scholarly journals Recuperação de áreas campestres: pesquisas para conduzir à recuperação ecológica

2020 ◽  
Vol 10 (3) ◽  
pp. 122-137
Author(s):  
Railma Pereira Moraes ◽  
Rossi Allan Silva ◽  
José Aldo Alves Pereira ◽  
Warley Augusto Caldas Carvalho ◽  
Kelly Tatiana Bocanegra González

A carência de informações sobre a propagação de espécies nativas é uma das principais justificativas para o não atendimento à legislação vigente ou para a utilização de espécies exóticas, em ambientes campestres após a realização de atividades econômicas, que exigem a recuperação da área degradada. O presente trabalho apresenta uma revisão comparativa sobre os estudos conduzidos em campos de altitude (CA) e em campos rupestres (CR), levantando informações quanto a propagação das espécies com maior ocorrência, as quais possam subsidiar projetos de recuperação. Verificou-se que a maior parte do conhecimento produzido é focado nos CR, mais especificamente voltados à ecologia e descrição de novas espécies. Dentre as espécies de maior frequência em levantamentos sobre CA, observou-se que Achyrocline satureioides, Clethra scabra, Coccocypselum condalia, Fuchsia regia e Casearia decandra, apresentam informações básicas para sua condução em projetos de recuperação; as espécies Leptostelma maximum, Peperomia galioides, Polygala paniculata, Siphocampylus westinianus e Verbesina glabrata, são pouco estudadas. As demais espécies avaliadas apresentam conhecimento ecológico que deve ser explorado, antes de sua utilização em campo. Na medida em que os CA são explorados e sua recuperação é obrigatória, deve ser ampliado o conhecimento existente para esta fitofisionomia, naquilo em que há carência de informação científica.

2006 ◽  
Vol 35 ◽  
Author(s):  
Leonardo Von Linsingen ◽  
Juliano De Souza Sonehara ◽  
Alexandre Uhlmann ◽  
Armando Cervi

A vegetação da região nordeste do estado do Paraná, situada norevés do escarpamento estrutural Furnas, compreende um mosaico composto por fragmentos de florestas, campos e cerrados. Essa impressionante diversidade fisionômica, deve-se a dois motivos principais. Em primeiro lugar a região abriga uma das áreas de transição entre cerrados do Brasil central e florestas estacionais semidecíduais do sudeste e sul do país. Em segundo lugar esta transição se verifica em pleno limite de ocorrência das espécies típicas dos campos sulinos. Esses fatores são acentuados pelo escarpamento estrutural furnas, cujo relevo promove variação ambiental formando fragmentos de vegetação peculiares nas maiores altitudes. De uma maneira geral as fisionomias dos campos rupestres e campos de altitude estão associadas aos solos rasos e jovens em áreas de altitudes, ao passo que em altitudes moderadas, nos solos mais antigos e profundos, ocorrem cerrados ou florestas. Essas formações estão condicionadas à fertilidade e regime de água dos solos e freqüência de incêndios (OLIVEIRA-FILHO et al., 1994; TANNUS & ASSIS, 2004). Devido aos processos de ocupação e exploração à vegetação foi substituída por monoculturas e os relíctos, em forma de remanescentes, esparsos são inúmeras vezes perturbados pelo fogo, pecuária ou pela retirada seletiva de madeira. O Parque Estadual do Cerrado constitui uma importante amostra da vegetação da região nordeste do estado, pois seus quatro tiposfisionômicos principais (floresta, cerrado, campo e refúgio vegetacional rupestre) encontram-se bem preservados. Por estemotivo, o Parque abriga uma notável diversidade de espécies deplantas em uma área relativamente pequena, o que atraiu a  atenção de pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (e. g., LAROCA & ALMEIDA, 1994) e de outras instituições, que têm realizado ali várias expedições científicas. A primeira descrição da vegetação do Parque foi realizada por UHLMANN et al. (1995 & 1997). Os autores classificaram a vegetação em três tipos fisionômicos, floresta estacional semidecídua, cerrado e campo.O propósito do presente trabalho é de amostrar a vegetação edescrever os diferentes tipos fisionômicos, dentro de uma abordagem interpretativa na qual as variações da vegetação são associadas às diversidades ambientais.


2010 ◽  
Vol 50 (1) ◽  
pp. 1-29 ◽  
Author(s):  
Marcelo Ferreira de Vasconcelos ◽  
Marcos Rodrigues

Montane open-habitats of southeastern Brazil are represented by the campos rupestres (principally in the Espinhaço Range) and by the campos de altitude (in the Serra do Mar and Serra da Mantiqueira). In spite of the occurrence of endemic species in both vegetation types, an analysis and synthesis of their bird communities have never been conducted. In this paper, we present an avifaunal survey of these areas, describe patterns of geographic distribution, and comment on the conservation of those open-habitats and their avifauna. A total of 231 bird species was recorded in the open-habitats of southeastern Brazilian mountaintops. In the campos rupestres, 205 species were recorded, while in the campos de altitude, the total was 123 species. Five patterns of distribution are recognizable among birds occurring in these habitats: non-endemic (191 species), Atlantic Forest endemics (26 species), Cerrado endemics (6 species), Caatinga endemic (1 species), and montane open-habitat endemics (7 species). In spite of the presence of several protected areas in those regions, the existing reserves do not guarantee the conservation of their important vegetation types and their avifaunas under current low levels of implementation. Since several endemic and threatened bird species live in the campos rupestres and campos de altitude, more efforts must be directed for their conservation.


