scholarly journals FUNES, O ARQUIVISTA DA MEMÓRIA – REFLEXÕES SOBRE MEMÓRIA E ESQUECIMENTO NA CONTEMPORANEIDADE

1969 ◽  
Vol 1 (8) ◽  
Author(s):  
Sarah Catão LUCENA

Este artigo tem como propósito pensar a respeito do tema da memória e seu reverso, o esquecimento, na atualidade, utilizando-se da análise do conto Funes, o Memorioso, do escritor argentino Jorge Luis Borges. Para tanto, recorreu-se às reflexões de alguns dos principais teóricos da memória. Com Paul Ricoeur, buscou-se, especialmente nos seus textos sobre os usos da memória e do esquecimento, tratar principalmente deste último enquanto uma não-disfunção da mente. Com Pierre Nora, por meio de suas reflexões sobre os lieux de memoire, e Jesus Martin-Barbero e seu boom da memória, foi possível atualizar o conto de Borges como uma metaforização do mais representativo sintoma da contemporaneidade, que Márcio Seligmann-Silva chama de era dos arquivos. Nesse ponto, encontramos interlocução com Walter Benjamin e seu conceito de arquivamento no fazer história. É quando podemos ver em Funes, então, a imagem de nossa atual obsessão pelo resgate da memória.

2021 ◽  
pp. 55-73
Author(s):  
Francisco Naishtat

Este artículo parte de un poema manuscrito atribuido póstumamente a Jorge Luis Borges, titulado “Aquí. Hoy” y editado por el crítico colombiano Abad Faciolince. Sin entrar en el problema de la autenticidad de este poema, lo que interesa es su argumento metafísico en conexión con lo que se caracteriza aquí como una “hermenéutica del olvido”, convocando a Paul Ricœur, Friedrich Nietzsche, Jean-Paul Sartre, Martin Heidegger, Walter Benjamin y otros filósofos que inauguraron una reflexión sobre el olvido con raíces fenomenológicas, ontológicas, antropológico-existenciales e históricas. En particular, el autor polariza un pensamiento (in)existencial del olvido a través de la noción de Nachleben con la que Benjamin, en su obra temprana, aborda la temática de la ruina y la espectralidad.


2012 ◽  
pp. 3
Author(s):  
Augusto Leite

O presente artigo busca contribuir para a discussão do texto “A tarefa do tradutor” de Walter Benjamin, a partir da leitura do filósofo francês Paul Ricoeur do texto de Benjamin em questão. Pretende-se desenvolver, ainda, as implicações teóricas das propostas contidas no texto sobre a tarefa do tradutor, particularmente a ideia de língua pura – reine Sprache.


2021 ◽  
Author(s):  
◽  
Fabiana Rodrigues de Almeida

A palavra anatomia, que trago para o título desta tese, deriva etimologicamente da junção de origem grega ana (acima) e tomáo (cortar), e significa cortar em partes. A Base Nacional Comum Curricular, objeto central dessa tese, só poderá ser entendida neste e nos tempos futuros se olharmos para sua espinha dorsal e compreendermos suas partes ausentes. Isso implica olhar para as mutilações decorrentes de uma política de memória que insiste em apagar, silenciar, interditar sujeitos, narrativas e saberes. Este foi o cenário vivido pela área de História no processo de construção de uma proposta curricular para a educação brasileira no século XXI, um tempo marcado por muitos desafios para a ciência e para pesquisadores e professores. Como resultado das discussões do Plano Nacional de Educação (PNE/2014), que estabeleceu diversas metas a serem cumpridas até 2020, a Base Nacional Comum Curricular deveria conter direitos e objetivos de aprendizagem capazes de unificar 60% dos conteúdos escolares a nível nacional, enquanto os 40% restantes respeitariam a autonomia e diversidade local. A primeira proposta pensada para a base, entre os anos de 2013 e 2014, apostava nessa construção capaz de garantir a autoria das escolas e dos professores, mas não chegou a ganhar o debate público e foi sumariamente interditada pelo Ministério da Educação. Em 2015, uma nova versão foi publicada e mobilizou um enorme debate público em torno da BNCC. Dentro desse debate, a área de História reuniu a maior parte dos holofotes projetados nessa querela pública, sofrendo fortes ataques à sua produção e desqualificação da sua equipe elaboradora, que propunha a superação de uma narrativa histórica quadripartite – tradicionalmente organizada em história antiga, medieval, moderna e contemporânea – e trazia para o centro do debate questões socialmente vivas, como aquelas atinentes à lei 11.645/2008, que introduz a obrigatoriedade da história Afro-brasileira e indígenas nos currículos escolares. Diante de um cenário de rejeição mobilizado por setores conservadores do meio acadêmico e da sociedade civil, bem como capitaneado por interesses privados na educação e, por fim, pelo próprio Ministério da Educação, aquela versão considerada incômoda será interditada em nome de uma outra versão realizada por sujeitos externo ao campo do Ensino de História. Eles foram capazes de trazer de volta um código disciplinar canônico, desconsiderando nesse sentido os investimentos em pesquisa realizados nas últimas três décadas pela comunidade disciplinar do Ensino de História. Narrar essa história torna-se assim um dever de memória. Partindo desse princípio, busquei nessa tese entender como se deram os processos de construção das primeiras versões da BNCC, propostas por sujeitos atuantes no campo do Ensino de História? E a partir deste ponto, buscar compreender quais as razões que levaram à interdição de ambas as versões? Entre os referenciais teóricos que me ajudaram a ler esse cenário, destaco especialmente Ivor Goodson e seu entendimento de currículo como “tradições inventadas”, construídas socialmente e por uma comunidade disciplinar. Para a definição de currículo como política de memória, ancoro esta pesquisa nas discussões desenvolvidas por Paul Ricoeur e Michael Pollak. Por fim, para compreender o que significa discutir currículo em tempos de barbárie, busquei inspiração em Walter Benjamin e sua clareza sobre os efeitos nefastos do progresso sobre a História e sobre os sujeitos históricos. Contrariando a tentativa de apagamento gerado no processo de construção da BNCC, minha opção metodológica foi ouvir aqueles e aquelas que tiveram suas propostas interditadas. Nesse sentido, as narrativas de alguns dos autores e autoras das primeiras versões de História assumiram protagonismo e apontaram a complexidade que envolveu a construção curricular de História na base, marcada por defesas de territórios, potentes invenções, disputadas de fronteiras, batalhas enfrentadas e silêncios que atravessaram as decisões políticas impostas à educação brasileira.


