scholarly journals A reinvindicação da memória em Formas de volver a casa, de Alejandro Zambra ou como construir “La Novela de los hijos” / The Claim of Memory in Ways to Return Home, by Alejandro Zambra or How to Build “La Novela de los hijos”

2020 ◽  
Vol 25 (2) ◽  
pp. 117
Author(s):  
Júlia Morena Costa ◽  
Priscila Machado

Resumo: Este artigo objetiva refletir sobre o lugar ocupado pela memória na construção da narrativa de Formas de volver a casa (2011), de Alejandro Zambra, tanto na sua dimensão estética como política. A partir dessa elaboração, discute-se sobre a legitimidade do uso da memória e da construção do passado por uma geração que opera no presente, com distanciamento temporal dos eventos históricos que marcaram as últimas décadas no Chile e na América Latina, em especial da ditadura militar de Augusto Pinochet e do processo de (re)democratização do país. Na defesa de uma narrativa própria, tanto na história como na literatura, propõe-se partir de análises de elementos como a casa, a cidade e a narrativa, para estabelecer relações sobre a construção de uma memória geracional sobre os eventos políticos dos séculos XX e XXI chilenos, assim como seus impactos nas discussões públicas e coletivas, como nos âmbitos pessoais e familiares. Para isso, são usadas reflexões propostas por autores como Georges Didi-Huberman, Paul Ricoeur, Walter Benjamin e Raúl Antelo.Palavras-chave: memória; Alejandro Zambra; memória geracional; literatura latino-americana contemporânea; história.Abstract: This article aims to reflect on the place occupied by memory in the construction of the narrative of Formas de volver a casa (2011), by Alejandro Zambra, both in its aesthetic and political dimensions. Based on this elaboration, the legitimacy of the use of memory and the construction of the past is discussed by a generation that operates in the present, with temporal distance from the historical events that marked the last decades in Chile and Latin America, especially the dictatorship Pinochet’s military and the process of (re) democratization. In defense of its own narrative, both in history and in literature, analyzes of elements such as the house, the city and the narrative, are proposed as a starting point to establish relationships on the construction of a generational memory on the political events of the Chilean’s 20th and 21th centuries, as well as their impacts on public and collective discussions, and on personal and family spheres. For this, reflections proposed by authors such as Georges Didi-Huberman, Paul Ricoeur, Walter Benjamin and Raúl Antelo are usedKeywords: memory; Alejandro Zambra; generational; contemporary Latin American literature, history.

2012 ◽  
pp. 3
Author(s):  
Augusto Leite

O presente artigo busca contribuir para a discussão do texto “A tarefa do tradutor” de Walter Benjamin, a partir da leitura do filósofo francês Paul Ricoeur do texto de Benjamin em questão. Pretende-se desenvolver, ainda, as implicações teóricas das propostas contidas no texto sobre a tarefa do tradutor, particularmente a ideia de língua pura – reine Sprache.


2019 ◽  
Vol 4 (1) ◽  
Author(s):  
Odile Cisneros

This volume's ambition is to respond to major interpretations of Latin American literature—such as Ángel Rama's Transculturación narrativa en América Latina (1982), John Beverley’s Against Literature (1993) and Testimonio (2004), Alberto Moreiras's Tercer espacio (1999), and Brett Levinson's The Ends of Literature (2001)—and to define the contours of this counter-tradition conceived as "a multidisciplinary, minoritarian, and multimedial 'body' of writing that produces affects and new modes of perception" (7).