2002 ◽  
Vol 26 (6) ◽  
pp. 777-786 ◽  
Author(s):  
Herly Carlos Teixeira Dias ◽  
Elpídio Inácio Fernandes Filho ◽  
Carlos Ernesto Gonçalves Reynaud Schaefer ◽  
Luiz Eduardo Ferreira Fontes ◽  
Leonardo Barros Ventorim

Foram identificados, mapeados e caracterizados os geoambientes do Parque Estadual do Ibitipoca (PEI), Minas Gerais, com o objetivo de subsidiar o manejo ecológico da área. Para este fim, realizaram-se coletas de solos, em pontos georreferenciados por GPS (Global Positioning System), fotointerpretações a partir de ortofotos e uso de mapas planialtimétricos, além de intenso reconhecimento de solos no campo. Oito geoambientes foram identificados e caracterizados: (1) Patamares com Espodossolos, 2) Cristas Ravinadas, 3) Escarpas, 4) Grotas, 5) Mata Baixa com Candeia, 6) Mata Alta sobre Xisto, 7) Topos Aplainados e 8) Rampas com Vegetação Aberta. Em cada ambiente a vegetação associada é fortemente condicionada pela profundidade do solo e pelo tempo de permanência de água no sistema. Os ambientes de mata, tanto sobre xistos quanto sobre quartzitos, sofrem menor estresse hídrico, seja por melhores condições físicas do solo e maior retenção de água, seja pela presença de ambiente mais ombrófilo e úmido, como nas Grotas. Os geoambientes florestados possuem concentrações de P e K mais elevadas do que nos ambientes campestres abertos. No geoambiente de Mata Baixa com Candeia, a pobreza química do substrato parece ser o impedimento à ocorrência de uma floresta mais densa. Os Campos de Altitude ocorrem nas altitudes mais elevadas no PEI, sendo desenvolvidos sobre solos mais profundos do que sob campos rupestres, onde há freqüente exposição da rocha ou solos muito rasos.


Hoehnea ◽  
2019 ◽  
Vol 46 (3) ◽  
Author(s):  
Pedro Henrique Cardoso ◽  
Fernanda Santos-Silva ◽  
Luiz Menini Neto ◽  
Fátima Regina Gonçalves Salimena

RESUMO Verbenaceae atualmente compreende 35 gêneros e cerca de 800 espécies distribuídas nas Américas, África, Ásia, Europa e Oceania. No Brasil são encontrados 16 gêneros e aproximadamente 280 espécies, com maior riqueza no Cerrado e Floresta Atlântica, principalmente nos campos rupestres e campos de altitude. O Parque Nacional do Caparaó está localizado na Serra da Mantiqueira, na divisa dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Esse parque destaca-se por apresentar o ponto de maior altitude da Região Sudeste do Brasil, o Pico da Bandeira, com 2.890 m. Possui vegetação representada por diferentes fitofisionomias, as quais incluem formações de floresta ombrófila densa (montana e alto montana), floresta estacional semidecidual montana e campos de altitude. Verbenaceae está representada nesta Unidade de Conservação por cinco gêneros e nove táxons, incluindo duas possíveis espécies novas de Lantana e Lippia, além de Citharexylum solanaceum, Glandularia lobata, Lantana fucata, L. nivea, L. robusta, Stachytarpheta cayennensis e Verbena rigida. A ocorrência de L. nivea é confirmada para o Brasil, sendo registrada pela primeira vez para o Estado do Espírito Santo. Nós apresentamos uma chave de identificação, descrições, pranchas de fotografias e comentários sobre a ecologia, taxonomia e distribuição geográfica dos táxons.


2007 ◽  
Vol 21 (3) ◽  
pp. 675-685 ◽  
Author(s):  
Ruy José Válka Alves ◽  
Leonora Cardin ◽  
Marcela Stuker Kropf

A disjunct distribution pattern between the extrazonal formations of the campos rupestres (rocky grasslands) in the Espinhaço mountain range and the restingas (coastal strand vegetation) in Brazil has been proposed repeatedly for several flowering-plant species. In order to validate this distribution pattern, available data from the literature and major herbaria were compiled and evaluated. Some of these species also occur in campos rupestres on mountain ranges in Goiás state, campos de altitude (high altitude grasslands) of the Serra do Mar, and on geologically homologous rocky formations of the Guyana shield. Species that were also recorded for distinct zonal formations like cerrado, caatinga and forests were excluded from the pattern. The campo rupestre-restinga disjunction proved valid for 9 of 56 investigated species (16%). Explanations put forth by different authors for this unusual disjunction pattern are compared in the light of geological and climatological evidence.