2012 ◽  
pp. 09-30
Author(s):  
Hugo Studart

Comunicação de pesquisa que busca detalhar as descobertas e a abordagem metodológica da investigação historiográfica em curso sobre a guerrilha rural brasileira (1966-1974), através do uso combinado de fontes escritas remanescentes (diários e cartas dos guerrilheiros, documentos políticos do partido e documentos militares) e das fontes orais sobreviventes (guerrilheiros, camponeses e militares), procurando diálogo teórico com Walter Benjamin, Paul Ricoeur e Hannah Arendt a partir de suas reflexões sobre o conceito de memória, assim como em questões como memória e esquecimento, anistia e perdão.


2018 ◽  
pp. 112
Author(s):  
Diego Gomes Do Valle

O presente artigo buscar analisar o romance O homem duplicado, do português José Saramago, trazendo temas e passagens paralelas dos contos e ensaios do argentino Jorge Luis Borges. Este intento se justifica na medida em que o escritor argentino sempre se utilizou da temática do duplo em seus escritos, fato que nos autorizou, esperamos, a estabelecer conexões com a prosa do escritor argentino. Para além disso, teóricos como Mikhail Bakhtin, Louis Lavelle, Paul Ricoeur e Jean Pouillon nos auxiliaram a prolongar o alcance das reflexões propostas no romance ora compulsado. Desta forma, almejamos ter construído uma leitura do romance prolífica e disseminadora de sentidos.


2014 ◽  
Author(s):  
◽  
Mariana Carolina Castillo Merlo

Mi investigación se orienta a mostrar de qué manera la noción de mímesis trágica de Aristóteles podría enmarcarse en una lectura que despliegue su dimensión ética y política, atendiendo a su estrecha relación con la práxis y el lógos, más allá de los “silencios” de la <i>Poética</i> al respecto. En tal sentido, afirmo que esta obra, dedicada a la mímesis trágica, no sólo es un tratado sobre la poética, en términos técnicos, sino también una “puerta abierta” hacia una problemática ético-política más amplia, derivada de la propia situación histórica en la que se ubica el estagirita y signada por una crisis particular del hombre y lo político. Mi interpretación es que el énfasis aristotélico por la generación de “buenas tragedias”, y el tono normativo que, en general, tienen sus consideraciones sobre la poética, podrían ser leídos como la búsqueda de una vía de resolución de dicha crisis. Así, la mímesis trágica posibilitaría, por un lado, la conformación de una comunidad política gracias al espectáculo, a la manera de “poner ante los ojos” complejas cuestiones morales y políticas y, por otro, la ejercitación de la prudencia y la deliberación como principales herramientas prácticas para la vida en la pólis. De esta manera, podría verse en la mímesis trágica un aporte que, desde el ámbito del arte, permitiría reflexionar en torno a la fragilidad de la acción, en sus dimensiones tanto éticas como políticas. En el contexto contemporáneo, signado por una crisis del hombre y de la experiencia del mundo, la mímesis vuelve a aparecer en las más variadas discusiones. Autores como Walter Benjamin, Paul Ricoeur, Hannah Arendt, Philippe Lacoue-Labarthe, entre otros, recurren a la noción de mímesis, desde distintas perspectivas teóricas, para revisar los problemas que plantean la acción humana y su representación. En las conclusiones, me refiero en particular a la reapropiación de Arendt y Ricoeur, por considerar que en sus lecturas explotan los “silencios” de Aristóteles y, al hacerlo, dan un nuevo sentido ético y político a la mímesis.


