Introdução: Hérnia é definida como uma protrusão anormal de um órgão ou tecido por um defeito em suas paredes circundantes. Embora uma hérnia possa ocorrer em vários locais do corpo, esses defeitos mais comumente envolvem a parede abdominal. Hérnias na região inguinal geralmente contém o omento e o intestino delgado. Entretanto, raramente pode conter conteúdos incomuns, como apêndice, ovário, bexiga urinária, cólon sigmóide e ceco. A correção cirúrgica das hérnias abdominais está entre os três procedimentos mais realizados por cirurgiões nos Estados Unidos. Relato do caso: Paciente masculino, 49 anos, sobrepeso, previamente hígido, encaminhado ambulatorialmente por hérnia inguinal bilateral, sintomático à direita. Há cerca de 5 anos observou aparecimento de hérnia inguinal à direita, tendo dor desde então, com piora no último ano, quando refere ter iniciado também com diminuição de jato miccional. Tomografia Computadorizada evidenciou hérnias inguinais, mais volumosa à direita, observando-se neste lado herniação da bexiga urinária. Internou eletivamente para realizar herniorrafia inguino-escrotal à direita, tendo sido optada por técnica de Lichtenstein. Procedimento sem intercorrências. Evolução adequada no pós operatório, apresentando na revisão boa cicatrização de ferida operatória, melhora da dor e dos sintomas urinários. Discussão: A incidência de bexiga fazendo parte de uma hérnia inguinal, chamada por Lavine, em 1951, de "cistocele escrotal", é de 1-4%, ocorrendo com mais frequência em indivíduos com mais de 50 anos de idade com história de correção de hérnia inguinal. Em função da raridade desse diagnóstico, há uma certa dificuldade de encontrar dados recentes sobre esse tema.