2010 ◽  
Vol 10 (4) ◽  
pp. 239-246 ◽  
Author(s):  
Katia Torres Ribeiro ◽  
Leandro Freitas

Campos rupestres e campos de altitude se caracterizam por mosaicos de tipologias vegetais e são mais bem representados acima de 900 m na Cadeia do Espinhaço e acima de 1500-2000 m nas Serras do Mar e Mantiqueira. Apresentam alta riqueza de espécies em escala local e regional e numerosos relictos e endemismos. Esses refúgios montanos, que são de especial interesse para a conservação sob vários aspectos, como recarga e regulação hídrica, contenção da erosão e do assoreamento, singularidade biológica e valores recreativos e espirituais, enfrentam diversas ameaças, como erosão e instabilidade do solo, expansão urbana e agropecuária, queimadas, retirada de plantas ornamentais e mineração; além de estarem entre os ecossistemas brasileiros mais vulneráveis às mudanças climáticas globais, pelo simples fato que com o aumento da temperatura não haverá possibilidade de migração para altitudes mais altas. Neste artigo discutimos impactos potenciais das alterações propostas no substitutivo ao Código Florestal, atualmente em discussão no Congresso Nacional, para a conservação da biodiversidade nesses ambientes. Particularmente analisamos as consequências da supressão de áreas em topos de morros e em altitudes acima de 1800 m como Áreas de Preservação Permanente (APPs), da redução da largura de APPs de matas ciliares e da dispensa de Reserva Legal em pequenas propriedades. Tais propostas parecem partir do princípio de que há grande prejuízo individual em nome de um benefício coletivo muito difuso, mas não consideram os benefícios diretos dos atuais instrumentos do Código aos proprietários, sendo que as perdas de biodiversidade e serviços ambientais (e.g., oferta de água, presença de polinizadores, controladores naturais de pragas e recursos madeireiros e não-madeireiros) com a conversão de habitat que pode advir dessas mudanças são desproporcionais ao potencial benefício econômico. Os instrumentos propostos pelo substitutivo, em última instância, conduzem a um modelo de ocupação do espaço com fortes contrastes, ou seja, áreas integralmente protegidas, como parques e reservas biológicas, alternadas a extensas áreas desprovidas de vegetação nativa, exceto magras matas ciliares. Tal cenário é prejudicial tanto para a conservação da biodiversidade como para a produção agropecuária, principalmente dos pequenos produtores, que se beneficiam diretamente dos serviços ambientais.


Rodriguésia ◽  
2017 ◽  
Vol 68 (5) ◽  
pp. 1577-1593
Author(s):  
Gerson Oliveira Romão ◽  
Andressa Cabral ◽  
Luiz Menini Neto

Resumo Apresenta-se um estudo taxonômico de Ericaceae no estado do Espírito Santo, Região Sudeste do Brasil, incluído nos domínios da Floresta Atlântica. Ericaceae está representada no Brasil por 12 gêneros e 98 espécies, com distribuição predominante nos campos rupestres e campos de altitude da Região Sudeste. No Espírito Santo, estão registradas 11 espécies pertencentes a três gêneros - Agarista (duas spp.), Gaultheria (duas spp.) e Gaylussacia (sete spp.), das quais são endêmicas da Floresta Atlântica Agarista revoluta, Gaultheria eriophylla var. eriophylla, Gaultheria serrata, Gaylussacia fasciculata e Gaylussacia caparoensis, esta última incluída na categoria "Em Perigo" (EN) no Livro Vermelho da Flora do Brasil. Chaves de identificação, descrições, ilustrações de caracteres diagnósticos e comentários de distribuição geográfica, ecológicos e taxonômicos das espécies são apresentadas.


CERNE ◽  
2017 ◽  
Vol 23 (3) ◽  
pp. 339-347
Author(s):  
Railma Pereira Moraes ◽  
Warley Augusto Caldas Carvalho ◽  
José Aldo Alves Pereira ◽  
Gleisson Oliveira Nascimento ◽  
Dalmo Arantes Barros

ABSTRACT The viability of propagules during topsoil stockpiling is a limiting factor in ecological restoration projects and little is known about the species distributed in the campos de altitude. This work was carried out to investigate the viability of propagules present in the topsoil under campos de altitude vegetation, stockpiled for up to 12 months after the stripping of areas to be mined. In the south of Minas Gerais, Brazil, between November 2011 and November 2012, four collections of the seed bank were carried out, considering three depths (0 to 10, 90 to 100, and 190 to 200 cm) of the plot of stockpiled topsoil. Using the multivariate analysis, it was verified that the depth factor does not statistically affect the abundance of emerged individuals, while the factor time of stockpiling negatively affects the viability of the seeds. Some species were affected by the stockpiling conditions, only emerging in some collections, while others (Achyrocline satureioides, Ageratum fastigiatum, Baccharis dracunculifolia, Borreria capitata, Echinolaena inflexa and Melinis minutiflora) had individuals emerged in all collection periods. This study points out the need for the return of the topsoil until the fourth month of stocking, under the risk of monodominance, with a prevalence of species more adapted to predominant conditions of campos de altitude.


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