2016 ◽  
pp. 279
Author(s):  
Andréa Borges Medeiros

Interpretar como as crianças estabelecem noções de tempo pelo viés das narrativas sobre as suas experiências no cotidiano da escola é o propósito deste texto. Para trazer os seus olhares e os seus diferentes modos de significar o tempo, escolheu-se o gênero crônica pela sua dimensão narrativa, já que preserva, sob os mesmos critérios de valor, os grandes e pequenos acontecimentos para a escrita da história. O texto apresenta a experiência de crianças de sete anos quando do nascimento de várias borboletas na escola, como também as narrativas delas sobre a rememoração do vivido. Trata-se de um trabalho que abriu caminhos para uma pesquisa de doutorado que procurou investigar as dinâmicas da memória social das crianças. A perspectiva teórica que fundamenta as interpretações propostas tem em Walter Benjamin e Paul Ricoeur a sua maior referência no tocante a modos de ser na linguagem. Tais modos implicam em ser no tempo. Isso indica que a noção de tempo se apresenta associada à experiência narrativa. No campo pedagógico, as narrativas sobre as experiências vividas redimensionam perspectivas curriculares, uma vez que geram ações partilhadas sobre o conhecimento em construção nas relações cotidianas.


2019 ◽  
Vol 8 (3) ◽  
pp. 219
Author(s):  
Osmando Jesus Brasileiro

<p class="0Resumo">O presente artigo discute a construção do duplo na personagem Dr. Rodrigo Cambará, de O retrato (1951), da trilogia O tempo e o vento, de Erico Verissimo. Essa personagem revela o seu duplo por meio de elementos constitutivos de sua identidade ou afetado por algum acontecimento externo, que ao serem expostos ao mundo ficcional revelam a dupla identidade daqueles que estão sendo representados. Destaca-se Dr. Rodrigo Cambará, em sua relação com o quadro que o representa e a repercussão causada por este e as perspectivas da arte na ficção. Nossa metodologia consiste em analisar as figurações da personagem de Erico Verissimo com base em teóricos como: Clement Rosset (1998), em O real e seu duplo; Walter Benjamin, em Magia e técnica, arte e política; em Paul Ricoeur, em Tempo e narrativa, dentre outros.</p>


2021 ◽  
Vol 5 (01) ◽  
pp. 153-166
Author(s):  
Gong Li Cheng

Neste trabalho, propomos uma leitura comparada entre a obra Cascas (2013), do filósofo francês Georges Didi-Huberman, e O que os cegos estão sonhando? (2012), da escritora brasileira Noemi Jaffe. Ambas as obras são escritas após uma viagem a Auschwitz e se debruçam numa apreciação tanto ética e política quanto estética das marcas, dos rastros e dos testemunhos do passado. Constituem-se, portanto, como escrituras que se encontram entre a pesquisa histórica e a empresa literária. Para tanto, apoiamo-nos nas reflexões acerca da memória em Paul Ricoeur, Walter Benjamin e Jeanne Marie Gagnebin. Palavras-chave: Didi-Huberman. Noemi Jaffe. Auschwitz. Memória.


2020 ◽  
Vol 25 (2) ◽  
pp. 117
Author(s):  
Júlia Morena Costa ◽  
Priscila Machado

Resumo: Este artigo objetiva refletir sobre o lugar ocupado pela memória na construção da narrativa de Formas de volver a casa (2011), de Alejandro Zambra, tanto na sua dimensão estética como política. A partir dessa elaboração, discute-se sobre a legitimidade do uso da memória e da construção do passado por uma geração que opera no presente, com distanciamento temporal dos eventos históricos que marcaram as últimas décadas no Chile e na América Latina, em especial da ditadura militar de Augusto Pinochet e do processo de (re)democratização do país. Na defesa de uma narrativa própria, tanto na história como na literatura, propõe-se partir de análises de elementos como a casa, a cidade e a narrativa, para estabelecer relações sobre a construção de uma memória geracional sobre os eventos políticos dos séculos XX e XXI chilenos, assim como seus impactos nas discussões públicas e coletivas, como nos âmbitos pessoais e familiares. Para isso, são usadas reflexões propostas por autores como Georges Didi-Huberman, Paul Ricoeur, Walter Benjamin e Raúl Antelo.Palavras-chave: memória; Alejandro Zambra; memória geracional; literatura latino-americana contemporânea; história.Abstract: This article aims to reflect on the place occupied by memory in the construction of the narrative of Formas de volver a casa (2011), by Alejandro Zambra, both in its aesthetic and political dimensions. Based on this elaboration, the legitimacy of the use of memory and the construction of the past is discussed by a generation that operates in the present, with temporal distance from the historical events that marked the last decades in Chile and Latin America, especially the dictatorship Pinochet’s military and the process of (re) democratization. In defense of its own narrative, both in history and in literature, analyzes of elements such as the house, the city and the narrative, are proposed as a starting point to establish relationships on the construction of a generational memory on the political events of the Chilean’s 20th and 21th centuries, as well as their impacts on public and collective discussions, and on personal and family spheres. For this, reflections proposed by authors such as Georges Didi-Huberman, Paul Ricoeur, Walter Benjamin and Raúl Antelo are usedKeywords: memory; Alejandro Zambra; generational; contemporary Latin American literature, history.


Sign in / Sign up

Export Citation Format

Share Document