scholarly journals Marcas do fascismo nas traduções e tensionamentos da Semiosfera do Tribunal do Júri

2018 ◽  
Vol 14 (3) ◽  
pp. 98-111
Author(s):  
Aline Duvoisin ◽  
Thaís Leobeth

Este artigo visa entender como certas características fascistas, pensadas a nível micropolítico, permeiam as interações que ocorrem entre os diversos integrantes do Tribunal do Júri. Para isso, descreve-se interações semióticas que constituíram a Semiosfera do Tribunal do Júri em três sessões da Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Porto Alegre, a fim de averiguar de que maneira essas características são traduzidas e tensionadas nas relações que se estabelecem entre o núcleo e a periferia dessa semiosfera. Metodologicamente partiu-se do critério de desterritorialização, com base em Gilles Deleuze e Félix Guattari, que resultou em uma pesquisa descritiva, conforme Cleber Cristiano Pradanov e Ernani Cesar de Freitas, cuja obtenção de dados se deu através do método observacional de Antonio Carlos Gil. A análise se baseia em conceitos da Semiótica da Cultura, principalmente através de Iúri Lotman e Irene Machado, no que diz respeito às codificações presentes em diversos âmbitos da cultura. Recorre-se também a reflexões de Umberto Eco, no que toca aos diferentes tipos de fascismo, e Roland Barthes, no que se refere aos aspectos políticos e fascistas da linguagem. Busca-se ainda – com Deleuze, Guattari e Michel Foucault – explorar as relações entre fascismo e poder. O enfoque do trabalho se direciona para uma leitura das traduções e dos tensionamentos ocorridos nos referidos julgamentos. Problematizam-se as dinâmicas estabelecidas entre os integrantes do Tribunal do Júri a partir da estruturalidade da linguagem, percebendo uma forte disputa de poder que se manifesta através das características fascistas que as permeiam. Nota-se que as ações micropolíticas contra o poder esbarram no alto grau de codificação e descrição da semiosfera, que estabelece uma fronteira praticamente intransponível entre núcleo e periferia. Isso revela que o nível micropolítico tende a reproduzir o que se estabelece macropoliticamente.

2008 ◽  
Vol 17 ◽  
pp. 89-102
Author(s):  
Marisa Martins Gama- Khalil

O conto “O homem cuja orelha cresceu”, de Ignácio de LoyolaBrandão, será analisado por intermédio de uma perspectiva que terá por objetivo demonstrar que a narrativa fantástica pode se abrir como espaço de crítica social, ainda que ela trabalhe com situações que fogem às práticas cotidianas. A direção transgressora e desestabilizadora da ambientaçãofantástica, que desencadeia no leitor a hesitação, permite que a literatura fantástica, ao enredar o inexplicável, promova a reflexão sobre acontecimentos cotidianos e explicáveis. Ao trabalhar com um protagonista cuja orelha crescecontínua e assustadoramente, a narrativa expõe a problemática do “mesmo” em contraposição ao “diferente”. As diferenças corporais configuram-se, no conto e na sociedade, como deformações, monstruosidades; o que foge à regradeve imediatamente realinhar-se a ela ou ser exterminado, como se sugere no final do conto. Para ampararmos nosso enfoque, partiremos das noções de Michel Foucault sobre práticas de subjetivação; de Gilles Deleuze e FélixGuattari acerca do liso e do estriado; de Umberto Eco sobre a feiúra e sobre o sublime; de Roland Barthes sobre mimese; e de Seligmann-Silva e de Beatriz Sarlo acerca da exposição dos traumas e tragédias humanas pela palavra metamorfoseada da literatura.