2021 ◽  
Author(s):  
◽  
Fabiana Rodrigues de Almeida

A palavra anatomia, que trago para o título desta tese, deriva etimologicamente da junção de origem grega ana (acima) e tomáo (cortar), e significa cortar em partes. A Base Nacional Comum Curricular, objeto central dessa tese, só poderá ser entendida neste e nos tempos futuros se olharmos para sua espinha dorsal e compreendermos suas partes ausentes. Isso implica olhar para as mutilações decorrentes de uma política de memória que insiste em apagar, silenciar, interditar sujeitos, narrativas e saberes. Este foi o cenário vivido pela área de História no processo de construção de uma proposta curricular para a educação brasileira no século XXI, um tempo marcado por muitos desafios para a ciência e para pesquisadores e professores. Como resultado das discussões do Plano Nacional de Educação (PNE/2014), que estabeleceu diversas metas a serem cumpridas até 2020, a Base Nacional Comum Curricular deveria conter direitos e objetivos de aprendizagem capazes de unificar 60% dos conteúdos escolares a nível nacional, enquanto os 40% restantes respeitariam a autonomia e diversidade local. A primeira proposta pensada para a base, entre os anos de 2013 e 2014, apostava nessa construção capaz de garantir a autoria das escolas e dos professores, mas não chegou a ganhar o debate público e foi sumariamente interditada pelo Ministério da Educação. Em 2015, uma nova versão foi publicada e mobilizou um enorme debate público em torno da BNCC. Dentro desse debate, a área de História reuniu a maior parte dos holofotes projetados nessa querela pública, sofrendo fortes ataques à sua produção e desqualificação da sua equipe elaboradora, que propunha a superação de uma narrativa histórica quadripartite – tradicionalmente organizada em história antiga, medieval, moderna e contemporânea – e trazia para o centro do debate questões socialmente vivas, como aquelas atinentes à lei 11.645/2008, que introduz a obrigatoriedade da história Afro-brasileira e indígenas nos currículos escolares. Diante de um cenário de rejeição mobilizado por setores conservadores do meio acadêmico e da sociedade civil, bem como capitaneado por interesses privados na educação e, por fim, pelo próprio Ministério da Educação, aquela versão considerada incômoda será interditada em nome de uma outra versão realizada por sujeitos externo ao campo do Ensino de História. Eles foram capazes de trazer de volta um código disciplinar canônico, desconsiderando nesse sentido os investimentos em pesquisa realizados nas últimas três décadas pela comunidade disciplinar do Ensino de História. Narrar essa história torna-se assim um dever de memória. Partindo desse princípio, busquei nessa tese entender como se deram os processos de construção das primeiras versões da BNCC, propostas por sujeitos atuantes no campo do Ensino de História? E a partir deste ponto, buscar compreender quais as razões que levaram à interdição de ambas as versões? Entre os referenciais teóricos que me ajudaram a ler esse cenário, destaco especialmente Ivor Goodson e seu entendimento de currículo como “tradições inventadas”, construídas socialmente e por uma comunidade disciplinar. Para a definição de currículo como política de memória, ancoro esta pesquisa nas discussões desenvolvidas por Paul Ricoeur e Michael Pollak. Por fim, para compreender o que significa discutir currículo em tempos de barbárie, busquei inspiração em Walter Benjamin e sua clareza sobre os efeitos nefastos do progresso sobre a História e sobre os sujeitos históricos. Contrariando a tentativa de apagamento gerado no processo de construção da BNCC, minha opção metodológica foi ouvir aqueles e aquelas que tiveram suas propostas interditadas. Nesse sentido, as narrativas de alguns dos autores e autoras das primeiras versões de História assumiram protagonismo e apontaram a complexidade que envolveu a construção curricular de História na base, marcada por defesas de territórios, potentes invenções, disputadas de fronteiras, batalhas enfrentadas e silêncios que atravessaram as decisões políticas impostas à educação brasileira.


Author(s):  
Raimundo César Barreto Jr.

This article argues that in order to think about a Latin American Protestant social ethic one needs to understand the ethos in which it emerges. Such an ethos forms in the context of the development of Protestant social thought in Latin America. This article revisits some important moments and movements for the formation of this Protestant social thinking in the region in the course of the 20th century. Five moments are highlighted. Firstly, the awareness of Latin American Protestantism is identified as the starting point for the formation of a Protestant ethos in the continent. In a second moment, the search for autonomy of Latin American Protestantism stands out. Next, the moment is discussed when, in rupture with a reformist and socialist social vision, Protestant sectors for the first time embraced a more radical project. The fourth moment presents a brief evangelical response in the context of integral mission. Finally, the current challenges in a context marked by indigeneity and pentecostality are briefly addressed.Propõe-se que para pensar uma ética social protestante latino-americana precisa-se entender o ethos no qual ela emerge. Tal ethos se forma no contexto do desenvolvimento do pensamento social protestante na América Latina. Esse artigo revisita alguns momentos e movimentos importantes para a formação desse pensar social protestante na região no decorrer do seculo XX. Cinco momentos são destacados.  Primeiramente, identifica-se a tomada de consciência do protestantismo latino-americano como ponto de partida para a formação de um ethos protestante no continente. Num segundo momento, destaca-se a busca por autonomia do protestantismo latino-americano. Em seguida, discute-se o momento quando, em ruptura com uma visão social reformista e desenvolvimentista, setores protestantes abraçaram pela primeira vez um projeto mais radical. O quarto momento apresenta uma breve resposta evangélica no contexto da missão integral. Por fim, aborda-se brevemente os desafios atuais num contexto marcado pela  indigeneidade e pentecostalidade.


