Enquadramento: Não existem evidências suficientes relativamente ao impacto do tratamento em regime compulsivo
ambulatório (TCA).
Objetivos: Avaliámos o impacto do TCA ao longo de um ano em sintomas, funcionamento pessoal e social, insight e cognição.
Métodos: Análise naturalística, longitudinal, no início e no follow-up após um ano, de 15 pacientes seguidos numa consulta
especializada de TCA. Os pacientes foram submetidos a avaliação estandardizada com o Positive and Negative Syndrome Scale (PANSS) (Escala Positiva e Negativa do Síndroma), Personal and Social Performance Scale (PSP) (Escala de Desempenho Pessoal e Social), Berrios-Markova Scale to Assess Unawareness in Mental Disorder (SUMD) (Escala
de Avaliação da Falta de Consciência no Distúrbio Mental), Trails A e B, Digit Span, e o Controlled Oral Word Association Test (COWA) (Teste de Associação Verbal Controlada).
Resultados: No follow-up houve melhorias significativas no funcionamento pessoal e social (PSP inicial total: média=46,9;
follow-up: média=59,3), e nomeadamente nas atividades socialmente úteis incluindo trabalho e estudos (p=0,012) e relações
pessoais e sociais (p=0,033). Três pacientes (20%) pontuaram =>69 no PSP, um bom nível de funcionamento. Porém,
não verificámos melhorias significativas nos sintomas (PANSS=56,8), insight subjetivo ou objetivo (Berrios-Markova=10,0 e SUMD=11,0), ou desempenho cognitivo.
Conclusões: No follow-up após um ano, os pacientes em TCA revelaram melhorias significativas no funcionamento pessoal e social, especificamente nas atividades socialmente úteis incluindo trabalho e estudos e nas relações pessoais e sociais,
mas não registaram melhorias nos sintomas, insight e funcionamento cognitivo.