O presente artigo pretende engendrar uma reflexão sobre a manifestação do horror na literatura em diálogo com a linguagem cinematográfica a partir de aproximações entre os contos “A queda da casa de Usher” (1839), de Edgar Allan Poe, e “Casa tomada” (1951), de Julio Cortázar, e a peça fílmica “Os outros” (2001), de direção e roteiro de Alejandro Amenábar. Para tanto, a análise destacará a posição de precursor de Poe em relação aos outros dois autores, bem como os elementos formais das três narrativas que, em contínuo e profícuo diálogo intertextual, colaboram para a criação de efeitos relativos ao assombro. Nesse sentido, será analisado de que maneira a casa, presente como elemento central das obras selecionadas, exerce um papel fundamental na construção do efeito próprio das narrativas de horror. Extrapolando os aspectos concreto e material da casa, a investigação buscará observar também como o espaço hostil e de ameaça espelha a confusão do território mental dos protagonistas, tornando-se metáfora de sua complexidade e de seu interior tantas vezes evitado, por seus aspectos ameaçadores enquanto corpo e/ou mente que se habita, contribuindo para potencializar os efeitos de desestabilização causados pela leitura das obras.