Author(s):  
Norma Sueli De Araújo Menezes ◽  
Julia Morena Costa

Este ensaio objetiva apresentar uma análise da violência presente no livro “Amuleto” do escritor chileno Roberto Bolaño. O romance está contextualizado no início da década de 1970, momento de grandes tensões políticas e de significativa violência no México e do início da ditadura militar-empresarial chilena (1973-1990). Os regimes ditatoriais, embora em circunstâncias diferentes, foram (e são ainda) episódios marcantes que unem os países latino-americanos. Identificaremos as diversas formas de violência ocorridas na América Latina, especificamente, no Chile e no México durante o período mencionado, assim como, qual a relação entre a política e a literatura presentes na referida obra. Os atuais discursos políticos que circulam em nossa sociedade sinalizam que grande parte da população brasileira provavelmente ignora parte significativa da história, inclusive do Brasil, nas décadas de 1960/1970, ou seja, a memória produzida sobre este período não deu conta de fazer conhecer os horrores e as atrocidades cometidos durante os mais de 20 anos de governo militar no país. A partir da abordagem do lugar da poesia e dos poetas na década de 1970, a narradora de Amuleto versa sobre seu papel de defensora da poesia e da memória política do México e do Chile de meados do século XX, de forma indissociável. Com seu discurso circular, calcado na reiteração de eventos traumáticos que presenciou, em especial, à invasão à UNAM, o Massacre de Tlatelolco (1968) e o golpe militar chileno (1973). Neste último fato, relatado pelo personagem Arturo Belano, há um trabalho de escavação memorialística, tanto nas ocorrências históricas mencionadas, como dos intentos poéticos do distrito federal mexicano. Os jovens poetas narrados pela protagonista defendiam o livre trânsito entre vida e poesia, se opunham aos moldes acadêmicos vigentes encarnados na figura de Octavio Paz, como também do poder hegemônico. O movimento poético desses jovens latino-americanos da década de 1970 agrega as muitas inquietações dos seus integrantes. A paixão pela poesia é o princípio básico que dá unidade ao grupo que buscava em cada ato e em cada verso um novo modo de explicar o mundo através de uma poesia sem burocracias, sem espaços de poder e legitimações padronizadas. Este estudo contribui para a indispensabilidade de se manter vivos os horrores e traumas que aconteceram durante os regimes autoritários e as ditaduras militares na América Latina e suas reverberações, considerando, sobretudo, que a memória pode ser um potente instrumento utilizado na reconstrução da história. Serão utilizados textos teóricos e críticos de Paul Ricoeur (1996), Nascimento (2008), Seligmann-Silva (2003), Sarlo (2007) e Rojo (2012), Bolognese (2009), Villarreal (2011), entre outros.


ILUMINURAS ◽  
2019 ◽  
Vol 20 (50) ◽  
Author(s):  
Liliam Ramos Da Silva ◽  
Richard Serraria

Resumo: O presente artigo reflete sobre a proposta das pedagogias decoloniais (Catherine Walsh) como práticas pedagógicas a partir dos estudos do tambor na América Latina. As práticas e narrativas ancestrais do povo negro permitiram sua sobrevivência em espaços colonizados, mas tais sabedorias não foram incorporadas aos currículos eurocentrados das universidades. Pensando na decolonização da universidade (Restrepo) e na aceitação de epistemologias do sul (Boaventura Santos) como formadoras de um conhecimento amplo, heterogêneo e agregador, serão apresentadas duas atividades desenvolvidas a partir da/fora da academia: a oficina O mito de Mackandal, que oferece a escolas e associações comunitárias atividade para contar a história da Revolução Haitiana e a Pedagogia do Sopapo, encontros no Ponto de Cultura Quilombo do Sopapo, na cidade de Porto Alegre. Entende-se que a proposta decolonial propõe questionamentos do profundo eurocentrismo que desqualificou o pensamento dos sujeitos coloniais e permite que se pensem novas formas de (re)contar a história agregando valores e conhecimentos do povo negro, invisibilizado na construção epistemológica da América Latina.Palavras-chave: Literatura Afro-latino-americana. Pensamento Decolonial. Ancestralidade negra. O mito de Mackandal. Pedagogia do Sopapo.  This article reflects on the proposal of decolonial pedagogies (Catherine Walsh) as pedagogical practices from the studies of the drum in Latin America. The ancestral practices and narratives of the black people allowed their survival in colonized spaces, but such wisdoms have not been incorporated into the Eurocentric curricula of the universities. Thinking about the decolonization of the university (Restrepo) and the acceptance of southern epistemologies (Boaventura Santos) as generators of broad, heterogeneous and aggregating knowledge, two activities will be presented from / outside the academy: (1) Mackandal's Myth workshop, which offers schools and community associations an activity to tell the story of the Haitian Revolution;  and the (2) Sopapo Pedagogy meetings at the Quilombo Culture Point in Sopapo, in the city of Porto Alegre. It is understood that the decolonial proposal challenges the profound Eurocentrism that disqualified the way the colonial subjects thought and, on the orher hand, allows to think of new ways of (re) telling the history adding values and knowledge of the black people, which are invisible in the epistemological construction of Latin America. Key-works: Afro-Latin-American Literature. Decolonial perspective. Black ancestry. Mackandal Myth. Sopapo Pedagogy.