2008 ◽  
Vol 6 (3) ◽  
pp. 443-456 ◽  
Author(s):  
Ricardo Burg Ceccim ◽  
Alcindo Antônio Ferla

O artigo procura construir, a partir de uma memória da Reforma Sanitária Brasileira e de aproximações entre as áreas científicas da Educação e da Saúde, uma micropercepção (matéria para o pensar, aprender, conhecer) emergência de um domínio de conhecimento designado por Educação e Ensino da Saúde. Esse domínio emergente estaria bastante associado invenção da Saúde Coletiva, no campo científico da saúde, e com à invenção do Controle Social em Saúde, no campo da intervenção política nesse setor. O novo domínio de conhecimento seria caracterizado por uma implicação singular do ensino com a cidadania, permitindo a travessia de fronteiras entre educação e saúde pela via da educação permanente em saúde. Os temas do ensino e da cidadania são problematizados com o auxílio explícito ou não (via seus leitores) de alguns pensadores da filosofia e do contemporâneo, como Michel Foucault, Michel Serres, Gilles Deleuze, Félix Guattari, Francisco Varela, Humberto Maturana e Ilya Prigogine.


Letras ◽  
2016 ◽  
pp. 107
Author(s):  
Jose Luis Giovanoni Fornos

O presente ensaio aponta para importância do leitor na configuração da chamada paródia pós-moderna a partir dos estudos de Linda Hutcheon. Em contraposição às teses de Wayne Booth, o leitor na paródia simula e dissimula suas ações, instaurando desconfiança permanente na decodificação do texto romanesco. Teoricamente, retoma textos de Roland Barthes, Umberto Eco e Michel Foucault, entre outros. Igualmente aborda a categoria do leitor, considerando-a como exemplar na composição do romance do escritor português Augusto Abelaira. Discute o papel do leitor na narrativa abelairiana, relacionando-o aos episódios do livro O único animal que?.


2018 ◽  
Vol 23 (1) ◽  
pp. 243-273
Author(s):  
Edson Luis de Almeida Teles

O objetivo deste artigo é refletir sobre o modo como as lutas locais e suas movimentações em torno do discurso dos direitos humanos podem ser alçadas à condição de ação política. Trata-se da tentativa de ampliar o conceito de política tendo em vista a potência de transformação contida nos coletivos de subjetividades portadoras de experiências comuns de violência e sofrimento. Fazendo uso do conceito de quilombo, em Beatriz Nascimento, buscaremos fundamentar o alargamento da ideia de política a partir de duas configurações: a disputa por territórios e a conectividade entre saberes específicos e menores oriundos das lutas. Para tanto, cotejaremos o pensamento da autora com a filosofia contemporânea de Michel Foucault, Gilles Deleuze e Félix Guattari. Nossa hipótese é a de que o conceito de ação política demandaria um alargamento em sua formulação de modo a abranger as variadas e singulares formas de resistência cotidianas.


2019 ◽  
Vol 10 ◽  
pp. e019017
Author(s):  
Sandra Kretli da Silva ◽  
Priscila dos Santos Moreira ◽  
Nathan Moretto Guzzo Fernandes

O artigo é decorrente de uma pesquisa maior cujo objetivo é cartografar práticas discursivas sobre currículo da comunidade acadêmico-científica vinculadas às associações do campo e propagadas no periódico internacional Transnacional Curriculum Inquiry (TCI) e nos dossiês organizados pela Associação Brasileira de Currículo (ABdC) publicados nas revistas nacionais Currículo sem Fronteiras, e-Curriculum e Teias. Problematiza as vinculações institucionais dos autores que publicaram na TCI e nos dossiês da ABdC, a partir do diálogo com Gilles Deleuze, Félix Guattari e Michel Foucault entre agenciamentos coletivos de enunciação que desenham territórios. Evidencia o pensamento-diferença e propaga a ampliação dos espaços de abertura para publicação das pesquisas produzidas por autores vinculados a diferentes instituições e a participação de outras associações e entidades internacionais, com vistas à expansão das conexões nos periódicos do campo curricular.


