No bosque ficcional de Tristram Shandy: leitor e narrador nas entrelinhas
Este trabalho analisa as figurações do leitor em Tristram Shandy, de Laurence Sterne a partir das ideias de Umberto Eco, Gerard Genette e Maurice Blanchot, com foco na relação entre narrador e leitor e o efeito estético decorrente das técnicas formais. Frente a um narrador-autor-personagem autoconsciente, os jogos com os limites do real e do imaginário são recorrentes, e desafiam aos mais variados tipos de leitores ainda na contemporaneidade. Tais experimentalismos refletem as ações do leitor, que se vê constantemente instigado e desafiado. Considerada por Virginia Woolf a precursora do romance moderno, a obra recebe pontos de vista distintos no que tange à interpretação de sua forma, conforme será discutido aqui, ao ponto de ser, por vezes, melhor compreendida pelos escritores shandianos que lhe seguiram e ainda seguem o influxo de ressignificação da mimesis e da forma literária.