2012 ◽  
pp. 09-30
Author(s):  
Hugo Studart

Comunicação de pesquisa que busca detalhar as descobertas e a abordagem metodológica da investigação historiográfica em curso sobre a guerrilha rural brasileira (1966-1974), através do uso combinado de fontes escritas remanescentes (diários e cartas dos guerrilheiros, documentos políticos do partido e documentos militares) e das fontes orais sobreviventes (guerrilheiros, camponeses e militares), procurando diálogo teórico com Walter Benjamin, Paul Ricoeur e Hannah Arendt a partir de suas reflexões sobre o conceito de memória, assim como em questões como memória e esquecimento, anistia e perdão.


2015 ◽  
Vol 17 (1) ◽  
pp. 43-50
Author(s):  
Luis Alberto Brandão Santos

Resumo: A obra do escritor uruguaio Rafael Courtoisie é tomada como ponto de partida para uma reflexão sobre alguns modelos por meio dos quais a literatura contemporânea exercita o que se pode designar, genericamente, de “espacialidade”. Esse termo não diz respeito ao modo como o texto literário representa espaços extratextuais. Na verdade, atua na direção contrária, tornando viável que, no âmbito da literatura, se problematize o que é entendido como espaço. Os três modelos de espacialidade que abordamos são: a visão, o tato e o movimento. Da obra de Courtoisie, foram selecionados os seguintes livros: Estado sólido (1996), Umbría (1999) e Música para sordos (2002).Palavras-chave: espaço; espacialidade; Rafael Courtoisie; literatura contemporânea; literatura latino-americana.Abstract: The work of the uruguayan writer Rafael Courtoisie is taken as starting point for a reflection on some models by which contemporary literature exercises what we consider to assign, generically, as “spatiality”. This term does not concern to the way that literary text represents extraliterary spaces. Actually, it goes on the contrary direction, making possible that, in the scope of literature, one might deeply question what is understood as space. The three models of spatiality that we approach are: sight, touch and movement. The following books of Courtoisie have been selected: Estado sólido (1996), Umbría (1999) and Música para sordos (2002).Keywords: space; spatiality; Rafael Courtoisie; contemporary literature; Latin American literature.


2021 ◽  
Vol 18 (1) ◽  
pp. 81-93
Author(s):  
Anna Pekaniec

Niniejszy szkic skoncentrowany jest na kilku ważnych kwestiach związanych z pisaniem/czytaniem dzienników. Dzienniki traktowane jako codzienna praktyka życiowa, oparta na obligatoryjnej narratywizacji doświadczenia (za Hannah Arendt), zostają tu umieszczone w horyzoncie etycznym wyznaczanym przez idee filozoficzne Paula Ricoeura, Charlesa Taylora oraz propozycje lekturowe Davida Parkera. Teza tego ostatniego o immanentnej etyczności gestu diarysty zostaje skonfrontowana z teoriami autobiograficznymi Philippe’a Lejeune’a, Małgorzaty Czermińskiej i Magdaleny Marszałek. Dodatkowo rozważania zostają uzupełnione o niezbędny komponent genderowy. Narracyjność w diarystyce staje się również punktem wyjścia do zmiany optyki postrzegania dzienników – od hermeneutycznej po konstrukcjonistyczną, odbijające się także na kształcie podmiotu dziennikowych notatek. Discover the (Un)Expected: Writing/Reading Journals as an Act of Exploration The present paper focuses on several significant issues connected with writing/reading journals. The author discusses journals, treated as an everyday practice based on obligatory narrativization of experience (as defined by Hannah Arendt), within the ethical horizon demarcated by the philosophy of Paul Ricoeur and Charles Taylor and the ideas of David Parker. Parker’s argument of immanent ethical nature of journaling is confronted with autobiographical theories developed by Philippe Lejeune, Małgorzata Czermińska, and Magdalena Marszałek. The discussion is supplemented by the indispensable component of gender. The narrative nature of journals becomes a starting point for changing the perspective used in the analysis of journals – from hermeneutic to constructivist, which also finds its reflection in how the subject is shaped in journal entries.


Sign in / Sign up

Export Citation Format

Share Document