2011 ◽  
pp. 15-33
Author(s):  
François Dosse

Nous sommes sortis d’une conception linéaire de la temporalité. Le « futur du passé » théorisé par Koselleck nous invite à penser un nouveau régime d’historicité. La conjoncture de double dévitalisation du cadre de l’État jacobin, par une poussée décentralisatrice et par l’affirmation d’un cadre européen de décisions, contribue aussi à une dissociation progressive de l’histoire et de la mémoire. C’est de l’intérieur même de cette fracture, de cette discontinuité, qu’est née une nouvelle conscience historiographique sur la base d’une problématisation possible de la mémoire par l’histoire et de l’histoire par la mémoire. Trois philosophes, au-delà de leurs divergences, nous aident à penser notre nouveau rapport à la temporalité en montrant l’importance de l’événement conçu non plus comme une écume extérieure et source d’événementialisme, mais comme intensité événementiale : Paul Ricceur, Michel Foucault et Gilles Deleuze avec Félix Guattari.


2021 ◽  
pp. 1-18
Author(s):  
Cristian Enrique Cisternas Cruz

En este artículo proponemos que en la obra literaria de Jorge Luis Borges existe una preocupación por los fines y los límites del tiempo, que ha sido abordada, desde diversos enfoques teórico-metodológicos, por sus comentadores. Este preocupación incide notablemente en el desarrollo estilístico y en el interés temático posibles de advertir en la escritura de Borges. El propósito de este artículo es iluminar las vías de orientación que genera su escritura literaria en pensadores tales como Maurice Blanchot, Michel Foucault, Gilles Deleuze y Félix Guattari. El diálogo entre literatura y filosofía es, consecuentemente, clave en este artículo, que pretende además, a partir de una serie de ejemplos de la escritura narrativa y ensayística del escritor argentino, re-instalar la preocupación por el tiempo  dentro del marco de la reflexión sobre la escritura borgeana


Author(s):  
Icaro Ferraz Vidal Jr

O presente artigo explora algumas inflexões contemporâneas no estatuto do rosto. Na arte contemporânea, em sistemas de vídeo-vigilância, no marketing, na pornografia etc. as tecnologias de detecção e reconhecimento facial parecem espraiar-se sobre uma vasta gama de domínios. Sem a pretensão de esgotar este campo, propomos traçar algumas linhas de força que nos ajudem a compreender o que está em jogo nessa reconfiguração estética e política dos rostos. A partir de noções que buscamos no pensamento de autores como Michel Foucault, Giorgio Agamben, Gilles Deleuze e Félix Guattari, cartografamos algumas tensões entre ação e representação, cristalizadas no estatuto contemporâneo do rosto.


Hallazgos ◽  
2020 ◽  
Vol 17 (34) ◽  
Author(s):  
Juan Carlos García Perilla ◽  
Fredy Alberto Velásquez Barón

El nacionalismo kurdo es un fenómeno de relevancia mundial que ha cobrado mayor notoriedad desde hace quince años, con la invasión de Irak por parte de Estados Unidos (2003) y el empoderamiento del Estado Islámico. En este contexto, los kurdos han ganado algunas reivindicaciones con la conformación de regiones autónomas en Irak y Siria. En este artículo se exploran y caracterizan desde la literatura las relaciones de poder tejidas entre los kurdos y los países que tienen soberanía sobre su territorio, mediante el análisis de las novelas El halcón (1997), de Yasar Kemal, novelista turco; Las plumas (1992), del poeta y novelista sirio Salim Barakat; Tierra de frontera (2001), de Sherko Fatah, escritor alemán de origen kurdo-iraquí; y el libro de cuentos El loco de la plaza Libertad (2016), de Hassan Blasim, cineasta y escritor iraquí. Para estudiar la relación de poder entre los kurdos y los Estados donde viven se formularon y desarrollaron tres categorías de análisis: cultura kurda, con base en el concepto de habitus de Pierre Bourdieu; relación entre los kurdos y los Estados que atraviesan Kurdistán, con sustento en la teoría del poder de Michel Foucault; y la subversión como intento independentista, según el concepto de línea de fuga de Gilles Deleuze y Félix Guattari.


Sign in / Sign up

Export Citation Format

Share Document