre o flâneur baudelairiano de “O pintor da vida moderna” e o personagem Roberto-Michel, do conto “Las babas del diablo”, de Julio Cortázar, à luz da análise do flâneur desenvolvida por Walter Benjamin no ensaio “Paris do segundo império”. Baudelaire retira a figura do flâneur do conto “O homem na multidão”, de Edgar Allan Poe, e a descreve em associação às ideias da convalescença e da infância, que exprimem a curiosidade do flâneur em meio à multidão. Na análise de Benjamin, por outro lado, a multidão ganha um caráter negativo, como esconderijo do flâneur, visto que este não se sente seguro no meio social. Ao retomar a análise de Benjamin, este artigo tem como objetivo propor uma possível contribuição à interpretação feita por Arrigucci Jr. do personagem de Cortázar.


Author(s):  
Irene Achón Lezaun ◽  
Sheila Valiente Mingotes

Cuando hablamos del fenómeno fantástico, los autores «solo» tienen el lenguaje como herramienta para describir lo imposible, lo que rompe con las reglas de lo establecido y subyace tras las palabras. Mientras el autor de relatos fantásticos debe recurrir al lenguaje de lo no existente, los traductores deben interpretar esos términos que evocan sensaciones y trasladarlos a la lengua meta, enfrentándose al reto de traducir lo indesignable, lo intraducible por no existente. Si la representación de lo imposible es el reto de los escritores de lo fantástico, la traducción de aquello será el reto de los traductores: Cómo traducir lo que no se puede ni designar en su lengua original. En este artículo se ha trabajado la traducción de «The Fall of the House of Usher» de Edgar Allan Poe hecha por Julio Cortázar, escritor de lo fantástico además de traductor, prestando atención al léxico utilizado por escritor y traductor para representar lo imposible. Para la contextualización de lo fantástico y los límites del lenguaje se han seguido las líneas de David Roas, principalmente, y de otros autores, como Bozzetto, que han estudiado la retórica de lo fantástico.


Literartes ◽  
2021 ◽  
Vol 1 (15) ◽  
pp. 123-148
Author(s):  
Joana Marques Ribeiro ◽  
Kátia Pellicci Cembrone de Souza

O presente artigo pretende engendrar uma reflexão sobre a manifestação do horror na literatura em diálogo com a linguagem cinematográfica a partir de aproximações entre os contos “A queda da casa de Usher” (1839), de Edgar Allan Poe, e “Casa tomada” (1951), de Julio Cortázar, e a peça fílmica “Os outros” (2001), de direção e roteiro de Alejandro Amenábar. Para tanto, a análise destacará a posição de precursor de Poe em relação aos outros dois autores, bem como os elementos formais das três narrativas que, em contínuo e profícuo diálogo intertextual, colaboram para a criação de efeitos relativos ao assombro. Nesse sentido, será analisado de que maneira a casa, presente como elemento central das obras selecionadas, exerce um papel fundamental na construção do efeito próprio das narrativas de horror. Extrapolando os aspectos concreto e material da casa, a investigação buscará observar também como o espaço hostil e de ameaça espelha a confusão do território mental dos protagonistas, tornando-se metáfora de sua complexidade e de seu interior tantas vezes evitado, por seus aspectos ameaçadores enquanto corpo e/ou mente que se habita, contribuindo para potencializar os efeitos de desestabilização causados pela leitura das obras.


2014 ◽  
Vol 7 (2) ◽  
Author(s):  
Stela De Castro Bichuette

O oabjetivo desse trabalho foi analisar o protagonista do conto "A presença", de Lygia Fagundes Telles (1923-), pela via dos rastros do trágico. De forma mais específica, privilegiou-se o eestudo do conceito de hybris para se entender a persoangem. Para tanto, no primeiro momento, o estudo fez uma incursão sobre o gênero trágico e sua aproximação com gênero conto para, em seguida, deter-se de forma mais prolongada sobre a questão da hybris. Serviu como arcabouço teórico os trabalhos de Aristóteles (2005), Albin Lesky (2010) e Jean-Pierre Vernant (1988) no que se refere ao gênero trágico e Edgar Allan Poe (1988) e Julio Cortázar (1973) ao que se refere ao gênro conto.


2016 ◽  
Vol 8 (1) ◽  
Author(s):  
Caroline Moreira Eufrausino

Uma das primeiras tarefas do crítico literário ao se debruçar sobre uma obra é a de encaixá-la em uma das categorias de gênero pré-estabelecidas pela tradição literária. Seria poesia, conto, novela, romance, drama? Há uma gama de possibilidades de gênero que podem ser conceituadas perante diferentes teorias. Clarice Lispector, porém, parece escapar a tais categorias no que se refere ao gênero comumente conhecido como conto. Afinal, o que ela propõe são de fato contos? Para responder tal questão, se faz necessário retornar ao pai do conto moderno, Edgar Allan Poe, passando por um grande teórico do conto, Julio Cortazar e dialogando com outros contistas do século XX como Virginia Woolf, James Joyce e Anton Tchekhov. Para entender as (im)possibilidades de gênero dentro da obra de Clarice será analisado “Os Desastres de Sofia”, um conto (ou noveleta, segundo a própria autora) extraído da coleção A Legião Estrangeira (1964). 


2019 ◽  
Vol 10 (1) ◽  
pp. 47
Author(s):  
Rafael César Pitt

<p>O presente artigo apresenta uma análise filosófica do conto <em>Um discurso sobre o método </em>escrito por Sérgio Sant’Anna. O objetivo da análise é demonstrar que o conto é construído como um esforço de mímesis da filosofia cartesiana. Parte-se do pressuposto que o texto artístico comporta múltiplas interpretações, principalmente quando construído em diálogo com a filosofia. Do tema em destaque, o cartesianismo defende a ideia de que a subjetividade (o ‘eu’) é um dado radical sem ligação com o entorno material, social e cultural. Todavia, o contista contemporâneo discorda deste isolamento e constrói uma narrativa na qual o ‘eu’ é descoberto através de vários métodos. Com isto amplia-se a compreensão hodierna de que o sujeito não está fechado sobre parâmetros científicos estritos, e sim se abre a inúmeras manifestações fenomênicas. Esta análise literária e filosófica vai amparada nos conceitos analíticos de Gerard Genette em <em>O discurso da narrativa, </em>assim como em concepções literárias de Edgar Allan Poe, Júlio Cortázar e Ricardo Piglia além, é claro, de algumas obras de René Descartes. O resultado alcançado é um exercício especulativo que, à primeira vista, parece uma crítica ao puro cartesianismo, mas que, ao contrário, se posiciona como um complemento que reconhece e amplia os caminhos da modernidade para o estudo do ‘eu’. Em acréscimo indicam-se semelhanças entre o conto e a obra de Descartes, o que reforça nossa tese de mímesis e complementariedade entre a obra literária e a filosófica. </p>


Author(s):  
Mariana Silva Franzim

O presente artigo analisa a escolha de Murilo Rubião pelo conto como forma exclusiva em sua produção literária. Tal reflexão é estabelecida a partir de anotações pessoais do autor consultadas no Acervo dos Escritores Mineiros, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da análise do conto “Marina, a Intangível” e da aproximação do escritor com autores como Edgar Allan Poe, Julio Cortázar e Horacio Quiroga.


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